Capítulo 10 - Crimes do Desejo
Alessa acabara de examinar o material mandado por Beto Couto, quando Vicente introduziu Davi Miranda na biblioteca. Fechou a pasta com as contas e pegou outra, enviada pelo agente alguns dias antes.
— Oi, Davi! — Cumprimentou animada.
Ele respondeu com um gesto de cabeça, enquanto caminhava com passadas largas para a mesa dela. Era ágil e não aparentava os cinquenta e três anos. Os cabelos prateados ainda eram fartos, mas nos olhos azuis faltava o brilho que mostravam antes da morte de sua esposa, dois anos antes.
— Dirigir de São Paulo até aqui fica cada vez pior. — Ele reclamou, colocando a pasta de couro que carregava sobre a escrivaninha. — Como está Zelda?
— Está bem. E você?
— Cansado. Não sei por que ainda continuo nessa corrida louca. Talvez um psiquiatra me esclarecesse. — Tirou um punhado de papéis da pasta. — Já organizou o programa para as aparições promocionais de Zelda?
—Eu também estou bem, mesmo que não tenha perguntado. — Disse ela sorrindo largamente.
— Oh, perdoe-me, Alessa. Fico satisfeito em saber. — Davi relanceou o olhar pelo conjunto social que a mesma estava vestindo e pelo rosto delicado. — E sempre linda. Estamos em alguma ocasião especial por acaso? Perguntou notando o quanto ela estava bem arrumada e maquiada.
— Não, por quê?
— Estou com muita pressa e me distraí, desculpe. Preciso estar no estúdio à tardinha, de modo que agradeceria se nossa reunião fosse breve.
— Relaxe, Davi! Quer sofrer um ataque cardíaco correndo dessa maneira? Aceita um café?
— Não, obrigado.
Ela serviu-se de café, usando uma garrafa térmica na mesinha ao lado.
— As entrevistas a serem levadas ao ar na semana do lançamento do filme foram uma boa ideia, mas fazer Zelda viajar pelo país todo, percorrendo emissoras de televisão, nem pensar.
— A competição pela conquista de telespectadores virou uma guerra, Alessa. A cada dia, mais e mais pessoas abandonam a televisão por essa nova invenção, como se chama mesmo internet. Será que vai dar certo?
— Disso ainda não sabemos, mas tem muita gente entusiasmada com ela. Principalmente os centros de pesquisas, li outro dia que ela será usada para interligar centros de pesquisa brasileiros e norte-americanos. Mas mudando de assunto, se souberem que Zelda aparecerá num filme de televisão convencional será um sucesso.
— Concordo.
— Então, deve também concordar que ela precisa aparecer o mais possível.
— É claro que sim. Mas Davi, deixe de ser avarento e compre alguns segundos na televisão, no horário nobre, e exiba clips de Zelda. Fará o mesmo efeito.
Ele sorriu de leve. — E pensar que um dia você foi uma criança dócil e meiga! Torna-se mais dura e cada ano que passa, Alessa. Você muitas vezes me faz lembrar da própria Zelda quando ainda era jovem.
— Tudo o que sei a respeito da guerra em nosso ramo, Davi, aprendi com você. Agora, precisamos discutir o próximo contrato de Zelda.
— Se houver novo contrato. Não sabemos como o filme será aceito. Se o filme for um fracasso, não será possível dar-lhe outra chance. Sabe muito bem disso e aceitou os riscos.
— Gosto muito de você, Davi, mas gosto ainda mais de Zelda. Há algumas cláusulas a serem inseridas no novo contrato, pois haverá outro. Ela terá o direito de aprovar ou não o diretor. Vai receber oitocentos mil raias e mais dez por cento sobre a renda líquida do filme.
— Alessa!
— Se o filme tiver exteriores rodados em outras localidades, ela terá transporte de primeira classe e ajuda de custo para cobrir as despesas de duas pessoas. O nome dela aparecerá nos anúncios e cartazes acima do título, em letras maiores. Queremos fotos publicitárias e entrevistas nos principais canais do país.
— E o que mais? — Perguntou o homem secamente.
Ela folheou os papéis.
