Capítulo 15 - Crimes do Desejo
Já passava das oito quando Alessa acordou na manhã de terça- feira. Tarde, considerando-se que ela sempre se levantava antes das sete, sem precisar de despertador. Porém chegara em casa depois de meia-noite e só fora dormir à uma.
Voltando do encontro com Beto, pensara muito, sem saber se devia ou não contar a Damon o que descobrira. Acabara por decidir que não diria nada. Afastou as cobertas sorrindo, recebendo o novo dia com satisfação, algo que não acontecia nos últimos tempos. Tomou uma ducha rápida, cantarolando, e às nove horas estava pronta para o encontro com Vina. Maria e Diná carregavam lençóis limpos para cima quando ela desceu as escadas.
— Bom dia! O sr. Carter já tomou o café da manhã? — Perguntou.
— Sim, depois disse à srta. Zelda que ia dar uma olhada nos muros da propriedade. — Explicou Diná com timidez.
— Obrigada.
Olhou para o relógio. Àquela hora, Zelda devia estar com Ronny no salão de ginástica.
Comeu torradas com café na cozinha, enquanto discutia cardápios com Maria. Vina foi pontual, como sempre, mas na biblioteca, observando-a tirar algumas roupas das sacolas, Alessa notou que a secretária parecia muito cansada. Porém nada comentou.
— Zelda ficará linda com este vestido! — Declarou, pegando um traje de cetim cor perolado. Olhou para a peça que Vina segurava na frente do corpo. — Mas também gosto desse azul cobalto.
Vina correu os dedos pelo vestido longo e justo, marfim, pendurado nas costas de uma cadeira.
— Pensei que esse marfim ficaria bem para a cerimônia de entrega dos prêmios. Zelda tem o corpo certo.
— Não!... — Respondeu Alessa quase rispidamente. — Gosto mais deste de cetim perolado. É de uma elegância simples que deixará Zelda ainda mais linda. Deve usá-lo com brincos de diamante e gargantilha igual.
— Pensei em Zelda, ao trazê-lo.
— Deixe este e o azul cobalto de tafetá, sim? Ela pode usá-lo num jantar mais elegante, caso surja.
— Claro... — Concordou a secretária, começando a dobrar o vestido branco para guardá-lo na sacola. — Ai! Droga! — Exclamou, sacudindo a mão.
— O que foi?
— Prendi o dedo no zíper.
— O que há com você, hoje, Vina? Parece nervosa. Não dormiu bem?
— Fiquei na loja até duas da madrugada fazendo um balanço do estoque. Ter um segundo emprego está me custando muito, além disso, estou fazendo faculdade em dias alternados.
— Então está explicado. — Alessa ergueu o vestido de cetim.
— Qual o preço deste?
— Para você, seiscentos e cinquenta reais. Fora as joias é claro.
Alessa gemeu e anotou o preço num bloco sobre a escrivaninha. Tornou a olhar para a secretária, que continuava calada.
— Como vão indo as coisas com Erasmo?
— Que Erasmo?
— Oh, vejo que não vão bem.
— Já terminamos tudo. E prefiro que não o mencione perto de mim.
— Há alguma possibilidade de você e Liam reatarem?
Vina riu com amargura e colocou o vestido cuidadosamente na sacola.
— Ele nem fala comigo. Fui uma idiota, Alessa, mas que adianta chorar sobre o leite derramado? Não é mesmo?... — Fez uma pausa. — Quando decidirem com que vestido Zelda vai ficar, avise-me para que eu possa trazer uma bolsa de noite que combine. Terei que verificar os sapatos e demais acessórios também. Sabe quantos dias de gravação e eventos ela vai participar?
Instantes depois Alessa estava sozinha novamente. Analisou a situação da secretária, sentindo pena. Mais um coração partido por Erasmo, o cara estava começando a despontar como uma possível revelação no meio artístico e em breve poderia estourar como revelação dentro do cenário brasileiro. O toque do telefone tirou-a dos pensamentos. Era o guarda do portão. Um detetive da polícia pedia para entrar e falar com Zelda. Alessa disse ao guarda para deixá-lo passar e foi esperar na porta da frente.
Um carro parou na alameda que rodeava o lago e uma mulher de meia-idade desceu, encaminhando-se ao encontro dela.
Alessa examinou-lhe o rosto sério.
— Em que posso ajudá-la?
— Srta. Zelda Cristina Abdala?
A detetive não devia ter entrado num cinema pelo menos durante um quarto de século, para confundi-la com a famosa estrela.
