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Capítulo 5 - Você paga o estacionamento

 O vestido era curto de cor verde esmeralda, com um zíper na lateral e pedrinhas nos bordados que estavam na parte posterior. Diferente dos vestidos provocantes que eram colados e justos, esse era rodado. Não era o que Luna procurava para a ocasião mas ela agradeceu ao bom Deus por seu vestido de 3 anos atrás ter lhe servido. A garota quase não saia. Não era necessário comprar roupas luxuosas então seu guarda-roupa se resumia à jeans e blusas de lã.

- Droga. - Disse Luna ao se lembrar de que seu único salto alto estava "emprestado" já a 2 anos para uma colega de classe de quem Luna nem mantinha mais contato. O jeito era ir de bota, e ela foi.

Soltou o seu cabelo e o penteou para que secasse liso. Se maquiou e passou perfume.

 Ao fim de todo processo, Luna se olhou no espelho e chorou pois não se lembrava de como era bonita. Tudo que vivera e estava fazendo era em prol dos outros. Enfermagem para servir a comunidade. Se mudar para a capital e ter uma melhor condição de vida para poder ajudar seus pais. Sair com David Swallow e se colocar em perigo para poder fazer a coisa certa e acabar com a impunidade. Mas, depois de muito tempo, Luna se ver tão bonita assim era um marco direto nela.

 Luna Miller após arrumar sua bolsa com identidade e dinheiro contado: 79 doletas e 85 centavos, mandou mensagem para a amiga avisando que se não mandasse notícias, que a ela procurasse por Luna. A menina estava aflita quando notou um carro azul marinho alto de rodas grandes parar na frente de sua casa.

 Ela respirou aliviada e até mesmo se pegou sorrindo quando notou que era o velho simpático da casa de David, o Senhor Roswell, quem dirigia o carro.

 Luna trancou toda a casa, fechou as janelas, rezou uma ave maria e desceu até a portaria, encontrando Ivan vestido elegantemente de terno cinza xadrez por cima de uma blusa social branca, luvas tom de gelo e segurando um chapéu em suas mãos.

- Boa noite, Senhorita Miller. - Disse Ivan em um tom simpático enquanto abria a porta do banco de trás do carro para Luna entrar.

- Já te falei pra me chamar de Luna, Ivan. - Disse Luna sorrindo e entrando no carro, que por dentro era mais espaçoso do que a moça pensava que seria.

 O ar estava frio e Ivan perguntou se ela queria que aumentasse a temperatura. Luna disse que não, admirada com o quão impecável o carro era.

- Esse carro é seu? - Perguntou Luna enquanto colocava o cinto.

- É do Senhor Swallow, mas ele só concede a mim a permissão de transitar com ele. É para levar e buscar convidados especiais.

- Ah, sim. E quantas meninas especiais você já buscou a pedido dele só essa semana?

- O total de uma. - Luna por um momento ficou surpresa mas se lembrou de que era domingo.

 Após a resposta, Luna foi calada por quase todo o trajeto até que a mesma lembrou de que precisava de provas. Estava ali por causa das provas, e se não tivesse como provar todo o acontecimento para a polícia ou então tudo aquilo seria perda de tempo.

- Pra onde estamos indo? - Luna perguntou em um tom de curiosidade enquanto colocava seu celular para gravar todo o áudio ambiente dentro de sua bolsa. Ela não sabia se o áudio ficaria bom o suficiente mas era o que tinha para hoje.

- Já chegamos. - Disse Ivan parando o carro na frente de um restaurante chamado La Rosé. A entrada era contornada por uma espécie de deck florido e decorado com artefatos franceses de época. Algumas mesas estavam postas do lado de fora e alguns casais estavam sentados nelas, degustando bebidas que, para Luna, pareciam o olho da cara.

