Crônicas – Segunda Parte.

Engajamento para a Conclusão

–Irmão, por que aliviou a punição daquele ser? –Os olhos vermelhos de Null brilham ao lado de Cronos, já distantes do ocorrido, em um lugar além do tempo. O senhor de cabelos azuis se vira para o irmão, pensando bem no que deveria falar. –Isso não é do seu feito, você sempre é rigoroso.

–Tempos difíceis virão meu irmão, precisamos evitar o máximo ter mais inimigos. –Ele lentamente responde, olhando na direção onde aqueles seres foram. –E… eles podem nos ajudar.

–O "Senhor do Tempo" falando do tempo, chega a ser irônico. –Null murmura, também olhando naquela direção. –Não vejo como aquele anão roxo pode ajudar.

–Ele nem tanto, mas aquela entidade… é outra história. –Cronos define e o semblante de seu irmão fica mais sério, aquele tal Caio estava lutando de igual a igual contra Solares e ela o subjugou completamente, talvez isso explique o interesse do meu irmão em evitar um conflito direto. 

Ambos permanecem em silêncio, apenas observando a outra criação ao longe. 

***

Depois das Vontades irem embora, os outros defensores chegaram, a nave foi consertada e a situação explicada. Bleeim explica o que aconteceu para um homem de jaqueta vermelha enquanto os outros ouvem ao lado, seu nome é Strikis, um dos defensores mais antigos junto a Yellow.

–Isso… isso é assustador. –Ele diz muito surpreso ao olhar para Tobias, sentado no sofá ao lado do Elemental e de uma mulher. A aparição de uma Vontade já é um assunto extremamente sério, e dessa vez apareceram várias. –Um pilar da existência dele lutando contra um da nossa… uau, o novato chegou fazendo bagunça. 

–Pois é. –Bleeim murmura e eles olham na direção do vampiro, olhando para baixo ao lado de Yellow e da mulher de cabelos roxos, ambos preocupados com ele. 

Os pensamentos de Tobias estão totalmente focados na luta contra Caio, na aparição daquelas Vontades e no quão fácil havia sido subjugado, eu não consegui fazer nada.

O que eu teria feito se estivesse sozinho? Como eu teria lidado com aquele ser? Olhando para Yellow, ele lembra dele atravessando a dimensão da Ordem naquela forma colorida e retirando-a enquanto suas forças eram drenadas.

Eu fui um inútil. Olhando para Bleeim, o ruivo imediatamente entende o recado no olhar dele, posso ir embora? 

–Mas… podemos começar a reunião? Todos já estão aqui. –Ele diz, sinalizando um "daqui a pouco com a mão" e Tobias suspira. –Quero apresentar nosso novo membro formalmente!

–Ele parece com o Gael. –Spokina diz tombando um pouco a cabeça, seus chifres cintilam um pouco e o vampiro estreita os olhos, de novo isso? 

–Definitivamente não parece comigo. –Um homem preto murmura do outro lado da sala, escorado na parede ao olhar para eles, furioso. 

–Ah, parece. –Yellow diz sorrindo e Strikis ri, aproximando de Tobias que imediatamente levanta. 

–Bem, vamos nos apresentar também. –Ele diz oferecendo um aperto de mão. –Tobias, não é? Eu sou Strikis, e Bleeim falou muito de você para nós.

–Muito. –Um homem de máscara reforça ao lado deles.

–Eh… obrigado? –O vampiro murmura aceitando o aperto de mão, um pouco sem graça e, quando toca no homem, sua mana parece desaparecer da sua mão. Ele controla seus instintos e luta contra a vontade de se afastar, olhando abismado para o tal Strikis.

–Ah, as vezes esqueço disso. –O homem solta-o e sorri. –Mas seguindo, você já conheceu o…

–EU SOU A SPOKINA! –A mulher de chifres interrompe-o e surge na frente do vampiro, pegando na mão dele com força ao cumprimentá-lo. –PRAZER EM TE CONHECER! AGORA TAMBÉM LEMBREI DO BLEEIM CONTANDO SOBRE VOCÊ! TU É REALMENTE TÃO FORTE ASSIM!?

Tobias murcha como uma flor e seu braço é violentamente mexido no cumprimento, nada gentil. Quando ela solta, seus músculos realmente doem, que força é essa? 

–Nem tanto. –Ele murmura e ela realmente fica triste.

–Modéstia sua. –Bleeim protesta e o homem de máscara se aproxima, também oferecendo um aperto de mão. 

–Sou o Yoshi. –Tobias acena com a cabeça e eles se cumprimentam. 

–Bleeim já me apresentou mas vou repetir! Eu sou o Yellow! –O Elemental surge fazendo dois joinhas e em seguida aponta para o homem preto afastado de todos. –E aquele anti-social é o Gael.

–Cale a boca. –Ele rosna ajeitando seu casaco marrom.

–Cara ignorante. –GG murmura do lado de Yoshi, já usando um novo casaco amarelo, similar ao queimado no combate.

–Olha quem fala. –Gael rebate estreitando os olhos.

