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Capítulo 48 - Estamos quites

26/09/2022 - 429 dias antes do assalto a Florence Joalheria

Sadie Sink

Quando me perguntaram "o que você quer ser quando crescer?", eu apenas sorri e não soube o que responder; já que não tinha certeza se queria ser professora de inglês ou economista, duas profissões completamente opostas que me interessavam até meus 15 anos. Hoje eu sou apenas ferrada.

Ferrada na minha profissão, emocionalmente e claro, no amor. O ciclo do término logo após o sexo tinha acontecido de novo, e o pior é que não tinha sido uma transa ruim.

Eu não tinha conseguido dormir novamente, como na noite passada, o que me deixava ainda mais com a sensação de derrota. Pelo menos não tinha dormido em casa, sendo obrigada a lembrar de Dacre a cada canto que eu olhasse; fosse o quarto, a droga da mesa da cozinha e até mesmo o banheiro; não importava. Dacre tinha feito o favor de me fazer jamais esquecer dele, nem Malibu - uma cidade inteira - tinha escapado disso.

"Como você está? Está melhor? Quer que eu busque você?", não eram nem oito da manhã e Maya já estava à minha disposição.

"Não precisa, eu vou demorar ainda. Eu dou um jeito, não se atrase para o trabalho por minha causa"; respondi-a.

Eu tinha ocupado o quarto de visitas, que ficava de frente ao de William, assim, logo pude ver Natalia passar pelo corredor e entrar no quarto do pequeno, já que ambas tínhamos dormido com a porta aberta para que, no menor ruído, pudéssemos verificar como ele estava.

— Dormiu bem? — a mulher me perguntou ao notar minha presença na porta do quarto de Will; ambas ignoramos o fato de ainda estarmos de pijama.

— Já tive noites melhores. — dei de ombros.

Ela sorriu fraco ao me olhar brevemente e pegar Will no colo, sentando-se na poltrona no canto do quarto, pouco descorado, para amamenta-lo. Não tinha nada além do berço, o pequeno guarda-roupas e duas prateleiras na parede à minha esquerda com quatro pelúcias sobre ela. Acho que ela não tinha tido forças para pensar nesses detalhes durante a gravidez, especialmente depois de ficar sozinha.

— Você já vai? — perguntou, olhando-me pelo canto dos olhos.

— Não, eu... — pausei, desviando a atenção em direção a sala no final do corredor.

— Posso fazer um café, só me dê cinco minutos. — disse.

Eu sorri um tanto nervosa; ela ainda era a mesma Natalia: a mulher simpática e atenciosa de antes.

Balancei a cabeça negativamente, ignorando esse detalhe e voltei ao quarto de hóspedes. Troquei a camisola de estampa um tanto infantil por um jeans qualquer que estava no fundo da bolsa que eu havia trago. Fui até a cozinha, prendendo o cabelo de forma desajeitada; eu ainda me lembrava de quando tinha que o deixá-lo impecável para ir ao escritório.

Busquei nos armários, um tanto perdida, pelo café instantâneo e deixei que a cafeteira sobre o balcão da pia fizesse o resto do trabalho. Escorei-me na bancada de mármore, próximo ao fogão e suspirei; minha vontade era ir para casa e me deitar na cama pelo resto do dia, mas não a fiz.

"Bom dia, Sadie. Espero que esteja bem...", era Joe. "A Maya me contou sobre você e o Dacre. Sinto muito por isso, eu não imaginava, de verdade"; a mensagem enviada há poucos segundos me fez suspirar novamente, e não o respondi.

Passei a mão pelos cabelos e desviei o olhar a sala de estar à direita; definitivamente eu precisava ficar.

A casa de Natalia era espaçosa, aconchegante e um tanto minimalista, já que tudo era em sua maioria branco e preto, mas de qualquer modo, era possível ver como estava desorganizada. A mala do hospital, por exemplo, ainda estava próximo ao hall de entrada, intacta. Eu não havia notado esses detalhes ontem, já que cheguei cega de indignação, porém, agora eu via perfeitamente. Talvez ajudar-lhe nisso fosse mais útil do que a observar fazer Will dormir.