 Após sair do carro e dar uma olhada básica, Luna se sentiu envergonhada pela cor chamativa que tingia seu vestido barato. Ivan percebeu a moça abaixando o rosto, como sinal de constrangimento, e disse:

- Não se sinta intimidada. Com todo o meu respeito, se me permite dizer, verde está na moda e cai bem em você, Senhorita Luna. - Fazendo Luna sorrir e reacender a faísca de confiança que estava se apagando.

 Segundos depois, David surgiu na porta dizendo algo para o segurança que dava o dobro de sua altura. Ele vestia um smoking azul marinho com uma blusa social preta por baixo. Mais elegante, impossível.

 No mesmo momento que Luna o avistou, todos os seus pensamentos e receios se transformaram em elogios a sua beleza que estava exacerbada essa noite. "Como um homem consegue ficar tão elegante em uma roupa social assim? Eu nunca vi pessoa tão intacta na minha vida. Não tem uma dobra, um fio fora do lugar. Deve ter custado o olho da cara...igual esse restaurante." Luna pensava enquanto ele avistava a sua companhia da noite.

- E não é que você veio mesmo? - Ele disse com um sorriso de canto, saindo da entrada e vindo até a direção do carro no passeio. Beijou a mão de luva de Ivan. - Obrigado, Ivan. - como forma de gratidão. Luna, observando tudo, achou que pela expressão de David, aquilo fosse respeito e admiração sincera. Sentimentos que ela nunca esperaria vir de um mafioso.

- A honra é toda minha, Senhor.

 Ivan partiu com o carro deixando Luna um pouco ansiosa por conta da ausência do mordomo, mas ela respirou fundo e se acalmou novamente ao lembrar na missão.

- Você está linda, realmente. - Disse David com expressão surpresa. - Não imaginava que outras coisas além de árvores poderiam ficar bem de verde.

- Obrigada...vamos entrar? - Disse ela sem jeito e apontando para a entrada.

 O segurança não os barrou. Eles dois entraram livrementes sobre o grande espaço vitoriano que era decorado com lustres a luz de velas e as mesas eram separadas por paredes e um tule bem fino que caia sobre as mesas, dando o ar de privacidade e conforto, ao mesmo tempo que de luxo e uma nostalgia inovadora.

Luna estava admirada, não sabia para onde olhar.

- Vamos chamar algum garçom ou...? - Perguntou Luna surpresa.

- Nossa mesa já está reservada. - Disse ele a indicando a maior mesa com a mais bela vista para a avenida. Em cima da mesa havia um cartão escrito "Sr. Swallow", junto a dois cardápios. David puxou a cadeira para Luna e ela, desconfiada, se sentou. Aproveitando o grande espaço, a menina colocou sua bolsa em cima da mesa para que o áudio ficasse melhor. Após isso, foi a vez de David se sentar.

 Luna tentava se focar mas toda vez que olhava para David seus fatos concretos se transformavam em confusões plasmáticas. "Como saber se ele realmente é esse sujeito ameaçador igual todos dizem ser já que ele é tão simpático comigo? Não tem como saber se ele está fingindo...tão bonito ." Luna pensava enquanto encarava David que, confuso, perguntou:

- Está tudo bem?

- Oi?

- Perguntei se tá tudo bem. Seu rosto tá um pouco vermelho...você andou...?

- Chorando? Só um tiquinho, mas é por causa dos preços desse lugar. Olha essa água, é água abençoada por acaso? - Disse Luna apontando para o cardápio, fazendo David rir.

- Se fosse água benta eu não beberia. - Disse David fazendo Luna sorrir, dando de ombros e aceitando a resposta do rapaz.

- Com licença, Senhor e Senhora Swallow... - Disse um garçom se aproximando com um pão e molhos especiais.

- Nós...não somos... - Disse Luna olhando para o garçom enquanto ele os colocava à mesa. O pão ainda estava morno, assim como os dois pratos que já estavam na mesa.

- Qualquer coisa, Senhor, pode me chamar.

- Obrigado. - Consentiu David, dispersando a presença do garçom e comentando em seguida após perceber o fascínio da moça pelo alimento: - Você veio ao encontro com o pão ou comigo?

