CAPÍTULO 02
Notas Iniciais: Oi, vidas, como vocês estão?
Preciso dizer que estou bem melhor, obrigada pelo carinho de cada um. Essa história é tão diferente de tudo o que eu já pensei, compartilhar oq fiz aqui tá sendo muito divertido pra mim. Espero que vocês gostem do processo de escrita dela e gostem do capítulo a seguir!
Como sempre, vou pedir pra vocês votarem e comentarem nos parágrafos a baixo, antes que eu tenha que ameaçar vocês igual o anônimo da fanfic. Vão querer que eu entregue os dedos decepados na casa de vocês? Pois é, pensei. Um beijo, viu, boa leitura!
***
Apenas dois dias, ou seja, 48 horas foram suficientes para que Taylor tentasse, em vão, relaxar após a tensão que o telefonema e o “presente” inesperado lhe trouxeram.
Embora permanecesse em estado de alerta, carregada de receios nas duas jornadas seguintes, não houve indícios de que seu perseguidor fosse voltar a agir. Nenhum novo contato foi feito, nenhum outro presente chegou a suas mãos e ela tampouco sentiu a inquietante presença de alguém a seguindo ou observando quando saía de casa.
Porém, um leve desconforto ainda a incomodava, uma intuição persistente que, por conveniência, ela preferiu ignorar. Diante dessa inquietude, decidiu reforçar a ideia de que tudo não passara de um trote, e que não havia mais nada a se preocupar, exceto pelas fofocas cada vez mais populares nos tabloides após sua entrevista com Leonardo DiCaprio.
O telefone não parava de tocar durante todo o dia, jornalistas ansiosos por uma entrevista, na esperança de criar novas especulações sobre um possível romance entre ela e o ator.
O alvoroço se intensificou após a reprodução da icônica cena de Titanic, onde, em meio a risadas e emoção, Taylor e DiCaprio reencenaram a sequência em que Jack ensina Rose a sentir a liberdade. Ele a conduziu para a proa do barco, pedindo que abrisse os braços e deixasse o vento e a vastidão do mar envolverem-se.
Com a supervisão de Kate Winslet, o duo encantou a plateia, enquanto a trilha My Heart Will Go On de Celine Dion tocava ao fundo. A euforia tomou conta não apenas dos espectadores, mas também dos flashes da imprensa, que logo sugeriram uma intensa química entre o “casal.”
Rumores começaram a circular, incluindo a insinuação de que Winslet teria saído chateada do estúdio, como se ela fosse uma rival de Taylor pelo coração de DiCaprio, mesmo sabendo que a atriz estava comprometida.
— Ossos do ofício, Taylor. — a loira conversou consigo mesma, encarando sua foto com o ator estampada na matéria do jornal. — Daqui a alguns dias, outra celebridade tomará o centro das atenções ou já terão inventado outro absurdo sobre você.
Então, ela respirou fundo quando o telefone tocou pela vigésima vez naquele dia. Estava atrasada para o trabalho e decidida a não atender, mas como sua irmã havia saído com os amigos e esquecido o celular, reconsiderou.
Poderia ser um aviso de que chegaria tarde ou algo semelhante. Se fosse algum jornalista, ela os dispensaria educadamente, sem perder tempo tentando explicar algo que eles não pareciam querer entender.
— Residência Swift.
Taylor atendeu com um leve sorriso enquanto se ajustava ao relógio no pulso, preocupada com o horário. Não houve resposta imediata, apenas uma risada tímida do outro lado da linha.
Não era Tinna, nem algum dos seus colegas de trabalho, ou qualquer pessoa que ela desejasse atender. Era a mesma voz que a atormentara naquela madrugada. A mesma voz maldita, abafada, que parecia saborear o terror que causava a Taylor ao perceber que ela havia atendido ao telefone.
A loira sentiu que poderia muito bem quebrar o aparelho, de tão firme que era sua mão enquanto escutava as palavras do que parecia ser seu algoz.
— Pensou que ia ficar livre de mim, Swift?! — a voz se divertiu com a respiração irregular da apresentadora ao telefone. — Só quando você me implorar para morrer, maldita.
A irritação era palpável em suas palavras.
Taylor não era do tipo que se abalava facilmente, muito menos de se sentir acuada. No entanto, o ódio naquela voz a paralisa momentaneamente, fazendo-a suar frio, mesmo com poucas palavras. Sabia que deixar seu temor transparecer apenas incentivaria aquela pessoa a continuar a atormentá-la.
— Olha, eu não tenho tempo para trotes. — Taylor soltou um riso fraco, esforçando-se para não revelar que estava abalada.
