#19. MESSAGES GO CLEAR
OIOIOIOI GIRININHOS, AMORES DA MINHA VIDA!!!!!!!!!!!!!!!!! Que saudades de vocês aaaaaaaaaaaa Desculpa ter ficado sumida esses dias eu tava viajando, espero que não tenham esquecido de mim aaaa
Como sempre, muuuuuuuuuuito obrigada por todos os votinhos e comentários, eles me deixam tão tão feliz, vocês nem sabem!!! Também um grande salve pros lindos que conversam comigo pelo Twitter na tag #OsGirininhos AMO SURTAR COM VOCÊS!!!!
Bem, boa leitura!!!
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Ainda era bizarro pensar que estávamos lá, no apartamento de Yoongi. Jimin segurava meu braço apreensivo e acho que aquilo me deixava mais nervoso ainda. Nós dois sabíamos que tinha algo de muito, muito errado ali e isso nos consumia de medo. Meu coração batia tão alto que parecia ressoar dentro da minha cabeça.
Além da mensagem holográfica, havia um porta fotos deitado ao lado. Segurando a mão de Jimin, que parecia muito nervoso por causa do aparelho da HT, caminhei mais perto da mesa de cabeceira. Levantei o porta retratos, curioso, já que dificilmente alguém ainda tinha um daqueles.
A foto exibida nele era alegre, tão alegre que parecia destoante com o restante da casa, com a situação. Uma mulher abraçava sorridente os ombros de Yoongi por trás, os dois em um teatro, provavelmente para assistir um concerto musical.
Era lindo o contraste entre eles, de verdade. A pele negra da mulher com a pálida do híbrido de cobra, o cabelo crespo ao lado do escorrido. Eles eram lindos juntos, parecia muito certo estarem lado a lado. Eram claramente uma família, um lado deles que eu nunca tinha visto através das redes sociais, até porque não era recomendado postar sobre os híbridos.
Ver o sorriso gigantesco emoldurado nos lábios grossos da mulher fazia eu compreender tudo que eu tinha ouvido falar sobre ela. Toda a positividade e admiração. Entendi completamente por que todo mundo sentia tanta falta de Daisy. Eu senti também.
Abaixei o porta fotos novamente, deixando-o do jeito que estava antes a contragosto. Deve ter doído pra Yoongi abaixar aquela foto, não sei. Ah, aquilo tudo era tão confuso.
Mas a pior parte não tinha passado ainda, eu sabia. Meu coração batia ainda mais acelerado pela adrenalina de ter a possível resposta de tudo aquilo logo ali, na nossa frente. Parecia até mesmo conveniente demais. Parecia ser de mentira, como se não estivesse acontecendo comigo. Sei lá... Nem explicar eu sei.
— Você está bem, hyung? — Sussurrei para o híbrido, apoiando-o em meu peito e deixando um beijo no topo de sua cabeça. Eu estava muito preocupado com ele. — Não quer esperar lá fora?
Afinal, para mim aquilo era só um quadradinho de metal, mas para Jimin... Para Jimin aquilo era um pedaço de suas cicatrizes, uma lembrança de tudo que sofreu. Aquilo era o bisturi rasgando sua pele, a agulha costurando-a de volta. Era a falta de ar, a sede, o ressecamento. Aquele era o branco de sua prisão.
— Acione, Jungkook. — Falou firme. Eu queria saber de onde ele conseguia aquela força. — Eu preciso ver com meus próprios olhos... É importante pra mim.
Engoli em seco. Eu não queria que Jimin visse, mas eu tinha que confiar nele... Confiar na dor que ele era capaz de suportar também fazia parte de meu amor por ele. Respirei fundo mais uma vez antes de estender uma das mãos enluvadas e clicar no botão que iniciava a mensagem.
Logo uma projeção holográfica vermelho escura pairou em nossa frente, vazia em princípio. Juro que eu sentia como se meu coração tivesse parado de vez. Agarrei mais Jimin contra meu corpo, como se daquele jeito eu conseguisse protegê-lo, apesar de saber bem que era inútil.
