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SOBRE EDUCAR MENINAS

Sou mãe de duas lindas meninas. Sim meninas. Sempre foi o meu mais profundo desejo de mulher, ver nos rostos e personalidades das minhas "crias" algo meu, que me continuasse, uma extensão mais elaborada de mim mesma, e diga-se de passagem eu consegui, mas, também descobri que corremos o risco de que elas herdem as características do pai (afinal elas são metade óvulo e metade espermatozoide) e realmente foi o que constatei, carreguei nove meses a primeira menina que puxou fisicamente o pai e traços de sua personalidade também, mas, desde a primeira vez que a vi eu soube que isso não era realmente tão importante, mas preciso dizer que a segunda é minha fotocópia e isso é gratificante.

Todavia, onde realmente quero chegar, ou levar o leitor a refletir, é a respeito do mundo que aguarda nossas lindas menininhas. Ser mulher é ser uma sobrevivente em um mundo hostil, onde basicamente impera a força machista que nos oprime desde os primórdios desde o surgimento da humanidade. Entretento ao meu ver, educar meninas e futuras mulheres é uma missão que requer no mínimo muito caráter, força, amor e auto estima, já que, o mundo dos machos alfas buscam incultir uma falsa inferiodade em relação à eles em nossas mentes, para de certo modo afirmar sua masculinidade e predominância sobre nós do sexo frágil. Embora deva afirmar, que essa missão que pode ser construída juntamente com o pai, é verdadeiro admitir que nem sempre isso acontece como deveria.
Me preocupo com a hostilidade e nocividade com que o mundo machista nos percebe como inferiores, e até mesmos os pais, nossos primeiros príncipes e heróis, podem destruir em suas filhas essa visão de que valemos tanto quanto os homens, senão melhores, se pensarmos na força que nos é dada pelo dom da maternidade e que é somente nossa nessa profundidade espiritual e física.
Essa reflexão não tem o intuito de desmerecer os pais, mas, mostrar à eles que seu papel é fundamental na imagem que elas criam de si mesmas, que elas podem ter carrinhos sim, e que podem dirigir tão bem quanto os homens, porém, acima de tudo elas precisar sentir que são capazes e que seus pais realmente acreditam nisso.
Tenho plena consciência de que o mundo não será apenas flores para elas, e que, essas minhas preocupações não são exageros criados por uma mente feminista, mas conheço antes o mundo em que eu mesma sou mulher, e os preconceitos que regem o mundo machista, conheço também historicamente a luta das mulheres por um mundo justo e igual. Para ilustrar o que tenho dito até aqui, vou relatar uma história que presenciei há alguns anos atrás em que eu ainda nem era mãe de meninas, mas, já conseguia perceber a crueldade da sociedade machista.
Eu estava na casa da minha sogra em um domingo, era por volta das seis da tarde e em frente a casa dela iniciou-se uma briga entre marido e mulher no meio da rua. A briga entre eles tomou proporções tão violentas que todos os vizinhos podiam ouvir os gritos desesperados da mulher e das crianças que presenciavam assustados o pai espancar e arrastar a mulher pelos cabelos.
A vizinha que morava em frente assistindo tamanha covardia, resolveu interfirir, também porque conhecia a mulher e se compadeceu da situação das crianças em meio a brutal violência, tentou apartar a briga enquanto seu marido em vez de ajudar expiava tudo na segurança de sua janela. A vizinha que tentava separar acabou levando um soco, e pasmem, mesmo assim o marido não saiu em sua defesa.
Tudo teve fim quando depois  de recuperar-se do soco a vizinha "corajosa" pegou uma pedra de calçamento e acertou a cabeça do homem que caiu desmaiado no chão, porque o marido não ajudou e a polícia que foi chamada sequer apareceu.
E sim, a polícia não apareceu. Minha sogra foi quem ligou, e ao relatar a ocorrência à policia ouviu do policial:
-mulher tem que apanhar mesmo!
Indignada minha sogra ligou na rádio da cidade e contou o que havia acontecido, será que em nenhum momento o policial pensou que essa mulher poderia ser sua filha? E as crianças assustadas seus netos?
Esse é o mundo que aguarda minhas filhas e as filhas de todos nós, talvez, eu não possa mudá-lo de imediato, mas, se esse texto conseguir mudar ou levar alguém a considerar essas reflexões como genuínas e indispensáveis para um mundo de igualdade, saberei que fiz minha parte para construir um mundo melhor para minhas meninas!

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