— Trotes?! Você realmente acha que isso é um trote, maldita?! — a voz elevou o tom, transbordando raiva. — Você vai me pagar, Swift. Você é uma farsa, uma maldição. Eu vou me vingar pelo que você fez.
Vingança? O que poderia ter feito para que alguém a odiasse a esse ponto?
Taylor refletiu, concluindo que estava lidando com um lunático desocupado, ou talvez um fã obsessivo de outra celebridade – uma das tantas rivalidades que a imprensa adorava inventar para alimentar os tabloides.
— Honestamente, se isso não fosse um trote, eu nunca fiz mal a ninguém. E se isso é por causa do meu trabalho... — ela suspirou, ciente de que dialogar era uma perda de tempo. — Acha que vai me intimidar?
Ela tentou argumentar, mas logo foi interrompida pela mesma voz, ainda mais furiosa.
— Nunca fez mal a ninguém? Você destruiu uma vida! — o anônimo embraveceu. — Pode enganar a sociedade, seus amigos, sua família, mas eu sei quem você realmente é. E quero justiça.
O telefone ficou em silêncio após a última ameaça, interrompido por uma série de xingamentos que Taylor mal ouviu, tomada por um temor paralisante que abalou seu raciocínio.
Levou cerca de dois minutos para que conseguisse se recompor, colocar o telefone de volta no gancho e dirigir-se à cozinha em busca de um copo d'água, enquanto tentava convencer-se de que tudo aquilo não passava de mais uma brincadeira.
Contudo, o fato de a ameaça ter vindo de seu próprio número residencial a deixava profundamente inquieta.
Agradeceu a sorte por Tinna não estar em casa. Não queria que sua irmã, que tentava protegê-la, também fosse alvo do terror que a consumia, nem que visse Taylor naquele estado de insegurança e fragilidade. Ao pensar em Tinna, lembrou da promessa feita à irmã de acionar a polícia caso algo suspeito ocorresse novamente. Mas, se havia uma coisa que Taylor detestava, era ter que lidar com policiais.
Reprimindo esses pensamentos, concentrou-se no que precisava fazer: trabalhar. Seu programa era sua maior paixão, e as horas que passava na emissora com sua equipe e superiores eram sempre agradáveis. Ali, poderia se distrair e focar em conduzir uma ótima entrevista com as Spice Girls.
Ela pegou o sobretudo e a bolsa Louis Vuitton que estavam sobre o sofá, ergueu o queixo e saiu em direção à garagem. Embora o telefonema tivesse sido aterrorizante, não iria permitir que isso a paralisasse ou fizesse vacilar.
《》
Qualquer um que conhecesse bem Taylor Swift perceberia imediatamente que a apresentadora não era a mesma durante aquela madrugada no The Swift Show.
O bate-papo com as Spice Girls prometia ser uma das entrevistas mais enriquecedoras da semana. A girl band estava no auge do sucesso e a versatilidade das integrantes oferecia a Taylor a liberdade de ousar nas perguntas e na abordagem do roteiro previamente definido.
Entretanto, a conversa não se desenrolou como ela havia imaginado. Sua espontaneidade estava comprometida por um incidente que a afetara antes de sair de casa. Embora estivesse agindo como uma apresentadora competente, sua performance carecia do improviso e do sentimento que tornavam cada programa único e emocionante.
Apesar disso, Taylor ainda brilhava com sua inteligência e carisma, mas a falta de entusiasmo e concentração passou despercebida pelo grupo feminino. Para manter o show fluindo, ela optou por dar mais espaço para as performances musicais das garotas. Em um programa ao vivo, ela sabia que precisava se adaptar, pois devia respeito tanto ao público quanto às convidadas. Assim, deu o melhor de si, mesmo que internamente se sentisse frustrada por se limitar a perguntas banais.
Pela primeira vez em sua carreira, ao final do programa, ela sentiu um alívio ao ver as luzes do estúdio se apagarem. Até mesmo a rotina de atender os fãs da plateia tornou-se difícil naquela noite, e Taylor se questionava sobre isso.
Por que deixar que a situação a abalasse tanto? Afinal, não tinha obrigações para com ninguém; por que temer ameaças de um “vingador" por telefone? Embora sua consciência estivesse tranquila, sua intuição aguçada não conseguia dissociar-se daquela sensação crescente de perigo.
Ao deixar o estúdio rumo à sala de reuniões, Taylor não se sentia à vontade para discutir a pauta do dia seguinte, especialmente porque o entrevistado seria o presidente Bill Clinton, em meio a um tenso momento da política americana, sob o risco de impeachment.