Logo uma imagem apareceu. Era um homem... Tinha uns 40 anos, estava com os cabelos bem penteados e usava um jaleco. Caminhava de um lado para o outro de um jeito severo, com as mãos entrelaçadas nas costas e cara de poucos amigos. Senti Jimin tremer em meus braços.
— É um ultraje usar tecnologias tão ultrapassadas de comunicação... — A voz grossa e rouca soou ríspida e clara, como se o homem estivesse ao nosso lado. — Ouvi falar que os mocinhos afastam vocês de mídias em geral.
— É ele... — Jimin sussurrou baixinho, com a voz falha, ainda tremendo. Queria perguntar-lhe mais, mas a mensagem holográfica continuou.
"Bem, 94SMD... Te chamam de Yoongi aí pelo que meus homens relataram. Dar nome a criaturas faz você se afeiçoar a eles, é uma besteira... Seja um bom filho e me ajude, certo? Não te dei meu material genético à toa."
Um calafrio percorreu minha coluna, e senti o corpo de Jimin também arrepiar-se contra o meu. Abracei-o mais forte. Aquele homem, aquele monstro... Era pai de Yoongi? Yoongi estava trabalhando com ele?
"As instruções são simples. Aproveite que está aí junto com os mocinhos e colete tudo que puder. O que eles têm tramado contra a gente? Ou eles acham que vão nos derrubar só mandando mensagens bonitinhas para o resto do mundo? Mensagens nunca levaram nada a lugar nenhum, e sim dinheiro. Como eles conseguem dinheiro?
Se conseguir os arquivos, bom, mas o importante mesmo é você ter as informações, elas serão úteis para uma surpresinha que temos preparado esses últimos meses. Seu prazo é fácil de lembrar: 15 de novembro, logo depois de terminarmos de lançar todos os novos híbridos. Apareça na HybridTech nesse dia.
Tenho certeza que você é um bom filho que fará coisas de bom grado pra mim, 94SMD... Mas por via das dúvidas, trouxemos ela para fazer uma visita aqui..."
A cada frase, o tom de voz do homem ficava mais sádico, mais cruel. Eu me sentia sem ar, porque aquilo não podia ser verdade... O médico caminhou calmamente para fora da projeção para voltar logo em seguida arrastando um corpo pelo capuz de sua blusa de moletom.
Era Daisy.
Um arrepio tomou minha coluna instantaneamente, mas não consegui esboçar reação, não sei se algum dia conseguiria, aquilo era tão cruel... Jimin tremia muito e tentei tampar seus olhos, mas ele impediu.
Daisy foi arrastada pelo chão até ficar no meio da projeção. Estava amordaçada e seu corpo, jogado no chão, parecia tentar se erguer, mas não conseguia. A expressão vívida e revoltada em seus olhos mostrava que ela estava lutando. Tentou dizer algo, mas o som saiu abafado e indistinguível através da mordaça.
"Não conte nada a ninguém, 94SMD... Ainda não apagamos ela, mas você sabe bem que somos muito bons em fazer isso. Siga o que eu te falei, descubra o que esses idiotas estão tramando... Se não trouxer nada de bom, vocês dois serão apagados, certo?
Bem, acho que fui claro. Até dia 15, 94SMD."
Antes de desligar encerrar a projeção o médico deu outra risada cruel e desferiu um chute em Daisy, que se recusou a ceder à dor, ficando quieta. Que merda.
Jimin soltou um som engasgado antes de perder as forças. Felizmente, como eu já estava abraçando-o, consegui segurá-lo antes que fosse ao chão. Como tudo relacionado ao híbrido, pensei que eu fosse morrer, mas dessa vez de preocupação.