–Pelo menos eu não sou p…

–Parou –Bleeim interrompe ambos. –Certo, só faltou o R, alguma notícia dele? 

–Não, mas deve ter acontecido algo. –Strikis diz e dá de ombros. –Daqui a pouco ele chega, até lá, quero preparar uma missão para nosso querido novo membro! Ai podemos ver se você é realmente tudo o que Bleeim falou.

–Strikis… –O ruivo murmura e ele sorri com os olhos brilhando em excitação, esse maníaco ama fazer isso. –Olha o que tu vai…

–Pode deixar, vou separar algo bem especial. –Tobias arrepia dos pés a cabeça, pressentindo o quão lascado estará. –Porém não tem nada agora, então por enquanto está livre. Bem, vamos comer algo?

–Eu voto em um churras. –Yellow diz levantando os braços.

–APOIO! –Spokina levanta as mãos, sorrindo.

–Então tá. –Bleeim diz e olha para Tobias, ainda sem graça. –Quer comer conosco ou precisa voltar? 

Ele tomba a cabeça, pensando. Realmente queria falar com a minha esposa, mas… essa pode ser bom para enturmar. Eles olham para Tobias, claramente querendo que ele fique, e o vampiro suspira.

–Ta… vou ficar um pouco. –Todos gritam com alegria, imediatamente se espalhando pela nave.

–EU PEGO A CARNE! –Yellow dispara e Bleeim ri, indo para cozinha enquanto os outros se amontoam na mesa central. O Elemental retorna com um enorme pedaço de carne e Strikis balança os temperos, prontos para começar.

É, talvez seja bom ficar um pouco.

***

–Chegamos. –A esfera de energia ao redor deles se desfaz e ambos aterrissam no chão, diante da casa de Tobias. Bleeim olha para a bússola universal, recarregando e o vampiro suspira, olhando as pessoas na rua, sequer notaram nossa presença. –Mas… o que achou? Digo, dos outros defensores? Gostou da turma?

–Gostei, eles são interessantes. –O vampiro responde, começando a andar pela calçada. O ruivo arqueia as sobrancelhas, ele não vai entrar? –A minha esposa saiu, deve estar ajudando no trabalho… quer vir comigo? A bússola vai demorar pra carregar mesmo, né? Te mostro o reino enquanto isso.

–Por mim tudo bem. –O ruivo vai atrás, atravessando o reino junto a Tobias. Diferente do que Bleeim pensava, o local é muito mais desenvolvido do que aparenta, há postes e asfalto pela rua, junto a casas grandes e sem nenhum muro, apenas com um pequeno cercado. Carroças e pessoas passam a todo momento, das mais diversas e estranhas raças, orcs, elfos, anões e até draconatos. –Uau, a muitas raças aqui em.

–É, cerca de quinhentas. –Tobias diz com tranquilidade e seu amigo engasga, arregalando os olhos, cabem quinhentas raças aqui!? –A maior parte dos seres vieram para cá depois dos programas, isso realmente melhorou muito a qualidade de vida daqui.

–Programas? –Bleeim pergunta e, quando o vampiro vai responder, uma elfa aparece na frente dos dois. 

–Tobias! Há quanto tempo! –Ela cumprimenta-o com um enorme sorriso. –Que bom vê-lo por aqui! Tu anda sumido!

–Eu sempre estou por aqui Toa. –Ele protesta e a elfa ri.

–Certo, foi bom te ver! Até a próxima! –Ela despede deles e segue caminho, indo pela rua enquanto Bleeim arqueia as sobrancelhas.

–Quem er… –Uma garotinha interrompe-o ao chegar gritando, abraçando a perna de Tobias. O ruivo realmente trava, olhando seu amigo abaixar e passar a mão na cabeça da criança, uma espécie de humano e… algo novo para ele, um lobisomem? 

–Tentamos impedi-la de te incomodar, mas não deu. –Um casal surge atrás da criança parda, gesticulando algo com as mãos, seus dedos são longos e fortes, unhas similares a de um lobo saem deles e enormes caninos surgem no seu sorriso. Olhando para o homem, uma espécie de mestiço, e para a mulher, quase idêntica a criança. 

–Ela não incomoda, fiquem tranquilos. –Tobias diz bagunçando o cabelo dela e a criança grunhe, tentando segura-la enquanto ele olha para os pais. –Como está indo a alfabetização da Lara?

–Muito bem, nossa menina ja chegou até a se comunicar, por ondas de mana, claro. –Quase em um salto, a tal Lara segura o dedo central do vampiro e arregala os olhos, sendo levantada no ar ao balançar as perninhas, grunhindo de novo. –Ela já fez até alguns amigos, está tudo otimo!

–Que bom. –Ele desce-a e ri vom a expressão assustada da garota que, em um pulso de energia, deixa claro sua insatisfação com a bricadeira. –Bem, sabem onde me encontrar caso algo acontessa, preciso ir agora, foi bom vê-los.

–O mesmo! –Eles dizem puxando a garotinha, ainda nervosa. O vampito retorna a andar e Bleeim observa a criança sair batendo os pés no chão, seguindo-o em seguida.

