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Capítulo 42: Jagiya

A água quente do chuveiro caía no corpo bronzeado do Han que estava com a cabeça baixa enquanto sentia os dedos do Lee percorrerem por suas costas, visto que o policial estava o ensaboando. Minho encarava todas aquelas cicatrizes com certa curiosidade, mas visto que Jisung não havia falado nada referente a elas resolveu não perguntar. 

O Lee fechou o registro e então virou o mais novo de frente para si, pegando o shampoo e o despejando em suas mãos, passando no cabelo molhado do menor que o encarava. 

— Quando eu ainda morava na Malásia aconteceu uma situação... — O Han resmungou, desviando o olhar. — Estava com alguns colegas do colégio quando fomos apanhados por traficantes da região.

— Sequestraram você?! 

— Sim... — O mais novo resmungou. — Sabe quando sua mãe lhe fala para vigiar com quem anda porque por mais que você não ande errado, pode acabar sobrando 'pra você? Então. — Jisung falou calmo, fechando os olhos quando o policial começou a espalhar o shampoo em sua cabeça. — Um desses meus amigos comprava heroína na mão desses traficantes, porém eu não sabia. Ele estava devendo e como eu e outros dois amigos que também não tinham nada haver estávamos juntos, todos nós fomos levados. 

O Lee novamente abriu o registro quando terminou de ensaboar e lavar o cabelo do mais novo, permitindo com que a água morna enxaguasse todo o corpo do Han. Logo depois fechou novamente o registro, puxando a toalha e enrolando o corpo do mais novo com o pano. Em seguida, pegou a outra toalha e se enrolou. 

— Eles nos levou para um dos campos de detenção que eles tinham, utilizavam aquele lugar para torturar e matar pessoas. — Jisung resmungou. — Foram três dias infernais, sendo torturado fisicamente e psicologicamente, vendo dois dos meus amigos sendo mortos em minha frente. — O Han suspirou, sem conseguir levantar o olhar. — Sendo tocado... Eu não sei como consegui sobreviver.

— Você não lembra? — Minho perguntou curioso, saindo do banheiro e sendo seguido pelo mais novo.

Jisung ficou em silêncio por um tempo, viajando em pensamentos como se estivesse se recordando daquele dia.

— Na última noite meu amigo falou que deveríamos sair correndo pela floresta gritando por ajuda. — Resmungou ao suspirar. — Isso obviamente não daria certo, não acha? A gente esperou um dos traficantes que ficava de guarda cochilar e então saímos correndo, mas não chegamos tão longe já que os outros viram e começaram a nos seguir.

— E aí?

— Tinha um rio com crocodilos próximo, resolvi atravessar. Eu não sabia o que tinha dentro daquele rio, muito menos meu amigo visto que ele me seguiu. — Jisung resmungou. — Foi tudo tão rápido. Em um momento ele estava gritando para eu nadar mais rápido e em outro ele sumia na água.

O Han suspirou, movendo o corpo inquieto devido o arrepio que sentiu ao lembrar daquele dia. Minho percebeu e o abraçou.

— Quando eu consegui sair da água um deles me atacou e eu quase perdi meu braço, mas continuei correndo enquanto chorava e consegui chegar até a cidade depois de algumas horas caminhando. — O Han concluiu em um resmungo. — Por mais que eu queira esquecer não poderei já que carrego as marcas desse dia em meu corpo.

— Meu bem, cicatrizes são marcas de guerra. — Minho falou, tocando o rosto do menor. — Elas não foram feitas para nos envergonhar, mas sim para mostrar o quão fortes fomos ao conseguir passar por aquela batalha e sobreviver.

Jisung sorriu minimamente, escolhendo uma roupa no guarda roupa para vestir, enquanto Minho procurava algo que coubesse em si.

Depois de terem se vestido devidamente, desceram para a sala e quando o Lee viu que já estava anoitecendo suspirou, encarando o enfermeiro que estava jogando no celular sentado no sofá.

— Eu preciso ir, tenho que estar em casa quando Hyunjin voltar com a Hannie. — Minho falou.

— Poxa... O tempo passou tão rápido. — Jisung resmungou triste, segurando as mãos do Lee enquanto o olhava. — Tem mesmo que ir agora? Fica mais uns minutinhos.