Como não podíamos encostar nem sentar em nada para não deixar nosso rastro, segurei-o de lado para caminharmos para fora dali. Vi o rosto de Jimin e Deus... Ele estava sem expressão nenhuma, sem reação, apenas seus olhos marejados indicando a bagunça dentro de si.
Enquanto eu atravessava cada cômodo em direção à saída, aplicava um spray que Namjoon desenvolveu para que Yoongi não conseguisse nos sentir. Aparentemente cobras tinham o olfato muito bom. Eu queria sair dali o mais rápido possível, mas o perigo de não tomar os devidos cuidados nessa invasão falou mais alto.
Quando desliguei o último interruptor e terminei de passar o spray no último aposento me senti automaticamente mais leve. Tirei as luvas e abri a porta com as minhas mangas. Aparentemente deveríamos parecer pouco suspeitos para que as câmeras do prédio nos ignorassem, algo assim. Eu sou vintage, não sei muito de tecnologia.
E, enfim, estávamos para fora do apartamento.
— Só mais um pouquinho, hyung. — Beijei sua bochecha e fingi um sorriso para que não parecesse estranho eu segurar tanto seu corpo. — Consegue andar sozinho até lá embaixo?
Jimin assentiu com a cabeça, se soltando de mim, ainda muito estático. Preocupado com o menor, segurei sua mão para não perder todo contato com ele.
Chamamos e descemos no elevador, a volta parecendo ainda mais demorada do que a vinda porque eu, pelo menos, simplesmente queria fugir dali. Tirar Jimin de perto, correr com todas as minhas forças.
No elevador, recebi pelo SmartPod uma mensagem de Hoseok, falando que deveríamos sair logo porque não conseguiria mais segurar Yoongi por muito tempo e eles estariam ali em 15 minutos. Bem, até que nesse quesito daria para dizer que nossa invasão deu muito certo. Super pontuais.
Atravessamos a rua até meu carro. Ajudei Jimin a se sentar e deixei um beijo em seus cabelos antes de fechar a porta, preocupado. Ele continuava sem expressão.
Enviei rapidamente uma mensagem avisando Namjoon e Hoseok que estávamos saindo e dei partida, dirigindo para longe dali o mais rápido que conseguia. Espero que muito que a distância ajude Jimin.
Sinceramente, eu não fui a nenhum lugar específico, só me preocupei em me afastar. A cidade, como de costume, tinha poucos transeuntes, então quando eu vi um parque vazio pelo parabrisa do carro, estacionei ao seu lado. Eu queria ter um momento para conversar com Jimin e acho que um pouquinho de natureza faria bem para ele.
— Se importa da gente dar uma paradinha aqui? — Perguntei, Jimin negou com a cabeça, ainda um pouco inerte. Nunca pensei que meu coração pudesse doer tanto, era horrível ver Jimin daquele jeito.
O parque não era gigante que nem o outro. Na verdade, era bem pequeno. Era possível ver um parquinho infantil, uma área de piquenique com mesas grandes de madeira e bancos longos, um chafariz modesto e alguns equipamentos para exercícios.
Andamos pelo caminho feito de pequenas pedrinhas cinzas. O barulhinho que faziam quando pisávamos nelas era relaxante, espero que pra Jimin também. Segurei sua mão pequena e fria, entrelaçando nossos dedos durante a caminhada, ao mesmo tempo que me deixava nervoso porque minha paixão era uma louca descontrolada aquilo parecia certo no momento.
Caminhamos até uma parte menos "social" do parque, que constituía em um pequeno jardim. Alguns arbustos de flores que eu não conhecia rodeavam o caminho de pedras e repartia-o de um gramado extenso e verdinho, cheio de árvores.
A grama estava um pouco alta, o que indicava que provavelmente fazia um tempo que não davam uma manutenção ao parque. Ao mesmo tempo, aquilo me deixava mais seguro porque me fazia sentir que eu teria mais privacidade com o híbrido.
Nos levei pela grama alta até debaixo de um tronco de uma árvore grossa, talvez uma cerejeira, pois lá a grama era um pouco mais curta. E também porque era uma coisa meio nossa sentar debaixo de árvores, vintage, sei lá...
