Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 13 - Crimes do Desejo

— Tem ideia do que aconteceu? — perguntou Damon a Ronny, que se enxugava vigorosamente na beira da piscina.

— Obviamente Zelda não é admiradora desse tal de senador Sérgio Ferraz. Não sei por quê. Ele é um bom homem, um dos mais populares, batalhadores e dedicados membros do Senado.

— Zelda conhece-o pessoalmente?

— Ela nunca o mencionou. Também jamais ouvi qualquer rumor a respeito dos dois. Como está indo sua investigação?

— Como um quebra-cabeça a que faltassem muitas peças.

— Acredita que as encontrará?

— Vou fazer o possível.

— Se eu puder ajudar, conte comigo! — Ofereceu Ronny preocupado.

— Vou ter de ficar alguns dias em São Paulo. Acha que será capaz de descobrir onde Eric conseguiu dinheiro para comprar a nova unidade móvel?

— O barman do clube de campo disse que Eric tomou dinheiro emprestado de Davi Miranda. Mas não temos como saber se isso é verdade.

— Davi Miranda? — Repetiu Damon, pensando no símbolo que vira no cartão de Eric, no escritório do consultor financeiro. — Emprestou vinte mil, assim tão facilmente a Eric?

— Eles têm negócios juntos.

— Que tipo de negócios?

Ronny sentou-se e colocou um dos pés em outra cadeira.

— Em seu ramo de trabalho Eric trava conhecimento com muitas mulheres. Com certeza também descobre muitos segredos. Sabe como é fofocas hoje em dia rendem uma boa grana.

— Ah, encaminha-as a Davi. Mas esse tipo de serviço vale vinte mil? Parece mais chantagem que empréstimo.

— Chantagem? Eric? Não. Morre de medo de ser questionado pela Receita Federal. Quase desmaia sempre que precisa preencher o formulário do imposto de renda. Como acha que correria o risco de ser interrogado pela polícia, por crime?

— Não sei, mas já vi a ganância dar coragem a muitos covardes.

Damon olhou para a casa, mais uma vez tentando adivinhar- o que deixara Zelda tão perturbada. ali tinha algo obscuro, um segredo bem grande e que poderia mudar muitas vidas. Damon infelizmente sentia isso. E o mesmo detestava quando tinha esses malditos pressentimentos.

Alessa leu o nome do médico no rótulo do frasco antes de esvaziar o conteúdo no vaso sanitário e dar a descarga. Depois foi para a sala íntima e encontrou Zelda torcendo as mãos e andando pelo aposento.

— Há quanto tempo o dr. Romeu Gomes vem receitando tranquilizantes para você? — Perguntou em tom calmo.

— Fui ao consultório dele quando estive na capital, eu e ele somos amigos de longa dada. Uma coisa leva a outra e ele me fez esse pequeno favor. Sabe pelos velhos tempos! — A atriz respondeu sem olhar para a filha.

— Pensei que já houvéssemos superado isso. Você simplesmente resolveu me esconder esse detalhe. O que imaginou? Que eu não descobriria que estava quebrando a nossa promessa?

Zelda virou-se para ela e fez um gesto de súplica com as mãos.

— Superamos, querida. Só pedi ao dr. Romeu... bem, fiquei com medo de precisar do tranquilizante. Por favor, Alessa, não fique zangada comigo. Eu não suportaria.

Lentamente, Alessa deixou-se cair na poltrona perto da lareira. Sua cabeça girava e ela desejava poder gritar com a mãe. Tinha pavor de que Zelda voltasse a ficar dependente de drogas controladas. Não sobreviveria a outro pesadelo igual ao de seis anos atrás.

Quase saltou quando sentiu a mão da mãe em seu ombro.

— Até agora só tomei duas pílulas, juro. Não as usarei mais. Eu só precisa me acalmar um pouco e eu nem as tomei com álcool.

Ouvindo as explicações infantis, olhou para o rosto triste da mulher. Sentiu-se novamente presa na armadilha de ser a protetora da própria mãe. Da mãe que a negligenciara nos anos da infância. Tinha oito anos e morava com os Lovari quando descobriu que sua mãe a escondera do mundo, que o casal que a criava não tinha parentesco com ela e que seu pai não estava morto. Concordara em guardar segredo dos fatos, o que delineara o caminho de suas vidas.

