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Larissa 🧿
O meu sábado era menos agitado que os outros dias no trabalho, eu só tinha que ficar com o Heitor até a hora do almoço, que era a hora que o pai dele chegava e me dispensava. E tudo isso foi tranquilo, não vi o Henrique e pra minha paz foi bem melhor assim!
Quando terminei meu horário, as meninas pegaram o uber, passaram pra me buscar e a gente foi comprar a roupa da Yasmim. Claro que quem se ferrou fui eu, tive que inventar que eu queria dar uma roupa a ela e que a gente ia comprar com o meu dinheiro, só pra Sandra ficar em paz.
Compramos tudo bonitinho e quando voltamos pro morro já era tarde, almoçamos na rua e tudo certo.
Todo sábado era dia de jogo de criança aqui, era um campeonato e no final, o time que ganhasse iria receber o prêmio que era dinheiro, óbvio. Patrocinado pelos pais e o bandidos tudo que eram pior que as crianças e ficavam apostando nos times, mas pelo menos fazia a alegria.
Sempre que dava eu ia e hoje era um desses dias. Desci com a Beatriz e o Marcos tava sentado por lá já, a gente sentou com ele e não demorou muito pro Neguinho surgir sentando do meu lado.
Neguinho: Deu certo o bagulho com a Yasmim? - Confirmei.
Lari: Sim, ela amou a roupa.
Neguinho: Mas não foi nem vestido nem saia não né? Porque se foi esse bagulho eu vou atrás pra rasgar na mão.- Falou todo bolado e eu apenas vi passando pela minha mente que tinha sido uma saia.
Lari: Não, jamais. Foi um vestido longo dos pés a cabeça.- Debochei e ele percebeu batendo na minha cabeça.
A gente tava assistindo o jogo bem tranquilos até, rindo e conversando numa boa. No final dos primeiros dois times a gente sempre via os pais comemorando e os filhos morrendo de vergonha, era super engraçado, as mães dando beijinhos e os filhos querendo correr.
Neguinho: As vezes eu queria ter a vida desses moleques.- Falou baixo e eu olhei de lado pra ele, que me olhou.- Uma família, tá ligado?
Lari: Você tem, nunca deixou de ter.- Desviei o olhar.
Neguinho: Nunca mesmo, mano? Não sou bem vindo na casa da minha tal família, boto fé que isso não é família não.- Respirei fundo.
Lari: E você acha que é sem motivo? - Ele ficou calado olhando pros moleques e eu voltei a olhar pra ele.- Na minha casa você é bem vindo, até porque você vive no meu quarto força.
Neguinho: O rei tem que tá sempre no dormitório com a rainha.- Falou com todo engraçado e eu gargalhei.
Lari: A Maria só quer que você vá lá como o Gabriel, sem essa pose de malandro, sem querer carregar esses crimes todos pelas costas. Que seja o Gabriel de antes.- Ele balançou a cabeça.
Neguinho: Novamente, se não me aceita do jeito que eu sou, não é papo de família.
Lari: Você tem razão.- Dei os ombros.
Marcos: Tu falou isso em voz alta, Lari.- Sussurrou me batendo e eu ri negando.
Lari: Tô gastando não. Neguinho está certo, mas apesar de tudo eu te aceito do jeito que você é.- Encarei ele que abriu um sorriso aos poucos.- Não gosto nenhum pouco, mas eu aceito.
Beatriz: E eu também, nunca disse ao contrário.- Ele ficou olhando nós duas.
Marcos: Eu vou nem falar, cria contigo desde menor.
Beatriz: Mania horrível você tem de achar que é sozinho no mundo, apesar de tudo mesmo, a tia Sandra e a minha mãe te amam. Amam como aquele pivete cheio de meleca pelo rosto todo.
Neguinho: Aí namoral, todo valor dado a vocês.- Falou fazendo legal pra gente e me abraçou pelo pescoço.- Minha mulher, minha cunhada e meu irmão.
Lari: Não começa.- Bati na cabeça dele que ignorou beijando a lateral do meu rosto.
Fiquei quieta no meu canto até o jogo acabar, quando acabou não deu meia hora pra os paredões descerem e começar a maior festa. A gente tava conversando de boa ali até a Beatriz ter a brilhante ideia de jogar bola. Os meninos claro que animaram e eu também, a gente dividiu eu e o Neguinho contra os outros dois, agora quatro pessoas pra correr num campo enorme.
Passamos o resto da tarde pra noite ali, apesar da gente ter perdido porque eu parava de dois em dois minutos dizendo que tava sem ar, o jogo rendeu altas risadas e lembrou a nossa época de crianças, que foi a melhor. Eu sai morta e arrastada daquele campo pra fora, literalmente o Neguinho tava me arrastando enquanto a gente ria.
Maria: Quem olha de longe vê quatro crianças.- Olhei pro lado e ela tava lá com a Sandra, as duas sentadas na mesa do bar bebendo cerveja.
Lari: Eu ainda tô passando mal.- Falei rindo e elas sorriram também.
Maria: Gosto de ver vocês assim, como as crianças que rodavam esse morro inteiro brincando.- Neguinho olhou pra ela.
Marcos: Hoje em dia as duas aí não aguentam subir o morro andando.- Todo mundo riu.
Beatriz: Bem que vocês poderiam fazer uma janta né, jantar todo mundo e tal.- Falou jogando charme, só pra não ter que cozinhar, porque sempre era ela que fazia a comida.
Sandra: Pode ser lá em casa, Yasmim me deixou sozinha hoje.- Eu sorri e Neguinho ia se saindo mas foi chamado atenção.- E você também, Gabriel. Eu quero você lá, mas já sabe as condições né?
Neguinho: Eu vou pensar nessa ideia.- Falou saindo e eu olhei pra elas.
Lari: Vou subir pra tomar um banho.- Falei indo acompanhar o Nego.
Beatriz e Marcos iriam subir de moto e eu cheguei ao lado do Neguinho que tava indo pra moto dele também.
Lari: Viu que você é bem vindo? - Falei vendo ele negar.
Neguinho: Ela só chamou por educação, tu tá ligada.- Revirei os olhos.- Vai subir comigo?
Lari: Ela chamou porque te ama apesar de tudo, não vamos entrar nesse drama todo de novo. Mas vou sim, tô cansada pra subir andando.
Neguinho: Desde criança tu sempre foi morta ein cara, imoral isso.- Falou rindo.
Ele ligou a moto e eu subi, Neguinho me deixou na porta de casa e meteu o pé, Beatriz já tava no banheiro de cima e eu peguei minhas coisas indo pro outro, assim que a água caiu pelo meu corpo foi como se eu tivesse lavando até a alma.
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