- Com você...é claro. Mas o pão custa quanto?

- Ele é tão de graça quanto eu.

- É de GRAÇA? - Perguntou Luna incrédula, tirando os olhos do pão e olhando para David, que se divertia genuinamente com a surpresa da garota. - Eu não acredito em você.

- Dê uma olhada. Tente achar o pão. - Ele esticou o cardápio para Luna, que pegou e folheou, procurando. Não encontrou nada. - Eles servem como entrada pra você comer enquanto escolhe o cardápio.

- Que genial! - Disse Luna ficando animada e se ajeitando na cadeira que era bastante macia.

 Por um momento, Luna Miller se esqueceu de todo o propósito do "encontro falso", transformando aquilo em um "quase encontro". De alguma forma, Luna se sentia confortável perto do homem que David aparentava ser quando não tocava no assunto de máfia ou algo não usual. Como na última noite, e diferente da conversa que ela teve com ele no telefone, a moça estava se divertindo.

Ela olhou para o pão e depois novamente para David, que consentiu sorrindo para que ela pegasse uma fatia.

 Luna percebeu que até a faca era diferente. "Gente rica e suas mil facas." pensou ela rindo de si mesma. Cortou uma fatia de pão e o serviu para si mesma. Depois, voltou ao pão e cortou mais um pedaço, sendo esse para David.

- Ah, eu não vou comer.

- Você não vai me deixar comer sozinha, né? Aproveita, é de graça. Se tu negar vou achar que está envenenado.

- Até que vai ser bom. Quando eu era menino meu pai me fazia comer o mínimo desse pão para aproveitar a boa comida que a gente escolhesse.

- Mas é aí que seu pai se engana. Você tem que aproveitar o máximo de pão para ficar cheio logo e gastar o mínimo possível com a "boa comida", vulgo, "cara comida".

- Eu não sei se a Senhorita-

- Luna. - Disse a mesma o interrompendo e pegando um dos molhos verdes que estavam postos em pequenas tigelas.

- Luna sabe, mas dinheiro nunca foi um problema na família.

- Pois na minha, "Senhor Swallow", - Disse ela com tom de ironia. - é um problema sim. Por isso eu aproveito cada fatia de pão.

 Luna mordeu o pão com uma cara séria mas que logo se desfez. O pão era delicioso! Crocante na borda, mole no miolo e morninho.

- Eu nunca disse que não aproveitava quando podia comer do pão. - Disse David comendo e fazendo a mesma expressão. - Meu Deus!

- Você tem realmente que trabalhar as suas expressões, amigo. - Disse Luna e ambos riram.

Após David pegar o cardápio e dar uma breve olhada, ele perguntou:

- Vai pedir o quê?

- Nada. Só quero uma água.

- Você não pode estar falando sério.

- Tu viu o preço das coisas aqui?

- Não se preocupe com o dinheiro, eu vou pagar.

- O único homem que eu deixo pagar coisa pra mim é o meu pai, ainda mais homens com fonte de renda duvidosa.

- Você vai realmente querer falar sobre isso agora? - Disse David rindo de Luna, que mantinha uma expressão séria no rosto.

- Eu vou pagar pelo o que eu comer.

- Nós dois sabemos que se você for pagar pelo o que for comer, você não vai comer nada.

- Eu nem estava com fome mesmo. - Diz Luna desviando o olhar e cruzando os braços.

- Tudo bem, a gente pode fazer assim. Eu pago o restaurante e você paga o estacionamento.

- Fechado. - Disse ela esticando a mão e apertando a mão de David.

 David estava impressionado com Luna. Nunca nenhuma menina havia aceito um encontro sem estar interessada em seu dinheiro ou, pelo menos, esbanjar da fartura luxuosa do milionário. Não que ele não soubesse disso, é claro. O rapaz era esperto e estava vivo até hoje não era por sorte. Estava acostumado a lidar com esse tipo de mulher, mas Luna era o total inverso.