Sentei e apoiei minhas costas, sentindo Jimin fazer o mesmo ao meu lado. Ele não tinha falado nada até agora e, sinceramente, eu senti que não devia tentar fazê-lo falar. Acho que Jimin precisava de um tempo pra ele.
Dessa forma, permanecemos sentados. Me aproximei um pouco dele para que nossos ombros encostassem e ele soubesse que eu estava lá, mas continuei em silêncio.
Enquanto eu esperava o híbrido se recompor um pouquinho, comecei a brincar com o ambiente. Fiz desenhos de sapinho e de coelho na terra, — o animal que Jimin escolheu para me representar — tive ideias para a logo de um novo produto do departamento de Adoções e até mesmo uns coraçõezinhos porque a paixão pediu.
Depois, quando cansei de desenhar, comecei a brincar com a grama, arrancando e cheirando ela. Me desculpem, eu acho o cheirinho de grama gostoso. Acho que eu nunca fui muito hiperativo daquele jeito, talvez seja uma forma minha de me proteger de pensar demais em tudo aquilo que passou...
Comecei a tentar fazer formas com a grama, dando nozinhos e juntando com outras. Por fim, segurei uma das mãos de Jimin e comecei a amarrar um pedaço de grama ali. Os olhos amarelos que encaravam inexpressivamente o horizonte se voltaram para minha direção, observando curiosos minha aleatoriedade.
Depois de amarrar o pedacinho de grama em seu indicador, passei outro pelo meio, fazendo uma espécie de lacinho. Finalizando, coloquei a mão de Jimin onde ela estava antes.
— O que é isso? — Jimin perguntou, levando a mão para mais perto de seu rosto, querendo enxergar melhor.
— Um anel, hyung. — Respondi, dando um sorriso automaticamente ao ouvir sua voz novamente. — A própria natureza te deu de presente, não é incrível?
— É muito incrível, sim, Jungkookie. — Riu discretamente, ainda um pouco abalado. — Obrigado.
— Disponha, hyung. Sou apenas um mero servo das vontades da mãe natureza com o objetivo de entregar seus presentes. — Falei pomposamente e o híbrido riu de novo. Apoiei minha mão em seu joelho, um pouco mais sério. — Quer ligar pra Dr. Sunhee?
— Não, estou bem. — Respondeu, firme. Às vezes eu tinha vontade de fazer um curso de psicologia para saber melhor o que fazer naqueles casos. Putz, faria de tudo mesmo pra ser um Dr. Jeon naquele momento.
— Tem certeza, hyung? — Perguntei pra garantir e levei minha outra mão em seu rosto, acariciando a pele esverdeada.
— Tenho... Eu não estou bem, na verdade, mas também não quero ligar pra Dr. Sunhee. Eu só quero... Só quero conseguir passar por tudo isso. — Sua voz ficou tremida e meu coração deu uma apertadinha.
— Você vai conseguir, hyung... Sei que vai.
Engoli em seco quando senti Jimin me abraçar pela cintura, enterrando seu rosto em meu peito. Levei uma de minhas mãos até seus cabelos loiros enquanto a outra ficava em sua cintura, porque eu sabia que aquilo era sinal de que Jimin ia chorar.
Jimin gostava de se esconder pra chorar.
— Aquele homem, Jungkook... Aquele era o homem que sempre vinha me dissecar com a equipe dele. O que me fazia tomar aqueles remédios... — Confessou baixinho e tudo conseguiu ficar mil vezes pior. A minha vontade de deixar aquele cara apodrecer na cadeia virou infinita vezes mil. Sem condições. — Ah, Jungkookie... Ele manda em tudo naquele lugar. É o chefe de pesquisa da HT.
Não respondi nada, só ouvi tudo que ele tinha pra falar, sentindo a umidade quente de suas lágrimas em meu peito através da camisa. Apoiei meu queixo no topo de sua cabeça depois de deixar mais um beijo nela.
