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- 06.2 -


O novo semideus fechou a cara e cerrou os punhos. O ódio em seu rosto era quase palpável.

— Mas que cretino maldito...! — O garoto rosnava entre as presas, com um olhar a focar o nada. — Me diz que você escapou desse desgraçado!

A revolta do futuro Lorde deixou a druidesa abismada. Ela não sabia o que tinha acontecido com a mãe daquele adolescente ou por quem ele tinha sido criado. Mas, seja lá quem fosse, certamente tinha realizado um grande feito, já que o menino aparentava ter um respeito digno e muita consideração pelas fêmeas; algo que a sociedade reversa machista não ensinava aos seus filhos homens. Eles apenas eram ensinados a serem dominadores, autoritários e reprodutores, ao passo que as fêmeas só eram instruídas a os satisfazerem e obedecerem caladas.

Mas não foi com esse tipo de ensinamento pútrido que Devimyuu crescera, e agora isto estava bem claro para Mewcedrya.

— Eu não concordava com o pensamento dele e de meus pais que ele poderia fazer comigo o que quisesse. Eu lhe disse não, e quando mesmo assim ele quis avançar, eu dei um tapa em seu rosto e tentei escapar dele. Mas ele me alcançou, e disse que eu iria obedecê-lo gostando ou não.

Já sem as botas e ainda sentado na beirada da cama, Devimyuu abraçou os joelhos sem tirar os olhos da druidesa. A raiva e a revolta em seu olhar tão jovem continuavam, mas, além disso, Mewcedrya foi capaz de captar certa empatia em sua face, embora de um modo extremamente sutil, talvez oculto até dele mesmo. Era perceptível que ele não apenas prestava atenção, mas também sentia por ela ter passado por tal experiência.

A fêmea continuou seu relato.

— Ele era mais velho, maior, mais forte, e com certeza, mais brutal. Talvez outra pobre garota teria se rendido por medo, mas, quando me deparei sem saída com aquele maldito se pondo em cima de mim e me deixando aparentemente indefesa, a única coisa que senti foi o mais puro ódio. Eu não podia deixar isso acontecer, não deixaria ele me tratar como um objeto de sua posse. Lembro que junto ao meu ódio, senti meu poder aumentar. Embora estivéssemos cercados de paredes de concreto, eu podia sentir a mana da natureza em cada pequeno ponto onde ela se escondia. E através dessa mana eu a chamei, e dominei suas forças. Quando cheguei ao ápice de minha fúria, as janelas se quebraram num estrondo, invadidas por fortes cipós que eu consegui conjurar. Eles seguraram os braços e as pernas do meu pretendente, e por fim, enrolaram em seu pescoço, o erguendo no alto com cada um dos membros amarrados. Eu me levantei ainda cheia de ódio, ele me ameaçou, e usou seu poder para conjurar estacas de pedra do chão para me ferir, enquanto causava um terremoto. Sua magia era forte, mas a minha raiva era mais. Tivemos uma grande luta, e eu venci, matando ele.

Devimyuu seguiu ouvindo tudo sem ousar interromper. O adolescente, até então tenso, respirou aliviado ao saber que Mewcedrya conseguiu se salvar e colocou um fim a vida do crápula que tentou violentá-la.

— Quando meus pais chegaram, viram a destruição causada pela batalha. A casa estava arruinada por dentro, eu estava ferida e com raiva, e ele morto, desmembrado por meus ramos que foram mais fortes que suas rochas. Havia sangue e restos por toda a parte.

— Você desmembrou ele? Miuau! Gostei! — Comentou o futuro Lorde, que naquele momento não conseguiu evitar interrompê-la.

— Sim. Ele era muito resistente, não foi fácil. E também não foi algo bonito de se ver, mas confesso que fiquei muito satisfeita ao assisti-lo morrer gritando.

— Pelo que ele queria fazer com você, pra mim você foi até piedosa. — Respondeu o garoto, com um olhar assassino.

O comentário deixou a druidesa intrigada.