 Ele estava enfeitiçado pela sua naturalidade de agir e humildade, o que era ótimo mas também terrível pois David não tinha muita ideia de como conquistar uma garota além de lhe mostrar um anel de brilhantes e uma taça de espumante.

 David já estava decidido. Deixou o cardápio de lado, chamou o garçom (que veio na mesma hora) e fez seu pedido:

- Me venha um Pomerol, pode ser o Château La Fleur-Pétrus ou alguma indicação do chefe que seja equivalente.

- Sim, Senhor. - Disse o rapaz anotando o pedido. - E você, Senhorita?

- Qual a bebida alcoólica mais barata daqui?

- Luna! - Disse David segurando o riso e ficando vermelho de constrangimento.

- Me traz um suco de maracujá então, por favor. - Falou Luna para o garçom que, meio sem graça, anotou o pedido.

- Qualquer coisa os senhores podem me chamar. Eu já vou pegar as bebidas, com licença. - Disse o rapaz apressando o passo. Assim que ele se afastou, David comentou:

- O que eu disse sobre o dinheiro?

- Olha, se for para você pagar eu quero te dever a menor quantia possível.

- Mas você não vai estar me...tudo bem, teimosa. - Falou David dando de ombros e fazendo Luna o alfinetar com o olhar. - Você não vai querer beber do suco quando provar o vinho.

- Aqui está, Senhores. - Disse o garçom trazendo um copo de suco e uma garrafa de vinho à mesa. Ele abriu a garrafa e serviu a taça, à postando para David. - Com licença.

 O copo de suco parecia delicioso. Luna pegou o mesmo e provou, enquanto David degustava do vinho branco. O suco era de fruta natural, talvez explicando o porquê que estar um pouco azedo e sem açúcar, mas Luna manteve a compostura.

- Prova do meu. - Disse David, fazendo Luna engasgar com o suco que estava tomando.

- O-oi?

- Prova do meu vinho. - Disse ele rindo e entregando a taça.

- Isso não tá envenenado não né, David? - Disse ela cheirando em um tom engraçado.

- Se eu quisesse, Luna, você já estaria morta. - Retrucou David no mesmo tom sarcástico, fazendo Luna gelar a princípio mas sorrir após lembrar da gravação que acontecia dentro de sua bolsa. Aquela fala seria de muita utilidade.

 A garota bebeu do vinho e parou por um segundo. O gosto era incrível, algo novo. Refrescante, mas ardente. Doce, mas picante. Era simplesmente complexo, delicadamente bruto. Talvez a palavra que o descrevesse fosse único.

Ela deu outro gole na taça em seguida, olhando para David.

- Ei, ei. Mas e o seu suco? - Ele perguntou tendo como resposta o sorriso de Luna, que o fez sorrir também. Virou-se para trás, estabelecendo contato visual com o garçom e disse: - Mais uma taça, por favor!

 Os dois beberam até ficarem bem à vontade com a situação. Pediram um ratatouille, por pedido da moça, após alegar que "gostaria de ver como a comida do filme da disney era na vida real". Os dois estavam esperando os pratos quando o assunto surgiu:

- David, a gente transou noite passada? - Disse Luna olhando para a taça.

- Depende do que você quer ouvir como resposta. - Disse ele em um tom brincalhão que logo se desfez após notar a real preocupação no rosto da mulher. - Não, a gente não teve nada. Nenhum beijo.

- Ah. - Disse ela suspirando de alívio e soltando um sorriso de canto de boca.

- Você estava apagada, desmaiou de sono lá pela Souls mesmo. Só te levei pra minha casa porque o seu celular estava bloqueado e eu não fazia ideia de onde você morava. Era muito tarde para pesquisar e, na verdade, eu nem passei a noite na minha própria casa.

- Por quê? - Perguntou Luna curiosa.