— Sou Alessa Lovari, auxiliar e assistente pessoal da srta. Abdala. Posso perguntar por que deseja vê-la?
Ela tirou uma carteira de identificação do bolso e mostrou a ela.
— Sou da polícia. Detetive Carmem Morinette.
— Sim, mas o que deseja? — Perguntou Alessa lutando para dominar o mal-estar.
— Preciso falar com Zelda Cristina Abdala.
— Está bem. Entre, por favor.
Deixou-a no salão e dirigiu-se à sala de ginástica. No momento em que as duas mulheres cruzavam o pequeno vestíbulo que levava ao salão, Damon entrava pela porta da frente. Alessa explicou que uma detetive da polícia civil desejava falar com Zelda e ele as acompanhou. No salão, dirigiu-se para a mulher, estendendo a mão.
— Damon Carter Filho... — Apresentou-se. — Quer falar com a srta. Abdala? Algum problema?
A detetive apertou-lhe a mão e olhou diretamente para a atriz.
— Srta. Zelda Cristina Abdala?
— Sim... — Respondeu ela, retirando a faixa que lhe prendia os cabelos.
— Onde esteve, das onze à uma, na noite passada?
— Estava em casa. Na cama. Por quê?
— Pode provar?
— Talvez a srta. Abdala deva falar com seu advogado antes de responder às suas perguntas detetive Morinette. — Aparteou Damon.
— É da família? — Morinette perguntou.
— Um amigo. O que se passa, afinal?
— Por enquanto, é apenas uma investigação.
— E o que está investigando? — Perguntou Alessa.
A detetive olhou os rostos a sua volta, detendo o olhar em Zelda.
— A morte do ex-senador Sérgio Ferraz.
As duas mulheres soltaram uma exclamação, atônitas.
— Como foi que ele morreu? — Quis saber Alessa.
— Um vizinho encontrou-o morto, esta manhã, no pátio de sua casa de praia.
— Sérgio morreu? — Murmurou Zelda, largando-se numa poltrona.
Alessa tremia, tendo a impressão de que seus joelhos haviam se transformado em gelatina. Vagarosamente, deixou-se cair em outra poltrona. Tinha as mãos geladas e os olhos ardiam. Quase podia ver seu mundo espatifando-se ao redor.
— O que isso tem a ver com a srta. Abdala? — Perguntou Damon, pousando uma das mãos no ombro de Alessa.
— O mesmo vizinho que encontrou o corpo disse que foi acordado por uma discussão na casa de Sérgio Ferraz e que depois viu uma mulher sair da casa e entrar num carro escuro, um Mercedes para ser mais correta, com as iniciais de Z.A gravadas na porta. De manhã foi reclamar do barulho e encontrou o cadáver. Parece que o homem caiu da sacada. Quando revistamos a casa, encontramos documentos sobre as finanças de Srta. Zelda Abdala espalhados por todos os cômodos. Não sabemos como esses documentos foram parar em poder do senhor Sérgio Ferraz. Já que o contador da srta. afirmou em depoimento que jamais permitiu que Ferraz tivesse acesso a tais documentos. Damon notou a palidez mortal que cobria o rosto de Alessa.
— Foi acidente? — Perguntou.
— O homem estava encharcado de álcool até a quinta geração, pode ter caído sozinho, mas não sabemos. Vamos ter certeza depois do laudo do IML sair. — A detetive fixou os olhos em Zelda.
— Esteve na casa do ex-senador Sérgio Ferraz ontem à noite, srta. Abdala?
Alessa saltou da poltrona.
— Eu estive lá! Fui com o carro da Zelda.
A atriz olhou-a espantada.
— Foi lá? Por quê?
— Assuntos de negócio.
— No meio da noite? — Perguntou a detetive.
Alessa ia responder, mas Damon a impediu.
— Não precisa responder nada antes de consultar um advogado.
A detetive policial lançou-lhe um olhar aborrecido.
— Não... — Disse Alessa. — Não preciso de advogado.
— É apenas uma investigação de rotina. — Repetiu Morinette. — Não estamos acusando ninguém, por enquanto. — Olhou para Alessa. — Gostaria que me acompanhasse à delegacia local para prestar depoimento, srta. Lavori. Se o sr. Carter concordar.
— Vou junto!... — Declarou Damon.
— Tal pai, tal filho... Resmungou a detetive revirando os olhos e fazendo Damon sorrir discretamente.
Ele sabia que havia reconhecido a detetive, apenas não se recordava da onde.
Zelda colocou-se de pé.
— Eu também vou.
— Não, por favor... — Pediu Alessa. — Volte para a sua ginástica. Vá dizer a Ronny o que aconteceu.
