#18. FRIENDS GO NEW
Olá, meus girininhos!!! Como vocês estão????AI, EU TÔ FELIZ PORQUE É SÁBADO DE POSTAGEEEEEEEEEEEEEEEEM!!! AMO VOLTAR PROS BRAÇOS DE VOCÊS
MUUUUUUUUUUUUUUITO OBRIGADA POR TODOS OS COMENTÁRIOS E VOTOS, VOCÊS SÃO TUDO PRA MIM, SÉRIO MESMO! Eu fico tão tão feliz quando vocês interagem comigo aqui e no Twitter, morro de amor
Não se esqueçam de usar a hashtag #OsGirininhos
Boa leitura!!!
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— Boa sorte! — Foi Jimin que se despediu de mim com um beijo na bochecha. Taehyung deu um olhar sacana para mim no mesmo momento e fiquei com mais vergonha ainda.
— Vai com calma aí. — Sussurrei pro meu próprio coração que nem um imbecil quando Jimin se afastou. Ele batia tão rápido, mas tão rápido, que levei as mãos em cima do meu peito pra ver se eu conseguia fazê-lo parar. Não que aquilo fizesse sentido, mas foi no automático.
Tinham se passado alguns dias desde a minha grande epifania chamada "estou apaixonado por Park Jimin" e, infelizmente, não tinha ficado mais fácil. A paixão parecia me perseguir em todos os lugares, me deixando em uma saia justa.
O beijo na bochecha que quase me matava, o calor que eu sentia ao lado dele... Tudo isso era a paixão lá, trabalhando. Essa maldita trabalhava demais, o tempo todo, cada momento do mundo, eu acho até que ela deveria tirar férias obrigatórias.
Mas bem, eu já estava um tanto mais calmo. Jimin e Taehyung já tinham desaparecido de vista e o híbrido em vez de ocupar minha mente e minha vista, ocupava só a mente agora. E era hora de eu ficar nervoso por outro motivo...
O encontro dos guardiões.
Aparentemente daquela vez o encontro entre guardiões era presencial, o que costumava ser dentro da própria HP. Cada um levava um pouco de comida porque aparentemente se alimentar dava sentido em interações sociais mesmo se tudo desse errado, então pareceu uma boa estratégia. Passei na Comunicação para pegar o pote cheio de bolo cenoura que fiz dentro da geladeira que a gente tinha lá antes de me encontrar com Juan e andar pela HP.
O espanhol pausou por um momento em frente à porta que me guiaria ao meu pior pesadelo: uma sala cheia de pessoas. Provavelmente ele fez isso para me dar um tempinho pra respirar, era um cara muito bacana mesmo.
— Boa tarde. — Juan abriu a porta e cumprimentou todo mundo lá dentro, do jeito calmo e educado de sempre dele. Queria eu ser um lord que nem ele. — Eu trouxe outro guardião comigo hoje.
Ele deu passagem pra mim e fechou a porta atrás da gente. Bateu um desespero, porque aquela porta fechada fazia parecer que eu não conseguiria fugir daquilo. Sabendo que ficaria estranho se eu encarasse a porta igual um pobre coitado que mais queria era meter o pé, encarei as pessoas na sala.
Eram sete no total. Pelo que Juan disse, a rede de guardiões era bem grande, com mais de 90 pessoas, mas não tinham tantos nos encontros presenciais por causa do horário de expediente e da distância até a HP. Tinham guardiões até mesmo em outros países! Sei lá... Uma doideira.
Todo mundo disse "oi" com um sorriso no rosto, me encarando com simpatia, o que deveria ter me ajudado a ficar menos nervoso, mas não ajudou. Suspirei um pouco aliviado ao ver que um dos rostos era Yongsun.
— Senta aí! — Minha noona bateu num pufe colorido ao seu lado. Era uma das salas de convivência da HP, com o tradicional carpete azul escuro no meio dos pufes coloridos. Mas dessa vez, no meio da sala, tinha uma toalha amarela com as comidas posicionadas em cima.
Deixei o bolo de cenoura junto com as outras comidas e sentei como Yongsun pediu, me sentindo mais seguro ao ver que Juan sentou do meu outro lado. Jimin deve ter pedido através de Taehyung que ele fosse paciente comigo, ou qualquer coisa do tipo. Ele realmente estava fazendo o máximo para me ajudar a encarar meus medos. Respondi o "oi" de todo mundo também, mas talvez a palavra tenha saído tão baixa de meus lábios que ninguém ouviu.
