Minho estava chegando em casa quando percebeu as duas figuras conhecidas por si no corredor. Suspirou ao ver a mulher ali se irritando automaticamente. Quando se aproximou, ficou ao lado do namorado, tomando levemente a frente dele enquanto encarava a Kim irritado.

— O que você quer?! — Perguntou rude.

— Gatinho, vim morar com vocês! — Ela falou sorrindo, entusiasmada. — Mas o querido do seu namorado não me deixou entrar, sendo que a casa sequer é dele. — Fez biquinho, Jisung riu forçado.

— Você deve ter perdido o resto do juízo que ficou nessa sua cabeça desmiolada. — Minho retrucou. — E é claro que minha casa também é dele, estamos morando juntos.

— Me trair tudo bem, agora trazer um homem para morar com você e a minha filha?! Você quem perdeu o juízo!

— Quantas vezes vou ter que dizer que a Haneul não é mais sua filha?! — O Lee falou irritado, sentindo as mãos do Han segurarem seu braço visto que ele estava quase voando em cima da mulher. — Nos deixe em paz, Jisoo. Vai embora.

— Por lei você não tem esse direito, Minho. — Ela retrucou. — Estamos casado no papel, querendo você ou não de maneira civil ainda sou sua esposa e querendo você ou não eu quem gerei a Haneul. — Ela esbravejou irritada. — Então querendo você ou não eu irei morar com a minha filha!

O policial iria retrucar, mas a porta foi aberta pela garotinha que estava estranhando a demora de Jisung para voltar. Os olhares dos três adultos se prenderam nela e quando ela viu o pai o abraçou apertado.

Minho retribuiu o abraço, beijando o rosto da filha que só então fixou os olhos pequenos na mulher desconhecida e a encarou curiosa.

— Oi meu amor! — Jisoo falou com uma voz doce, sorrindo abertamente e se abaixando para ficar do tamanho da criança. — Você cresceu tanto!

Haneul piscava confusa enquanto encarava a mulher, desviando assustada quando a Kim tentou puxa-la para um abraço. A garotinha se escondeu atrás dos dois homens, apertando com uma das mãos o casaco de Jisung com medo.

A mulher ficou seria, encarando o namorado do ex marido com raiva.

— Haneul meu bem, essa é a Jisoo. — Minho falou ao suspirar, mantendo a voz estável. — Ela é a sua mãe...

— Minha mamãe? — Haneul murmurou incerta, olhando os adultos que concordaram.

— Isso! Sua mamãe! — Jisoo sorriu, abrindo os braços quando a garotinha correu em sua direção e a abraçou com força. — Ai minha lindinha, senti tanto a sua falta!

Minho e Jisung assistam ao reencontro calados, levemente incomodados com a cena. Se fosse possível eles dois evitariam essa situação. Nenhum deles estava contente com aquilo.

— A mamãe vai morar com você, legal né? — A Kim falou, vendo a garotinha concordar freneticamente.

— Jisoo! — Minho a repreendeu.

— Você deveria ter levado minha mala para o nosso quarto ao invés de estar resmungando. — Ela falou para o Lee, fazendo carinho no rostinho de Haneul. — Finalmente minha família está unida. Quer dizer... — Olhou para o Han seriamente. — Quase.

*

O filme que havia começado a assistir com a garotinha havia sido deixado de lado, Haneul sequer queria saber de qualquer outra coisa que não fosse a mulher. Ela conversava com a mãe empolgada, mostrando seus brinquedos e até mesmo seus desenhos.

Jisung as observava do balcão da cozinha com a expressão fechada, não aguentava mais a presença da mulher naquela casa, e ouvir Haneul chama-la de mãe toda hora o deixava triste e irritado.

— Olha mamãe. — Haneul estava a mostrando o desenho que havia feito de sua família, o mesmo que mostrou ao pai e a Jisung semanas atrás. — Essa é você.

— Uau como estou bonita! — Jisoo falou sorrindo. — Você desenha tão bem, filhota. — Falou aparentemente orgulhosa. — Esse é o seu tio Hyunjin? Ele não está muito baixo?

— Não mamãe. — Haneul riu. — É o titio Jisung.

Automaticamente Jisoo parou de sorrir, encarando o Han e logo depois a garotinha, sorrindo forçado para ela.

— Ah, entendo. — A Kim começou. — Não acho que seria justo ter ele desenhado no quadro da família, você acha? — Perguntou a garotinha que a olhou confusa. — Ele nem é seu tio biológico.

— Jisoo! — Minho a repreendeu.

— Desculpa, mas não faz sentido querida? Se é um quadro da família tem que estar apenas a mamãe, o papai, a vovó e o titio Hyunjin. — A ruiva falava com uma voz carregada de falsa doçura.

Haneul encarou o enfermeiro rapidamente enquanto processava o que a mãe havia falado, apagando vagarosamente o boneco que deveria ser o Han. Jisung observou a cena e se manteve em silêncio, vendo Jisoo o olhar e sorrir de modo convencido.

— Haneul! Por que fez isso?! — Minho a repreendeu, alarmado com a situação. — Você não pensou que pode estar machucando o titio Jisung com essa sua atitude? Isso é feio!

— Não brigue com ela! — Jisoo interveio. — Isso não significa que ela gosta menos do Jisung, apenas que compreende que ele não faz parte da família.

— É justo. — Jisung se pronunciou pela primeira vez desde que entraram dentro da casa. — Nem Bbama Junior está no desenho, eu também não deveria estar.  

Haneul encarava a folha em suas mãos com uma expressão triste, não conseguia olhar nem para o pai e muito menos para o tio. A garotinha percebeu que Jisung parecia chateado e agora se arrependia em ter ouvido sua mãe.

— Jagiya você já comeu? Minji fez o jantar. — O Han mudou de assunto, encarando o namorado.

— Ainda não. — O Lee falou. — Venha comer, Haneul.

A garotinha correu em passos curtos até a cozinha, sendo servida por Jisung que já havia esquentado a comida que a sogra havia feito. Ela levantou o rostinho para verificar o mais velho, percebendo que ele não sorriu para si. Novamente ela abaixou a cabeça triste.

— Não vou comer. — A pequena Lee murmurou. — Hannie sem fome.

— Você tem que comer para crescer e ficar forte.— Jisung resmungou. — Coma pelo menos metade, sim?

Ela concordou em silêncio e tentou comer, sem conseguir olhar para o pai ou para Jisung que estava sentado em sua frente. Jisoo adentrou a cozinha e se serviu, começando a comer com eles.

— Minha sogra tem mãos de fadas! — Falou, sorrindo. — Senti tanto a falta desse tempero! Minho, você lembra quando eu senti desejo de experimentar pizza doce e ela fez uma de chocolate para mim?

— Lembro... Você vomitou tudo em cima de mim depois. — O Lee respondeu em um resmungo e ela gargalhou.

O jantar foi silencioso e o clima desconfortável pairou na cozinha. A única que falava era Jisoo, obrigando o Lee a relembrar com ela seu período de gravidez enquanto ria das histórias dos desejos que teve.