Damon foi em seu carro, com Alessa, seguindo o automóvel da polícia.
— Alessa, não diga nada sem estar na presença de um advogado... Essa história está muito estranha e todo cuidado é pouco nesses casos. — Alertou-a mais uma vez.
— Mas por quê? Não tenho nada a esconder. Quando saí da casa do Ferraz ele estava bem vivo e muito bem... Eu digo, que ele estava até bastante feliz.
— O que você foi fazer lá, afinal?
— Queria perguntar o que ele queria investigando as finanças de Zelda e o por que dele ter pagando um dos funcionários para retirar a pasta, a mesma que não achamos no escritório de contabilidade.
— A mesma que a polícia encontrou na casa dele.
Damon estava ficando furioso, mas tentava controlar-se para não piorar a situação.
— Onde estava com a cabeça para confrontar-se com ele? — Repreendeu-a. — Podia ser perigoso. Descobriu por que ele levou a pasta para casa? E andou investigando a vida de Zelda.
— Na conta dela faltavam duzentos e cinquenta mil reais, mas ele repusera o dinheiro e queria acertar os registros. Ele estava abalado, havia descoberto o jogo sujo do Beco, sabe de tomar ações emprestadas não estava dando certo desta vez, porque elas subiram de preço em vez de abaixar. Beto havia perdido quarenta mil reais numa semana ao ter de comprar as ações de volta e devolvê-las ao corretor. Beco havia devolvido pelo menos a metade do dinheiro. Foi isso que o Sérgio Ferraz me havia revelado.
— Ele sabia onde o Beco havia conseguido o dinheiro?
— Metade ele tinha e a outra... Mas quanto a isso, ele não quis me dizer nada.
— Conseguiu fazendo chantagem com você ou com outras pessoas.
— Sim, mas prometeu que devolveria o dinheiro assim que pudesse. Assim foi o que confidenciou ao Ferraz.
Damon sentiu-se ainda mais apreensivo ao ouvir aquelas revelações. Se a polícia descobrisse sobre a chantagem e provasse que Sérgio Ferraz não morrera por acidente, também chegaria à conclusão de que Alessa tinha motivo para matá-lo e que agira ao surgir a oportunidade. Não era difícil atirar um homem embriagado por cima da grade de uma sacada.
Pelo que a detetive havia falado Beco tinha um excelente álibi, estava num jantar de negócios com mais de trinta pessoas no centro comercial. Ele ele havia apenas revelado que o ex-senador tinha um interesse estranho pela atriz Zelda Abdala.
Afagou a mão de Alessa.
— Como foi que o Sérgio Ferraz soube do segredo de Zelda?
— Não perguntei!... — Ela mentiu.
Damon olhou-a desconfiado.
— Não? Por quê?
— Estávamos ambos muito perturbados.
— Imagino. Até o vizinho ouviu a altercação.
— Não discutimos.
— Quem atirou os papéis de Zelda pela casa?
— Estavam sobre a mesa quando eu saí.
— Sabe a que horas exatamente saiu de lá?
— Não, mas já era mais de meia-noite quando cheguei em casa.
— Quanto tempo leva para ir da casa do Sérgio Ferraz à de Zelda?
— Com pouco trânsito, umas duas horas.
— Então saiu de lá por volta das dez da noite. É verdade que não discutiram?
— Bem, um pouco... — Ela admitiu. — Mas Sérgio jurou que jamais revelaria o segredo de Zelda a ninguém e eu confie nele. — Alessa baixou o tom de voz. — Confiava.
Confiança. Damon desejava confiar em Alessa, naquele momento mais que em qualquer outro, mas sentia que ela estava escondendo alguma coisa.
— Escute, Alessa, não sabemos o que nos espera. Se a morte de Sérgio Ferraz foi acidental, não há o que temer, mas se não foi... — Fez uma pausa. — Não acha que devia contar a Zelda o que se passa? Ela não é tão fraca e indefesa como você acredita. E poderá até dar-lhe apoio.
Ela ficou apavorada com a ideia de precisar revelar a Zelda a chantagem de Beco e que o Sérgio Ferraz estava comprando o silêncio dele, além é claro, de ajudar a pagar as suas dívidas a muitos anos.
Fantasmas do passado ressurgiriam e sua mãe não seria capaz de esconjurá-los.
— Não há motivo para preocupar Zelda, Damon. E como não haverá mais chantagem, também não preciso mais de um detetive particular. Quando voltarmos para casa eu o pagarei e você poderá retornar a sua vida normal.