— Bem, se apresente. — Yongsun deu um tapinha nas minhas costas um pouco mais forte que o necessário, me assustando. Eu encarei os outros guardiões por um momento, chateado por ser a minha vez. — Fala seu nome, seu trabalho, quem é o híbrido que você cuida e sua comida favorita.
— Meu nome é Jungkook, sou designer aqui na HP. Eu sou guardião do Jimin, um híbrido de sapo, e minha comida favorita é Bibimbap. — Falei baixinho, mas esperei muito que todo mundo tivesse entendido porque não acho que eu teria coragem para repetir.
— Ah, não que eu precisasse ser apresentada, mas sou a Yongsun. — Minha noona começou a falar já que era a próxima do círculo. — Sou coordenadora de Planejamento aqui na HP também. Sooyoung é híbrida de Husky e minha comida favorita é carbonara.
— Eu sou a Barbara. — Uma menina de cabelos ruivos e vestido amarelo se apresentou logo em seguida, e eu tive que ficar atento porque o desafio começava aí: gente nova. Acabei encarando ela um pouco demais por ter essa minha fixação em beleza ocidental. — Eu sou professora de história e moro com a Cacau, uma híbrida de gato. Bem... Minha comida favorita é tipo um rameyon, só que no Brasil a gente chama de 'miojo' e eu gosto do sabor de tomate que tem um desenho infantil estampado.
Aquilo parecia tanto coisa de escolinha, pareceu tão ridículo que eu ri interiormente. Bem, apesar de tudo, aquele quebra gelo realmente parecia fazer bem seu papel de... Quebrar gelo. A única pessoa que tinha se apresentado até então, a Barbara, parecia tão simpática e bem humorada que eu quis conhecer ela mais um pouco e isso era impressionante se você lembrar que sou eu aqui dentro da minha cabeça.
— Meu nome é Mihael. — Um cara tão branco que fazia meus olhos doerem só de encarar, olhos acizentados e cabelos pretos falou com um sotaque muito estranho. Eu nunca conseguiria pronunciar aquilo, estava fodido. — Mas como eu sei que é um nome meio escroto de se pronunciar, todo mundo me chama de Micha. Trabalho como programador freelancer e sou guardião do Sasha, ele é híbrido de Spitz.
Bem, se contar Juan e eu, já sabíamos que pelo menos 3/9 dos híbridos dos guardiões eram domésticos, e aquilo fazia muito sentido. Meu coração pesou mais ainda ao perceber que raramente Taehyung e Jimin andavam com outros híbridos. Será que era justamente por serem tão diferentes mesmo entre eles?
— Pode me chamar de Yug, mas meu nome é Yugyeom. — O próximo finalmente era um coreano de novo. Eu me sentia um pouco intimidado com estrangeiros, mas era uma paranoia idiota e infundada minha. — Sou engenheiro civil e cuido do Jooheon, um híbrido de gato também. Hm... Sou um coreano exemplar, então minha comida favorita é Kimchi.
— É minha vez? — Uma jovem que parecia imersa demais na fala dos outros perguntou após perceber o silêncio que se seguiu. Todo mundo começou a rir, inclusive ela mesma. — Ok... Comecei mal. Meu nome é Yerim. — Ela estendia os dedos um por um tentando lembrar de tudo que tinha que falar. — Sou redatora freelancer... Hm... Byul híbrida de ShiTzu. Bibimbap também! Gêmeos de comida!
Ela estendeu a mão como se fosse para eu bater nela para comemorar termos um gosto em comum. Sem saber muito o que fazer, "fingi" que bati de volta, cortando apenas ar. Pareceu a reação certa porque ela deu palminhas de felicidade.
— Prazer, eu sou o Minghao. — Um menino que rapidamente consegui identificar como chinês se apresentou. Pelo menos alguma nacionalidade além de coreano eu devia conseguir identificar. — Trabalho como professor de dança e meu bebê é o Sanha. Ele é híbrido de calopsita e nossa comida favorita é Jiaozi.
— Bem... — A última pessoa desconhecida começou. Aparentemente era japonesa, mas assim... Sou péssimo em palpites. — Meu nome é Momo e trabalho que nem o Micha, como programadora freelancer. Moro com Nayeon, que é híbrida de siamês. É meio simples, mas eu gosto é de gohan mesmo.