Servi-me do café e dei um gole com gosto, mesmo que ainda quente. Era uma sensação acolhedora, mas não diminuía minha exaustão.

A casa estava no mais puro silêncio, nem sequer os resmungos de William eram audíveis, quando comecei a lavar a pequena pilha de louças na pia.

— Sadie, não precisa fazer isso. — a voz baixa de Natalia fez com que eu interrompesse qualquer pensamento estúpido.

— Acho que qualquer ajuda é bem-vinda. — dei de ombros, enxaguando os últimos copos.

Ela balançou a cabeça negativamente e escorou-se na bancada, de frente para mim, após se servir do café.

— Eu queria te agradecer de novo por ter vindo e ficado. — ela disse ao desviar os olhos. — Não precisava, não estou nem ao menos_ — interrompi-a.

— Já falamos sobre isso. — sequei as mãos, colocando-me de frente a ela.

— Você tem suas coisas para fazer. — comentou. — Não precisa ficar aqui o dia todo. Posso pedir a Nancy ou melhor, eu dou um jeito. — deu de ombros. — Eu preciso me movimentar.

— Mas isso não quer dizer que precisa fazer tudo sozinha. — cruzei os braços. — Posso passar a noite aqui e te dar uma ajuda sempre pela manhã e_ — ela me interrompeu ao colocar a xícara sobre o balcão e dar um passo em minha direção.

— Sadie, foque em si mesma um pouco. — seu tom ainda era sereno, mas eu via aquilo como uma suplica; eram as mesmas palavras de Maya. — Você já fez muito por nós. — suspirou. — E por ele também. — eu sabia exatamente a quem se referia. — Não vou mentir, eu gosto da sua companhia. — sorriu fraco. — Mas se achar que se afastar disso tudo vai lhe fazer se sentir melhor, então faça. — completou, colocando as mãos em meus ombros.

Abaixei a cabeça naquele instante. Talvez eu devesse mesmo focar em mim, em um emprego novo e decidir o que fazer com toda essa desgraça, mas não era fácil assim.

— Eu não vou deixar você na mão. — voltei a afirmar e a olhar nos olhos.

A feição de Natalia era um misto de agradecimento e decepção; ela sorria, mas seus olhos ainda estavam marejados. Aquilo era pena?

Eu apenas respirei fundo para não acatar a sua ideia de realmente pegar minhas coisas e ir embora. Ela me puxou para um abraço inesperado, levando uma das mãos ao meu cabelo, fazendo com que eu apoiasse a cabeça em seu ombro direito. Não tive uma reação inicial, apenas aceitei sua proximidade, tentando entender se me abraçava por dó ou para agradecer.

Acho que não precisou de mais de dez segundos para meus olhos se fecharem e eu desabar novamente, agora sem um motivo específico. Retribuí o abraço como se fossemos amigas inseparáveis, que passaram anos longe uma da outra.

— Você vale ouro, garota. — ela praticamente sussurrou. — Não esqueça disso. — me apertou contra si. — Não faça a mesma coisa que eu, por favor. — pude sentir seu peito inflar ao inspirar. — Não deixa essa porra de amor convencer você de que vale a pena tudo isso. — completou.

Pronto, eu poderia desistir de viver.

Sentia-me como naqueles clichês de sessão da tarde, no qual a mocinha se apaixona pelo bad boy, em uma espécie distorcida e caótica daquele filme ridículo do Adam Sandler, "O amor é cego".

Eu havia feito as escolhas mais erradas possíveis e por mais que quisesse voltar no tempo, para não ter pedido aquele maldito isqueiro e bebido, quase que literalmente, um drink com o Diabo fora do inferno, eu ainda lembrava disso como algo bom. A merda de uma boa lembrança.