— Pobre Yoongi... Filho daquele monstro... — Murmurou junto com uma fungada baixinho. Seu corpo tremia, muito. — Que pai faria isso com o próprio filho? E Daisy, meu Deus, a Daisy... Como vamos fazer pra proteger ela?
— Hyung... Você sabe que eu sou bobão e não sei como responder isso. Mas tenho certeza que vamos conseguir pensar em algo com a ajuda de todo mundo. Não estamos sozinhos, hyung. Nem nós, nem o Yoongi. — Sussurrei, a gente estava muito próximo, não era necessário falar alto.
— Uhum... — Assentiu o híbrido, concordando, mas chorou.
Chorou muito, copiosamente. Minha blusa ficou encharcada e a proximidade de nossos corpos fazia com que eu conseguisse sentir todos seus soluços sofridos, seus tremores assustados. E putz... Eu sei que eu já falei mil vezes, mas ver Jimin chorar sempre partia meu coração. Eu faria de tudo para conseguir ver seu sorriso.
Quando o híbrido se recuperou, ele se afastou um pouco de meu corpo, me encarando com os olhinhos vermelhos e inchados. Ah, como eu queria beijá-los. Entrelacei nossas mãos novamente e Jimin voltou a notar seu anel, dando um sorrisinho.
— A mãe natureza vai me proteger, né? — Comentou baixinho, parecendo um pouco longe.
— Claro que vai, hyung. — Respondi e tremi na base quando Jimin se aproximou para deixar um beijo simples em seu anel, os lábios grossos roçando em meus dedos também porque estavam entrelaçados com os seus. Eu poderia ter morrido naquele exato momento, mas meu coração resistiu.
— Obrigado por me proteger também, Jungkookie... — Completou, os olhos amarelos encararam os meus carinhosamente por um momento, e ele se aproximou, deixando um beijinho na minha bochecha. Jimin era tão doce... Merda, eu tinha vontade de explodir de amor, era um sentimento inexplicável.
— Você sabe que eu sempre vou estar aqui por você, hyung. — Aproveitei o novo nível de proximidade para segurar seu rosto e enxuguei suas lágrimas com meus polegares. Era tão dolorido ver os olhinhos vermelhos de choro. Me aproximei e depositei um beijinho leve em sua testa, imerso em seu cheirinho de bebê. — Eu que tenho que te agradecer por me fazer aprender tantas coisas.
Me fazer sentir tantas coisas. Jimin era mesmo incrível.
— O mérito é todo seu, Jungkookie.
-x-
Íamos voltar para a HP para discutir tudo que vimos, mas Namjoon achou melhor nos reunirmos no dia seguinte para que conseguíssemos discutir com a cabeça mais fria. Acho que ele estava bem preocupado com a condição de Jimin. Bem, não reclamei, apesar de ser difícil voltar "à realidade" e agir como se tudo estivesse normal depois do que tínhamos acabado de ver.
Bem, eu queria pensar em algo pra distrair o híbrido durante esse meio tempo. Sei lá, acho que voltar pra casa deixaria a gente ocioso o suficiente para pensar naquilo e, sinceramente, a imagem de Daisy sendo arrastada pelo médico já estava me perseguindo com uma frequência gigantesca mesmo eu me mantendo ocupado.
Demorei um pouco para conseguir pensar em um bom programa com Jimin que não fosse: 1. Ir ao parque; 2. Tomar sorvete; 3. Assistir filme; 4. Comer macarrão; porque eu sinto que sou muito sem criatividade e repetitivo. Mas deu certo porque juntei o útil ao agradável.
Veja bem, Jimin estava com a respiração cada vez melhor. Precisava passar bem menos hidratante e até se enfiava debaixo do edredom comigo com mais frequência — e com mais partes do corpo. Namjoon deu uma previsão incrível de duas semanas apenas para que ele pudesse vestir blusas de frio. De algodão, claro, mas olhe só, blusas de frio.