— Eu sou o Juan. — Meu best friend forever, o último da roda, começou a falar com sua voz tranquila. — Eu sou escritor e moro com Taehyung, um híbrido de galinha. Meu prato favorito é Zarangollo.
Todo mundo terminou de se apresentar. E eu já não lembrava do nome de mais ninguém... Meu Deus, era tanta informação, eu devia ter feito uma gravação nos meus SmartPods para poder ouvir de novo e escrever e...
— Isso quer dizer que é hora de comer, né? — Aquela menina... Meu Deus, que dificuldade de lembrar o nome! A distraída da ShiTzu comentou, retirando-me dos pensamentos.
Todo mundo na sala riu e eu agradeci quando me abaixei para pegar comida junto aos outros. Eram muitas opções, várias, inclusive algumas diferentes, provavelmente trazidas pelos estrangeiros.
— O que é isso? — Apontei para o que parecia uma torta de massa folheada e creme. Mesmo antes de esperar a resposta, peguei um pedaço para comer porque parecia muito bom mesmo.
— É uma torta Napolyeon. — O cara branco, muito branco respondeu. Aquele que tinha o nome estranho.
— Pra mim isso era mil folhas. — A brasileira respondeu. O nome era Barbara, era a única que eu lembrava porque, sinceramente, foi a primeira a se apresentar. Eu ficava triste com a forma que minha mente funcionava.
— Você mesmo que fez? — Perguntei após dar uma mordida e, puta merda, aquilo era gostoso demais. Doce, mas não demais. Crocante, mas com a maciez do creme no meio. Eu me sentia pronto para virar um jurado de programa culinário depois daquela degustação.
— Eu mesmo que fui até o mercado russo do lado de casa e comprei. — Ele comentou irônico, sem rir. Acho que era o jeito dele, mas fiquei um pouco assustado.
— Por quê? Você que fez esse bolo de cenoura? — A da ShiTzu interrompeu no meio da conversa, com a boca já toda suja da calda de chocolate do dito cujo.
— Sim, sobrou de quando eu fiz pra mim e pro Jimin. — Concordei com a cabeça e quis me esconder quando a menina simplesmente começou a bater palma. Meu Deus, ela era extrovertida demais, eu queria me esconder.
— Por favor, seja meu guardião. — Falou manhoso, prolongando o "o" de "guardião" e se agarrando no meu braço. — Nunca te pedi nada, tudo que eu queria é alguém que cozinhasse bem lá em casa.
— Aprende a cozinhar, Yerim. — O branquelo respondeu, indiferente e pegou um pedaço do meu bolo de cenoura. — Tá gostoso mesmo.
— Eu quero alguém que cozinhe bem pra mim lá em casa, Micha! — A garota respondeu revoltadíssima e abraçou ainda mais forte meu braço. Fiquei com tanto medo dos estrangeiros tentarem contato físico que não contei com o fato de coreanos às vezes agarrarem os outros também.
Naturalmente, a conversa criou grupinhos. O chinês, a japonesa e o outro coreano — aquele do híbrido de gato — estavam juntos, aparentemente conversando sobre comida também. Só sabiam falar de comida ali, sem condições. Barbara ficou entre o nosso grupinho e o de Juan e Yongsun, participando da conversa que achasse mais interessante. Fiquei espantado em saber que a noona e o Juan eram bons amigos e até que gostei desse fato.
— E Jimin, como ele é? — Yerim, sempre animada e incapaz de permanecer no mesmo assunto, me perguntou. No momento ela estava devorando um saco inteiro de biscoitos de polvilho.
— Ele é um amor... — "da minha vida", completei na minha cabeça. Meu coração batia rápido só de pensar nele, mas coloquei a mão no meu peito para acalmá-lo. Ilustríssima paixão, faça o favor de ficar bem quietinha aí porque a última coisa que eu quero é machucar o Jimin. Aquele que é apaixonado por Yoongi.
— Eu nunca vi um híbrido de sapo... Não é um híbrido doméstico, certo? — Micha, parecendo mais interessado na conversa pois havia ficado entediado alguns minutos antes, perguntou.
— Ele é uma experiência mal sucedida de um híbrido militar. — Respondi, bem sucinto. Eu tinha que dar informações o suficiente ao ponto de fazê-los entender sobre Jimin, mas não o bastante para revelar coisas — Ele tem bastante dificuldade de respirar porque nem a respiração cutânea e nem a pulmonar funcionam muito bem, mas tem melhorado. Mas ele tem que tomar bastante água e passar hidratante, sabe?