- Negócios. - Luna engoliu seco, dando mais um gole no delicioso vinho francês. - Eu posso ser muitas coisas, mas não sou estuprador. - Disse David meio cabisbaixo e sério.

- Obrigada...pelo respeito, eu digo. - Respondeu Luna, ajeitando-se na cadeira após ver o garçom se aproximando da mesa com dois pratos.

- Com licença mais uma vez, Senhores. Aqui estão dois Ratatouilles.

A comida era bela, de cor viva e majestosamente posta ao prato, assim como nos filmes. Os olhos de Luna brilharam quando viu a comida de perto.

- Obrigado.

O rapaz já se afastava da mesa quando David o chamou mais uma vez.

- Sim, Senhor? - Disse o garçom mais uma vez à prontidão.

- Você é novo por aqui ou eu que não tenho vindo muito à esse restaurante. Qual o seu nome, rapaz?

- É-é Richard, Senhor. Richard Rover. - Falou o garçom com um tom surpreso no rosto misturado com admiração. O rapaz era realmente novo, tanto de idade quanto de tempo de serviço naquele restaurante. Provavelmente havia sido avisado da presença do grandioso Senhor Swallow e que ele o acomodaria essa noite. Se sim, estava sob muita pressão. Se não, estava sob mais pressão ainda.

- Está fazendo um ótimo trabalho essa noite, Richard. Estamos muito satisfeitos. Você deveria estar orgulhoso.

- Obrigado, Senhor. Estou fazendo tudo que posso para trazer a melhor experiência possível. - Respondeu Richard, tremendo um pouco.

- Está sim, claro que está. - Disse David sorrindo ao perceber a ansiedade do garçom.

- Com licença. - Richard saiu com um sorriso de felicidade que não pode esconder no rosto.

- Você viu o sorriso dele? - Disse Luna perplexa e cheia de felicidade, fazendo David sorrir e negar com a cabeça. Em seguida o mesmo deu uma garfada na comida. - Você é que tipo de mafioso afinal? Aquele que ladra mas não morde, só pode ser.

- Sua comida não vai esfriar? - Falou David comendo em seguida. - Hm! Eu tinha me esquecido de como esse Ratatouille era bom!

- Tu realmente quer que eu acredite que você não levou nenhuma menina para cá na última semana e que não bebeu do mesmo vinho, nem que comeu do mesmo Ratatouille e nem que conhecia o garçom?

- Sim. - Disse David ainda mastigando e se divertindo com a cena.

- Tudo bem, então. Se não quer assumir que está me tratando como todas as outras, está tudo bem.

- Se tinha tanta certeza de que seria um encontro repetido, por que veio então?

 O silêncio tomou o lugar por alguns segundos. Luna que buscava a taça de vinho já vazia para circular seu dedo pela borda, se assustou com o alto toque de celular que vinha quebrando o padrão monótono. Por um momento, seu coração gelou ao pensar que fosse o seu celular dentro da bolsa que estivesse tocando. "E se eu pegar o celular e ele descobrir que eu estava gravando todo esse tempo? E se eu atender a ligação e cancelar a gravação até agora? E se eu não atender, vai ser muito suspeito?" Pensou a garota em uma questão de segundos quando David colocou a mão dentro de seu smoking e retirou o celular que tocava.

- Um segundo, preciso atender.

 Com o consentimento de Luna, David se levantou da mesa e caminhou até o banheiro. Neste momento a moça experimentou do Ratatouille que ainda estava morno e se apaixonou pela comida. Com mais três ou quatro garfadas ela devorou todo o prato. Não que viesse muito, mas Luna extinguiu em pouco tempo cada migalha que estivesse naquele prato.

 Após alguns minutos, e ainda sem a volta de David, a mulher começou a questionar o que realmente era David. O que ele realmente queria, quais eram as suas morais e se ele era ou não uma boa pessoa. Todos os rumores e envolvimentos apontavam para a sua personalidade cruel e fria que a vida de um mafioso exigia mas, por outro lado, David conseguia ser gentil e mostrar carácter quando estava com Luna. Talvez ele estivesse agindo daquele jeito para impressioná-la? Quem sabe? Luna, definitivamente, não.