–Uma paciente, conheci ela a cerca de dois anos quando o "programa" do reino começou, nunca havia visto um caso como o dela. –Tobias começa a explicar, apontando para um prédio azul entre as casas. –Ali é onde organizam tudo, extravagância demais para mim, porém aquela louca gosta disso então fico quieto. Se quiser depois mostro o centro de atendimentos, têm vários por ai, onde eu atuo é mais afastado.

–Você é um médico? –O ruivo pergunta claramente surpreso.

–Ah, não sei se conta, eu… somente tento ajudar. –Ele murmura olhando para a própria mão. –Meu pai me ensinou muitas coisas sobre sangue, era a especialidade dele. O velho amava chamar tudo de Magia de Sangue, apesar de quase nada envolver realmente magia, porém apenas… reações normais, é bem brega o nome mas na prática funciona.

–Acho o nome legal. –Bleeim comenta, dando uma pequena risada. –O tal "programa" é isso então?

–Tem mais coisas, como ensino basico, treinamento, algumas especializações e vagas pro exercíto. –Tobias dobra na rua e mais seres aparecem andando na rua. 

–E você organiza isso? Pensei que você era o protetor desse reino. –Bleeim acelera os passos e fica ao lado dele, que olha-o de relance.

–Proteger não é apenas mantê-los vivos, mas cuidar deles. –Tobias diz firme voltando a atenção para frente, o ruivo se mantém quieto, sem saber o que responder. É, isso faz sentido. –Minha esposa trabalha ali, somente vou falar com ela e depois te mostro o reino. 

–Sem pressa. –Bleeim responde olhando para uma espécie de bazar, cheio de lojas e pequenos estabelecimentos, pela casa deles pensei que eles eram ricos, mas a esposa dele trabalha aqui? 

Ambos seguem, passam pela multidão e outras pessoas cumprimentam o vampiro, todas sempre agradecendo-o de alguma forma. Mesmo em seu semblante frio, Bleeim nota sua felicidade, escondida atrás daquele rosto sério. 

Chegando em uma loja de roupas, Tobias entra nela e de cara avista sua esposa ao longe, explicando para dois garotos como deveriam custurar e enfeitar uma camisa, rapidamente fazendo-a com auxílio da maquina. Ele espera ela acabar de longe, ocultando sua presença para não atrapalhar. 

Quando a explicação acaba, Savis avista seu marido e se aproxima dele numa corridinha, abraçando-o enquanto Bleeim vem logo atrás, muito surpreso com todas aquelas roupas e acessórios, revestidos com encantamentos e magias de proteção. 

–Então você cumpriu sua promessa? E eu achando que meu marido só ia voltar de madrugada. –Savis brinca se afastando de seu marido, sorrindo para o ruivo que ri.

–Promessa é dívida. –Ele define.

–E eu nunca fiz isso. –O vampiro deixa bem claro.

–Mas vocês realmente voltaram cedo, aconteceu algo? –Eles olham um para o outro e Savis arqueia as sobrancelhas. –Que cara é essa?

–Aconteceu muitas coisas, posso te contar depois? Eu quero mostrar o reino para o Bleeim. –Tobias calmamente diz, relativamente tenso e ela suspira, fazendo que sim. –Certo, ent…

Ele paralisa, Savis e o ruivo olham assustados para ele e o vampiro arregala os olhos, voltando a atenção para a entrada do bazar.

–O que você está fazendo aqui? –Na porta da loja, uma mulher, não, uma vampira olha diretamente para ele, os outros dois olham na mesma direção mas não conseguem vê-la. 

–Preciso que vá comigo para o reino de Alucard agora! –Ela diz claramente nervosa e Bleeim olha para Savis, sentindo a presença de algo aí mas não a vendo. Os olhos da elfa brilham e, em um impulso, toda a energia do local é dissipada.

A mulher arregala os olhos, surgindo na visão de Bleeim ao ter seu feitiço completamente desfeito. 

–Ah, então era você? –Savis ruge já fechando a cara e Tobias entra na frente, cortando a visão uma da outra ao mais uma vez tentar evitar que elas briguem.

–Calma Savi, Calma, Luizen sempre vem me chamar quando algo sério acontece. –Ele murmura e sua esposa fecha a cara, olhando a vampira de relance, nada feliz.

–E você sempre volta extremamente ferido ou com insônia! Essa mulher nunca vem por um bom motivo e dessa vez eu exijo saber o porquê da vinda dela! –Savis dispara e a vampira ri, Bleeim observa tudo em silêncio com medo de falar algo e piorar a situação, pelo visto elas não se bicam. 

–Elfa atrevida, você saber ou não das idas e vindas do seu marido mudam absolutamente nada! –Luizen diz apontando o dedo para ela, seus cabelos rosas são energizados e a raiva domina seu semblante. –Tudo o que a sua maldita presença faz é atrasar a evolução dele e sempre piorar tudo!

–Repita! –Savis ruge e seus olhos brilham na mais pura fúria. –Repita o que você disse!

