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Larissa 🧿

Acompanhei o Heitor até a escola e quando voltei o Henrique estava na sala de estar conversando com a mãe, passei direito e fui pro meu lugarzinho de sempre. Escutei porta batendo e achei que tinha sido o Henrique, mas foi só eu tirar isso da cabeça que ele entrou no quarto do Heitor.

Henrique: Bom dia, Larissa.- Falou se sentando na cama.

Lari: Bom dia, senhor Henrique.- Parei de passar o pano olhando pra ele.- O senhor poderia voltar em outra hora? Eu acabei de arrumar a cama.

Henrique: Para de falar assim comigo, nem com meu pai tu fala assim.- Falou rindo e eu ignorei ele.- Não sei o que eu te fiz pra tu ficar nessa comigo.

Lari: Na real não fez nada, apenas estou aqui pra trabalhar e não pra ficar conversando com você.- Ele colocou a mão no coração demonstrando ficar ofendido e riu.

Henrique: A gente não pode nem ser amigos? Na real pelo Heitor, eu me preocupo com ele por causa da Alice, ele ama a mãe e ela se vê ela uma vez na semana é muito. Você é quase uma irmã pra ele.

Lari: Realmente, amo muito ele.- Sorri fraco.- A sua mãe não gosta que a gente que trabalha aqui tenha contato com vocês.

Henrique: Então é por isso?

Lari: Sim, preciso do meu emprego.- Ele confirmou com a cabeça.

Henrique: Mas ela tá viajando, então não dá em nada.- Fiquei calada enquanto terminava de limpar o chão.- Me conta mais sobre você?

Lari: Me chamo Larissa, tenho vinte e dois anos, morro no vidigal e só isso.- Falei enquanto fazia as coisas.- E você?

Henrique: Henrique Marques, vinte e cinco anos e morava no Canadá, voltei pro Brasil tem menos de um mês e provavelmente irei morar por aqui.

Lari: Você morar fora explica o porquê de eu não ter te conhecido antes. Mas faz um bom tempo que você mora lá né? Eu trabalho aqui tem seis anos.

Henrique: Fui morar lá desde os quinze, com a minha avó. Estudei e me formei lá, minha vó faleceu tem dois anos e eu continuei lá, fechando os negócios da empresa do meu pai por lá. Até cansar de ficar sozinho por lá e voltar pra cá.

Lari: Uma boa história.- Ele riu.

Henrique: E você, tem irmãos?

Lari: Minha irmã de coração só, a Beatriz. Minha mãe morreu quando eu era novinha, uma amiga dela que me criou.

Henrique: Ah, que legal.- Confirmei com a cabeça.

Fiquei conversando com ele até dar a hora de ir buscar o Heitor, e acabou que ele que foi buscar no lugar do motorista, então eu tive que ir com ele. Apesar de tudo ele era legal, conversava de forma tranquila e eu gostei do papo que a gente bateu.

De tarde o Heitor quis muito ir pra praça, então acabou que nós dois fomos levar ele lá, a pedido dele. O meu dia tinha sido legal até e eu cheguei no morro de bom humor, passei pelos meninos vendo eles avisando no radio como sempre e fui seguindo meu caminho. Cheguei em casa e só tava a Maria, ela disse que a Beatriz tinha ido na casa do Marcos.

Jantei com a Maria, tomei meu banho e quando tava arrumando minha roupa a Beatriz invade o quarto animada.

Beatriz: Tava escutando fofoca, essa é das brabas.- Nem deu boa noite, já foi se jogando na minha cama.

Lari: Boa noite, cara.- Ela me ignorou voltando a falar.

Beatriz: Lembra que o dono do Jacarezinho tava sumido? - Balancei a cabeça.- Tá tendo boato aí que ele tá pela área de novo, e você sabe né? Neguinho tá pirado da cabeça.

Lari: Ué, que fofoca chata.- Dei os ombros.- E por que você tá sabendo disso?

Beatriz: Fui lanchar com o Marcos e os meninos tavam falando disso lá.- Revirei os olhos.

O homem que comandava o jacarezinho era um problema enorme pro neguinho, antes dele da um chá de sumiço ficava ameaçando morador, o próprio neguinho, ficava fazendo maior baderna aqui no morro.

O Neguinho fazia o mesmo no morro dele, mas era tudo indireto de ambos, nenhum dos dois se atacavam, o motivo eu não sei qual, mas sei que esse morro fica um inferno com esses dois se provocando. Sempre acaba tendo toque de recolher, e atrapalhando a vida de muita gente do morro, inclusive a minha.

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