 A moça pegou o celular e notou as duas horas de gravação que ainda estavam rodando. O tempo havia passado tão depressa e o vinho acabado tão rápido que Luna estava tendo um momento de descontração e nem notou. "Logo com um cara que se diz tão perigoso?" Ela se questionava. Enquanto Miller se desdenhava na dúvida se cancelaria o áudio ou não, David saiu do banheiro, a pegando de surpresa e fazendo com que guardasse o celular no impulso dentro da bolsa.

- Mil desculpas, tive que atender. - Falou David ajeitando o smoking e se sentando novamente.

- Quem era?

- Quer mesmo saber?

- Quem era? - Perguntou Luna tomando coragem. - Sim, eu quero saber. Eu pesquisei sobre você, David. Seu nome e de sua família estão envolvidos com a máfia, ou com as máfias...eu nem sei mais. Que também está envolvido com drogas e prostituição. Quero saber a verdade. Quero saber porque é tão gentil comigo sendo que você tem todas essas acusações em seu nome. Quero saber o que realmente acontece com os Swallow. Não acredito que você seja um cara tão ruim assim... - Finalizou Luna encostando na cadeira e encolhendo na mesma.

David terminou de comer todo o Ratatouille que havia começado no início do discurso, limpou sua boca e sua barba recém feita com um guardanapo, e disse:

- Antes de tudo, eu não coordeno nenhum tipo de casa ou organização que tenha vínculo com prostituição. Se eu fosse cafetão, eu teria meu próprio chapéu de veludo e usaria ele até no banho, com certeza. A única coisa que estou envolvido com prostituição é usufruir dela, e até onde eu saiba transar com prostituta não é crime, ou é? - Perguntou David com uma dúvida singela no rosto que deixou o clima menos tenso.

- Eu não sei...

- Pois bem. Drogas são parte dos negócios e, espertamente, eu não posso usá-las pois seria perda de lucro. Mas eu também não me dou o trabalho de vender, já tenho dinheiro suficiente. Apenas cobro para usarem a boate como point de venda. Eles aproveitam que o público que frequenta o estabelecimento são potenciais compradores e viram um potencial lugar para o mercado. Eu só faço o dinheiro rodar e nada mais.

- E sobre a máfia?

- Ah, sim. Eu não estou vinculado com nenhuma. Eu sou dono de uma. Quero dizer, quase dono porque ainda tem o meu velho. Mas é uma máfia bem organizada e até bem popular. Claro, nada assim tão natural e a mostra porque legalmente todo esse cartel é crime, sem contar com o conflito que podemos causar com as outras máfias se tudo se tornasse público. Eu até esperava que você já tivesse entendido sobre. Mas de todas as que existem no meio oeste desse país, a dos Swallow é até que bem respeitada e cheia de amigos. Inclusive, era o prefeito no telefone.

 No momento em que suas palavras foram declaradas, Luna sentiu um embrulho no estômago e seu rosto empalideceu. Suas pernas enfraqueceram e, provavelmente, a menina só não tremeu por causa do álcool que acalmava a sua mente. Miller nunca esperaria estar em um encontro com um mafioso legítimo, e pior: estar curtindo sua presença.

- E-eu não estou me sentindo muito bem, David. Preciso ir. - Disse Luna se levantando da cadeira e arrumando a saia de seu vestido verde. A garota parecia desorientada e um pouco sem jeito.

- Olha, Luna. Sei que deve estar confusa ou talvez com medo-

- Não deveria? - Disse Luna interrompendo David e olhando para o mesmo.

- Não. Acredite ou não você é a pessoa que eu menos procuraria machucar nesse momento e eu tenho meus motivos. Independente do que eu faça, são negócios e algumas partes dele eu nem pedi para precisar fazer. É de família, são responsabilidades e você não precisa se preocupar com isso.