–PAREM! –Tobias berra no meio das duas e a temperatura do local despenca, todas as pessoas no bazar olham para eles e ele respira fundo, olhando para Luizen também nervoso. –Diga logo o motivo de sua vinda, não quero mais confusões por causa disso.

–Eu somente vou explicar isso a você e a mais ninguém. –Ela define firme e Savis abre a boca para gritar, mas algo surge no local e os quatro travam.

–Luizem, se quiserem vir pode traze-los. –Tobias arregala os olhos e volta sua atenção para cima, mestre? É você!? Nenhuma resposta, o coração dele acelera e sua preocupação aumenta, há algo sério acontecendo. 

–Merda, mas… ah, dane-se, vamos logo. –A vampira ruge e levanta a mão, olhando para o ruivo. –Esse daí também vem?

Tobias olha para Bleeim de relance, perguntando-o no olhar se quer ir e ele confirma, é claro. 

–Certo, então vamos. –O espaço dobra, Savis pragueja um palavrão e seu marido segura os dois pelo braço…

Antes deles serem lançados para outro plano.

***

Bleeim aterrissa no chão com os olhos arregalados, o que foi isso!? Tobias e Savis andam pelo asfalto junto a Luizen, nada surpresos com a intensa viagem e o ruivo olha ao redor, vendo prédios, casas, ruas e até alguns carros, uma cidade? Bem, deve ser.

Indo atrás deles, Luizen salta no espaço e Tobias faz o mesmo, levando Bleeim para dentro de uma sala. Aterrisando, eles olham a vampira atravessar o local e ir direto para um quarto.

O coração de Tobias dispara e ele olha ao redor, lembrando das palavras de Cronos ao sentir a energia de Caio ali, "precisava de ter feito aquilo com aquele vampiro?" Não, isso… deve ser consciência, esse local mal tem sinais de luta, somente uma vaga presença do Caos. 

Bleeim também lembra das palavras da Vontade e sente a energia do Titan, olhando preocupado para Tobias, que já começa a desconfiar se realmente foi coincidência. Eles vão atrás de Luizen e ela abre uma porta, fazendo uma reverência.

–Chegamos. –Anunciando a chegada deles, Savis arregala os olhos e Tobias trava, não acreditando no que está vendo enquanto Bleeim morde a língua, merda.

–Bem vindos ao meu reino e… me desculpe por não te responder, não posso correr o risco de ser descoberto. –Sentado em uma cama, o mestre de Tobias sussurra com muita dificuldade, sinalizando para eles se aproximaram. –Finalmente vou te conhecer, Savis? Queria estar mais… apresentável, mas as condições não me permitem.

–Mestre… –Tobias murmura incrédulo, olhando para Alucard, sua pele branca e impotente agora está cinza, com enormes feridas exalando a energia do Caos, corroendo-o por dentro. Seus longos cabelos brancos estão curtos, com manchas e expondo certas partes de seu couro cabeludo, caindo as vezes, seus olhos azuis repletos de energia mal emitem força, estando quase apagados, eles com muito custo subem na direção de Tobias ao lado de Savis, tremendo ao ver o próprio mestre naquele estado. –O que aconteceu?

–Uma luta –Alucard murmura e começa a levantar, Luizen e Tobias tentam impedi-lo e ele abre a mão, uma ordem, eles engolem seco e se afastam contra suas vontades, vendo-o ficar de pé. –E eu perdi, mas não chamei você…

–Foi Caio, não foi? –Bleeim interrompe-o, muito sério. Savis olha abismada para Alucard, lentamente voltando a atenção para o convidado, esse é aquele que salvou meu marido? –Essa energia te corroendo por dentro, vem dele.

–Ah, então ele foi atrás de vocês? Pelo visto as minhas previsões não são 100% certeiras, achei que Karma iria pará-lo antes disso… –ele murmura e suspira, dando de ombros enquanto Tobias arregala os olhos, meu mestre sabia de tudo isso? –Ah, tanto faz, no final aconteceu tudo como planejado.

–Como assim? –O vampiro pergunta, tão perdido quanto Luizen.

–No final Caio não conseguiu te aprisionar, então valeu a pena. –Alucard responde e Tobias cerra os punhos, cerrando os dentes para evitar de gritar com o próprio mestre, você ficou nesse estado para manter aquele maldito longe de mim? –Mas… pelo visto, foi quase.

–Quando estávamos no meu verso, aquele cara chegou fazendo bagunça e até os pilares da minha existência apareceram para impedi-lo. –Bleeim aproxima do Imortal e Luizen mostra as garras, Alucard abre as mãos, pedindo para ela parar e o ruivo para diante dele. –Quem é ele? E… ele foi lá por causa minha, não?

–NEM TUDO GIRA EM TOR…

–Basicamente. –Alucard corta Luizen que arregala os olhos, sem acreditar naquilo. Bleeim cerra os dentes, sentindo um gosto amargo na boca ao ver a situação dele. –Mas relaxe, no final quem mais lucrou fui eu.