Então nós fomos às compras.
Assim, todo mundo comprava online nos dias de hoje. O diferencial que lojas físicas tinham que era provar as roupas foi bastante substituído por manequins pessoais dos consumidores, que mostravam perfeitamente como a roupa ficaria em si.
Mas eu e Jimin somos vintage, como vocês bem conhecem, então fomos a uma loja física. Foi fofo, porque o híbrido pareceu super animado com a ideia e aquilo me deixou um pouco menos preocupado com ele.
A loja estava completamente vazia, o que era de se esperar. Às vezes eu me perguntava por que ainda existiam algumas lojas físicas se nem parecia lucrativo mantê-las. Mas bem, o estudante de administração ali era Jimin, não eu.
— Meu Deus, essa camisa é tão fofa. — Jimin mostrou um casaco todo colorido e cheio de flores. Tateei pra ver o tecido, aprovando ao ver que era um moletim mais respirável. — Eu não acredito que eu finalmente posso vestir algo além de camisa branca e short de tactel.
— Hyung, sabia que muitos homens poderosos de antigamente sempre usavam a mesma roupa? Steve Jobs, Obama, Zuckinho. Você apenas está destinado a ser um poderoso multimilionário, eu diria.
— Acho que eu prefiro ser um pobre feliz com roupas diferentes. Essas cores são tão incríveis... — Vestiu a camisa e puxou seu capuz para cima da cabeça. Ele parecia um bolinho colorido, a coisa mais fofa.
— Você fica muito lindo nelas, hyung. — Cheguei perto só para conseguir esmagar suas bochechas, ele é muito fofinho. Revoltado, ele fez o mesmo comigo e acabei rindo, todo bobinho sob o efeito da paixão, aquela implicante. — É essa que você vai escolher então?
— A gente tinha pensado em duas blusas de manga, uma de manga curta nova, um short e uma calça, né? — Foi numerando as peças de roupa que achávamos que seria um número razoável para começar sua transição de roupas. — É, essa tem que entrar nas blusas de manga.
Dito isso, colocou a blusa na sacolinha da loja que levava nos ombros e foi passear por aí a procura de mais roupas. Virei para outro lado e fui também, tentando ajudar na busca.
— Hyung, olha essa blusa aqui! — Apontei para uma T-shirt rosa bebê, com um bolsinho no peito com um pequeno sorvetinho bordado. — Você gosta dessa cor, não?
— Ela é perfeita! — Não deu nem uma segunda olhada antes de enfiar a camisa em sua sacola.
Por fim, Jimin encontrou um short azul bebê, uma calça esportiva de viscose preta que não parecia abafar muito e outra blusa de frio, um moletom laranja com parte das mangas cinzas. Achei o último meio abafado demais, mas eu sabia que ele ia testá-las aos poucos.
— Eu estava aqui pensando, Jungkookie... Você é um homão poderoso também? Todas suas blusas são iguais, parece personagem de desenho animado. — Acabou rindo da minha cara e, bem, não chegava a ser mentira.
Apesar de eu gostar de muitas coisas visuais, como pinturas, arquitetura, fotografias, artes digitais, eu não ligava muito pra moda e estilo. No final, eu sempre prezei por praticidade, que basicamente eram camisas lisas e calças de moletom grosso. Tudo preto. Às vezes branco também, mas muito raramente. Isso e as roupas que meus pais e meu irmão me davam de presente.
— Queria eu ser icônico que nem o Steve Jobs, eu sou só um preguiçoso mesmo. — Ri pra ele e senti meu coração palpitar quando Jimin sorriu de volta. Seu sorriso era tudo pra mim e eu queria tacar fogo na HT por ameaçar esse sorriso lindo.
— Posso escolher uma roupa pra você? — Pediu, os olhinhos brilhando. Sem conseguir negar nada a ele e curioso com o que ele iria escolher pra mim, assenti em concordância com a cabeça.