Luna, ainda receosa, pegou sua bolsa e disse saindo:

- Adeus, David.

 A garota por algum motivo não se sentia feliz e nem aliviada por ter deixado o Lugar. Na verdade, Luna estava triste. Não queria ter levantado da mesa, não queria ter acabado o encontro e muito menos ter deixado David sozinho. Talvez fosse tarde para voltar atrás mas tinha sido mancada já que, independente da vida pessoal do rapaz, ele havia sido legal com ela e, mesmo que por alguns milésimos, Luna percebeu interesse sincero em seu olhar. Era tarde demais, Luna estava interessada e curiosa.

 Quando ela chegou até a porta de entrada do restaurante, abrindo a mesma e saindo para a calçada, a mulher escutou a voz de David abrindo a porta e dizendo:

- Já que vai desistir do encontro e que tudo está arruinado, inclusive o seu plano de gravar a conversa no celular dentro da bolsa, pelo menos aproveita o resto da noite. Aposto que faz muito tempo desde a última vez que você saiu. Aliás, você nem pagou o estacionamento ainda.

 A voz de David fez a moça sorrir e apertar a bolsa como sinal de felicidade. Luna estava aliviada por ele correr atrás dela.

- Como você ousa dizer que tem muito tempo desde a última vez que eu saí? - Disse Luna dando meia volta e voltando para o restaurante.

- Bem, você tem cara de que trabalha muito e...

- Puxou minha ficha né? Até sabe que eu sou enfermeira. - Disse Luna entrando enquanto David segurava a porta.

- Droga, ela é mais inteligente do que eu pensava.

- Seu irônico, eu ainda não acredito que tô saindo com um cara da máfia. - Disse Luna incrédula enquanto encostava no balcão.

- Olha, não é segredo pra ninguém mas não é uma coisa que se sai dizendo assim em voz alta, sabe? - Falou David tirando a carteira do bolso e separando o cartão. - Inclusive, sou eu quem devia estar incrédulo. Você gravou nossa conversa pra depor contra a minha pessoa!

- E ainda vou, só preciso achar o policial não corrompido. Alguém tem que fazer a coisa certa nessa cidade.

- Tudo bem, "comandante Gordon". - Falou David rindo em um tom sarcástico.

 David pagou a conta saiu do estabelecimento junto à Luna, fez uma ligação chamando pelo carro e os dois se sentaram no banco da calçada para esperar a carona.

- Quem era? - Perguntou Luna.

- Curiosa você, heim? Era um velho amigo da família, Ivan Roswell. Esse cara me viu crescer...o considero mais meu pai do que meu próprio velho. - Disse David tirando um cigarro de seu bolso e o acendendo.

- David, posso te perguntar uma coisa?

- Vai se intrometer no meu hábito de fumar também, enfermeira? - Falou o rapaz dando uma tragada.

- Não, apesar de fazer muito mal ao seus pulmões e você sabe disso. Mas era outra coisa.

- Diga.

- Por que você é tão aberto comigo? Tipo, a gente se conhece a um dia e você já me contou tanta coisa. Não era pra você ser ultrassecreto e tal?

- Você fica tão fofa quando tenta deduzir algo que não sabe. - Disse David rindo.

- Eu estou falando sério.

- E quem disse que eu não? - Luna desviou o olhar já aceitando que o homem não responderia a pergunta, quando ele começou a falar - Você me lembra alguém, a única pessoa que me trazia sensação de paz nesse mundo. É por isso que me abro com você. Aliás, eu já convivi com traidores que fingiram ser ingênuos o suficiente para saber quando a pessoa realmente é ou não. Eu me sinto confortável com você. Sua aspiração de luta pelo justo, sua pureza. A forma como se impõe e me contrapõe muitas vezes, o que me assusta um pouco, se me permite dizer. - Continuou David, fazendo Luna rir. - A simplicidade e vontade de conquistar o que é seu por mérito...tudo isso me recorda minha mãe. A única mulher que ousava contrapor o meu pai e não tinha medo de ninguém nem de nada. Ela era a melhor.