–Mestre, olhe seu estado! –Tobias não aguenta e começa a falar, sentindo a mais pura raiva e impotência, aquele maldito fez toda aquela confusão e eu não pude fazer nada! Ele fez isso com o meu mestre e o que eu fiz!? Eu fui protegido de novo! –Como isso é lucrar!?

–Eu me alimentei da alma de um Titan e ainda por cima tive contato com a energia primordial do Caos vinda diretamente dele, quando eu me recuperar… eu vou estar muito mais forte do que antes. –Alucard sorri, visando o quão poderoso se tornará quando estiver 100%. –Uma vantagem de ser um Imortal é isso meu caro, você não morre a menos que quebrem a Lei da Criação, então eu sobreviveria de qualquer modo. 

–Depois de ter sua essência destruída inúmeras vezes. –Bleeim diz, vendo o que o Caos está fazendo no corpo dele. –Essa energia te destroi e você se regenera, isso se repete até que sua regeneração ganhe e lentamente seu corpo é refeito, no final tu vai estar inteiro mas… vai agonizar por muito tempo.

–Eu aguento. –Alucard define e o ruivo grunhe, afastando ao balançar a cabeça. Savis olha tudo completamente em choque, um Titan foi atrás do meu marido depois de espancar o seu mestre? E depois… enfrentou os pilares da existência desse cara? –Mas não chamei vocês para virem lamentar minha derrota, vim chamar porque vou precisar mais do que nunca da sua ajuda, Tobias.

 –Ahn? Por quê? –Ele pergunta e Luizen dá um passo à frente.

–Nossos reinos vão ser atacados quando descobrirem que Alucard está enfraquecido, tanto os mortais quanto dos Imortais. –Ela explica, olhando fixamente para o ruivo, extremamente nervoso. –Precisamos que o Tobias…

–E a Savis protejam os meus reinos no mundo dos mortais. –Alucard novamente corta Luizen e ela quase surta ao ouvir o nome da elfa, que como Tobias, fica incrédula.

–Eu? Proteger o seu reino? –Ela murmura em choque total.

–Sim, sei da sua força Savis, eu vi você lutar contra o inquisidor e… de como você lutou naquelas memórias. –Alucard revela e Tobias arregala os olhos.

–Você também…

–Tive, mas depois falamos disso. –Ele rapidamente encerra esse assunto e volta o olhar para a elfa, ainda sem acreditar no que acabou de ouvir. –Preciso de ao menos duas pessoas de confiança protegendo o reino dos mortais, você e Tobias para mim são mais do que o suficiente, então… pode me ajudar?

–Mestre, somente vou concordar com isso se me prometer uma coisa. –O vampiro diz entrando no meio, olhando no fundo dos dele, Luizen, Bleeim e Savis se surpreendem com a ação, mas Alucard permanece em quieto, imóvel.

Os olhos de ambos brilham e o silêncio domina o local, Bleeim realmente pensa em ouvir a telepatia, porém decide não invadir. Os segundos passam, a angústia deles aumenta e Savis morde o dedo, algo a diz que estão conversando sobre ela, o que aumenta ainda mais sua vontade de invadir a telepatia.

Luizen somente quer saber o motivo de Tobias exigir algo, isso não é de seu feito, nunca havia pedido nada em troca de uma missão… deve ter algo haver com as visões.

"Uma cura? Isso é difícil Tobias, precisaria de muito mais do que alguns miligramas do meu sangue, ela precisaria suportá-lo, teríamos que fazer uma poção com itens específicos para Savis! Isso porque eles variam de pessoa para pessoa!"

"É a minha condição, o senhor sabe que sempre cumpri todas as suas ordens e sempre bem executadas, mas eu vi naquela visão, eu não posso protegê-la para sempre! Preciso ao menos… ao menos dá-la a chance de se proteger! Alucard, por favor, Savis está enfraquecendo e não estou conseguindo reverter isso!"

O Imortal cerra os dentes, seu coração dispara e a corrosão pelo Caos aumenta, Tobias não gosta nem um pouco de ter que pedir algo nessas condições, mas já vem pensando nisso a muito tempo e não haverá outra chance além dessa.

A visão de sua esposa morrendo nos seus braços vem o atormentando por dias, isso só aconteceu porque eu preferi protegê-la.

–Certo, se essa é a condição… eu aceito. –Alucard diz depois de muito tempo, suspirando ao passar a mão pelo pescoço. –Já vou avisando, isso vai ser difícil.

–Não tem problema. –Tobias responde e vê sua esposa de relance, mordendo o dedo em nervosismo. –Sempre é.

–Então, já que está tudo decidido, vamos começar pelos planos. –Alucard estala os dedos e memórias surgem na cabeça de Tobias e Savis, ambos cambaleam para trás, apoiando um no outro enquanto inúmeras imagens passam diante seus olhos. –Preciso que ambos se fortaleçam e me ajudem a recuperar minhas forças, o plano está nas suas memórias e… qualquer mudança eu aviso.

Tobias murmura um palavrão, sentindo sua cabeça latejar ao pressioná-la, vendo Savis fazer o mesmo. Ele se aproxima dela e segura seu ombro, controlando a respiração ao balançar a cabeça, reprimindo a dor de Savis com sua energia, inibindo suas sensações.

–Vamos começar amanhã, avise a rainha que você vai estar de partida e só retornará daqui a três meses. –Alucard volta a atenção para Bleeim, olhando o casal relativamente preocupado, aquilo deve estar doendo. –E tu, ruivo? O que quer fazer?

–Eu? –Ele arqueia as sobrancelhas e olha para o Imortal, no qual sorri, desviando a atenção para Luizen. 

–Sim, o que quer fazer a respeito de tudo? –Alucard pergunta e faz um sinal, a vampira entende e sai do quarto, sua aura desaparece e Bleeim tenta entender o porquê dele estar perguntando-o isso. –Sobre Caio? 

Ele arrepia dos pés a cabeça, fechando a cara na lembrança do Titan. Ele fez isso com o mestre de Tobias e o caçou até o meu verso, virando-o de ponta cabeça e quase destruindo a nossa nave, não posso deixar isso assim.

–Eu quero ter uma conversinha com o Titan. –Bleeim diz firme, querendo colocar um ponto final em toda essa confusão e Alucard sorri de canto a canto.

Esse ruivo pode acabar me ajudando se eu articular tudo certinho, Caio sempre vai ser uma pedra no sapato em tudo, então, com eu montando o cenário direitinho… posso conseguir atingir o estado que almejo. Os olhos dele brilham, invocando os "fragmentos" das visões enquanto pensa em inúmeros planos, depois da batalha, elas ficaram extremamentes mais nítidas e mais frequentes, revelando coisas extremamentes importantes.

–Quer que seja marcado ou prefere aparecer de supetão? –Ele pergunta, já traçando caminhos mentais para acelerar ainda mais seus planos. 

–De repente, Caio apareceu sem avisar, então vou fazer o mesmo. –Bleeim define e Alucard quase não consegue conter sua felicidade, voltando a atenção para Tobias e Savis com sua aura emanando imensas ondas de energia, o ruivo estranha a reação e começa a desconfiar de algo, olhando para o casal de relance, já recuperados. 

–Certo, dentre de quatros ou três meses Caio deve sair das moradas dos Titans e vir resolver alguns problemas, te chamo quando isso acontecer. –Ele diz e Luizen retorna, acompanhada por duas presenças. Tobias imediatamente volta a atenção para a sala, vendo a vampira surgir nela ao dobrar o corredor e vir sorrindo de canto a canto. –Já voltou? Trouxe eles?

–Sim, estão vindo. –Alucard sorri e o coração do vampiro dispara, reconhecendo ambas as auras, mas não acreditando nos próprios sentidos. Olhando para seu mestre, que sinaliza para ele ir lá, Tobias olha para Savis com um enorme sorriso ao oferecer a mão, pedindo a companhia dela. Ela não entende o motivo da felicidade, mas segura-o e sorri de volta, apenas querendo acompanhá-lo. 

Ele segue para fora do quarto e Bleeim permanece imóvel, vendo seu amigo tremer feito louco a cada passo, a sala esfria e suas pernas parecem enrijecerem, cada passo é uma luta e a respiração dele pesa no local, esfriando-o ainda mais enquanto sente as auras cada vez mais próximas.

Acelerando, Tobias puxa Savis ao disparar pela sala, dobrando no corredor e dá de cara com a porta para a saída, sentindo as duas pessoas do lado de fora. Sua esposa tenta reconhecê-los pela energia, porém nunca havia visto elas antes, já Tobias… jamais poderia esquecer delas.

Levando a mão até a maçaneta, ele segura-a e aperta a mão de Savis, girando e puxando a porta, abrindo ela bem devagar…

Até ver do outro lado, uma mulher e um vampiro, tão em choque quanto ele.

Eles travam, o aparente casal se olha e Tobias olha para Savis, sorrindo como nunca havia feito antes enquanto seus olhos enchem de água. A elfa assusta com a reação, porém olhando para o casal, entende o motivo daquilo. 

No mesmo momento, ambos saltam na direção de Tobias e abraçam-no, Savis solta a mão de seu marido, que inicialmente trava… mas também começa a chorar.

–Filho… –o casal murmura entre as lágrimas, apertando-o com ainda mais força.

***

Andando até a porta de sua casa, cabisbaixo, Caio sente o peso de seus atos esmagarem-no, mesmo sendo o Titan da Força aquilo parecia pesado demais, esse último acontecimento trouxe de volta todos os pecados dele, retirando das areias do tempo seus erros. 

Agora, com o sangue frio e diante da porta de casa, Caio vê o quanto poderia ter perdido caso uma guerra estourasse, Karina tentou me impedir, mas não quis ouvir, estava cego pela vontade de trazer aquele vampiro de volta à força…

Puxando a maçaneta, ele lentamente entra na casa, ouvindo a porta de madeira ranger ao fechá-la, imediatamente sentindo sua esposa vir caminhando do quarto. Ela tentou me avisar, tentou evitar que eu fizesse mais alguma merda e… olha o que eu fiz? Fiz confusão, não resolvi nada e piorei ainda mais as coisas, Karma teve que ir atrás de mim e… aquele ser ainda apareceu.

Eli'ja, a simples presença dele me fez tremer na base, eu seria esmagado pela presença daquela coisa se afastasse um único passo de Karma. Ficando ainda mais angustiado, Caio vê sua esposa surgir no corredor, olhando-o em meio a escuridão… 

Ela aproxima e ele espera uma bronca, fechando os olhos na mais pura vergonha, porém, indo contra tudo o que estava pensando, Karina apenas abraça-o com força.

–Você voltou. –Ela suspira, extremamente aliviada e uma parte daquele imenso peso parece sair de suas costas. O rosto dele é levantado e Caio olha-a nos olhos, não vendo nada além de alívio em suas pupilas castanhas. –Quando aqueles seres apareceram e a minha ligação foi cortada eu… eu realmente fiquei preocupada.

–Desculpe... –ele murmura e ela põem o dedo na boca dele, pedindo para parar. 

–Chega disso por hoje, vamos deitar. –Karina murmura e Caio somente consegue concordar, custando a acompanhá-la até a cama.

***

Entrando numa realidade isolada das outras, Kevil lentamente aproxima de uma espécie de escritório em meio a energia primordial, observando o chão de mármore e os móveis feitos de eucalipto, reluzentes diante da presença da líder dos primordiais e braço direito do Karma, Retse, sentada em uma cadeira ao manipular a Ordem em espirais, criando novas armas, remédios, móveis e até aparelhos. Percebendo a presença do Caos, ela se vira para trás e vê Kevil entre as dimensões, no vazio. 

–Kevil? Uai, você por aqui? –Seus olhos brancos reluzem, trazendo a imagem mais nítida do palhaço caótico para perto de si, algo que seria completamente impossível de ser feito pelos outros Titans. –Aconteceu algo?

–Eh… sim, várias coisas. –Ele murmura, fazendo uma pequena cadeira com o Caos e sentando nela no vazio, ignorando a falta de gravidade lá ao permanecer imóvel e "na frente" dela. –E não tenho mais com quem falar, então… vim aqui.

–Ah, faz sentido. –Retse vira a cadeira e sua roupa,uma espécie de roupa de lenços azul com tonalidades em vermelho, emite duas pequenas ondas de energia. –Diga então.

Ela está brava, Kevil já começa a se arrepender de ter vindo, Retse desviou o olhar e mal iniciaram um diálogo. Enquanto os humanos mostram seus sentimentos e frustrações em expressões, os Imortais e Titans mostram isso na sua energia, em pulsos ou mudanças de cor na aura, diretamente ligada à alma.

–Karma vai dispensar todos os Titans por… um tempo, inclusive nos. –Kevil quase cospe as palavras e Retse arregala os olhos, sua aura treme em surpresa e ele suspira, colocando a mão no rosto ao abaixar a própria energia. –E isso… isso é assustador, eu não sei o que devo fazer e nem como, nunca consegui fazer nada além de tentar manter o equilíbrio da criação e… por isso vim aqui, estou desesperado, não consigo ficar uma semana sem fazer nada e você é a única pessoa que consigo manter um diálogo… mesmo eu sempre acabando falando merda.

Ambos ficam em silêncio. A aura de Kevil diminui ainda mais, quase murchando igual a uma flor, o Titan do Caos balança a cabeça em negação, sentindo-se ridículo, estou ocupando os últimos momentos dela no trabalho com os meus problemas, cara… eu sempre fui assim?

Para a surpresa dele, Retse parece ficar feliz, ele sente a aura da Titan pulsar e ela levantar, lentamente andando até a beirada do escritório, saltando para o vazio entre as dimensões.

–Basicamente, você quer algo para ocupar o tempo? –Também sentando no vazio, ele olha-a de relance e concorda, sem jeito e sem graça. –Certo, sinceramente eu to na mesma, meu grande hobbie é trabalhar pelo equilíbrio do universo e isso realmente me surpreendeu, Karma nunca fez isso antes e depois de você sair daqui, ela resolveu isso do nada?

–Espera, você me viu saindo? –Kevil pergunta surpreso, Retse é uma das únicas em toda a criação que possui alguma ligação com o Titan e consegue senti-lo de longe, mesmo sempre brigando, ambos nunca rompem este laço. 

–Vi ue. –Ela murmura.

–Mas… você só consegue sentir a minha presença se focar em me achar. 

–E eu fiz exatamente isso quando não te achei no plano do Caos. –Kevil olha-a nos olhos surpreso e ela desvia a atenção para o vazio, um pouco constrangida. –E vi você diante todos aqueles seres, quase fui lá te ajudar, mas Karma chegou primeiro e resolveu tudo, então apenas voltei para o serviço.

Novamente ambos ficam em silêncio, apenas processando as palavras, ecoando na cabeça deles. Ela… ficou preocupada comigo? 