As palavras atingiram-no como um golpe no estômago.
— É isso mesmo o que você quer, Alessa?
Ela sentiu-se desesperada e precisou de todas as suas forças para não chorar.
— Não se trata de querer. É uma questão de prioridade e mais uma vez Zelda vem em primeiro lugar nas minhas preocupações.
— E eu? Em que lugar estou na sua lista?
Ela não respondeu. Continuou sentada rigidamente, enterrando os dedos na bolsa de couro macio.
Damon silenciou e continuou a seguir o carro da polícia até chegarem à área de estacionamento ao lado da delegacia. Desligou o motor e encarou-a.
— Bem, já que não estou mais a seu serviço, o conselho que vou lhe dar é grátis. Quando tiver tempo, faça um exame em sua vida, Alessa Lovari. Algum dia você pode despertar e descobrir que se encontra totalmente sozinha.
Com o coração disparado e as lágrimas retidas ardendo nos olhos, ela virou o rosto.
— Há coisa piores que isso, Damon.
Contrariando a vontade de Damon, Alessa prestou depoimento sem a presença de um advogado. Ao sair do gabinete da delegada, parecia mais arrasada que antes. Damon apressou-se em tirá-la daquele ambiente, sugerindo que fossem tomar café em algum lugar.
Desejando respirar mais livremente, ela levou-o a um restaurante com mesas no pátio, perto da delegacia mesmo. Sentaram-se a uma mesa protegida por guarda-sol, ao lado do chafariz, e ele pediu dois cafés expressos. Enquanto esperavam, Damon observou a expressão desesperada que tomava conta do rosto de camafeu.
— Desculpe pelo que eu lhe falei no carro, Alessa. Não tenho o direito de dizer como deve dirigir sua vida.
— Fico feliz por saber que gosta de mim o suficiente para preocupar-se com meu bem-estar, Damon.
Ele queria dizer que se preocupava muito mais do que aparentava, mas estava claro que Alessa o queria fora de sua vida. E não podia culpá-la. Seu modo de viver estava muito acima do dele. Era um simples detetive particular que nem sabia como funcionava o mercado de ações e Alessa provavelmente lidava com mais dinheiro em um único mês do que ele num ano.
Ela tomou um longo gole de café, assim que foi servido. Quando pousou a xícara no pires, sua mão tremia.
— Damon, obrigada pelo apoio e ajuda que tem me dado.
— Ajuda? Foi você mesma quem descobriu o chantagista e resolveu todo o caso a sua maneira.
— Não se subestime. Reconheço que o coloquei diante de uma tarefa impossível. Não o ajudei em nada com minha reserva e peço que me desculpe.
— Estou contente porque você está livre do chantagista, Alessa. E assim que a polícia deslindar esse caso da morte de Sérgio Ferraz, você poderá voltar à sua vida normal.
— Normal?... — Repetiu ela em tom irônico. — Minha vida nunca foi normal. Nem a de Zelda.
— Bem, pelo menos vocês se gostam. De certa forma acredito que ela seja uma espécie de mãe para você.
Ela fitou-o rapidamente e desviou o olhar rapidamente.
— Sim... — Disse baixinho. — Uma mãe. Você tem pai, Damon, então pode entender minha preocupação com Zelda.
— Não posso, não. Eu não me preocupo com Carter.
— Mas ele é seu pai!
— Isso não me transforma em seu anjo guardião. Ele segue seu caminho e eu o meu. MInha fase de interferir na vida dele e de minha mãe só trouxe mais dissabores a nossa família. Aprendi a duras penas que antes deles serem meus pais, são um homem e uma mulher que erram como qualquer ser humano e eu pedir uma perfeição é a mais pua burrice!...
— Bem, se age assim com seu próprio pai, é compreensível que não entenda minha dedicação a Zelda. — Alessa explodiu, cedendo à tensão e não compreendendo o jeito de Damon.
— Não sou nenhum monstro. Apenas acredito que as pessoas gostam de ser independentes. Eu gosto, e meu pai também. E minha mãe mas ainda...
— Isso é indiferença.
— Indiferença? Por que o meu relacionamento com Carter a perturba tanto, Alessa?
— Quem disse isso?
— Então por que fica me agredindo?
— Essa atitude em relação a seu pai revela algo de sua personalidade. Você não é muito sensível.
— O que quer que eu diga? Que adoro meu pai? Que morro de preocupação com ele? Seria tudo mentira. Meu pai sempre soube se cuidar melhor que eu!...
Incapaz de continuar discutindo, Alessa acabou de tomar o café e levantou-se.