Política era, sem dúvida, o tema que Taylor menos gostava de abordar em seu programa, mas, de tempos em tempos, ela abria espaço para essas entrevistas, comprometida a oferecer não apenas entretenimento, mas também informação de qualidade. A oportunidade de entrevistar Clinton era única e, se conseguisse fazer um bom trabalho, seria um marco em sua carreira e um serviço público à nação, mostrando um pouco mais do líder do país.
Taylor também não estava disposta a ouvir as críticas de Ryan sobre o programa daquele dia. Sabia que ele estava irritado; as advertências que recebeu durante a transmissão foram mais de uma ou duas. Bastava a sua própria pressão interna para que ela se sentisse mal por meses, devido à decepção que a consumia.
— Coragem, Taylor. — ela se incentivou. — É só ter mais um pouco de coragem.
Então, ela abriu a porta da sala e se deparou com os olhares preocupados e curiosos do diretor, roteiristas e produtores voltados para ela.
《》
— Taylor! – chamou Benson, fazendo-a parar na entrada do camarim. O olhar cansado e pouco acolhedor da princesa da comunicação após a reunião o intimidou um pouco. – Desculpe, você parece cansada, não queria incomodá-la.
— Tudo bem, Benson. — ela esboçou um fraco sorriso, tentando encorajá-lo. — Não foi um bom dia, mas você não tem culpa disso.
— Eu só queria dizer que não achei o programa ruim. Ryan foi pesado com você na reunião. — ele se referiu à discussão tensa. – Você é maravilhosa, mesmo em um dia difícil como você nos explicou.
Então, o jovem sorriu, coçando os cabelos, um pouco desconcertado diante da sua ídola.
— Você é um amor, Benson. Não precisa minimizar as cobranças que recebi hoje; elas foram justas. — Taylor suspirou, chateada. — Eu mesma não vou ser complacente comigo.
— É claro que sim. Eu sei que você é uma mulher extraordinária, uma profissional excepcional. — ele falou apressadamente, arrependendo-se da pressa ao notar o sorriso divertido de Taylor, que provavelmente o avaliava como um adolescente apaixonado. — Apenas não se torture tanto. De qualquer maneira, você sempre será a melhor.
— Obrigada, Benson! — ela alisou rapidamente o ombro do estagiário, fazendo-o sobressaltar. — Agora, se você me der licença, ainda tenho algumas ligações de fãs a atender.
Ao se despedir, sentiu um frio no estômago ao lembrar que aquela chamada indesejada poderia se repetir naquela madrugada.
Benson, frustrado por não conseguir convidar Taylor para sair mais uma vez, enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta e ofereceu um sorriso fraco, repleto de desapontamento consigo mesmo por não ter agido como deveria.
Taylor o observou desaparecer pelo corredor, apoiando a mão na maçaneta da porta. Agora, até seu momento favorito da noite estava sendo ofuscado por causa de um trote — um maldito trote que havia mexido mais do que deveria com suas emoções.
Respirando fundo, ela girou a maçaneta e abriu a porta abruptamente. A visão de um homem sentado no sofá, com o jornal elevado à altura do rosto, quase a fez dar um salto para trás. O susto foi evitado apenas porque ele baixou o jornal ao perceber sua presença e sorriu amplamente.
Taylor soltou o ar preso nos pulmões, aliviada ao reconhecer o visitante. Mas, ao mesmo tempo, não pôde deixar de pensar se o programa tinha sido tão ruim que o dono da emissora se sentira compelido a vir pessoalmente repreendê-la.
— Você não parece feliz em me ver, Tay! — ele se levantou e a cumprimentou com um beijo no rosto.
— Não é todo dia que o chefe faz uma visita de madrugada. — ela justificou, enquanto ele gesticulava para que ela se sentasse, fazendo o mesmo em seguida. — Diga-me, Joseph, a que devo a honra? Você só deixa o Kansas se for por um bom motivo.
Joseph Kent, um homem de 35 anos e herdeiro da Starlight TV, era a definição de charme: bonito a ponto de fazer qualquer mulher suspirar, com olhos azuis claros e calmos, além de um corpo robusto e atraente. Entretanto, para a decepção de muitos, ele era muito bem casado.
Mesmo tendo herdado a emissora de seu pai falecido, Kent preferia gerenciar os negócios à distância, raramente visitando Nova York e optando pela vida tranquila no Kansas.
— Você é um ótimo motivo, Taylor. — ele a encarou profundamente. Se não fossem tão bons amigos, a loira poderia até pensar que aquilo era um flerte. — Precisamos conversar.