— Você não merece passar um terço do que eu passei e passo agora. — Natalia continuou, e eu permaneci calada.

Talvez eu merecesse sim; eu não valia tanto assim. Ouro? Nunca... Uma prata bem vagabunda talvez, mas nunca um diamante, por exemplo.

Acho que ficamos naquele abraço por pelo menos cinco minutos, apenas em silêncio depois de suas palavras. Minha respiração estava mais tranquila diante daquele sentimento de descrença no amor mútuo, mas isso não queria dizer que me sentia menos burra.

Pude ouvir a porta da frente ser aberta, mas permaneci com o rosto virado para os fundos da cozinha, sentindo Natalia mover a cabeça e desencostando o queixo do meu ombro para encarar seja lá quem fosse; e eu sabia exatamente quem era. Não sei se foi o cheiro do perfume reconhecível a quilômetros ou o som característico que as chaves faziam enquanto caminhava, ou talvez fosse um chute, presumindo que fosse mesmo Dacre devido a persistência do silêncio.

Natalia tirou por alguns segundos as mãos de meu cabelo e mesmo que eu não pudesse ver, pude imaginar que fez algum gesto ao rapaz.

— Eu volto outra hora. — ouvi sua voz depois de mais de um dia, confirmando que era mesmo Dacre, fazendo-me involuntariamente o olhar.

Desencostei-me da mulher e passei as mãos rapidamente pelo rosto, já que ele não precisava ter a certeza de que chorei feito criança. Eu não sabia dizer se sentia ódio de o encarar depois de tudo; parecia estranho na verdade: encarar quem mentiu para você e para seu coração. Não era como olhar para Nicholas, era mais doloroso, particularmente.

As feições de Dacre não eram muito diferentes das do sábado a noite; ainda estava um tanto pálido e com um olhar perdido, as olheiras e o cabelo um pouco bagunçado eram as provas que não estava 100% bem; mas eu também não, então estávamos kits.

Abaixei um pouco a cabeça e segui para o corredor, indo em direção ao quarto de visitas em que dormi. Recolhi minhas coisas, literalmente jogando o pijama e a roupa de ontem dentro da bolsa, socando as peças com força para que coubesse, mesmo que de forma desajeitada.

—Você não disse que viria tão cedo. — pude ouvir Natalia ao fundo.

— Eu disse "cedo", Dyer, só isso. — ele respondeu, em um tom mais baixo que o normal; parecia um pouco rouco, mas talvez fosse só impressão. — Podia ter dito que tinha visita.

Silêncio. A mulher não disse nada, ou pelo menos não foi audível para mim. Suspirei com certo pesar depois de passar novamente as mãos pelo rosto e pelo nariz devido ao corrimento nasal.

"Seu silêncio me preocupa, Sadie. Como eu disse, espero que esteja bem, mas me mande notícias, por favor"; pude ler a insistência de Joe pela tela de bloqueio do telefone, que estava sob a cama, enquanto eu tentava fechar a bolsa com custo.

"Estou viva, Joe. Está tudo bem. Eu só não estou com cabeça para conversar sobre isso agora"; respondi, teclando depressa.

"É sempre bom verificar... Se eu soubesse disso tudo, teria feito algo", ele disse quase de forma imediata.

"Eu entendo sua preocupação, mas não tem o que ser feito", comentei.

"Sempre dá para fazer algo..."; revirei os olhos ao ler.

"Acho que está em pouco tarde para uma reaproximação, não acha?"

"Para se reaproximar de alguém é preciso ter se afastado, Sadie... E eu sempre estive aqui".

Suas palavras me atingiram como um soco no estômago e não era para menos, já que Joseph estava afirmando que eu havia me distanciado sem nem perceber. Droga... Será que eu realmente tinha dado prioridade ao homem errado? Provavelmente.

"Bom, eu estou bem. Já entendi o que quer dizer..."; respondi-o, passando a mão pelos cabelos e respirando fundo outra vez.

"Tomara que não esqueça disso, porque eu não esqueceria alguém como você"; ri nasalado com aquilo.

"Acho que uma cantada nesse momento não é algo de bom tom"; afirmei.

"Não foi uma cantada na verdade", eu quase pudia vê-lo corar ao ler sua resposta.

Não o respondi. Eu já tinha ouvido aquelas mesmas palavras há um tempo e foi no carro de Montgomery, quando o vi pela quarta vez.

Passei pelo quarto de Will antes de ir embora, indo o mais silenciosa possível até o berço, vendo-o dormir tão tranquilo que chegava a me dar inveja. Acariciei seu rosto de leve, sorrindo involuntariamente. Em meros seis dias ele havia se tornado quase uma parte de mim também.

Curvei-me com certo esforço para alcança-lo e beijei sua testa, sentindo aquele cheirinho acolhedor.

— Comporte-se com a mamãe, ela está cansada. — sussurrei como se ele pudesse mesmo me entender e deixei o quarto, mantendo a porta entreaberta.

Automaticamente minhas feições mudaram ao percorrer o corredor até a sala, ainda não queria encarar Dacre e pensar que ele estava mal, sentindo-se culpado a ou qualquer outra merda que meu consciente pudesse inventar como justificativa para sentir pena do rapaz.

Eu também estava fodida, caralho.

Natalia ainda estava apoiada no balcão do cozinha, enquanto o alecrim dourado mantinha os braços cruzados, encarando o chão, escorado nas costas do sofá que cortava os ambientes; ótimo, ambos estávamos nos evitando.

— Obrigada, de novo, Sadie. — a mulher disse, acho que pela quarta vez.

Dacre Montgomery

— Já falei que não precisa agradecer. — Sadie respondeu e foi inevitável não olhá-la; faziam apenas um dia que não ouvia sua voz, mas já pareciam anos.

— Você vai sozinha? A sua amiga vai vir buscar você, não é? — Natalia questionou, referindo-se talvez a Maya, ao dar alguns passos em direção da ruiva.

— Não se preocupa com isso. - ela disse, olhando ainda por cima do ombro esquerdo ao abrir a porta frente.

— Vai a pé? — não pude evitar de perguntar. — É praticamente uma caminhada de... — ela aparentemente não quis me ouvir e saiu.

— Achou que ela fosse aceitar uma carona sua, Montgomery? — Dyer disse irônica. — Fica com o William, eu já volto.

A mulher me encarou com certo sarcasmo, aproximou-se de mim e colocou umas das mãos no bolso da frente da minha calça, pegando assim as chaves do carro.

— A gente tem muita coisa para conversar. — acrescentou. — Ela fez café, deveria tomar um pouco, você está com uma cara horrível. — a encarei mudo. — Ressaca? — perguntou retoricamente. — É, dá para sentir o cheiro de álcool de longe. — sorriu cínica e seguiu para a porta, deixando-me sozinho.

Porra. Xinguei-me em pensamento ao cheirar minha própria camisa e confirmar que Natalia estava certa; porém, eu não admitiria que passei a noite em claro bebendo, nunca.

Passei as mãos pelo rosto e, suspirei, seguindo para o longo corredor da casa, parando na porta do quarto de William. Escorei-me no batente e cruzei os braços, já que não entraria estando naquele estado ali; acho que mesmo que ele não entendesse nada, eu não precisava o sujeitar hoje a minha presença de merda.

Eu conseguia o vê-lo entre as frestas das ripas de madeira, pintadas de branco, do berço.

— Talvez sua mãe e sua madrinha tenham razão, garoto. — murmurei. — Acho que tinham escolhas melhores do que eu. — ri nasalado, lembrando-me das feições de Sadie quando soube que Natalia havia me escolhido como padrinho. — Seu pai era inconsequente até nisso. — completei.

Respirei fundo ao desviar os olhos do garoto e focar a atenção ao batente da porta a minha frente, dando uma leve batida com a mão fechada em punho na madeira, como se quisesse me certificar de algo; talvez confirmar se realmente estava acordado ou se aquilo fosse um pesadelo ridículo.

(...)

— O Hanhen é um caso perdido, francamente. — Caleb afirmou entediado. — Talvez fosse melhor deixarmos ele para lá.

— Não conseguiu enrolar o Ryan o suficiente para saber mais, é? — questionei, cruzando os braços e rindo nasalado.

Ele revirou os olhos. — Vai se foder. — resmungou. — Acontece que o ex da ruivinha não é alguém tão relevante assim para ele.

— Para mim é.

Caleb balançou a cabeça, olhando brevemente para o movimento da rua de sua casa às minhas costas.

— A questão é que seu interessado é só um cliente do Ryan, nada mais que isso pelo que parece. — o garoto respondeu. — Então não tem mais o que saber, o cara só posta coisa idiota no Instagram.

— Ele é coleguinha daquele Merle e você me diz "nada demais"? — ri novamente. — Nem fodendo... — neguei com a cabeça. — Tem mais coisa.

— Então vai lá você e pergunta, Dacre. — Caleb elevou o tom de voz. — Chega dessa porra, não está me pagando o suficiente para investigar a vida de merda do cara. — completou. — Eu me demito.

— Investigar... Isso é algo em que você é péssimo, aparentemente, não é? — arqueei a sobrancelha. — Como ainda tem um emprego formal sendo tão indisposto, hein? — ironizei. — Fora que, se me lembro bem, nós temos um combinado.

— De novo com essa história? — ele achou graça. — Para mim chega. Avisa sua namoradinha que ela vai ter que conviver com isso. Bom, pelo menos até que você tenha a chance de se encontrar pessoalmente com ele de novo, aí então você faz a merda que quiser.

Eu desviei o olhar, encarando as crianças que seguiam pelo rua, vindo provavelmente da escola, já que eram mais de 17h.

Maldito; Caleb não precisava me lembrar do fato de que Sadie não era mais minha namoradinha. Ela na verdade tinha voltado a ser a mulher perfeita, que me interessava de uma forma doentia e que era culpada de eu ter a sensação de abstinência, fazendo-me acordar de ressaca até o dia que Deus quisesse.

Era assim que as pessoas se sentiam ao ter o coração partido? Acho que eu preferia ter continuado como o vagabundo e filho da puta de sempre então.

Creio que Caleb tenha percebido minha cara de merda, pois ficou calado e me fez voltar a atenção a ele quando deu um riso abafado.

— Ela não precisa passar por essas merdas, já falei. — comentei, tentando mentir a mim mesmo de que tudo continuava perfeitamente bem entre ela e eu. — Ele provavelmente me conhece tanto quanto eu o conheço, não é idiota.

— Talvez seja. — deu de ombros. — Mas ainda assim, não vale a pena.

— Eu não vou_ — ele me interrompeu.

— Está preocupado por quê? — ergueu as mãos em questionamento. — Você não é praticamente guarda costas dela? — pausou. — É só continuar esse trabalho super difícil. — sorriu cínico.

Suspirei diante de sua ironia; nem para resolver os problemas que afligiam Sadie eu prestava. Respirei fundo, passando uma das mãos pelo rosto.

— Espera aí... — ele passou, olhando-me com certa confusão. — Não estão mais juntos, é? — seu tom era de deboche. — Puta merda. — riu.

— É, puta merda. — respondi, aumentando o tom de voz, para que pulasse esse assunto. — Mas isso não muda nada. O tal Hanhen ainda é um filho da puta, que divide o rosh de narguile nas festinhas com um estuprador.

— Não, Dacre. A questão é que ela te mandou a merda e você quer se redimir. — Caleb deu um passo em minha direção. — Antes era por ela e agora virou algo pessoal. — acrescentou. — O cara não fez porra nenhuma. É um cuzão? Com certeza, mas você também. Tem sorte de ela não saber as merdas que fez.

Foi minha vez de se aproximar do garoto, encarando fundo seus olhos escuros. Eu realmente não precisava ouvi-lo dizer algo sobre isso, minha culpa já me torturava o suficiente.

— Ah, aí é que se engana, ela sabe. E com isso, a sua liberdade está na minha mão. — evidenciei os fatos que realmente importavam. — Quer ir em cana por qual motivo? Os assaltos idiotas ou por ter atirado na porra da loira da Conceptum? Deixo você escolher.

Caleb não me respondeu de imediato, apenas devolveu o olhar de raiva idêntico ao meu diante da situação, mas suas feições logo começaram a oscilar entre ódio e preocupação.

— Se não tivesse insistido em participar daquela bosta, não estava fodido agora e Charlie ainda estaria aqui, caralho. — completei quase em um sussurro.

— Isso não é mais sobre o assalto, Montgomery. — ele declarou. — É sobre você e seu complexo de Deus.

Eu tinha quase certeza de que ele poderia ver o sangue nos meus olhos. A força que eu fazia para não apertar seu pescoço chegava a me fazer sentir calor; ele tinha sorte de estarmos na rua de sua casa e de eu não querer que sua irmã visse aquilo.

— Que seja, mas acontece que você quis entrar nessa e agora, infelizmente, vai ter que lidar com isso. — dei um passo para trás, respirando fundo outra vez. — Bem-vindo ao crime organizado, moleque. — sorri cínico.

— Enfia no seu rabo essa merda.— repreendeu-me.

Balancei a cabeça em negativa, rindo nervoso pela desgraça que estava sendo aquela nossa conversa. Tudo bem que ele não estava errado, entretanto, precisava entender, de uma vez por todas, que ele não poderia simplesmente dar as costas a tudo isso; fato o qual me irritava porque não era a primeira vez que falávamos sobre isso.

— Sinto muito, mas ela está mais do que disposta a me foder e se eu fosse você, rezava para eu estar de bom humor quando eu for preso. — acrescentei. — Então vê se não me fode antes da hora, porque eu tenho quase certeza de que não quer deixar a mamãe chateada, não é? — falei por fim ao sorrir cinicamente outra vez e dar um leve tapinha em seu ombro. — Obrigado por não ajudar em porra nenhuma.

Dei-lhe as costas antes que realmente apertasse seu pescoço com gosto. Atravessei a rua sem sequer olhar para os lados e entrei no carro, procurando logo pelo maço de cigarro no espaço do porta moedas. Acendi o cigarro com tanta ansiedade, que não me importei em dar algumas tragadas estando ainda ali na rua de Caleb.

Eu o vi entrar em casa, mantendo o olhar sobre mim; provavelmente se perguntava se eu tinha algum problema de bipolaridade ou de controle de raiva, e creio que eu realmente tenha. Todavia, os fatos ainda continuavam os mesmos: quem começou o caos foi ele.

Sadie podia ir a polícia logo de uma vez, acabar com essa tortura de que, a qualquer momento, teria de deixar ela, Lily e Natália para trás; era difícil lidar com essa merda. Mais um dia e eu a intimaria a fazer isso, senão, eu mesmo acabaria com isso e não era atrás de uma cela que eu ficaria, e sim a sete palmos da terra.

05/10/2022 - 420 dias antes do assalto a Florence Joalheria

— Você precisa parar de descontar as coisas no álcool, parar de agir como um adolescente. — Natalia disse ao me oferecer uma xícara de algum chá com capim limão, o qual neguei, ainda que o cheiro fosse bom.

— É isso ou socar a cara de alguém. — dei de ombros.

— Você não pode fugir das consequências das suas atitudes. — declarou ao continuar empurrando devagar, com uma das mãos, o carrinho de William, que dormia tranquilamente. — Já falamos sobre isso, mas você parece se esquecer de propósito. — olhou-me brevemente.

— Eu prefiro você quando não tenta ser minha psicóloga, Dyer.

— Alguém tem que enfiar nessa sua cabeça que se continuar assim, não vai durar muito tempo. — deu de ombros.

— É essa a ideia. — sorri fraco.

— Puta merda, só piora a cada dia... — balançou a cabeça negativamente. - Dacre... — suspirou. — Eu estou falando sério. — esticou a mão livre e tocou em meu antebraço sob a mesa. — Pensa com carinho sobre o que conversamos semana passada, talvez seja_ — a interrompi.

— Talvez na próxima vida, Dyer. Esqueça isso. — ri nasalado. — Prefiro despejar minhas merdas em qualquer coisa, menos em alguém que me fará mais perguntas. — completei, repreendendo sua ideia de procurar ajuda profissional.

Natalia depois que virou mãe, se esqueceu que nossa relação estava ótima quando era apenas a irmã mais nova e centrada. Entendia sua preocupação, mas preferia quando guardava para si as sugestões e apenas me mandava me foder depois de dizer que eu era um completo idiota. No fim, não era ela que precisava de mim, eu acho e sim o contrário.

— Acontece que vai demorar até você estar na próxima vida. - ela respondeu um tanto irônica.

— Se depender da Sink... — respirei fundo. — Não. — acrescentei.

Ela suspirou, sabia que eu entraria no assunto que a doía também. Natalia não tinha admitido para mim com todas as letras, mas se sentia culpada por ter feito Sadie se tornar sua companhia favorita.

— Como ela está aliás? — perguntei.

Ela sorriu fraco. — Ela está melhor, mas não diria ótima. — afirmou. — Não sei, ela infelizmente gostava muito de você, o que é péssimo no fim das contas.

Assenti, encarando sua mão ainda sob meu braço e concluindo que, de fato, Sadie era uma santa, já que faziam dez dias que ela ainda estava calada. Nada de polícia, só angústia.

— Não foi isso que eu quis dizer. — ela tentou se corrigir diante do meu silêncio e voltou a se recostar na cadeira. — Você entendeu. Ela não merece passar por essa merda, eu sempre te disse isso.

— Eu entendi, Dyer. — falei ao rir nasalado. — É uma porra tudo isso mesmo.

Ela sorriu fraco, aparentemente chateada com a situação.

— Ela perguntou de você ontem na verdade... — acrescentou. — Por isso digo que ela realmente gostava muito do que tinham. — eu a olhei pelo canto dos olhos. — Se fosse eu, nesse caso, acho que não iria me interessar querer saber se o cara, que me apontou uma arma, está bem.

Eu ri nasalado; a ruiva era definitivamente imprevisível.

— Ainda assim, me avise quando ela estiver aqui para eu não vir, não quero obriga-la a me aturar. — pedi. Natalia afirmou com a cabeça. — Acho que já tornei tudo difícil o suficiente. Não quero estragar os momentos dela com o William. — indiquei o bebê com um movimento de cabeça.

— Entendo. — ela respirou fundo e olhou por alguns segundos o relógio da cozinha que ficava na parede à sua esquerda. — São 18h18min. Ela inclusive já, já está para chegar.

— Então é minha deixa. — falei ao me levantar e empurrar a cadeira da mesa de jantar no lugar. — Sabe que_ — ela me interrompeu.

— Já sei, já sei... Qualquer coisa é só te ligar. — suspirou, e eu assenti. — Dacre... — ela me chamou e eu podia prever que pediria algo pelo seu tom. — Que situação é aquela dela com o ex? — questionou ao apoiar o cotovelo na mesa.

Respirei fundo, não esperava por essa pergunta. — O que especificamente? — questionei, espalmando as mãos sobre a mesa; era péssimo saber que não pude fazer nada sobre isso, ainda.