Os Lavari eram gente boa, mas apenas cuidavam dela. Não eram sua família. Alessa crescera achando que fizera algo de muito ruim para merecer ter uma vida tão diferente da das outras crianças que conhecia. Mas suportou tudo e chegou a acreditar que poderia viver normalmente. Até aquele Natal em que fora visitar a mãe famosa.

Naquele ano Alessa era caloura na universidade e matriculara-se no curso de Artes Plásticas. Com dezenove anos, via o futuro com entusiasmo, mas quando entrara na propriedade da grande estrela, passara para um mundo totalmente estranho.

Ficara chocada ao descobrir que Zelda era outra mulher nos seus domínios e que nada tinha a ver com a bonita dama de maneiras simples que a visitava duas vezes por ano na casa dos Lovari. Parecia possuída pelo desejo insaciável de preencher todos os momentos com frenética excitação. Dava festas que duravam a noite toda e fazia constantes viagens a capitais do país para gastar seu dinheiro com futilidades. Também gastava alucinadamente em jogos na Argentina e Paraguai, onde havia cassinos.

Ela tentara acompanhar a mãe, mas logo percebera que Zelda era infeliz e solitária, a despeito dos homens que sempre a rodeavam. Os homens, mais que a bebida e outros excessos, haviam sido o maior fator de desgosto para Alessa. Zelda escolhia como acompanhantes, homens bonitos, mas vazios e trocava-os com a facilidade com que trocava de roupa. Alessa achara que a mãe não resistiria muito tempo levando aquela vida desregrada. Tentara discutir o assunto com Zelda, mas não fora ouvida. Então tomara uma decisão.

Depois de uma longa conversa com seus pais adotivos, que também se preocupavam com as loucuras da atriz, voltara a cidade e desistira do curso de artes para ingressar no de administração de empresas. Com o único propósito de tornar-se uma auxiliar de Zelda Cristina Abdala.

Fora uma renúncia dolorosa deixar tudo o que planejara para a sua vida, inclusive o casamento com Caius. O que a sustentara fora a consciência de que tinha deveres com a mulher que lhe dera a vida e lhe proporcionara uma boa criação, mesmo a distância. Era sua vez de dar algo em troca. Se não conseguisse evitar que a mãe se arruinasse, pelo menos estaria ao lado dela quando os momentos difíceis chegassem.

— Sabe, querida... — Começou Zelda, arrancando-a das lembranças. —, Às vezes tenho a impressão de que você é a mãe e eu a filha. Não sei como me suporta, Alessa.

Irritada, Alessa levantou-se e foi para o outro lado da sala. Zelda seguiu-a com o olhar.

— Sabe que eu amo você, não é, meu bem? — Perguntou.

A filha encarou-a.

— Sim, eu sei.

— Apesar de todos os problemas, esses últimos dez anos têm sido maravilhosos porque você está comigo. Antes de morar comigo eu não me sentia mãe.

Alessa teve vontade de dizer que nunca se sentiria, mas calou-se. Recriminações eram inúteis. A mãe jamais mudaria. Era egocêntrica e dependente, mas amava a filha.

Ao seu modo, talvez, mas o sentimento era verdadeiro.

Zelda aproximou-se e estudou a expressão irritada de Alessa.

— Não sei como não me odeia. Imagino como deve ter ficado ressentida quando descobriu que tinha mãe, mas que precisava morar com Frida e Valdecir, em outro estado. Fiz força para acreditar que seria melhor deixá-la aos cuidados deles do que arrastá-la na vida que eu levava.

Alessa ergueu os olhos e viu sofrimento no rosto da mãe.

— O que passou, passou, Zelda. Não pense mais nisso.

— Gostaria de apagar as lembranças, Alessa, mas não consigo. Vivo me acusando e me sentindo culpada.

— Mãe, por favor, pare com isso. Você cometeu erros, eu também cometi. Ninguém é perfeito. O importante é aprender com os enganos e procurar não repeti-los mais.