Minho riu e apertou o nariz do mais novo, negando com a cabeça logo depois.

— Eu realmente queria ficar, dormir com você e poder te beijar o resto da noite. — Minho falou. — Mas realmente preciso ir. A não ser...

— A não ser...? — Jisung o incentivou a continuar sua frase.

— A não ser que você venha comigo, aí poderíamos ficar juntos o resto da noite. — Minho concluiu com um sorriso, beijando a mão do enfermeiro. — Hannie vai gostar de ver você, ela passou a semana inteira querendo te ver.

— Então vamos! — Jisung decidiu sem nem pensar duas vezes, levantando do sofá rapidamente. Minho riu de sua pressa, vendo-o bufar. — Para de rir idiota, estou indo pela Hannie.

— Aham, sei. — O Lee gargalhou.

Jisung revirou os olhos e então pegou suas chaves, desligando todas as luzes e trancando sua casa logo depois. Minho estendeu a mão para o Han que o olhou, vendo-o incentiva-lo a segurar sua destra com um mover de cabeça. O enfermeiro aceitou e entrelaçou seus dedos, começando a andar de mãos dadas com o policial pela calçada do bairro.

O mais velho balançava suas mãos entrelaçadas para a frente e para trás, ouvindo Jisung resmungar desgostoso do seu ato "infantil". Minho parecia estar se divertindo com a situação.

— Quer pipoca? — O Lee questionou ao ver um senhor empurrando um carrinho de pipoca do outro lado da rua.

— Não, obrigado.

— Sabe o que eu notei? — Minho perguntou de forma descontraída, prendendo a atenção de Jisung em si. — Você não costuma me chamar por apelidos como eu normalmente chamo você.

— Isso te chateia? — Jisung perguntou confuso, levemente preocupado. — Eu acho que fico com receio de te chamar por apelidos, não sei explicar. — O Han piscou confuso. — Na verdade nunca me referi com apelidos fofos ou algo do tipo aos meus namorados.

— Quantos namorados você já teve? — Minho questionou encarando o Han que riu, fazendo o mais velho semicerrar os olhos.

— Parei de contar quando passou dos quinze. — Jisung falou e o Lee arregalou os olhos, fazendo-o gargalhar. — É brincadeira, bobo! Você é meu terceiro namorado.

— Terceiro e último, né. — Minho resmungou.

— É. — Jisung o olhou e sorriu. — Só vou virar seu ex namorado quando você me pedir em casamento.

Minho sorriu minimamente, desviando o olhar enquanto parecia se distrair em pensamentos. O Han o encarou e então suspirou, abaixando o olhar para os próprios pés.

— Desculpa, jagiya. — Jisung resmungou. — Eu falei brincando.

— Você se preocupa com besteira, meu bem. — Minho falou ao puxa-lo para um abraço de lado, beijando o rosto do mais novo. — Jagiya, em? — Riu.

Entraram no elevador e quando chegaram no andar da casa do Lee voltaram a caminhar, sequer haviam soltado o enlace de suas mãos unidas momento algum. Minho encarou o Han notando seu olhar perdido, roubando um selinho do enfermeiro enquanto abria a porta.

Quando se afastou e olhou para dentro de sua casa conseguiu ver sua mãe, Hyunjin e um outro homem que ele não conhecia sentados no sofá encarando boquiabertos ele e Jisung.

Quer dizer, Hyunjin estava com um sorriso pequeno nos lábios enquanto sua mãe sequer disfarçava sua cara de surpresa, igualmente ao namorado.

Minho sorriu sem graça e sentiu Jisung puxar rapidamente a própria mão na tentativa de quebrar o contato que estavam tendo, porém o policial apertou ainda mais o enlace.

— Oi... — Minho falou, adentrando sua casa e puxando o enfermeiro que estava envergonhado com a situação. — Mãe... Você já conhece o Jisung, né? Meu namorado...

Jisung o encarou alarmado, encarando logo depois a mulher que parecia analisá-lo de cima a baixo sem falar absolutamente nada. Minho estava surtando por dentro, mas percebeu que o enfermeiro estava ainda mais nervoso do que ele com a situação. O único que parecia estar se divertindo com aquilo era Hyunjin.

Minho realmente odiava seu irmão.

——

Jagiya é um termo usado como apelido de casal. EX: querida, querido, baby

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