— Tudo na verdade. — respondeu. — Ela não quis falar sobre isso, pareceu envergonhada quando soltou, meio que sem querer o nome dele.

— Eu te contei aquele dia no hospital, mas você estava ocupada se preocupando comigo só porque não atendi a droga do telefone. — olhei-a e ela me repreendeu apenas com o olhar sério. — Por quê? — perguntei, deixando transparecer a droga da preocupação, como se não tivéssemos nos separado.

— Ela comentou sobre ele essa semana. - disse e meu olhar grudou ainda mais em seus olhos claros. — Não foi nada demais aparentemente, mas... — pausou e suspiramos praticamente juntos.

— Ela te contou o que houve?

— Ela não deu muitos detalhes. — disse, não disfarçando muito o quanto estava apreensiva. — Eles meio que se trombaram e_ — eu a interrompi ao bater a mão fechada em punho na mesa.

— Filho da puta! — esbravejei.

William choramingou devido meu ato, deixando-me mais ansioso, já que minha mente infelizmente imaginava naquele momento as inúmeras possibilidades de o que o tal Nicholas poderia ter dito ou feito.

— Dacre! — Dyer me repreendeu de novo. — Já entendi, o cara não é gente boa, mas eu só_ — interrompi-a novamente.

— Gente boa? Ele é um quase um psicopata. — encarei-a outra vez. — Tinha que ter me dito isso antes. — falei, começando a andar de um lado ao outro ansioso. — Mas que merda... — resmunguei.

Era péssimo saber que a teoria de Caleb fazia sentido: comigo longe, era mais fácil encontrar-se de forma conveniente com Sadie.

— Ela só me pareceu chateada e não que fosse algo de vida ou morte. — Natalia deu de ombros, tentando aínda acalmar William no colo. — Fora que, da forma como ela disse: que ele só a mandou mensagens inconvenientes, trocaram uma palavra ou duas... Não me pareceu grave suficiente para ter que falar às pressas com o ex, que é criminoso, dela. — deu de ombros ao referir-se a mim.

— Mas deveria. — comentei, seguindo até a porta da frente. — Porra, Dyer... — murmurei.

— Talvez tenha sido pelo seu problema de controle de raiva que ela tenha terminado, sabia? — pude ouvi-la antes de sair de sua casa.

Segui até o carro o mais rápido que pude, dando partida sem nem ao menos fechar a porta; eu dirigia rumo ao bairro de Caleb, mas sem um endereço em específico. Tirei o telefone do bolso e busquei pelo contato que era minha única opção no momento, intercalando a atenção entre o trânsito e o número de Ryan. Levou alguns segundos, mas ele atendeu; entediado aparentemente.

— Eu preciso de um favor seu. — falei depressa.

— Favor? Eu não faço favores. — respondeu.

— Eu quero o endereço de um dos seus clientes: Nicholas Hanhen.

Ele riu. — Primeiramente que nada é de graça, Montgomery. Segundo... Eu gosto de manter a discrição, sigilo é a_ — interrompi.

— Foda-se, Ryan. — aumentei a velocidade e o tom de voz para fazê-lo entender que não me importava com isso.

Coloquei o telefone entre meu ouvido e o ombro, ocasionalmente segurando o volante apenas com a mão direita, e me curvei, sem tirar os olhos da rua, para alcançar a arma embaixo do meu banco.

— Eu quero o endereço desse cara. — repeti, destravando a arma e olhando o cartucho praticamente cheio. — É uma questão importante de vida ou morte. — principalmente morte; completei ao encarar as dezesseis balas.

Se Nicholas não viria até mim, eu iria até ele. E dessa vez, não deixaria que a porra do trânsito, a presença de Sadie ou qualquer outra merda me impedisse de puxar o gatilho se fosse necessário.

Eu não era um assassino a sangue frio ou um prestador de contas como o próprio Ryan Collins, mas se eu já iria em cana, que eu fosse tendo o nome de Hanhen na minha lista de acusações.

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