O estômago de Taylor se contraiu. A gentileza familiar no olhar de seu chefe agora trazia uma preocupação nítida, e ela sabia que não fazia sentido que o tema da conversa fosse o programa morno de hoje. Desde sua estreia, Taylor liderava a audiência, seu programa era recordista em merchandising e tinha um dos intervalos comerciais mais caros da emissora.
— Alguma insatisfação com meu trabalho, Joseph? — ela se acomodou no sofá, adotando uma postura tensa.
— De maneira nenhuma, Tay! — ele balançou a cabeça. — Você é a joia da coroa, uma das contratações mais bem-sucedidas da emissora.
Ele sorriu, mas Taylor não pôde ocultar a tensão em seu olhar. A satisfação esperada não veio; ela ainda não estava aliviada quanto ao rumo da conversa.
— E é justamente por isso que quero zelar pelo seu bem-estar e segurança. — ele disse, sucinto. — Precisamos discutir a ameaça que você recebeu, Taylor.
A revelação de que Joseph já estava ciente da ameaça deixou Taylor visivelmente surpresa, mais do que o fato de ele ter vindo pessoalmente para tratar do assunto com ela. Percebendo a confusão em seu olhar, o empresário se antecipou e começou a explicar.
— Ryan me contou o que aconteceu, Taylor. — uma nova onda de confusão invadiu a mente de Taylor.
Ela percebeu que não havia mencionado o incidente a Ryan, mas logo se lembrou de Blake, a atendente da central de atendimento ao telespectador. Sabia que a ruiva estava envolvida com o diretor, e se ela havia compartilhado a história com Tinna, não havia dúvida de que também contaria a Ryan.
— Você não deveria ter escondido o que aconteceu — Joseph a advertiu.
— Joseph, seria ridículo eu dividir um trote com meus superiores. — Taylor se levantou e caminhou até o frigobar, sentindo uma sede repentina ou, talvez, apenas desconforto com a conversa. — Não tenho inimigos. O que ocorreu foi uma infeliz eventualidade.
— Aquilo não foi um trote, Taylor. E posso ver pela sua postura que você também não acredita que tenha sido. — ele se ergueu para olhar diretamente nos olhos dela. — Assisti ao programa de hoje nos bastidores. Você estava diferente. Aconteceu de novo, não foi?
Taylor hesitou em discutir o telefonema com outra pessoa, mas sabia que não conseguiria dormir nem naquela noite, nem nas próximas, se não desabafasse com alguém. Falar sobre o assunto poderia ajudar a lidar com a situação — quem sabe Joseph, ao ouvir de sua própria boca, não achasse tudo isso um exagero?
Certamente, Ryan teria exagerado ao contar ao proprietário da emissora, levando-o a ir até Nova York. Compartilhar sua versão com alguém tão equilibrado e sensato seria uma boa alternativa.
— Ele ligou para a minha casa. — o semblante sereno de Joseph se alterou e ele franziu a testa. — Fiquei preocupada ao saber que ele tinha meu número, mas era o mesmo trote. Ofensas gratuitas, ameaças de morte, ele disse que faria justiça. — ela tentou forçar um sorriso. — Disse que eu destruí uma vida. Eu não consigo matar nem uma barata voadora, Joseph.
Joseph ficou em silêncio. Ele segurou o braço de Taylor, ajudando-a a sentar-se novamente, enquanto acariciava o queixo, o que a deixou ansiosa. O que ela realmente desejava naquele momento eram palavras de conforto, não um suspense desnecessário.
— Taylor, não posso ficar de braços cruzados enquanto um dos meus contratados recebe ameaças desse tipo. — respirando fundo, ele evitou olhá-la nos olhos. — Já comuniquei o ocorrido à polícia.
— O quê? — Taylor exclamou, ainda se recuperando do choque. — Joseph, eu não quero a polícia envolvida nisso. Tenho meus motivos. Já pensou no escândalo se isso vier a público? Essa pessoa nunca me deixaria em paz. Continuaria se divertindo às minhas custas.
— Taylor, tudo será mantido em sigilo, não se preocupe. Mesmo que seja apenas um trote, o que essa pessoa está fazendo é contra a lei. — ele precisou se opor à contradição da apresentadora, extremamente preocupado. — Não vou permitir que isso se prolongue, e você não pode contestar isso.
— Foram apenas duas ligações e um presente macabro. — a loira diz, como se não fosse nada.
— Não foram apenas duas ligações, Tay. — o chefe a encarou e Taylor ficou perplexa. — Ele tentou falar com você nas duas últimas madrugadas, mas você já havia atendido a cota de fãs da noite. E não satisfeito, deixou recados, caso você respondesse.
Taylor se afundou no sofá, em choque. Não esperava essa nova revelação.
— Tudo bem, Joseph, são quatro trotes então. Ainda assim, não precisamos ficar tão alarmados. — ela tentou argumentar, mas ao ver Kent se levantar e pegar dois embrulhos ao lado da penteadeira do camarim, congelou.
O empresário perguntou se ela gostaria de ver o que havia dentro, e mesmo não querendo, ela respondeu que sim. Sempre fora corajosa e podia lidar com o que estivesse ali.
A primeira caixa continha uma boneca que a representava, esquartejada, apenas com o rosto intacto, acompanhada de uma mensagem cruel de seu carrasco, dizendo que talvez guardasse a cabeça como lembrança.
A outra caixa continha mechas de cabelo loiro, um cabelo cujo destino Taylor preferia não imaginar. Uma nova mensagem anunciava que ele enviaria uma recordação para a sua irmã depois que executasse sua "sentença".
A apresentadora sentiu uma vontade desesperada de se encolher em um canto e abraçar os joelhos, permanecendo nessa posição por um longo tempo. Contudo, diante do chefe, ela apenas respirou fundo, lutando contra o pânico e o horror que transpareciam em seu olhar.
— Ele vai se cansar! — bufou, embora suas palavras soassem pouco convincentes.
Kent balançou a cabeça, ciente da teimosia e do orgulho de Swift, que persistiam mesmo diante de uma situação tão complicada.
— Mas enquanto ele não se cansa, você está surtando. — ele começou a massagear os ombros dela. — Renda-se, Tay. Eu já fiz o que precisava ser feito. É melhor enfrentarmos isso logo.
Deixando o orgulho de lado, Taylor o encarou, permitindo que os ombros relaxassem.
— Dificilmente você agiria assim com a Lana. — provocou, sabendo que a esposa tinha um domínio incontestável sobre o marido.
— Eu aprendi a agir assim com ela. — ele lhe deu um beijo suave na testa, justo quando batidas firmes soaram na porta. — Nos entendemos muito bem.
Joseph abriu a porta e Taylor fez uma nota mental de que nunca havia estado tão surpresa numa mesma madrugada. Ali estavam aqueles olhos azuis, novamente com uma expressão de espanto, fixos no casal que se postava à sua frente. Era um olhar ao mesmo tempo frio e minucioso, enquanto Joseph os convidava a entrar.
A mulher à frente parecia um anjo, com seus 1,65 metros e uma beleza capaz de levar qualquer homem ao céu ou ao inferno. Seu corpo petite era acentuado por curvas perfeitas, os olhos brilhantes e o cabelo loiro, sedoso, caindo em ondas suaves até a metade das costas. Sua pele alva e delicada contrastava com um blazer preto de corte moderno, que combinava perfeitamente com a calça de couro e as botas de cano curto, tudo na mesma tonalidade.
Ao lado dela, o homem parecia ter o dobro de seu tamanho, devido ao porte robusto e à altura bem acima de 1,90 cm. Os cabelos cor de mel e lisos, levemente despenteados, conferiam-lhe um charme peculiar, acentuado por alguns fios grisalhos nas laterais.
Taylor sabia, no entanto, que ele não passava dos 35 anos, assim como seu chefe. Seus olhos eram uma mistura acinzentada de verde musgo e caramelo, o maxilar forte e o rosto másculo lhe davam uma atratividade inegável. O peitoral bem definido se delineava sob a camisa de alfaiataria de Tom Ford, enquanto as pernas robustas estavam vestidas com jeans esporte fino, complementadas pelos amplos ombros cobertos por uma jaqueta de couro preta.
O olhar do homem era gélido, mas Taylor podia jurar que um meio sorriso se formou em seus lábios quando se deu conta de que ela estava o observando por tempo demais.
Quando seus olhares se encontraram, um leve rubor tomou conta de suas bochechas.
— Senhor Kent. — a loira foi a primeira a falar, um sorriso divertido nos lábios ao notar o olhar atento de Taylor sobre seu parceiro. — Imagino que já lhe tenhamos dado tempo suficiente para convencê-la.
Taylor lançou um olhar fulminante para Joseph. Ele havia mencionado que estaria em contato com a polícia, mas não que já os tivesse ali. Ignorando a repreensão silenciosa da artista, Joseph se afastou, permitindo que a dupla se apresentasse.
— Sou a detetive Haim e este é meu parceiro, detetive Kelce. — a loira estendeu a mão para Taylor, que, visivelmente desconfortável, aceitou o cumprimento.
— Imagino que você já tenha ouvido falar de Travis Kelce, Taylor. — Joseph deu um tapinha no ombro do detetive. — Nós estudamos juntos em Harvard. Naquela época, ele era apenas o garanhão de Nova York, um dos jovens mais ricos e cobiçados do país. Mas hoje ele também é considerado o melhor detetive da América. Você está em boas mãos.
Joseph sorriu para o velho amigo, enquanto Travis apenas observava as feições intrigadas de Taylor.
Taylor, obviamente, conhecia Travis Kelce. Seja por seus relacionamentos com celebridades ou por sua posição notável na lista da Forbes. A alta sociedade sempre comentava sobre o herdeiro Kelce, sua juventude rebelde e a surpreendente decisão de abrir mão da gestão das empresas da família para se dedicar à polícia, ao invés de montar uma agência particular de prestígio.
E, apesar de ser um dos melhores partidos da América, suas relações amorosas nunca duravam muito.
Ela se lembrava de tê-lo encontrado em eventos beneficentes algumas vezes. Na última, ele ainda namorava a modelo Bella Hadid, e na anterior estava envolvido com a atriz Charlize Theron.
— Como vai, detetive Kelce? — Taylor estendeu a mão para cumprimentá-lo, mas se surpreendeu quando ele, em um gesto cortês, a beijou na mão, sem desviar o olhar.
O gesto provocou um frio na barriga da apresentadora.
— Pode nos contar o que está acontecendo, senhorita Swift? — A detetive Haim interveio, salvando Taylor de uma leve desconcentração provocada pela presença de Travis.
Voltando a atenção para a outra loira, Taylor sentiu um calor estranho ao perceber o olhar de Travis fixo sobre si. Apesar de sua aura sedutora, a postura impassível dele emanava uma certa insolência que a incomodava.
Um tanto relutante, ela começou a relatar os telefonemas e os presentes, expressando sua insatisfação com a presença da polícia, reiterando que, para ela, tudo aquilo não passava de uma brincadeira de alguém que queria divertimento a suas custas.
Os detetives a ouviram em silêncio, apenas trocando um olhar cúmplice que fez Taylor concluir que eram bastante íntimos.
— As ligações foram gravadas? — o detetive Kelce se voltou para Joseph, que confirmou, explicando que apenas não tinham o registro da última chamada recebida por Taylor em casa. — Mostre os arquivos à detetive Haim, Kent. Enquanto isso, vou fazer algumas perguntas para a senhorita.
Joseph pegou os embrulhos com os 'presentes' enviados a Taylor e saiu acompanhado da loira, mentalmente desejando sorte ao amigo de longa data para lidar com sua estrela.
Travis apoiou-se na borda de uma mesa e cruzou os braços, avaliando a princesa da comunicação de cima a baixo. Uma mulher espetacular, ele reconheceu, antes de mais nada.
Taylor, por sua vez, cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, incomodada com a avaliação direta do homem. Se ele estava se considerando sua próxima conquista ilustre, melhor seria se ele não se empolgasse.
Definitivamente, ele não era o tipo de homem com o qual ela se envolvia — embora, na verdade, estivesse afastada de qualquer relacionamento há quase dois anos.
— Algum problema com o meu figurino, detetive? — questionou ela, com sarcasmo, notando o olhar de Travis sobre suas pernas expostas pelo vestido rosa, justo, mas não tão curto. — Espero que não seja um aditivo para o caso.
— Ao comparar a imagem que tinha de você na TV e nas revistas com a realidade que se desenrola diante de meus olhos… — ele a respondeu e a profundidade de sua voz grave fez Taylor se remexer por dentro. — Acabei por perceber que você não é exatamente como eu imaginava.
A provocação saiu de sua boca com naturalidade, despertando em Taylor uma mistura de curiosidade e irritação. Ela não se atreveu a perguntar a ele o que o detetive esperava, assim como ele não se inclinaria a dar explicações.
Contudo, a verdade era que ela era muito mais do que Travis lembrava. Mesmo tendo estado presente em alguns eventos, ele nunca teve a oportunidade de se aproximar da famosa Princesa da Comunicação. Estavam em esferas diferentes de atenção, apesar do detetive nutrir uma admiração secreta por ela.
— Não me importo muito com suas expectativas, apenas gostaria que você fizesse seu trabalho. — ela afirmou, com a sua irritação evidente em cada palavra.
O detetive, por outro lado, parecia se sentir satisfeito com aquela tensão. Ele se acomodou no sofá do camarim com a desinibição de um homem que não levava seu ofício a sério, o que a loira achou extremamente inconveniente.
— Certo, princesa.
O tom com que ele a chamou parecia, de certa forma, desdenhoso e provocativo. Com isso, a irritação de Taylor aumentava e ela já estava mais do que disposta a fazer Joseph pagar por essa experiência desagradável.
— Há quanto tempo você está em Nova York? — ele indagou, começando suas anotações enquanto ela respondia com má vontade.
— Um ano e alguns dias.
— Você fez algum inimigo?
— Apenas um vendedor de enciclopédias. — o tom escapou um tanto quanto zombeteiro, mas ela parecia estar sendo sincera. — Fechei a porta na cara dele depois de dizer repetidamente que não estava interessada em comprar nada.
Travis observou Taylor, que enrolava distraidamente uma mecha de cabelo com os dedos, tentando esconder a aflição interna. No entanto, sua experiência permitiu que ele interpretasse esse gesto como um sinal de concentração.
— Você terminou algum relacionamento recentemente? — o detetive volta as perguntas.
— Não! — Ela revirou os olhos.
— Está namorando?
Os olhos azuis dela brilharam com intensidade. A situação já estava se tornando absurda.
— Tem certeza de que você é um detetive? — a loira pergunta com desdém. — Ou está apenas disfarçado de algum jornalista da People*?
Travis se ajustou no sofá, como um tigre avaliando sua presa. Seu olhar penetrante e a postura confiante intimidaram a apresentadora, que sentiu as palmas das mãos suarem.
Meu Deus, mas que homem…
Taylor!
Ela repreendeu o próprio pensamento, fazendo uma prece silenciosa em busca de não ter expressado aquilo em voz alta.
— Senhorita, isso não é pessoal. É o meu trabalho. — ele tentou se explicar. — Ciúmes e rejeição são motivações poderosas para este tipo de situação.
Se ele soubesse da sua recente abstinência emocional e sexual, certamente não começaria a trabalhar com essa hipótese, pensou a loira. No entanto, ela não revelaria a ele seu fracasso na vida amorosa.
— Não estou envolvida com ninguém no momento. — disse ela, encolhendo os ombros.
— Não é o que as revistas dizem. — ele revidou, claramente se divertindo em provocar sua fúria.
Travis sabia o quanto a imprensa poderia ser cruel; era consciente das muitas mentiras que eram publicadas sobre celebridades e membros da alta sociedade.
— Mas, ao menos, fico feliz em saber que tenho lido apenas boatos. — ele a concedeu um meio sorriso, típico de um playboy sedutor.
— É melhor você saber se colocar em seu lugar, detetive. — Taylor respondeu, firmando sua posição.
— O que lhe faz pensar que estou saindo do meu lugar? — o homem torna a perguntar, tentando demonstrar indiferença para frustrar a dedução repentina de Taylor.
Mesmo que não fosse uma cantada, a observação lhe agradou de certo modo.
— Vou precisar de uma lista com os nomes dos homens com quem se envolveu no último ano. — o detetive se ajusta, transparecendo um pouco mais de seriedade. — Não necessariamente relacionamentos sérios, mas qualquer conexão pessoal.
— Não me envolvi com ninguém nesse período. — Taylor afirmou de imediato, notando a expressão de espanto e incredulidade no olhar de Travis. — Ou melhor, não quis me envolver.
— Talvez alguém tenha outra visão. — afirmou ele. — Nem sempre a outra pessoa precisa de reciprocidade para desejar ou fantasiar uma relação.
— Se esse for o caso, será preciso interrogar milhares de espectadores, não apenas de Nova York, mas de toda a América. — a apresentadora o encarou, exausta. Depor sobre aquilo era pior do que qualquer coisa que ela pudesse imaginar. — Apenas entenda que eu não fiz mal a ninguém, absolutamente ninguém, para ser vítima desse tipo de brincadeira.
E pela primeira vez, imerso naqueles lindos olhos azuis, Travis enxergou o seu medo.
— Eu tenho certeza que você não fez. — ele a mirou com compreensão, o que foi suficiente para que ela abandonasse sua postura defensiva e relaxasse os ombros.
Travis a estudou em silêncio por longos segundos e a forma como ela parecia desnuda diante dele a fazia se sentir nervosa e estranhamente excitada.
"Porque esse homem parece tão tentador?" Ela pensou, junto da intensidade do olhar entre eles, que era palpável.
Ele rapidamente percebeu que Taylor era uma mulher valente. Apesar de impactada pelo que havia acontecido, ela se mostrava firme, sem histeria ou desespero. Qualquer outra celebridade que conhecera, e ele já havia conhecido muitas, provavelmente estaria tentando envolver o FBI. Mas ela estava ali, enfrentando tudo sozinha, desconfortável até mesmo com a presença dos detetives.
