
O último tango
E lá estávamos nós outra vez, na tentativa de um adeus definitivo.
Perdidos entre os passos, pernas entrelaçadas, uma luta pela posse do fim.
Quem daria a palavra final?
Olhares ligados, corações em compasso, tão perto, tão forte, tão urgente.
Mil palavras era ditas no mais absoluto silêncio. O violino desenhando a trajetória de pés incapazes de seguir direções opostas. E ao fim, não se sabia mais a razão do duelo.
Lutávamos pelo fim, ou pelo recomeço?
O medo de romper a ligação, de finalmente chegar ao fim, fazia doer cada acorde. Cada frase afiada como navalha, levando-nos à tantas direções, porém não havia saída.
E por fim, não se sabe se cedo ou tarde, a música acabou.
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