— Meu Deus, tadinho... — Yerim, que surpreendentemente ficou quieta ao me ouvir falar do híbrido, murmurou. Normalmente as pessoas comentavam superficialmente sobre Jimin, mas ela pareceu de fato triste. — Ai, hoje acordei com uma vontade de explodir toda a indústria de híbridos.
— E os híbridos que moram com vocês? Como são? — Perguntei de volta. Acho que pessoas perguntavam coisas para outras pra fazer a conversa render, né?
— A Byul é meio rabugenta, mas não consigo suportar de fofura. Toda vez que ela faz aquela carinha de cu dela... — Yerim imitou a cara de forma cômica, fazendo com que eu, Micha e Barbara (que entrou na nossa conversa) ríssemos. — Não aguento de amor e aperto ela toda. Aí ela fica mais brava ainda.
— Coitada da Byul, meu Deus... — Barbara comentou.
— Quem aguenta a Yerim, né? — Micha completou, o tom de voz tão calmo e sério que nem parecia piada. O Micha era estranho. — Mas acho que isso é um bom sinal.
— Como assim? — Perguntei, confuso.
— Quando Yerim entrou no grupo de guardiões, ela tinha acabado de hospedar a Byul. A Byul fazia todas as tarefas de casa e era muito subserviente.
— Ela nunca reclamaria de nada comigo antes. Muito menos mostraria outras expressões além daquele sorriso forçado que nossa... Eu nunca quero ver de novo. Byul rabugenta é tudo pra mim, sério. Não queria ela de nenhum outro jeito.
Não precisei de mais explicações além daquelas. Afinal, apesar de pequenas diferenças, todos tiveram histórias parecidas. Todos hospedaram híbridos que não sabiam o que era viver num mundo sem opressão, sem assédios, sem tortura.
Eu me senti muito leve ao ver o sorriso de todos ali. O sorriso que davam quando contavam a evolução dos seres humanos com quem conviveram. O orgulho e a felicidade de todos ao conseguir conhecer a real personalidade dos híbridos era sem igual, de verdade.
Conversamos muito, muito mesmo. No final, me senti tão em casa e tão completo que eu entendi toda a insistência de Jimin e Juan para que eu fosse ao encontro.
Era como se eu tivesse achado meu lugar.
-x-
— Jungkook, Jungkook! — Ouvi a voz de Jimin e senti meu pulso sendo puxado assim que saí do encontro, ainda nas nuvens. Tomei um pequeno susto porque não estava esperando que ele estivesse do lado de fora e já estava mais distraído do que o normal por causa da quantidade de pessoas ao meu redor.
Ouvi os outros guardiões dizerem "tchau" enquanto eu era levado para um canto qualquer da HP pelo híbrido de sapo. Tentei dar um aceno de mão de volta, espero que tenha dado certo.
Eu estava bem confuso, mas a paixão não. A paixão era muito esperta, sentia o cheiro de Jimin de longe e fazia meu coração acelerar no mesmo momento. O jeito que Jimin me puxava, fazendo com que nossas peles se tocassem minimamente já era o suficiente para eu querer morrer.
Acho que vocês já entenderam que minha paixão era emocionada que nem eu. Droga.
Sendo sincero, eu gostaria de reclamar mais da minha paixão, sabe? Evitar ela, ou tentar negar, mas putz... Eu também me sentia tão feliz por estar sentindo alguma coisa. Meu coração nunca acelerou daquele jeito por ninguém, nem meus pensamentos foram dominados por sorrisos específicos, e eu estava achando aquilo mágico.
Talvez assim como Jimin era lindo apaixonado por Yoongi, talvez eu seja lindo apaixonado por Jimin. Eu sempre quis sentir essa beleza em mim.
Parei de me emocionar tanto, preso no meu próprio diálogo mental característico, quando Jimin parou nas escadas de emergência da HP e se virou para mim. Tirei o sorriso bobo na cara na mesma hora, porque assim que o híbrido me olhou eu consegui entender que havia algo de errado.
— O que aconteceu, hyung? — Não pude evitar que minhas mãos buscassem as suas, tentando dar algum tipo de consolo. Sua boca farta e sorridente estava tensa, formando uma linha, a testa franzida e os olhinhos amarelos pesados. Jimin triste era minha morte.
— O Namjoon chamou todo mundo para o consultório dele para a gente decidir o que fazer... — Falou, e mal consegui refletir por que a gente foi para as escadas em vez do consultório quando o híbrido continuou. — Mas eu não sei se consigo ir lá, Jungkook.
— Por quê? — Perguntei e enlacei o corpo menor em um abraço. Deixei que enterrasse seu rosto no meu peito, sabia que ele tinha mais facilidade de falar coisas que doíam se não olhasse para mim.
— O Hoseok falou comigo que provavelmente a gente vai invadir a casa do Yoongi para achar pistas do que tá acontecendo... — Apesar de estar abafada, a voz doce conseguia levar todo o pesar envolvido aos meus ouvidos. — Eu não sei, Jungkookie... Isso deveria ser algo normal porque a gente tá perseguindo o Yoongi mesmo, mas estou me sentindo tão estranho.
— Como você está se sentindo? — Não consegui evitar apoiar meu queixo em sua cabeça e acariciar suas costas, tentando acalmá-lo.
— Desesperado.
Jimin quase engasgou com a palavra e senti ele me abraçar mais forte. Jimin estava quase chorando e aquilo me preocupava muito. Ele fungou baixinho antes de continuar.
— Eu estou com tanto medo, Jungkookie. Eu sinto que tem algo muito horrível atrás disso e eu tenho medo de descobrir.
— Hyung, tudo bem. — Beijei o topo de sua cabeça. Eu queria protegê-lo de tudo, tudo nesse mundo e doía muito não poder fazer nada. Eu era de fato muito impotente. — Você que me ensinou isso... Tudo bem sentir medo, lembra?
— Lembro...
— Tudo bem sentir medo. Assim como você esteve do meu, eu vou estar ao seu lado sempre que você precisar encarar seu medo também.
— Eu queria fugir... — Ele respondeu, e aquilo foi tão estranho.
— De verdade, hyung? — Tentei confirmar a informação, e dessa vez Jimin pareceu pensar melhor. Eu só soube deixar mais um beijo em seus cabelos com cheirinho de bebê.
— Não... — Respondeu baixinho de novo.
— Ah, bem. Porque o hyung que eu conheço é o mais corajoso e o mais forte de todos. O hyung nunca foge. — Afastei um pouco nossos corpos e segurei seu rosto para que as pupilas horizontais me encarassem. — E não precisa ter medo de não ser forte, porque eu também vou estar aqui por você se acontecer.
Jimin assentiu lentamente com a cabeça, respirando fundo para se acalmar. Eu, trouxa como sou, fiquei admirando o quanto Jimin era lindo mesmo tão triste, e fiquei triste também, porque o Jimin triste me deixa triste e por aí vai.
— Vamos... — Jimin começou a andar, entrelaçando nossas mãos.
— Para onde? — Perguntei, com um sorriso orgulhoso querendo tomar minha boca ao saber qual seria a resposta.
— Pro consultório do Namjoon.
-x-
— Invadir a casa dele... — A voz de Namjoon repetiu no meio do silêncio que permanecia no consultório dele nos últimos minutos.
Todo mundo sabia que precisávamos fazer aquilo, por mais errado e criminoso que parecesse. Precisávamos de pistas. Mas ninguém tinha coragem de pensar no que fazer. Tipo... Sei lá, nos livros e nos filmes todo mundo parece ter a resposta pronta pra tudo. Um plano perfeito. E putz... Nós só estávamos perdidos.
— Ok... — Hoseok arriscou. Namjoon e Hoseok eram os que mais falavam nas reuniões. Eu ficava quieto porque... Bem, sou eu, e eu sentia que o silêncio de Jimin e Taehyung tinha a ver do medo que eles tinham. Medo de encarar uma dificuldade de um híbrido como eles. — A gente não pode invadir a casa do Yoongi com ele lá dentro, né?
— Temos que pensar em um jeito de distrair ele. — Namjoon pegou rápido o que o amigo queria dizer. — Merda! A consulta dele foi ontem, poderia ter sido um bom momento para invadir.
— Tudo bem, só temos que inventar outra coisa pra distrair ele... — Hoseok colocou a mão no queixo e fechou os olhos, imerso em pensamentos daquele jeito muito estranho dele.
— Faz alguma coisa idiota, tipo chamar ele pra tomar sorvete. — Acabei jogando na roda, mas me arrependendo logo depois com as expressões duvidosas das outras pessoas no aposento. — Sei lá... Eu acho que se a gente pensar em algo muito elaborado vai ficar muito ensaiado e ele vai notar. É melhor a gente fazer uma coisa aleatória que já costuma fazer normalmente.
— Faz sentido... — Namjoon concordou e senti a mão pequena de Jimin dar tapinhas nas minhas costas, orgulhoso. Meu coração acelerou muito, de novo. — Quem vai?
— Eu não posso, sou o rejeitado. — Jimin levantou suas mãos, como se recusasse o trabalho. Apesar dele estar rindo, eu fiquei muito triste pelo híbrido mesmo assim.
— Eu não posso, sou o melhor amigo do rejeitado. — Taehyung foi quem se salvou dessa vez. Apesar de tudo, colou seu corpo no do amigo, dando-lhe um abraço.
— Pra mim é um pouco difícil... — Namjoon parou e pareceu refletir as possibilidades. — Eu ando cheio de consultas, mas se a gente invadir umas 23:00 acho que dá.
— Não, Namjoon! Você tem que descansar, seu louco! — Hoseok reclamou. — E como a gente iria distrair o Yoongi até 23:00? Impossível.
— Então você vai? — Namjoon perguntou e Hoseok ficou completamente pálido.
— Eu não queria... Tenho um pouco de medo do Yoongi. — Sua voz, normalmente alta, baixou e ele pareceu bastante envergonhado. Pensei que a tarefa de espionar Yoongi pudesse ter ajudado em algo, mas acho que me enganei.
— Então sou eu, né? — Concluí por fim. Eu tinha que pensar em um jeito de me aproximar do Yoongi de um jeito não tão aleatório... Mas se bem que eu já fui tão aleatório com ele tentando puxar assunto nos meus primórdios de "interagir com as pessoas" que seria estranho se eu não fosse. Ou talvez Yoongi nem notasse.
— Sim... — Namjoon concordou. — Ainda acho que você seria meio estranho, porque é guardião do Jiminie, mas é o que restou.
— Tudo bem. — Aceitei. Dava um medo minha missão ser interagir com outro ser vivo? Sim. Mas eu tinha que ser corajoso por Jimin, que nem queria estar naquela reunião.
— Agora, invadir... Eu também não posso, por causa das minhas consultas.
— Hyung, eu quero ir. — Jimin interrompeu e o de cabelos rosas pousou seus olhos no outro com preocupação.
Tenso, eu fiquei esperando que Namjoon não deixasse ele ir, usasse aquela autoridade dele de pseudo dono da HP inteira para impedir que o híbrido se machucasse mais. O médico fitou Jimin nos olhos demoradamente, me virei na direção dele para observar também, atestando as pupilas horizontais sérias.
— Tudo bem... Então Hoseok vai com você, certo? — Namjoon perguntou.
— Eu posso ir, por favor? — Dessa vez fui eu que interrompi. — Por favor, quero estar ao lado do Jimin.
Eu prometi estar ao lado dele.
Namjoon, que aparentemente tinha virado o decididor das coisas mesmo, me encarou dessa vez. Eu normalmente teria desviado o olhar, mas foi pelo Jimin. Pelo Jimin eu poderia ficar brincando de passar mais tempo sem piscar com um desconhecido o dia inteiro.
— Tudo bem... — O médico concordou, achando fazer sentido. — Hoseok, você vai ter que distrair o Yoongi.
Hoseok abriu a boca para falar algo, pálido. Pausou por um momento a fim de olhar pra mim e pro Jimin, que fazíamos cara de pidões para irmos juntos. Fechou a boca e apenas assentiu com a cabeça, me deixando mais leve.
— Espero que isso valha o perdão que a espionagem não conquistou. — Sussurrou baixinho só para eu ouvir e acabei rindo.
-x-
Nem haviam se passado dois dias desde a reunião e eu e Jimin nos encontrávamos na frente do prédio do Yoongi. Jimin tinha passado os últimos dias estranho, avoado e tristinho. Consequentemente, eu fiquei tristinho também. Paixão é realmente uma coisa muito louca.
Eu me empenhei mais do que o normal na minha meta de conhecer as pessoas para tentar orgulhar o Jimin e deixá-lo menos distraído. Eu tinha conseguido até bastante informação sobre aqueles guardiões que eu encontrei aquele dia. A minha estratégia foi mandar um meme pra puxar conversa através dos SmartPods e deu certo. A Yerim, por exemplo, nunca mais calou a boca e me mandava áudios toda hora.
O único momento que minha abstinência de risos do Jimin se acalmou um pouco foi quando eu escorreguei feio no pano de chão da cozinha e desisti de levantar depois do tombo, ficando deitado lá. Sinceramente, quando a vida me derruba, eu decido concordar com ela.
Jimin foi me ajudar a levantar e acabou escorregando também, caindo em cima de mim. O híbrido quase sufocou de tanto rir da falta de equilíbrio em dobro e eu quase sufoquei porque tinha certeza que meu coração ia sair pela minha boca ao sentir o corpo de Jimin tão colado no meu. Uma desgraça.
E foi isso, só isso. Eu queria tanto ver o sorriso do híbrido de volta, faria de tudo, mas minhas palhaçadas que já não eram tão boas não adiantavam,
— Hyung... — Coloquei minha mão em cima da sua, acompanhando seu olhar até o prédio envidraçado. Ainda não tínhamos tomado coragem de sair do carro. — Você está bem?
— Eu estou preocupando você, né, Jungkookie? — Ele pareceu despertar de seus pensamentos e entrelaçou nossas mãos que se encostavam. O híbrido queria me matar, não tinha outra alternativa, meu coração ia explodir. — Me desculpe, é que estou muito preocupado com o Yoongi...
— É compreensível, hyung... Você gosta dele, afinal. — Tranquilizei Jimin.
Jimin gostava do Yoongi. Eu me sentia triste com aquela situação, mas não sabia se era porque me impedia de ter algo com o Jimin ou se era porque doía ver que a paixão de alguém que eu amava tanto não era correspondida.
Sendo sincero, fiquei muito feliz de estar triste, por mais estranho que isso pareça. Eu tinha medo de desenvolver alguma espécie de rancor, ciúmes do Yoongi, porque eu não queria aquilo. Me parecia ser muito mesquinho ter rancor de alguém que nunca me fez nada, muito pior ter rancor de alguém que estava sofrendo tanto como Yoongi.
O híbrido de cobra tinha a aparência cansada. A pele estava mais pálida do que o normal, olheiras fundas emolduravam seus olhos e tinha emagrecido tanto que o próprio rosto parecia ser só osso. Yoongi estava mal, muito mal, e o medo de vê-lo piorar era o que tinha trazido a gente ali, até o prédio.
Saí do carro e contornei ele, abrindo a porta de Jimin. O híbrido ainda estava estático sentado em seu banco.
— Vamos? — Ofereci a mão para ajudá-lo a sair, mas não desgrudei elas mesmo depois de trancar o carro.
Não sei Jimin, mas eu me senti muito, muito criminoso. Me aproximei do leitor de íris da portaria do prédio e deixei que escaneasse meu olho.
Antes da nossa missão especial Namjoon preparou muita tecnologia de ponta para o arrombamento. Tipo, muita mesmo, eu me senti num desenho animado de espiãs quando ele mostrou todas as nossas ferramentas. A que eu usava no momento era uma lente que copiava perfeitamente a íris do Yoongi. Uma doideira.
Meu coração acelerou pela adrenalina da invasão, de sentir que eu não deveria estar ali. Apertei a mão de Jimin enquanto tentava afastar os sons de alarme que eu inventava na minha cabeça. A porta simplesmente se abriu, fácil assim.
Entramos e rapidamente encontramos o elevador, escolhendo o 27º andar. Ele subiu rápido, mas não pudemos deixar de ficar apreensivos enquanto o elevador apitava rapidamente a cada andar que atravessávamos. Também me sentia apreensivo com a possibilidade de ser acusado de invasão de propriedade, mas o Namjoon disse que aparentemente a gente tinha um respaldo jurídico misterioso envolvido. Não pedi detalhes.
Acho que a pior parte de todas foi chegar no andar certo. Porque a gente estava tão perto que até parecia ser possível sentir o cheiro de encrenca vindo do apartamento, mas longe o suficiente para dar meia volta, entrar no elevador e meter o pé.
Caminhamos até a porta do Yoongi. Minha mão suava de nervosismo contra a do Jimin e vice versa. Não soltamos um pio, mal parecíamos respirar. Merda, eu estava tão nervoso.
Senti o híbrido apertar minha mão novamente, e voltei a olhar para ele. Decidido, ele assentiu com a cabeça e eu apertei de volta enquanto aproximava meus olhos do outro leitor de íris.
Puxei a manga da minha blusa para impedir que minha mão tocasse diretamente na maçaneta e abri a porta. Atravessamos em silêncio e fechei ela atrás de mim.