Involuntariamente, ele sentiu a vontade de tocar aquele queixo delicado, acariciando levemente sua pele sedosa, enquanto a tranquilizava, dizendo que tudo acabaria bem. Não sabia o porquê, mas sentia-se perdido na profundidade daqueles olhos azuis vibrantes.
Contudo, ele sabia que ela provavelmente morderia sua mão ou, na melhor das hipóteses, o arranharia. Taylor parecia simpática, carismática e educada, e verdadeiramente era, mas por trás daquele rosto angelical havia uma mulher feroz e arisca, algo que ele podia sentir em seu olhar.
— Não quero tomar mais o seu tempo hoje, princesa. — ele se levantou, percebendo que sua mente começava a divagar. — Apenas quero que pense em uma coisa: qualquer evento estranho ocorrido no último ano pode ser relevante para encontrarmos nosso vingador psicótico.
Agora, sua voz era firme e profissional, e Taylor curiosamente sentiu falta da gentileza que ele havia demonstrado momentos antes.
— Não é muito por agora, mas começaremos o trabalho assim. — o homem indicou, ainda mantendo seu olhar preso ao dela. — Homens estranhos usam modificadores de voz, então não podemos assumir que seja um homem de verdade.
— Eu entendo como funciona o trabalho da polícia. — ela concordou e uma pitada de amargura em sua voz despertou a curiosidade de Travis, mas ele sabia que não era o momento de se aprofundar nisso.
— Certo, você está dispensada por hoje, senhorita. — ele a libertou da pressão de sua companhia, mas Taylor não se sentia livre como queria. — Amanhã a detetive Haim e eu iremos até você para discutir a análise das gravações.
— Ótimo! Agora vou conviver com policiais. — ela fez uma careta birrenta que quase arrancou um sorriso de Travis. — E ainda tem um detetive que acha que é meu chefe, como se meu camarim fosse uma extensão da delegacia!
Ela o desafiou com o olhar e a mente de Travis quase deu uma volta completa. Tão bonita, tão doce e tão feroz. Aquela combinação era quase irresistível.
— Acredito que uma boa noite de sono lhe faria bem. — ele tentou ser um pouco teatral e isso foi o suficiente para que Taylor decidisse que ir para casa era uma ótima ideia. — Você parece cansada, embora isso não tenha afetado sua beleza.
Ele estava certo. Ela precisava fugir dali. Mais um minuto ao lado de Kelce e ela não teria ideia do que poderia acontecer.
Apanhando a bolsa e o casaco, deixou o camarim enquanto ele gentilmente abria a porta para ela passar.
"Um detetive playboy, eu mereço!" Refletiu a loira, enquanto caminhavam lado a lado em silêncio pelos corredores do estúdio, até encontrarem Joseph e a detetive Haim.
Trocaram poucas palavras sobre o início das investigações e seguiram juntos para o estacionamento, onde Taylor e Joseph foram os primeiros a sair. Assim que ficaram a sós, Este Haim pôde finalmente conversar abertamente com Travis.
— Então, Travis, o que acha do caso? — Haim pergunta com certa ganância.
— Ela é teimosa, arisca e cheia de personalidade. Atraente e perigosa, parece uma rosa espinhosa. — ele respondeu, encarando a parceira que já estava sentada no banco do carona, antes de dar a partida no carro. — Um caso desafiador.
— Eu não estava perguntando sobre a vítima, Travis. — a parceira sorriu, certa de que aquilo poderia não terminar bem.
— A voz é só de mais algum maníaco do qual já estamos acostumados a lidar, vamos concluir isso rápido. Mas seja sincera… — ele acelerou o carro. — Há algo de mais interessante do que Taylor Swift nesse caso?
Então, a parceira sorriu outra vez, desaprovando a atitude de Kelce que era um galanteador sem tamanho, certo de que aquela atração complicaria pontos importantes em sua investigação. Porém, como o amigo era, acima de tudo, solteiro e um adulto, ela não podia se meter em sua vida pessoal, então somente desejou que, ao menos, ele estivesse certo do que estava fazendo.
E, para a total ou não surpresa dela, ele não sabia de nada.
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Pensando bem, ser ameaçada por um psicopata tendo um detetive desses pra dar apoio não é tão ruim assim né...🫦
Quero dizer, que situação difícil pra Taylor, nossa. Vamos desejar forças para a mana, acho que ela vai precisar, em muitos sentidos🙏🏼
Obrigada por ter lido até aqui! Vejo vocês em breve com mais um capítulo, espero que tenham gostado! Um beijo, se cuidem!
Atenciosamente, com amor, Luna. 🖤
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