 David se perdeu em seus pensamentos e Luna respeitou isso. Ela estava satisfeita com a resposta que havia ganhado e para ela aquilo já bastava.

Não muito tempo depois de David terminar o seu cigarro, o carro chegou.

- Onde eu pago o estacionamento? - Disse Luna, abrindo sua carteira e fazendo David rir.

- Luna, entra no carro, vai.

- David, é sério! - Disse Luna fazendo David rir mais ainda.

 A volta no carro foi silenciosa e acompanhada pelo doce jazz que tocava na rádio mas, pelo contrário do que se era esperado, nenhuma das duas almas ficaram constrangidas ou incomodadas com o silêncio. Eles aproveitaram-o.

 Dentro do carro era aconchegante e quentinho. As mãos de Luna e David se encontraram algumas vezes, fazendo com que no final do caminho, as duas estivessem coladas uma na outra transmitindo calor. Ambos estavam no banco de trás e faltou pouco para Luna encostar no ombro de David, só não o fez pois sabia que, se o fizesse, iria dormir.

Após alguns minutos, o carro parou com Ivan anunciando:

- Aqui estamos, Senhorita Luna.

- Obrigada Ivan. - Disse a moça com um sorriso no rosto e abrindo a porta do carro. Antes de sair, ela disse: - Obrigada pela noite. Talvez eu pense duas vezes antes de te denunciar.

 Luna então deu um beijo na bochecha de David, deixando logo em seguida o carro e entrando para seu apartamento.

- Olha para você, Senhor. Caidinho de paixão pela moça. - Falou Ivan olhando para David pelo espelho de retrovisor, deixando o mesmo envergonhado e desviando o olhar.

- Cala boca e dirige, Ivan. - Disse David, proporcionando uma gargalhada ao motorista que foi tão contagiosa que até mesmo o rapaz riu. Ambos eram muito amigos e David não tinha dúvidas de que poderia contar com Ivan para qualquer situação.

 Após o carro partir, David notou que no banco onde Luna estava sentada, havia uma nota de 50 paus, deixada propositalmente no bolso de couro do banco à sua frente. David sabia de quem era e, sem notar, deu um sorriso bobo. A muito tempo o homem não se divertia como naquela noite.

 Luna ao chegar em casa, juntou-se ao sofá antes mesmo de trocar de roupa, e processou tudo o que havia acontecido. Ela não parava de sorrir. Estava nas nuvens mas ao mesmo tempo estava se achando uma maluca. Ela pulou de alegria até quando foi interrompida pela notificação das mensagens no celular que chegavam conforme o Wi-fi conectava.

Ao desbloquear o celular, parou a gravação e abriu as mensagens. Em seguida, Luna leu:

"Amiga, você tá bem? Lembra que precisa de provas para incriminar ele, viu? Tenta gravar a voz, tudinho."
"Miga, não deu notícia até agora e eu tô preocupada. Não sei se chamo a polícia ou não. Não devia ter deixado você sair com esse cara, ele é perigoso! Por favor me diz que você está bem."
"Cadê você, Luna??"

A feição de Luna que antes era entusiasmada agora estava confusa.

 Ela respondeu a mensagem dizendo que estava bem. Pensou por alguns minutos o que seria a coisa certa a se fazer. Lembrou de seus pais falando para a moça anos antes de partir da pequena cidade:

- Filha, faça aquilo que te faça feliz. Corra atrás das suas vontades e lute por elas. Se te faz feliz, tenho certeza que é o caminho certo!

 Então, a moça refletiu em como ela estava segundos antes de ler a mensagem. Após um longo suspiro, Luna foi até os áudios salvos e apagou a gravação da noite.

- Pai, mãe. Nunca desejei tanto que vocês estivessem certos na minha vida.

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