— Ficará com as roupas usadas no filme. Terá uma hora de almoço por dia, um camarim para seu uso exclusivo e um assistente, que ganhará o dobro do salário mínimo estipulado por vocês por semana. — Olhou para Davi e sorriu com doçura. — Tem certeza de que não quer café?
— Aceito. Coloque um pouco de veneno nele, assim acabaremos logo com esta tortura.
Ela riu e encheu uma xícara, que entregou a ele.
— Pense na mansão que poderá passar por uma boa reforma e que tem em São Paulo, Davi. No apartamento no Rio de Janeiro, na lancha e na sua casa de praia no Guarujá. O trabalho de Zelda ajudou-o a possuir tudo isso.
— Quem será o assistente pessoal que vai ganhar esse salário todo por semana? Ronny?
— Quem mais? Como vai o processo para os direitos para a venda dos filmes de Zelda para os demais países da América Latina e Europa?
— Meus advogados estão tentando conseguir uma audiência para breve. Acredito que não teremos dificuldade em ganhar a causa daqueles estúdios.
Do lado de fora da biblioteca, Damon parou ao ouvir a voz masculina.
— Isso é bom. — Disse Alessa novamente.
— Muito bom, mas o resto vai depender do desempenho de Zelda no filme. Se ela fracassar, o que farei com os outros filmes? Só me restará doá-las aos departamentos de arte de alguma universidade qualquer.
Damon aproximou-se mais da porta, ouvindo atentamente.
— Ainda acha que Beatriz faria um trabalho melhor? — Perguntou Alesssa com algum sarcasmo.
— Beatriz não tem o talento de Zelda, mas confesso que eu dormiria muito mais sossegado.
— Zelda irá bem. Ela nunca esteve mais linda e entusiasmada.
— Não podemos esquecer que ela pode cair em depressão novamente. Estou correndo um grande risco, Alessa.
— Seja realista, Davi. Risco é a palavra-chave em qualquer negócio hoje em dia. Se zelda não ganhar um Globo de Ouro para você, não a culpe. Da próxima vez, escolha roteiristas melhores.
"Próxima vez", repetiu Damon mentalmente, entendendo que Alessa fazia planos a longo prazo para a atriz. Imaginou se Ronny teria conhecimento daquilo. Dando se por satisfeito, afastou-se da porta e foi para o andar de cima começar a preparar-se para a viagem até Arraial do Cabo.
Na porta da frente, Alessa deu um beijo no rosto de Davi e depois dirigiu-se à saleta íntima usada por Zelda. Pinturas e fotos, cenas dos personagens que Zelda havia feito ao longo de sua carreira, cobriam as paredes. A mobília, estofada de veludo vermelho, fora distribuída sobre o felpudo carpete branco. Entre as várias janelas encortinadas de seda, enfileiravam-se vitrinas de cristal exibindo lembranças dos trinta e três filmes da atriz. Além de outros prêmios recebidos pelas novelas e séries.
— Zelda... — Chamou Alessa, caminhando para a porta que levava ao quarto. A cama ficava embaixo de um dossel de Jacarandá sustentado por quatro colunas e coberto de seda branca, que caía em drapeados formando a cabeceira. A colcha de cetim, muito alva, mostrava-se enrugada.
Zelda tinha reformado aquele quarto o deixando perfeitamente idêntico aos do século 18.
Os passos de Alessa foram abafados pelo grosso carpete. A atriz encontrava-se na sacada, olhando pensativamente em direção ao quarto ocupado por Ronny. Usava o robe longo, de cor branca, que haviam comprado em uma de suas viagens fora do país.
— Zelda... — Repetiu Alessa atrás dela.
A atriz virou-se.
— Era o carro de Davi que vi lá embaixo?
— Sim. Pediu para desculpar a pressa, mas é que tem uma reunião daqui menos de uma hora em São Paulo.
— Coitadinho do Davi! Não é mais o mesmo depois que Janaína morreu. Não foi feito para viver sozinho. Devia casar-se outra vez. Alessa riu. — Ele não encontraria tempo suficiente para ir à igreja casar-se.