— Acho melhor eu voltar para casa, antes que Zelda tenha um ataque de nervos.
A viagem de volta foi feita em silêncio. Quando chegaram em casa, Zelda e Ronny foram ao encontro deles, na porta.
— Está em alguma encrenca, Alessa? — Perguntou Ronny a queima roupa.
— Não. Falei com Sérgio Ferraz ontem à noite, mas ele estava vivo quando saí de sua casa. E bastante feliz também!... Se começou a beber depois e caiu da sacada, sinto muito, mas não tenho nada com isso.
— Ele não estava bebendo enquanto você ficou lá? — Damon quis saber.
— Não.
— Quem vai cuidar do funeral dele? — Indagou Zelda de olhos arregalados.
— Seus familiares e talvez alguns assessores, me disseram que haviam o seu assistente pessoal, Francisco e está vindo do Mato Grosso.
— O corpo será liberado apenas depois da autópsia. — Observou Ronny, não escondendo o nervosismo.
— Que será efetuada hoje à tarde. Caso seja um infeliz acidente. — Esclareceu Alessa. — Por que não falamos de algo menos mórbido?
— Tem razão!... — Zelda apoiou. — Que tal jantarmos fora?
— Damon vai voltar a capital.
— Precisa ir embora hoje, Damon? — Perguntou Ronny, surpreendendo Alessa. — Podia jantar com a gente e partir amanhã.
Alessa percebeu que esperava a resposta de Damon com o coração em tumulto.
Detestava a ideia de vê-lo sair de sua vida, mesmo depois das palavras ásperas trocadas enquanto tomavam café.
Damon encarou Ronny e viu uma expressão estranha nos olhos do outro homem. De súplica e medo.
— Está bem. Ficarei.
Nenhum dos quatro comentou os tristes acontecimentos do dia, nem durante a curta viagem até o restaurante, ao sul do arraial do Cabo, nem durante o jantar. Alessa procurou divertir-se, mas não podia deixar de pensar que no dia seguinte Damon iria embora. E seria fim de outro breve capítulo de sua vida. Assim que retornaram à mansão, Zelda subiu para os seus aposentos e Ronny retirou-se para o apartamento.
— Parece que nos abandonaram... — Observou Damon, caminhando com Alessa ao longo da piscina.
— Para mim está tudo bem. Gosto da paz e do silêncio.
— Deve ser gostoso nadar a esta hora.
Ela olhou pensativamente para a escuridão do céu, lembrando-se da noite na capital. No dia seguinte, os momentos que estavam vivendo também não passariam de lembranças. Encarou-o com um sorriso.
— Quer experimentar? No vestiário há roupas de banho de todos os tamanhos e cores. Zelda sempre deixa tudo organizado caso algum amigo chegue de surpresa ou ela mesma faça uma de suas festas loucas.
Ele a olhou longamente e chegou mais perto.
— Alessa, vou sentir falta de você.
— Não mais que eu de você. — Respondeu ela com sinceridade. — Vou me trocar. Também quero nadar um pouco.
Ele seguiu-a com os olhos, vendo-a desaparecer no interior da casa. Depois dirigiu-se ao vestiário. Quando saiu não viu Alessa. Jogou o roupão que carregava numa cadeira e mergulhou. Nadou por baixo da água até o centro da piscina e voltou à tona, sacudindo a cabeça. Foi então que a avistou, descendo os degraus que levavam à casa. Usava maiô branco, que marcava todas as curvas de seu corpo adorável. Os quadris eram redondos e firmes. As pernas, longas. Movia-se com a mesma graça de Zelda e parecia-se bastante com ela, naquele momento, à luz do luar.
Isso o deixou fascinado e bastante intrigado.
"Fascinado", essa era aa palavra correta para aquele momento. Damon observou-a subir no trampolim e chegar à ponta. Ela fez uma pausa e então colocou as mãos nos quadris. Executou um mergulho perfeito e quando emergiu cortou a água com movimentos suaves e precisos. Sem poder conter-se, Damon prendeu-a pela cintura, quando ela passou perto. Instintivamente, Alessa segurou-se em seus ombros. Os seios esmagaram-se contra o peito poderoso, fazendo-a estremecer com as sensações deliciosas que lhe percorriam o corpo. Deixou as mãos subirem para o pescoço forte, sabendo que não podia mais controlar o que sentia por Damon Carter. Reconhecer tal coisa foi extasiante e assustador. Abafando todas as dúvidas e receios, juntou os lábios aos dele, num beijo quase violento em sua urgência faminta.
3425 Palavras
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