–Mas pensando aqui, vamos ficar uma semana sem trabalhar junto aos outros Titans, certo? –Retse muda de assunto e ajeita a postura, sua pele parda parece ficar vermelha e Kevil estremece, a estranha sensação que ele sempre sente estando diante dela retorna como um raio e o que seria seu "coração" dispara. –A alguns meses Caipora junto ao pai da Rainha fizeram um local para os descendentes dos heróis e de alguns Imortais aprenderem as Leis e como se defenderem, acho que até a Karina trabalha como professora lá, podemos… ficar uma semana olhando como o lugar funciona, deve ter uns quartos vazios.

Kevil lembra de ter visto a construção daquela comunidade, havia vários prédios para comercio e para morar nele, é… talvez seja uma boa ideia. Olhando-a, ele sorri de canto a canto, quase não conseguindo se controlar e entupir o vazio com sua energia.

–Por mim, eu vou. –Ainda mais com ela.

Retse trava, sem acreditar que Kevil realmente aceitou e seu sorriso vai de canto a canto enquanto sua energia parece sambar ao redor deles.

"Isso vai ser divertido" ambos pensam juntos. 

***

Bleeim se despede de Tobias, Alucard, Luizen, Savis e do casal, André e Carla, os pais do vampiro, ativando a bússola e voltando para seu verso após conversar mais um pouco com o Imortal. 

Ele sorri, feliz pelo amigo poder ter reencontrado seus pais após tanto tempo, a forma que eles se despediram não foi nada legal, mas isso foi ótimo, sinceramente nunca pensei em vê-lo chorar em alguma situação...

Porém, fico feliz de ter sido de emoção.

Tobias ficou quase a tarde inteira conversando com seus pais junto a Savis, tão incrédula quanto ele… e também envergonhada, Carla e André analisaram-na da cabeça aos pés.

As novas versões deles são jovens, a imagem de André com barba e um forte porte físico foi substituida por um adolescente em desenvolvimento, sua pele branca e olhos vermelhos permaneceram, muito mais reluzentes do que antes. Seu cabelo está maior em volume, tendo algumas pontas soltas.

Meu pai nunca se preocupou em usar um pente, Tobias estreita os olhos diante das inúmeras perguntas e pede uma pausa, dando um fôlego para Savis. Já a mãe dele, Carla, parece estar ainda mais bonita.

Sua pele morena agora exala uma imensa força, a própria energia da Ordem pode ser sentida dali, seus cabelos negros caem até mais ou menos os ombros e os olhos dele brilham em um intenso cinza, derivado da energia primordial.

Minha mãe sempre foi muito forte, mas agora, chega a ser assustador. Eles contaram que estão vivendo em um dos reinos de Alucard, protegendo os domínios dele junto a Luizen. 

Depois de muita conversa e troca de informações – com algumas lágrimas de vez em quando – Alucard chamou todos e explicou algumas coisas, por exemplo, como e quando iriam executar os seus planos.

As memórias implantadas em Tobias fizeram as visões retornarem com ainda mais força, mostrando-o situações completamente absurdas – como ele em um corpo de humanóide formiga lutando contra uma imensa ursa. Ele se recusa a acreditar naquilo, mas conforme Alucard vai falando… o vampiro realmente fica surpreso.

Tudo aquilo parece ser visões do futuro ou de uma linha do tempo alternativa. Depois de muito tempo, chegou a hora da despedida, Tobias abraçou com força seus pais e pediu para o Imortal poder ir visitá-los, obviamente Alucard permitiu.

Voltando para o seu plano, Tobias aterrissa dentro de sua casa ao saltar pelas dimensões junto a Savis, parando bem dentro do quarto deles.

–É… hoje o dia foi longo. –Ele murmura sorrindo de canto a canto, retirando seu cachecol e colocando-o cuidadosamente sobre a mesinha do lado da cama, também tirando as partes de armadura pelo seu corpo e Savis aperta o interruptor, iluminando o local. –O que achou dos meus pais?

–Assustadores –Savis murmura tremendo um pouco e Tobias ri. –Mas ótimas pessoas, claramente estavam preocupados com você.

–É… foi bom revê-los, nunca pensei que um dia conseguiria ver meu pai e minha mãe de novo. –Ele senta na cama e olha para a própria mão, invocando um pouco de água e vendo o próprio reflexo nela, acho que nunca chorei tanto na minha vida. 

–Eu gostei deles. –Savis diz aparecendo atrás dele, pousando a cabeça no seu ombro ao também olhar para a água. –Nossa, como tanta coisa aconteceu em um único dia?

–Boa pergunta. –Ele murmura e desfaz a água, olhando para sua esposa um pouco cansado. –E amanhã vai ser longo, vou ter que dar um jeito de avisar a rainha que ficarei fora durante um tempo e ainda por cima treinar com Alucard, vou ser moído.

–Vai nada. –Ela diz sorrindo. –Mas vamos deixar isso para amanhã, vamos dormir.

Sorrindo de canto a canto, Tobias estala os dedos e o interruptor é pressionado, a luz desliga e Savis arrepia.

–Ainda não. –Ele diz e ela sorri. –Antes, vamos fazer uma coisinha...