— Se descobrisse a mulher certa, faria o sacrifício com certeza. — Zelda sorriu com cinismo. — Beatriz porém tem chance.
— Mesmo no Rio de Janeiro dizem que os dois andam brigando muito ultimamente. Já que o último trabalham que fizeram juntos foi quase um fracasso.
— Isso não me surpreende. Beatriz gosta de todos os homens... e dorme com eles. — A atriz deu uma risadinha maldosa.
— Deve ser feliz assim.
Lembrando-se das palavras de Ronny sobre ela ser dependente de Alessa, Zelda ficou séria.
— E você, é feliz? Como se sente, vendo que sua vida passa, enquanto toma conta de mim?
A pergunta pegou Alessa de surpresa. Andando para uma mesa coberta por um guarda-sol, sentou-se numa poltrona e cruzou as pernas.
— Quem lhe disse que estou apenas vendo a vida passar? — Olhou para os jardins bem cuidados. — Quantas mulheres vivem como eu? Quantas viajam tanto quanto eu e têm a companhia de uma mulher maravilhosa como você?
— Você sempre diz o que eu quero ouvir não é mesmo. — Respondeu Zelda, aproximando-se.
— Não. Sempre digo a verdade.
— Está sendo sincera?
— Nossa, Zelda! Está tão esquisita! Ronny a fez cansar-se demais?
— Não desejo conversar sobre Ronny. O que quero é falar sobre você e seu futuro.
Alessa brincou com o anel de ouro e brilhantes que ganhara de Zelda no último aniversário.
— Meu futuro é ficar ao seu lado. Meu lugar é aqui.
— Às vezes acho que seu futuro devia ser ao lado de Caius Hardt.
— Caius não era o homem certo para mim.
— Ele a adorava, Alessa. Era inteligente e bonito. Um empresário que dentro do mundo do entretenimento está se tornando bastante poderoso.
— Está tentando livrar-se de mim, induzindo-me a casar? — Alessa provocou sorrindo.
— É claro que não, sua boba. — Respondeu Zelda sentando-se na poltrona em frente. — Sabe que não vivo sem você, mas também sabe que desejo que seja feliz. Receio que fique sozinha como eu.
— Você não está sozinha, querida. Tem a mim e tem Ronny.
— Sei que tenho você. — Zelda levantou-se e olhou para o quarto dele outra vez. — Acredito que Ronny vai nos deixar.
— O quê? Ele não pode fazer isso! Disse que ia partir?
— Quase. Não sei o que fazer, Alessa. Juro que não sei.
— Querida... não se preocupe. Falarei com ele.
— Ronny acha que eu devia me aposentar. E disse que dependo demais de você.
Irritada, Alessa ergueu-se. — Sim, preciso ter uma conversa com ele.
— Seu eu me aposentar, gostaria que continuasse comigo. É minha carreira que a deixa tão ocupada. Se eu não trabalhar mais, sua vida será mais livre.
— Se as coisas fossem diferentes, Zelda, você teria de contentar-se com uma auxiliar de oito horas por dia. Mas já passamos muitas dificuldades juntas e agora que está tudo melhorando nada nos deterá.
— E sua vida, Alessa?
— Minha vida pode esperar mais um pouco. — Ela olhou para o relógio. — Preciso me arrumar para a reunião em Arraial do Cabo. Damon e eu ainda vamos apanhar Rose.
— Damon vai com você?
— Vai. Nunca vi teimosia igual.
Zelda experimentou uma sensação de pânico.
— Damon é um homem muito atraente. Terá cuidado, não é, querida?
Estranhando a recomendação, Alessa sorriu. — Sabe que dirijo bem, Zelda.
— Estou falando para ter cuidado com Damon. Percebi o modo como ele a olha. Eu... eu... não suportaria ser abandonada por você também. Um homem como ele pode deixar qualquer mulher doida da cabeça, se você soubesse quantos homens como ele encontrei.
— E quantos foi?
— Poucos minha querida, mas cada um deles me fez viver intensamente. E se eu não fosse completamente apaixonada pelas artes cênicas, teria fugido com alguns deles, estaria casada e com pelo menos meia dúzia de filhos. Por que vamos ser claras uma com a outra, com aquele tipo de homem seria impossível sair da cama.
Alessa pegou as mãos de Zelda nas suas.
— Acha que eu poderia abandoná-la? Mesmo que quisesse?
Depois de estacionar o automóvel no centro da cidade, em Arraial do Cabo,
Alessa disse a Damon que não ia demorar e enveredou pela entrada do centro de compras da cidade. Ele acompanhou-a com o olhar até vê-la desaparecer atrás de uma fonte recém inaugurada.
Mudando do banco de passageiro da frente para o de trás, observou os telhados vermelhos das lojas em estilo colonial e as bandeirolas coloridas agitando-se no ar. Estavam chegando perto das festas juninas e algumas partes da cidade haveria dança e apresentações regionais. Os colégios estavam correndo contra o tempo para preparar os alunos para algumas apresentações.
Minutos depois viu Alessa voltar acompanhada de uma jovem alta e magra. As duas mulheres conversavam alegremente. Com estranho sentimento de orgulho, ele achou que Alessa estava muito mais bonita, em seu conjunto social, e que Rose, vestida num traje que parecia desfavorecer a jovem por ser sombrio demais para a sua idade, elegante era, mas a deixava estranhamente adulta demais também. Inclinou-se para o assento dianteiro e abriu a porta para Rose, que arregalou os olhos ao vê-lo. Os lábios de traços bem marcados de batom nude abriram-se num grande sorriso, enquanto os olhos claros, muito vivos, o examinavam descaradamente.
— Obrigada. — Arrulhou quase igual um pombo, olhando para Alessa, que afivelava o cinto de segurança.
— Rose, esse é Damon Carter. Damon, Rose França, empresária, desenhista de moda e uma grande amiga.
Estendendo a mão por cima do banco, Rose apertou a dele, ainda sorrindo.
— Diga-me, Alessa, onde o mantinha escondido?
Ele riu, olhando para Alessa, que o fitava pelo espelho retrovisor. Sentindo que o aperto de mão tornava-se um pouco íntimo demais puxou a sua.
— Alessa falou-me da nova linha esportiva que você está lançando, Rose.
— Está fazendo sucesso, tanto aqui como na loja dos grandes centros espalhados pelo Brasil. Planejo invadir o mercado varejistas na próxima primavera.
Alessa entrou no fluxo de tráfego da principal avenida da cidade.
— Tenho visto seus comerciais pela televisão. — Disse. — As roupas são lindas. Por acaso era Luisa Botelho, usando um macacão preto? Estava linda.
— Sim, era Luisa. Porém deve limitar-se à carreira de modelo. Como atriz é um desastre, fez poucos papéis. Viu a Série "Vendedora de Loja" onde ela participou?... Não foi capaz de fazer papel de inocente. Também, já deixou a inocência para trás há muito tempo.
— Maledicente! — Exclamou Alessa rindo.
— Quem fala a verdade não merece castigo. Por falar em verdade, sabia que a viúva de Theo Guajajara tem sido vista com Ben Belford? Não perdeu tempo, hein?
Damon, ouvia as duas mulheres falando do que acontecia nos bastidores das atuais séries de tv, notando que havia um diferença fundamental entre elas. Os comentários de Alessa eram comedidos, enquanto Rose fazia observações venenosas, parecendo comprazer-se em sujar a reputação alheia. Talvez estivesse revoltada, pois Alessa lhe contara que a amiga acabara de sair de um complicado processo de divórcio.
Mas isso não era motivo para destilar tanto veneno e ódio gratuitamente contra pessoas que praticamente nem conhecia direito. O pior era que Rose fazia parte de uma das revistas de fofoca que estavam sendo bastante conhecida no território brasileiro e pelo que Damon estava percebendo o ato de mentir poderia se tornar um grande problema futuramente.
— Alessa me disse que você é assessor de segurança, Damon. Deve ser um trabalho interessante.
— Às vezes é.
Ela retirou da sacola que carregava uma cigarreira prateada. Acendeu um cigarro com um isqueiro de ouro adornado por um pequeno rubi. Era idêntico ao de Lúcia. Ligou os fatos, lembrando-se de que Eric dissera que Beto Couto presenteava as amantes quando se cansava delas com um isqueiro de ouro.
— Quer um cigarro, Damon? — Rose ofereceu.
— Não, obrigado. Abandonei o vício a muitos anos atrás.
— Argh! Outro convertido! Logo os fumantes serão os novos párias da sociedade pelo andar da carruagem. E o pior é essa onda idiota que os falsos hipócritas da sociedade andam realizando pela tv, só de imaginar que eles cometem crimes piores que um fumante. Resmungou olhando de lado.
— Como quais Rose? Indagou Damon curioso.
— O de sempre meu querido, assédio, chantagem, manipulação e o mais em conta, mentiras e traições. Viver no mundo do entretenimento é como viver num ninho de serpentes. Os abusos são diversos, mas a publicidade positiva também.
— Deve gastar muito dinheiro em publicidade, não, Rose? — Ele perguntou.
— Muito? Com o dinheiro que pago por trinta segundos no horário nobre da televisão, nós três poderíamos passar férias em Paris.
— Entendo. Está falando de milhares de reais que o governo joga nas redes de tv todos os anos. — Pelo canto do olho, viu que Alessa o fitava pelo espelho.
— Acho que é por isso que minha mãe não vem se sentindo muito bem. — A moça virou-se para Alessa. — Você conhece Lydia. Nenhum espírito de aventura. Vive se preocupando com dinheiro, que foi feito para ser gasto.
A conversa entre as amigas continuou. Rose arrasou com Lucas, o ex-marido, e atirou mais veneno sobre várias reputações. Quando a deixaram na frente da butique de Xanadu, Alessa mandou um abraço a Lydia, pedindo desculpas por não parar para vê-la. Depois que Damon se acomodou de novo no banco da frente e ela colocou o carro em movimento, Alessa suspirou alto.
— Espero que não suspeite de Rose.
— Estou interessado em todas as pessoas que tiverem problemas de dinheiro. — Ele explicou.
— Ela é uma empresária competente. Tenho certeza de que suas finanças estão sob perfeito controle.
— O que tem a dizer sobre a vida amorosa de Rose França? Está na lista de Beto Couto?
Ela hesitou durante algum tempo.
— Essa foi a razão de Lucas Farias pedir o divórcio. Como descobriu sobre Beto?
— Eric é uma excelente fonte de informações.
— Eu devia ter adivinhado.
— Esse Beto deve ser uma galã, não?
— Para quem gosta do tipo...
— Que tipo?
— Camisas decotadas como blusas, quilos de ouro nas pulseiras e anéis, maneiras bajuladoras. Ele parece mais um Mc do que um gerente financeiro.
— Parece tudo, menos um consultor financeiro tenho que concordar com você.
— Para tratar de negócios enverga ternos italianos.
— Gosta dele?
— Como homem? Não. Como poderia achar atraente um sujeito que esconde uma chave num vaso de plantas para uso exclusivo de suas amiguinhas que entram e saem de sua casa à vontade? Ele vive nas páginas de fofocas e ama ostentar, sabe, fazendo o estilo de play boy canalha.
— Ele faz isso? — Perguntou Damon sentindo-se mordido de ciúme. — Como sabe?
Ela parou numa vaga perto de um grande edifício e exibiu um sorriso luminoso.
— Existe alguém que responda a todas as suas perguntas?
— Sempre encontro as respostas, de um jeito ou de outro, Alessa. Mais uma pergunta: vai me confiar este carro?
— Vou, mas se acontecer alguma coisa com ele terá de enfrentar Zelda. O carro é dela.
— Quer ver minha carteira de habilitação?
— Não sei bem por quê, mas confio em você. Volte dentro de duas horas para me apanhar, está bem?
— Combinado. Mais uma coisinha.
— O que é? — Perguntou ela, já saindo do carro.
— Preciso do endereço comercial de Beto Couto, me disseram que ele tem um escritório aqui, então vou tentar a sorte.
— Não o encontrará a esta hora.
— Não quero encontrá-lo.
— O que pretende fazer?
— Examinar seus arquivos e conhecer seus problemas financeiros.
3717 Palavras
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