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Capítulo 36: Blood Water

Minho continuou encarando o homem em sua frente, este ainda estava com a mão estendida na direção do Lee esperando que o policial a apertasse.

Ignorando completamente o gesto do suposto médico, o policial colocou as mãos nos bolso da calça que usava, sem desviar o olhar do rosto do Im que ao perceber riu soprado, enfiando as mãos dentro do bolso do jaleco e puxando um maço de cigarros. 

— Não gosto do seu olhar. — Changkyun resmungou, puxando um cigarro vagarosamente sem desviar os olhos do rosto do Lee. — É um olhar soberbo. Odeio pessoas soberbas. 

Minho riu e negou com a cabeça, olhando para os pés do homem a sua frente antes de suspender o olhar e o encarar novamente, arqueando as sobrancelhas. 

— Você parece ser do tipo que gosta de intimidar e não de ser intimidado. — O Lee analisou. — Mas eu estou realmente curioso pra saber o que você quis dizer com finalmente me conhecer.

— Eu sou o tipo de cara que gosta de estar por dentro das noticias. — O Im comentou. — Estou sempre acompanhando o jornal, já havia visto seu nome em diversos casos que você solucionou. — O homem falou, sorrindo minimamente. — Nosso país deveria ter mais policiais como você. Parabéns pela competência. 

— Obrigado.

— Aproposito, estava vendo passar no jornal nesses últimos dias diversos casos de assassinato. Aparentemente tem um serial killer a solta, é isso mesmo? — O homem perguntou, encarando o Lee e suspirando. — Esses casos me assustam, tenho receio de que façam algum mal ao meu dongsaeng.

— A menos que seu dongsaeng tenha algum envolvimento com gangues, nada irá acontecer a ele. — Minho falou, sorrindo forçado. — Fique tranquilo a polícia tem tudo sob controle.

O Im riu quase irônico, encarando os olhos do Lee que mantinha o contato visual. Sem sequer ligar para o cômodo em que estavam, o qual tinha uma placa na parede informando que era proibido fumar ali, Changkyun acendeu seu cigarro e o tragou.

O médico ainda ousou oferecer a Minho que negou, olhando para o Kamal que estava em silêncio enquanto encarava um ponto fixo aleatório completamente estático.

— Preciso ir. — O Lee falou diretamente a Kai. — Conversamos depois.

— Tudo o que eu tinha pra falar já foi dito, Minho.

O Lee o olhou novamente, encarando os olhos inquietos do mais novo e desviando o olhar para o Im que os observava em silêncio com o cigarro preso aos lábios. Minho então saiu, deixando os outros dois para trás e se retirando do cômodo. O refeitório ficou completamente silencioso, apenas o barulho do relógio de parede ecoava no lugar.

Kamal ousou levantar o olhar para encarar o mais velho, vendo-o com o rosto voltando para o teto, olhos fechados e o cigarro preso aos dentes. O garoto suspirou, desviando o olhar no momento que o Im lhe fitou completamente sério.

— Vocês não fazem nada certo. — O Im falou. — Simplesmente dão pistas para um louco que não entende o que é limites. 

— Eu não sabia! — Kamal se defendeu. — Ele apareceu na pensão com um nome falso a procura de um quarto, queria que eu adivinhasse que era um policial disfarçado?!

— Quando eu mandei vocês darem um fim em Hansol, não foi desse jeito! — O Im praticamente bradou. — O acidente forjado só não saiu melhor do que o planejado porque vocês simplesmente usaram a carreta da pensão! Uma pista dessas na mão da polícia é o nosso fim. — O mais velho falou. — A única coisa certa que fizeram foi deixar o mp4 na mesa, mas tinham mesmo que usar a carreta da mamãe? — Changkyun resmungou. 

— Eu o enrolei, ele não é tão espero quanto aparenta ser. — Hueningkai resmungou. — Se ele não tivesse tanta sorte já estaria morto.

— Não é sorte, Kai. — O mais velho riu sem ânimo. — Se esse erro de vocês atrapalharem nossos planos, eu mato os dois.

O mais novo não o respondeu, apenas concordou com a cabeça meio relutante e suspirou novamente. Ele estava fodido.

*


Minho estava em pé ao lado da cama do amigo com os braços cruzados. O Choi tagarelava sobre um sonho que teve aquela noite, mas o outro policial sequer estava prestando atenção. O Lee divagava em pensamentos, processando lentamente e relembrando sua conversa com Hueningkai.

— Sabe o que não faz sentido? — Minho perguntou de repente.

— Uma cobra ter asas e se chamar Ailee? Eu concordo. — Soobin suspirou. — E mais estranho do que isso foi o dinossauro de gravata.

— O que? — Minho perguntou confuso. — Não! O que não faz sentido é todas essas pistas se conctarem, mas ao mesmo tempo parecer um labirinto confuso.

— Ah... — Soobin resmungou. — O que tinha no mp4?

— Uma música. Uma única maldita música.

— Qual música?

— Blood Water. — Minho resmungou confuso se havia pronunciado certo. Sua pronuncia no inglês era péssima. 

— Vejamos... — O Choi abriu o Youtube e digitou o nome da música, ouvindo-a atentamente. — ''O que você vai fazer quando houver sangue na água'', profundo, não? — Minho revirou os olhos e riu sem ânimo. — "O preço da sua ganância é seu filho e sua filha''. — Automaticamente o Choi encarou o amigo. — Hyung...

— ...

— Hyung, você acredita em coincidências? — O Choi perguntou sério. — Porque eu não acredito. Isso é claramente uma ameaça a você. Uma ameaça direta. 

— No final das contas, eu não os achei. — Minho resmungou pensativo. — Achar a pensão, o mp4... Tudo isso foi plano deles desde o inicio. 

— Acho que estou começando a entender porque Namjoon desistiu. — Soobin resmungou. — Quanto mais a gente cava fundo esses casos, pior fica. 

— Soobin, acontece que eu já cavei demais. — O Lee respirou fundo, passando a mão no queixo. — Que droga, não sei mais o que fazer! 

— Cavou demais, mas não morreu. — O Choi apontou. — Não quero que sua cabeça seja o prêmio para esses joguinhos. 

— Joguinhos? 

— É! Pensa comigo. — Soobin falou calmo, sentando na cama. — Cada pista que a gente achou nas investigações é como se fosse uma fase, conforme você vai passando as fases mais difícil vai ficando, igual em um vídeo game. — O Choi tentava explicar de maneira lógica, enquanto o Lee estava completamente focado prestando atenção em si. — Normalmente a última fase que define se você zera ou não o jogo, ela sempre é a mais difícil. 

— Por causa do boss, correto?

— Sim. Por causa do boss. — O Choi confirmou, suspirando. — E o boss parece querer sua cabeça.

——

Tradução: Blood Water = Água de sangue

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