No escuro do apartamento, calcei luvas especiais que o Namjoon deu antes de tatear as paredes procurando um interruptor se eu tivesse sorte. É claro que eu poderia simplesmente ligá-las com o SmartPod, até porque Yoongi nunca perceberia uma invasão porque nenhum híbrido tinha acesso aos SmartPods. Tínhamos medo de algo diferente. De algo que não conhecíamos.
Logo encontrei o interruptor e liguei a luz. Guardiões sempre instalavam interruptores quando recebiam híbridos em casa. Jimin deu um suspiro sufocado e espantado do meu lado. Olhando para o mesmo lugar que ele, que era a sala de estar da casa, também presenciei a destruição.
Não era uma destruição do tipo "arrombaram minha casa", e sim uma destruição de "não faz mais sentido viver". Não faz mais sentido arrumar, nada fazia sentido. Era como se eu absorvesse todos esses sentimentos desesperadores enquanto eu encarava as roupas largadas por todos os cantos, a camada grossa de poeira no chão.
Pé ante pé, adentramos ainda mais o apartamento, passando pela cozinha antes de chegar no corredor. Na pia dela havia alguns potes de comida largados e com cheiro de mofo, mas ainda muito poucos para uma alimentar suficientemente uma pessoa por tanto tempo.
Os dois quartos do corredor estavam com a porta aberta. Olhamos para dentro do primeiro, encontrando o único local arrumado de todo o apartamento. O quarto de paredes mostarda e brancas estava completamente limpo e arrumado. A roupa de cama asseada parecia nova e a escrivaninha arrumada. A única coisa distoante era algo coberto com um pano preto no fundo.
Entramos silenciosamente no quarto e avancei até o objeto não identificado, levantando o pano que o cobria. Era um piano grande, dos clássicos. Ele também parecia novinho em folha.
Aquele era o quarto da Daisy.
— Será que o Yoongi tá de luto? — Jimin sussurrou, encarando pesarosamente o piano coberto de preto. Seus pequenos olhos estavam marejados.
— Não sei... — Foi a única coisa que consegui pensar em responder. — Vamos olhar o outro quarto...
O contraste foi grande. Enquanto o quarto de Daisy estava completamente ordenado, o de Yoongi era um caos, literalmente. Nada estava quebrado, mas tudo fora derrubado e pisoteado.
A roupa de cama estava toda espalhada pelo chão, com pegadas sobre elas. O abajur repousava tranquilamente em cima dos tecidos. Livros físicos estavam todos no chão, abertos nas mais diferentes posições logo em frente à estante e novamente havia roupas em todos os lugares. Parecia que um furacão tinha passado por ali.
— Jungkook, olha... — Jimin apontou um objeto brilhante em cima da mesa de cabeceira.
Aquilo parecia uma mensagem holográfica. Um jeito muito moderno de tentar ser vintage, no caso. Era possível enviar mensagens diretamente e em um piscar de olhos através dos SmartPods, mas algumas pessoas preferiam receber a mensagem física. Ou guardar memórias lá. Era como se fosse um álbum de fotos.
Nos aproximamos e a cada passo eu tinha mais certeza de que aquilo era uma mensagem holográfica. Mas a cada passo eu percebia que ela era muito diferente de todas as outras que eu já havia visto.
Em vez de plástico metalizado, era feito de um metal preto fosco, pesado. Em vez de ser oval, era quadrado. Linhas prateadas e finas formavam no corpo do objeto um logo simples de uma pantera prateada. Logo abaixo, via-se em letras finas o nome da instituição.
HybridTech.
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Acho que eu tinha falado que o mistério todo seria resolvido esse cap, mas me confundi shauhsauhsau enfim, no próximo EU JUROOOOO que vocês vão saber o que aconteceu com a Daisy. Mas aí eu dei muitas dicas, hein!!! QUERO VER AS TEORIASSSS.
Espero muito que tenham gostado do capítulo, aaaaaaaaaaaaa. O que acharam????
Muito obrigada de novo por todos os comentários e carinho. Não consegui responder muito os comentários por aqui por causa de tempo, mas no Twitter eu tô super ativa, então me chamem lá no @domesticranger e usem o #OsGirininhos
Caso vocês queiram algo levinho pra passar o tempo, escrevi uma oneshot jikook emos, se chama Quanto Vale Seu Segredo e tá no meu perfil.
Beijinhos de luz, amo vocês e até mais!!! <333
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