Não demorou para ele voltar com uma blusa de frio colorida e cheia de flores, igual a primeira que ele escolheu para si mesmo só que em um tamanho maior. Meu coração acelerou muito porque roupas iguais era coisa de namoradinho. Putz... A paixão ia me engolir todinho ali mesmo.
É claro que Jimin não sabia que usar roupas iguais era mania de casal e tudo mais, porém eu me sentia eufórico mesmo assim. Jimin estendeu as mangas e aproximou a blusa de mim, tentando verificar se o tamanho estava certinho. Sério, eu sei que eu sempre falo isso, mas a morte doeria menos.
— Você gostou dela, Jungkookie? — Perguntou, inocentemente, sem saber o quanto aquilo mexia comigo.
Gosto da blusa, gosto das cores, gosto de combinar com você, gosto tudo que vem de você, gosto de você, a paixão recitava na minha cabeça. Parecia que eu não teria um minuto de paz.
— Claro, hyung. — Foi o pouco que eu pude responder.
-x-
Acordar no dia seguinte foi terrível. Na verdade dormir foi tão ruim quanto. A ficha de tudo que tinha acontecido tinha caído de novo e estávamos mal. De verdade.
Jimin, depois de tanto tempo bem, chorou quando eu fui aplicar sua pomada. Fiquei abraçado a ele até que se acalmasse, e depois fui tentar dormir, não que eu tivesse conseguido.
O híbrido apareceu no meu quarto no meio da noite, com os olhos inchados e o rostinho tão lindo banhado em lágrimas... Foi horrível, eu queria chorar também. Sempre que um flash do holograma voltava aos meus pensamentos, eu me arrepiava com a memória.
Por fim, Jimin e eu fomos para a sala e abrimos o sofá cama, como gostávamos de fazer. Colocamos um filme de animação bem fofo pra tocar baixinho, com as luzes ainda apagadas, para ver se nos distrairia o suficiente até pegarmos no sono.
Até a paixão estava meio deprimida. Jimin colocou seus pézinhos debaixo do cobertor outra vez e apoiou a cabeça no mesmo travesseiro que a minha, os dedinhos brincando com o cobertor em meu peito, mas não pareceu que eu ia morrer de euforia. Eu só estava preocupado e triste mesmo.
Dormimos em algum momento, mas não foi cedo. Nosso café da manhã foi silencioso também e quase não encostamos na comida. O único objetivo que parecia dar um certo sentido à vida era a reunião no consultório de Namjoon porque esperávamos que alguém tivesse uma ideia mágica que resolvesse tudo aquilo.
Era difícil isso acontecer? Era. Mas naquele momento a gente só queria agarrar qualquer esperança que aparecesse na nossa frente.
Novamente, o tempo parecia passar desnecessariamente devagar. Nem o grupo dos guardiões, que estava me deixando bem animado e empolgado esses dias, parecia certo. Era meio estranho como nossa vida simplesmente continua passando mesmo com coisas horríveis acontecendo. Aquilo me fazia lembrar do quão ignorante eu era sobre as coisas ao nosso redor.
A todo momento alguém morre, alguém se fere, alguém é sequestrado. A todo momento um híbrido sofre assédio sexual, a todo momento um estupro é manipulado a ser um sexo consentido pela "natureza selvagem dos híbridos". A todo momento coisas horríveis acontecem.
E nós simplesmente continuamos existindo, como se nada estivesse acontecendo.
E estar do outro lado da moeda, de vivenciar algo desse tipo tão perto de mim me deixava desconcertado. E se eu estava assim, imagina como Jimin se sentia, conhecendo tão bem aquela empresa horrível? Imagina Yoongi, que teve sua amada guardiã sequestrada? Que tem que espionar os próprios amigos?
Merda, estou entrando na minha espiral chata de pensamento de novo... Eu não devia fazer isso.
Enfim, fomos até o consultório de Namjoon. Taehyung já aguardava na sala de espera junto com Juan. Hoseok aparentemente não tinha chegado ainda.
Sentamos ao lado deles, Jimin bem colado em Taehyung. O híbrido de galinha parecia conseguir sentir as coisas, pois diferente de seu cumprimento animado e cheio de ofensas de sempre, ele simplesmente abraçou o melhor amigo em silêncio.
Híbridos realmente compartilham uma dor diferente entre eles.
Namjoon deu uma olhada para fora do seu consultório por um momento, verificando se todo mundo tinha chegado. Escondeu-se novamente com sua cabeleira rosa atrás da porta da mesma cor porque Hoseok não estava lá.
Uns 10 minutos depois, não sei ao certo, Hoseok chegou também. Até ele percebeu o clima pesado, mas não era nem difícil. Eu, Jimin, Taehyung e Juan não soltávamos um pio e encarávamos a parede na frente da gente sem muitas perspectivas.
Batemos na porta de Namjoon assim que Hoseok chegou e Juan se despediu. Ele sabia que tinha algo de errado, mas queríamos o mínimo de pessoas envolvidas o possível.
Dito isso, fiquei muito, muito confuso quando entrei na sala depois de Namjoon abrir a porta pra gente e encontrar Jin lá. Aquele Jin mesmo, o que estava em todos e nenhum lugar da HP ao mesmo tempo.
Quando percebeu que eu lhe encarava completamente perplexo, me enviou uma piscadinha e um beijo. Fiquei mais perplexo ainda.
— Bem... Hora de se apresentar, Jin hyung. — Namjoon falou após trancar a porta de seu consultório e se sentar em sua cadeira, parecendo incomodado com o jeito que o mais velho estava sentado em cima da mesa de seu consultório.
Eu, Hoseok e os híbridos nos entreolhamos em dúvida. Bem, pelo menos não era só eu que estava perdido no que estava acontecendo ali. Era cada maluquice... O que Jin estava fazendo ali? Indo roubar os ovos de Taehyung pra fazer omelete?
— Bem, bom dia a todos. — Jin, que tinha uma cara relaxada e engraçada, ficou subitamente sério. Até sua voz engrossou e eu, sinceramente, fiquei muito assustado. — Imagino que vocês já saibam o meu nome, que é Kim SeokJin.
— Prazer? — Hoseok respondeu com um tom pouco convencido, muito confuso.
— Ah, sim. — Sua voz ficou momentaneamente simpática de novo e ele deu um sorriso. — Que gafe a minha. Bem, sou o Jin, mas agora pra vocês sou um investigador do governo. Tenho trabalhado infiltrado aqui na HybridPeace.
E foi aí que eu percebi que não havia limites pro quão confuso e perdido eu podia ficar. Sempre dá pra confundir mais.
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E aí??? Sei que tem gente que acertou a teoria aí, hein!!! Eu estou suuuuuuuuper nervosa com esse capítulo, espero ter correspondido às expectativas de vocês, por favor, me contem o que acharam!!!
Qual foi a parte fav de vocês? Acho que a minha é do anel de graminha só porque eu sou toda muito softzinha mesmo shauhaushaushsua
Queria aproveitar aqui pra agradecer às minhas idolsinhas, que deram várias ideias e me ajudaram a não surtar com esse cap. Eu tava muito nervosaaaa, obrigada por me aguentarem!
Aliás, queria kibar a disgrasarmy e dedicar os capítulos aos leitores. Quem quiser uma dedicatória comenta aqui pra eu saber, por favorzinho!
Como sempre, muito muito obrigada por todo amor que dão a Croack! Não esqueçam de votar por favorzinho :(( porque eu vejo um tanto de views e bem menos votos e fico achando que vocês não gostam da fanfic. Também podem me chamar no Twitter (sou @domesticranger) que a gente surta na tag #OsGirininhos
Amo vocês e até a próxima!! ❤
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