— Sim, tem razão.

Alessa sorriu ligeiramente.

— Examinou as mudanças de roteiro que Harper resolveu fazer?

— Sim.

— Ótimo. Agora tente esquecer o que Damon disse. — Alessa deu-lhe um beijo no rosto e saiu do aposento, escondendo a preocupação.

Quando Damon voltou para o interior da casa, Maria disse-lhe que Alessa encontrava-se no ateliê, na extremidade do corredor do segundo andar. Ele subiu as escadas rapidamente e encontrou-a numa grande sala clara e arejada. Viu-a na frente de um cavalete, segurando uma paleta na mão esquerda e um pincel na direita. A expressão do rosto bonito era sombria.

— Oi, Alessa! Um espectador a incomoda?

Ela sorriu de modo nada convincente e sacudiu a cabeça. Damon fechou a porta e aproximou-se do cavalete colocado perto de uma janela alta e larga. Estudou a tela, onde um retrato de Zelda tomava forma.

— Você pinta bem.

— O quadro será usado em A vitória é dos fortes, será uma das séries pra tv que Zelda irá fazer daqui a alguns meses. Obrigada pelo elogio. A pintura me ajuda a relaxar.

Deu umas pinceladas no cabelo acinzentado do retrato e parou com o pincel no ar, olhando para Damon com tristeza.

— Não leve a mal o fato de Zelda ter saído correndo daquela forma. Ela anda muito nervosa. As filmagens começam dentro de dez dias... se der tudo certo. Faz sei anos que ela não enfrenta as câmeras e serão nove dias de filmagens internas e onze de externas, em diferentes cidades. Além disso, Zelda tem estranhos rompantes emocionais.

Damon notou que ela estava tensa e decidiu deixar para outra ocasião as perguntas sobre o senador Sérgio Ferraz. Olhou em volta e viu várias telas inacabadas. A maioria era de cenas de praia e paisagens. O fato de nenhuma estar completa intrigou-o.

Em um canto havia outro cavalete com uma tela coberta. Erguendo o pano, viu uma cópia da mansão e do jardim, mas um detalhe lhe chamou a atenção, havia uma mulher brincando de bola com uma criança pequena, o quatro era um pouco diferente do que ficava no salão. Embaixo estava uma inscrição, "Mãe e Filha".

— Foi você quem pintou este quadro? — Perguntou.

Ela virou-se, assustada. Correu para ele e cobriu a tela apressadamente.

— Meu passatempo favorito é copiar originais famosos, mas mudar alguns detalhes neles. — Explicou.

Damon lançou-lhe um olhar de dúvida e caminhou até a janela, de onde ficou admirando o jardim.

— Não... — Ela continuou. — Não é verdade. Se o chantagista continuar com as extorsões, pretendo vender o original para um colecionador particular.

Damon adivinhou o resto.

— E colocará a cópia no lugar, esperando que Zelda não note-se a diferença. Estão assim tão apertadas financeiramente? Mas pelo que vejo acabou mudando de ideia no final, pois acrescentou uma mulher e uma criança naquele quadro.

— Ficaremos, se Zelda não fizer o filme. Falou mudando de assunto de repente.

— Mesmo em dificuldades, continuam a viver nesta mansão? — Perguntou ele, olhando para os jardins espetaculares e para Vicente, que encerava o Cadilac na garagem.

— O tratamento de Zelda foi muito dispendioso, Damon. Causou um rombo nas economias e, exceto pelas peças teatrais que ela fez e pelos investimentos de Beto, a renda não tem sido muito grande nos últimos seis anos. Percebe agora como é importante que ela consiga fazer o filme de Harper?

— Mas você a trata como se ela fosse uma criança indefesa, Alessa. Isso não pode ser saudável para nenhuma das duas, não acha? Deixe-a viver no mundo real.

Alessa foi para o lado dele e seu olhar vagueou pelos terrenos bem cuidados.

— Este é o mundo real de Zelda, Damon. Está acostumada a este estilo de vida e a ser adorada por todos.