— Acha mesmo? E o que você faria se fosse uma menina que estivesse em meu lugar, crianço? — Ela perguntou, parando de tecer a cesta e o encarando.

— Primeiro faria algum cipó arrancar as bolas, e depois enfiaria o ramo com espinhos mais grosso que tivesse no rabo dele e o rasgaria ao meio de dentro pra fora.

Mewcedrya se mostrou um pouco impressionada devido a precisão com o menino lhe respondera. Havia furor em sua voz, e seus olhos mórbidos traziam a sede sanguinária de um verdadeiro demônio. A rapidez com a qual Devimyuu respondeu deu-lhe a impressão de que ele não pensou em algo do tipo de última hora, contudo, ela preferiu não se aprofundar naquele assunto, receando despertar no novo Lorde das Trevas alguma fúria que ela não gostaria de enfrentar.

— Sua opção de morte é realmente mais merecida. Parece que tem talento para isso. — Disse a fêmea desconversando e voltando a atenção para a cesta quase finalizada.

— E o que aconteceu depois? Você fugiu pra não ter que casar com outro pervertido imbecil?

Devimyuu perguntou, não dando muita atenção a frase dita por ela. A história que contava lhe importava mais.

— Não. Fugi porque os familiares dele e os líderes da cidade ficaram revoltados por eu tê-lo matado. Sua morte trouxe o fim aos golens que guardavam a entrada da cidade e ao prestígio e poder que eles impunham. Meu pai era um erudito do conselho magical dos líderes, e ele perdeu não apenas a fortuna do meu dote como também sua alta posição. Ele ficou furioso, e não hesitaria em me entregar a eles.

— Eles queriam te levar pra cadeia ou algo assim? — Indagou o menino semideus, em pura ingenuidade.

— É claro que não, filhote. Não sabe que a condenação para um magista transgressor é a fogueira?

Mewcedrya o questionou como se aquilo fosse uma informação óbvia.

Devimyuu arregalou seus olhos dourados. Queimar numa fogueira era a pior das mortes para um felin mágico. Ele ainda não estava completamente ciente de como as coisas se davam no mundo destinado a ser seu.

— Eu não sei de muitas coisas por aqui. Não conheço esse mundo de merda tanto quanto você...

Respondeu o garoto, com o rosto virado, parecendo aborrecido ou até mesmo envergonhado.

Mewcedrya sentiu-se mal ao perceber que talvez o tivesse constrangido.

— Oh, não foi minha intenção ofendê-lo, filhote de deus. Peço que me perdoe.

— Esquece... Mas fique sabendo que eu não sou obrigado a saber de nada, mhmpf! — Resmungou o príncipe sombrio. Para a sorte da druidesa, ele ainda estava curioso sobre sua história, e não queria perder tempo levando isso em conta.

— Sim, você tem razão. Bem, no dia seguinte eu seria levada, e minha mãe me alertou quanto ao que me esperava. Eu tinha que fugir, mas estava trancada e sob vigilância. Se eu fosse escapar, não ia passar despercebida, e me arriscaria a ser pega também. Mas eu estava decidida a tentar; preferia morrer fugindo do que me entregar a eles. Minha magia estava restrita, mas minha conexão com a natureza não. Escondida, minha mãe me trouxe um broto de espinheira centrípede; que eu consegui fazer crescer o bastante para me tirar daquela cela.

Devimyuu não queria, porém, se viu obrigado a interromper.

— Eu não conheço essa planta. Pode me explicar como são? — Pediu o Lorde adolescente, sendo surpreendentemente bem-educado. De vez em quando, os irreversíveis bons modos principescos com os quais fora criado afloravam involuntariamente.

Mewcedrya sorriu.

— Claro.

Ela colocou a cesta quase finalizada de lado e se levantou. Foi até a estante de cedro próxima à cadeira, onde haviam alguns livros, que só agora eram notados por Devimyuu. A druidesa apanhou um deles; era grosso e possuía uma capa verde-musgo, seu aspecto aparentava décadas de uso. A fêmea adulta sentou-se ao lado do garoto na própria cama e abriu numa página que não levou muito tempo para procurar.

— Aqui veja. — Ela apontava para um desenho preto e branco que tomava metade da página esquerda.

— Essa é a espinheira centrípede. Os caules dela podem ter até quinze centímetros de diâmetro, e essas centenas de espinhos que crescem nas laterais podem fixá-la no solo e em terrenos ingrimes, por isso o nome centrípede.

Com visível interesse, Devimyuu pediu para segurar o livro para ver mais atentamente. Como uma remanescência dos tempos em que era um aluno aplicado na academia de magia, não resistiu a folhear as demais páginas. O livro se tratava de uma espécie de guia sobre as plantas mágicas raras usadas em feitiços de alto nível; desde incomuns até os mais difíceis.

Seus olhos se fixavam nas páginas que folheava com fascínio. Era a primeira vez que Mewcedrya via tal expressão no rosto do garoto; sua feição livre de extrema seriedade, sem aquela aparente fúria reprimida. O olhar em sua face não estava mais carregado de ódio – um pequeno brilho surgira a cada linha que lia. Em seu passado recente, ele não estudava magia avidamente porque lhe era exigido, mas sim porque gostava. E essa parte de si, anteriormente esquecida, acabara de reviver naquele momento.

— Miuau... que daora. — Disse Devimyuu, enquanto observava cada tópico do índice, enfim soando como um felin adolescente normal.

O sorriso de Mewcedrya aumentou à medida que testemunhava aquela transformação do príncipe semideus. Ele lhe pareceu um menino esforçado.

— Você gostou? Fique à vontade para dar uma olhada, enquanto isso eu vou lá fora. Preciso usar o "banheiro".

Só neste momento, o garoto ergueu o focinho do livro antigo.

— Você não disse que a floresta era perigosa à noite?

— É perigosa para você. Eu já sei me cuidar, além disso, o feldrin sempre me acompanha. Eu volto já, fique aqui.

Afirmou a fêmea, indo em direção a porta.

— Quando voltar você vai terminar de me contar sua história, né? Quero saber como você usou essa espinheira pra escapar, pelo visto dá pra fazer várias magias de moldação com ela. — Devimyuu falou ansiosamente, levantando a voz um pouco para que Mewcedrya o ouvisse, enquanto voltava a ler.

A druidesa riu-se e balançou a cabeça.

— Sim, crianço, eu vou sim. Me espere aqui, ouviu? Não saia. — Disse Mewcedrya, num tom de advertência quase maternal, ao passo que atravessava a porta.

— Tá, tá, já ouvi... — Respondeu, com a impaciência típica de um adolescente.

Devimyuu foi para a primeira página e começou a ler. Seu interesse não diminuiu, porém, seus olhos começaram a pesar e o corpo a amolecer. O chá calmante começara a fazer efeito. E a breve tranquilidade que o abraçou naquele momento era ainda mais forte que o chá. Após o ano torturante em que passou, enfim uma noite onde estava bem alimentado, aquecido, e no aconchego de uma cama que não era um amontoado de capim seco jogado num chão frio de pedra. Ele se sentia seguro, e por mais que relutasse quanto a sua carência, se sentia novamente cuidado por alguém.

E foi com esse sentimento que ele se aninhou com o manto que Mewcedrya lhe dera, tentando manter seus olhos dourados abertos sobre as páginas do livro. Não foi muito eficaz em tentar fazê-lo.

Quando a druidesa voltou, encontrou o garoto dormindo profundamente, debruçado sobre o livro apoiado em seus joelhos, ainda sentado na ponta de sua cama.

Ela suspirou com um sorriso de certa forma terno, e cuidadosamente retirou o livro, e o colocou em cima da cômoda ao lado. Devimyuu nem se mexeu, assim como não acordou mesmo com ela o ajeitando para deitá-lo.

— Durma bem, filhote de deus. — Desejou a fêmea, o cobrindo com a manta de lã tricotada por si mesma, e agradecendo por sua cama ter espaço o suficiente para ambos.

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