— Você a protege de tudo, não é? Esse desejo chega a ser obsessivo. Trabalha tanto que não consegue terminar um quadro. Ou tem medo de encarar o fato de que é uma grande artista?

Ela virou-se, olhando as telas inacabadas.

— Pinto desde a idade de dez anos. — Riu desanimada. — Queria ser uma artista mundialmente conhecida. Mas as coisas mudam conforme o tempo vai passando.

Ele ergueu uma tela representando as colinas de um campo florido ao alvorecer.

— Por que não persegue esse objetivo? Você tem talento.

— Há coisas mais importantes.

— Como Zelda. Por que não consegue ver que está deixando de viver para cuidar dos interesses de sua empregadora?

Os olhos azuis assumiram uma expressão desconcertante.

— Foi uma escolha que fiz, Damon.

— Não se arrepende de tal escolha?

Ela tomou a tela das mãos dele e deixou os olhos correrem pelos contornos coloridos da paisagem. Suspirou, pensando que desistira de muitas coisas, além da arte.

— Sim. Às vezes me arrependo de haver renegado minha arte. — "E desistido de minha faculdade, de Caius e agora de você", pensou.

Colocou o quadro no chão, encostado na parede e, voltando para o cavalete, começou a limpar os pincéis.

— Mas... — Continuou. — De que adianta o arrependimento? Zelda precisa de mim, principalmente neste momento.

— A dependência pode ser uma forma de opressão ou mesmo de manipulação.

Alessa olhou-o, séria.

— Se pretende insinuar que ela me usa, está redondamente enganado.

— Talvez vocês duas estejam se usando reciprocamente, sem perceber.

Alessa mordeu o lábio.

— Vejo que, além de detetive, você é um bom psiquiatra de quinta categoria.

— Não é preciso ser psiquiatra para perceber que existe algo de superteatral na sua relação com Zelda. Ambas estão mentindo para si mesmas e para todos a sua volta.

Ela olhou-o, magoada e irritada.

— Está sendo presunçoso, colocando rótulos em coisas que não entende. E isso é enervante.

Virou o rosto rapidamente, continuando a limpar os pincéis. Sabia que Damon não podia pensar de forma diferente, mas seria compreensivo se soubesse da verdade.

Todavia, não podia dizer que Zelda era sua mãe. Jurara manter segredo e não quebraria a promessa. Acontecesse o que acontecesse, manteria a sua palavra.

Sentia-se exausta e a cabeça começava a doer. Preocupava-se com o chantagista, procurava servir de apoio à mãe e enchia-se de sentimento de culpa por revelar a Damon apenas meias-verdades, dificultando-lhe o trabalho. Se a situação não melhorasse, começaria a fraquejar. Afinal, não era de ferro.

Ele chegou por trás e colocou as mãos nos ombros dela. O contato reconfortante a fez desejar encostar-se nele e descansar, mas lutou contra o impulso. De que adiantava iludir-se? Fizera o papel de mártir durante tantos anos que já não podia libertar-se. Como sempre, a mãe vinha em primeiro lugar, dominando todos os desejos e sentimentos.

Os pensamentos de Damon também debatiam-se em tumulto. Os ombros sob suas mãos encontravam-se trêmulos e ele arrependeu- se de haver falado tão cruelmente. Não entendia por que ficava tão irritado quando Alessa exibia sua honesta dedicação a Zelda.

Parecia até que ficava com ciúme, mas aquilo era ridículo. Talvez ficasse magoado ao ver uma mulher tão excepcional como Alessa emaranhada em tantas complicações. Desceu as mãos pelos braços bem torneados.

— Desculpe, Alessa. Não devia ter dito aquilo. Talvez seja melhor eu partir para São Paulo agora em vez de esperar até a noite.

Ela não o encarou, embora seu coração doesse com a perspectiva daquela partida.

— Vai voltar, não vai, Damon?

— Sim. Depois da audiência, na segunda-feira.

Damon retirou as mãos, deixando-a desamparada. Sem se mover, Alessa ficou ouvindo os passos dele se distanciarem. Começou a chorar quando a porta fechou com um ruído suave. 

2477 Palavras

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro