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Capítulo 36 - Mia Wallace

07/09/2022 - 448 dias antes do assalto a Florence Joalheria

Dacre Montgomery

Sadie caminhava calada e tão devagar que chegava a irritar. Eu ainda tinha sua feição estranha em mente, mas creio que aqui não fosse o melhor lugar para conversar; parecia chateada com algo, talvez fosse algo a ver com a gerente ou simplesmente um dia difícil.

Eu só queria estar em casa e ela parecia querer atrasar aquilo, era quase essa sensação que eu tinha, especialmente quando parou quase em frente a porta e segurou firme no couro da jaqueta sobre si.

Merda, merda! Uma grande merda, com certeza.

Respirei fundo instintivamente, suando frio; como eu não pude me lembrar de ter feito isso antes, naquele maldito dia?

— Está tudo bem mesmo, Sadie? — decidi perguntar como se jamais imaginasse o que se passava em sua cabeça.

Eu deveria deixá-la em casa e depois desaparecer se eu fosse realmente inteligente.

— Estou. — raspou a garganta, mas ainda sem desviar os olhos do chão. — Eu só estou_ — dizia, mas foi interrompida.

— Eu realmente espero que esteja bem, eu vou conversar com ela depois, isso não vai se repetir, eu garanto. — outra voz feminina tomou o ambiente vazio, fazendo tanto eu quanto Sadie a olhar. — Você pode ficar um pouquinho, Sadie? — ela perguntou ao perceber que a ruiva ainda estava na cafeteria.

Sadie não respondeu, apenas tirou minha blusa de si e a apoiou no antebraço, mas sem desviar os olhos da mulher de cabelos pretos trançados.

— Claro, mas eu realmente_ — ela confirmou em um tom ameno, parecia preocupada com algo, mas outra vez foi interrompida.

— É Sadie, fique. Nós precisamos conversar. — meus olhos cravaram no rapaz que, até horas atrás, parecia uma lenda urbana de tão difícil que estava sendo encontra-lo.

Talvez ele nunca imaginasse quem eu era ou jamais fosse se lembrar do dia que segurei seu ombro no bar, impedindo-o de seguir a ruiva quando discutiram; mas eu lembrava, eu sabia e isso era o suficiente.

O rapaz me encarou um tanto curioso, acho que não passou pela sua cabeça que, em algum momento, esbarraria em Sadie estando acompanhada, e isso chegava a me deixar excitado só de imaginar.

Acho que aquele silêncio não durou mais que um minuto, mas foi o bastante para eu empurrar a ruiva, devagar, para trás de mim e sentir seu olhar confuso e preocupado sobre nós dois.

— É claro que a gente vai conversar, eu e você. — foi a minha resposta a sua insinuação estúpida.

— Olha, vamos nos acalmar, tudo bem. — a mulher que o acompanhava finalmente disse algo, mas não parecia muito convicta disso.

— Acalmar por quê? Está vendo alguém alterado aqui? — comentei sarcástico, olhando muito brevemente para Sadie atrás de mim; ela estava inerte. — A gente só vai... Conversar, não é, Nicholas? — repeti, concentrando-me para não grudar em seu pescoço; acho que Sadie não precisava ver isso.

— Eu não tenho mais nada o que dizer, que se foda. — o rapaz resmungou balançando a cabeça negativamente; porra, era realmente uma outra versão do McLaughlin sem dúvida, uma que me dava mais raiva.

Nicholas passou pela gerente de Sadie um tanto apressado, o que era engraçado, já que se
gundos atrás estava completamente despreocupado de estar ali. Ele quase esbarrou em meu ombro, mas dei um desconto por não ter prestado atenção nisso e logo seguiu para a porta.

— Vai mesmo me dar as costas? Estou falando com você, caralho. — falei, antes que levasse a mão a maçaneta.

— Vão se ferrar vocês dois. — resmungou, sem olhar para nenhum de nós e simplesmente saiu.

Eventualmente, eu não tinha o procurado há mais de uma semana para agora simplesmente sair; não mesmo.

— Mas que filho da puta. — xinguei, seguindo-o para fora.

Meus passos eram tão firmes, que só me dei conta disso quando senti Sadie segurar-me pelo ombro, afoita.

— Dacre, deixa isso para lá. — disse em um tom baixo ao me parar na porta.

Nicholas seguia pela calçada, dando rápidas olhadas para trás para certificar-se de que eu ainda estava ali, parado, na chuva.

— Fica aqui, eu já volto. — falei dando o primeiro passo para segui-lo, já que estávamos a menos de 50m um do outro.

Ele se apressou para entrar em um carro parado na esquina e eu não esperei um segundo para correr depressa e fazer o mesmo. Acho que a última vez que dirigi com tanta pressa foi quando Charlie estava sangrando no banco detrás do meu carro, o que me deu um certo calafrio quando pisei no acelerador.

Seguíamos pela avenida pouco movimentada devido a chuva, ignorando qualquer merda de sinalização; não era a primeira vez que eu fazia isso, mas sentia-me como se fosse e isso era bom, particularmente.

60, 70, 80... Eu não sabia se concentrava minha atenção no transito, na velocidade ou se tentava memorizar a placa do Corolla branco a frente.

Deixei na terceira marcha e apertei tanto o volante como se isso fosse aliviar meu nervoso com aquilo; eu francamente nunca achei que iria perseguir um idiota por um motivo tão estupido quanto aquele.

Acho que segurei a respiração em algum momento, já que quando dobramos a avenida Harvy, eu soltei o ar dos pulmões ao escutar o barulho do pneu quase derrapando contra a rua molhada. Meus olhos estavam tão vidrados para o carro a frente, que estava quase me esquecendo que eu precisava estar vivo para socar a cara do imbecil quando parassemos.

Minha esperança era de que Nicholas seguisse assim até a rodovia, já que não faltava muito; talvez uns 400m. Soltei uma das mãos do volante, curvando-me um pouco para alcançar a arma que ficava embaixo do meu banco, como de costume há alguns meses, mas isso sem tirar os olhos do filha da puta. 90, já estávamos a 90km/h.

Destravei o revolver, segurando-o firme, só aguardando que atingisse a Rota 88 e eu pudesse acelerar mais. Eu até poderia estar puto agora, mas não seria burro o bastante para tentar atirar em seu pneu no meio de Sacramento, mesmo que pouco movimentada. Estava ansioso por resolver aquilo, esperando o segundo perfeito, todavia isso não aconteceu: o sinal vermelho do cruzamento impediu isso.

Nicholas ainda acelerou e arriscou passar pelos carros que vinham na contramão e eu estava disposto a fazer o mesmo, mas o movimento era grande demais para isso, obrigando-me a frear bruscamente.

— Mas que porra... Filho da puta. — praticamente berrei dentro do carro, agora parado.

Bati a mão contra o volante, indignado por ter deixado que seguisse tranquilamente como se nada tivesse acontecido. Infelizmente, agora já não adiantava o seguir, tinha o perdido de vista e seria em vão ficar dirigindo por aí, como se buscasse uma menininha perdida; só me restava esperar o sinal abrir e voltar.

Aproveitei os segundos que me restavam para destravar o cartucho da arma, que ainda estava na minha mão; tinha apenas uma bala na agulha, o que era bom. Era o suficiente, na verdade, já que eu sabia que não iria errar de qualquer modo em uma próxima oportunidade.

(...)

— Enfim, ela olhou no fundo dos meus olhos, Dacre... Na minha cara, e disse que era melhor eu não ir mais. — Sadie contava há pelo menos quinze minutos o que tinha acontecido na maldita cafeteria.

— Demitida? Inacreditável... — balancei a cabeça negativamente, estacionando o carro em frente a sua casa. Eu estava chateado por ela, era nítido e ela via isso; as vezes até me questionava se não éramos os favoritos de Deus diante daquilo. — Cadê aquela merda de feminismo quando se precisa? - revirei os olhos, sendo sarcástico.

— Acho que foi para a puta que pariu. — ironizou. — Definitivamente, eu desisto. Eu não consigo mais questionar nada. — disse suspirando e descendo do carro.

A chuva estava fina, mas ainda gelada e ela pareceu não se incomodar com isso, já que seguiu até a porta, molhando-se; infelizmente, eu não ousaria emprestar a jaqueta de novo.

— Agora que eu estava tão boa em preparar expressos... — completou desanimada ao olhar para trás e me ver indo até ela, antes de destrancar a porta.

— Uma pena, eu bem que queria um agora. — ri pelo nariz, observando-a colocar as coisas sobre a mesinha de centro.

19h25min. Essa era a hora que eu deveria ir embora, esquecer que fui um completo idiota e imprudente de estar ali com ela, de perseguir o seu ex ou de simplesmente, a ter cumprimentado; mas não, não foi isso que eu fiz.

Sadie seguiu para a cozinha e eu acabei por acompanhá-la, mesmo que ela fosse resmungar por eu estar molhando seu piso.

— Credo, Dacre. Hoje sim eu concordo que seja bom tomar tequila. — ela comentou ao procurar por algo nos armários do fundo.

— Talvez seja. — dei de ombros, olhando-a tirar o pote de ração de Pandora e servi-la próximo a porta que dava acesso ao quintal.

Era uma cena engraçadinha e eu estava aliviado por ela não estar em uma crise de ansiedade agora devido ao ocorrido.

— Com toda certeza é. — assentiu, dando-me as costas.

A ruiva foi até o armário em que escondia - de forma fracassada - as bebidas alcoólicas. Pegou a bendita garrafa de tequila e veio em minha direção, insinuando que eu deveria a abrir para ela e consequentemente, servi-la. Tomei de suas mãos sem dizer uma palavra e sorri fraco, mas o seu olhar pareceu um pouco frustrado ao me ver oferecer, simplesmente, uma dose da bebida em um copo que estava sobre a pia e não em sua boca como da última vez.

— Eu achei que esse não fosse o jeito certo de beber tequila. — comentou.

— Aquele dia não era. — respondi-a entregando o copo.

Sadie virou a dose; parecia que realmente precisava daquilo ou só estava mesmo ansiosa demais para tomar algo que a fizesse engolir aquela droga de situação, e não seria eu quem a julgaria por isso.

— Você... — ela abaixou um pouco o olhar, rodando o copo nas mãos; era a ansiedade chegando. — Você disse algo a ele? — perguntou, voltando a me encarar.

Neguei com a cabeça. — Eu perdi ele na avenida Harvy. — respirei fundo.

— Certo... — assentiu com certo pesar; talvez esperasse mesmo que eu resolvesse isso, como eu tinha prometido. — É que você voltou tão nervoso e não disse uma palavra, eu achei que tivessem conversado sobre algo, mas não quis perguntar antes de estarmos em casa.

Tirei o copo de suas mãos. — Eu não acho que conseguiria manter uma conversa com ele. — ri pelo nariz, mas ela riu de verdade concordando.

— Com certeza não. — disse ainda rindo. — Mas eu não quero que fique preocupado com isso.

— Sadie, eu_ — a ruiva me interrompeu dando um passo a frente e colocando as mãos sobre meu peito.

— Eu sei que vai resolver isso, Dacre. — disse séria, mas ainda assim doce. — Eu confio em você para isso, só não quero que tome as minhas dores. O problema não é de fato seu. — completou.

— É nosso agora. — lembrei-a, encarando seus olhos e como de costume, segurando em sua cintura fina. Ela finalmente deu um sorriso sincero.

— Não vou discordar disso. — respirou fundo. — Eu acho que vai me achar meio idiota de perguntar isso, mas... — pausou, mordendo o lábio inferior.

— Eu aceito perguntas idiotas. — afirmei, assentindo.

— Pode ficar aqui hoje? Mesmo não sendo fim de semana. — questionou, olhando-me nos olhos como se isso fosse me convencer. — Eu estou de férias agora. — sorriu sugestiva, aproximando seu rosto do meu.

Ri levemente diante disso; eu esperava qualquer pergunta vinda dela, mas não algo tão bobo quanto me pedir para ficar. E eu, ignorando a realidade, aceitei.

— Claro. — confirmei, encostando sua testa na minha. — Eu fico pela tequila, sem problemas. — afastei-me devagar.

Sadie revirou os olhos. — É claro que é por ela. — tirou suas mãos de mim.

Ri de suas feições levemente irritadas, eu adorava isso e o que sempre rendia no fim: ela nos meus braços.

— E para de molhar meu chão, vá se secar. — disse por fim, dando-me as costas e seguindo para seu quarto.

08/09/2022 - 447 dias antes do assalto a Florence Joalheria

Sadie Sink

Com os olhos fechados, aquela não parecia a minha vida de merda e isso era bom. Tudo que eu sentia era a minha respiração, graças ao fato de minha mente estar calada agora, escutando apenas a música e o ruído baixo do filtro do cigarro queimando quando eu o tragava.

Talvez ainda fosse quarta-feira ou já era quinta. Talvez não se passava das dez da noite ou já fosse mais de duas da manhã; não sei, mas isso já não importava.

Muito provavelmente, em outra circunstancia, eu estaria sentada na sala, chorando por mais essa demissão, enquanto procurava alguma solução - sem contar na merda da situação humilhante com o desgraçado. Mas dessa vez, quem ocupava o sofá não era eu e sim Dacre, deitado, apenas observando-me andar lentamente no ritmo da música; pelo menos era isso que ele fazia há, sei lá, dois minutos atrás, mas não sei se ainda estava interessado em me olhar um pouco bêbada, enquanto fumava. Talvez isso fosse entediante demais para ele.

Todavia, eu não estava focada em pensar nisso, na verdade, focada em pensar em nada, apenas concentrada na nicotina e de como aquela merda de música poderia, em outro dia, me fazer entrar em colapso.

Eu não era a Mia Wallace, mas tenho certeza que poderia estar com o seu estado de espirito: amargurada e desiludida; merda, acho que era por isso que eu gostava tanto de Pulp Fiction.

Acho que ri desse meu pensamento idiota, mas o silêncio de Dacre - ou pelo menos o fato de não dizer nada audível -, fez-me deixar isso para lá, como se fosse comum rir depois de ser mandada embora de um trabalho de merda. Definitivamente, eu estava convivendo demais com ele por pensar assim. Inevitavelmente, ri levemente de novo ao perceber isso, já que era um fato que me deixava me sentindo como uma outra Sadie: a Sadie que ele gosta.

Pude ouvir Dacre se mexer no sofá, mas não abri os olhos, era boa demais a sensação de não estar tendo pensamentos autodepreciativos e eu queria aproveitar um pouco mais aquilo. Respirei fundo.

O calor das mãos de Dacre sobre meus ombros era bom, ainda que fosse um toque suave demais e que eu quisesse que fosse em outro lugar do meu corpo, mas por hora, estava satisfeita. Todavia, assim que percebi que seu toque foi breve e o calor da sua aproximação estivesse longe, fui obrigada a abrir os olhos.

O rapaz estava de costas para mim, em frente a pequena estante no canto, próxima a janela da sala, com porta-retratos. Ele parecia concentrado em uma versão minha de anos atrás; sorri com isso, nunca tinha parado para pensar se ele já tivesse notado as fotos ali. Sorri com isso, ainda que me desse uma leve vergonha, mas ignorei isso e traguei o cigarro outra vez, indo silenciosa até ele.

Coloquei minha mão sobre seu ombro, como fez comigo e debrucei a cabeça em suas costas nua, ainda tragando o cigarro Era reconfortante saber que não estava sozinha hoje, enquanto uma chuva pesada caia lá fora.

— Cansou de ser a Mia Wallace já? Estava sexy, pode continuar. — Dacre disse após alguns segundos; eu ri pelo nariz com sua referência, já que foi a mesma em que pensei. — Só faltou a cocaína. — acrescentou sarcástico.

— Não, eu prefiro não ser comparada a uma viciada, obrigada. — respondi, ainda debruçada sobre ele. — Está bom assim.

— Se refere ao fato de estar com a minha camisa que eu esqueci aqui ou pelo efeito das doses da tequila? — questionou ainda irônico.

— Os dois. — ri ao pressionar a bochecha contra sua pele exposta e tirar minha mão de si e apertar a única peça que eu vestia mais rente ao corpo.

Logo me desencostei de Dacre; eu estava um tanto curiosa para saber que foto ele estava olhando, tão focado assim, para não ter desviado os olhos em segundo sequer. Fiquei ao seu lado, depois de descartar o cigarro no cinzeiro da mesinha de centro e apoiei as duas mãos em seu ombro esquerdo, como se precisasse de ajuda para ficar de pé.

— Acho que nunca mais vamos, nós seis, para a praia assim de novo. — comentei ao ver que era minha foto de família em suas mãos.

— Por que não? Vocês parecem ser muito unidos para não fazerem esse tipo de viagem.

— Cada um está seguindo sua vida, Mitchell e Spencer estão fazendo faculdade, e a Jeacy... — ri levemente. — Está com treze anos e é quase do meu tamanho. — completei, indicando cada um na foto.

— Não é muito difícil ser mais alto que você, não é. — ele comentou sarcástico e logo em seguida, passou um de seus braços ao redor de mim; finalmente.

— E eu, bom, Essa você já sabe bem como está. — acrescentei, apoiando minha cabeça em si de novo.

Eu me sentia leve, relaxada pela primeira vez em meses e Dacre ali só me fazia sentir mais disso. Estava consciente o suficiente para saber que aquele era um momento bobo, mas extremamente importante para mim: era a minha história ali a sua frente e ele parecia interessado em ouvir sobre isso.

— Ainda assim, estão sempre juntos, isso que importa. — disse ele devolvendo o porta-retrato a estante. — Não acredito que a garotinha executiva era da fazenda. — riu pelo nariz.

— Você me subestima demais, Montgomery. — afirmei e ele assentiu rindo ainda. — Eu ainda me lembro como se dá um nó forte ou como preparar bolachinhas doces para o café da tarde, não sei só andar de salto.

— Ah não, isso eu sei. Não me restam dúvidas de sabe fazer muita coisa... Se é que me entende. — brincou em um tom defensivo, descendo a mão de minhas costas para minha bunda e me trazendo para mais próximo dele; minhas bochechas esquentaram automaticamente. — Deveria usar trancinhas de novo.

— Eu detestava. — ri, levantando a cabeça para olhar melhor a foto. — Era para esconder os cachos, e a jardineira jeans, Deus que brega.

— Não... — desviou seu olhar para mim e sorriu levemente. — Eu prefiro assim, natural. — disse, tirando uma mecha de cabelo do meu rosto. — Mas eu sei que não cabe a mim gostar ou não. — eu assenti, sorrindo de volta a ele.

Enquanto Joe soube dizer apenas um "mudanças são bem-vindas" como uma confirmação de que o cabelo liso e impecável é sempre melhor, Dacre, por outro lado, dava sua opinião sobre cada vírgula; sem dúvidas, algo ótimo.

— As vezes eu também prefiro. — concordei.

O loiro voltou sua mão ao meu corpo, ainda com a atenção nas fotos, acabei por fazer o mesmo por alguns segundos e me perdi em uma delas. Era engraçado pensar que nove atrás eu jamais pensava que chegaria tão longe e estaria tão ferrada. A Sadie de dezeseis anos, séria e com vestido de formatura do colegial, não tinha em mente que a vida seria tão dura.

— Deveríamos ir lá qualquer dia. — Dacre comentou, fazendo-me despertar dos pensamentos.

— Onde? Do que está falando? — questionei confusa.

— Malibu, Sadie. — riu pelo nariz, puxando meu corpo para ficar em frente ao seu, apontando para minha foto sozinha na areia da praia. — Acho que deveríamos ir.

— Sem dúvidas. — concordei. — Acho que iria gostar, o píer é incrível. — comentei. — E ter insolação depois acaba valendo a pena.

— Estou falando sério, ruiva. — disse virando-me e olhando-me nos olhos. — Por que não? — perguntou como se imaginasse minha resposta.

— Ir tipo... Amanhã? — ri. — É uma viagem de mais de seis horas, Dacre, não está falando sério.

— E o que é que tem? — deu de ombros. — Está de férias, lembra? — sorriu convencido.

A ideia era ótima, mas não conseguia ver como isso seria possível, fosse financeiramente ou até pelas condições atuais em que eu estava.

Neguei com a cabeça. — Eu não sei, eu tenho que pensar e_— ele me interrompeu.

— Para de pensar um pouco, Sadie. Vai ser bom. — abraçou-me pela cintura. — Você disse que me mostraria Malibu. Promessas são promessas, Sink. — estreitou seus olhos azuis.

Droga, eu nem me lembrava de ter dito isso e agora, ele me convencia com as minhas próprias palavras. De fato, era algo tentador concordar e francamente, Dacre não precisava me dar muitos motivos para isso, mas as minhas preocupações ainda falavam mais alto.

— E se_ — eu dizia, mas ele me cortou novamente.

— Achei que a tequila fosse te fazer dizer sim. — brincou, tirando uma das mãos de minha cintura e passando a ponta dos dedos sobre meu ombro um pouco a mostra. — É tão difícil de te convencer assim? — questionou com o sorriso malicioso de costume. — Se for, é só dizer como.

Respirei fundo. — Não acho que precise de muito, mas... — dei de ombros, antes de senti-lo tirar meu cabelo do pescoço. — Não vai fazer isso, não é? — perguntei rindo diante de sua atitude chantagista.

— Ah, com certeza eu vou. — respondeu passando a barba levemente sobre minha pele. — Pensa nisso, Sadie. — disse próximo ao meu ouvido. — Vamos sair dessa merda de cidade por uns dias, só nós. Você vai usar biquíni e eu vou ficar com ciúmes e, depois, você vai brigar comigo por isso. — ri levemente, balançando a cabeça em negativa com suas palavras. — Não vai viver de vinho rose ou se preocupar com um idiota por aí, porque vai estar ocupada com a gente estreando a merda de um quarto de hotel qualquer. — completou e beijou sutilmente meu pescoço. — Eu preciso ver você molhada por um motivo que não seja eu mesmo. — acrescentou; ele tinha de dizer alguma besteira senão não seria ele.

Ri levemente com isso de novo; eram bons argumentos para mim naquele momento: um tanto bêbada e em seus braços em uma sala pouco iluminada.

— Só se prometer que não vai me oferecer tequila. — disse sarcástica ao apoiar as mãos em seu ombro.

— Não vai precisar disso lá, tenho certeza. — afirmou, voltando a me encarar.

— Não?

Sorri abertamente, pedindo por uma de suas respostas cretinas e que pareciam ser estrategicamente pensadas para os momentos que eu estava mais vermelha.

Dacre negou com a cabeça. — Você sempre acaba se rendendo. — piscou. — Por isso não é boa nas nossas apostas. — comentou. — Sempre cede quando lembra que a gente fode bem para caralho. — segurou em minha nuca, antes de avançar em meus lábios.

Acho que Maya estava errada em dizer que eu o controlava, ou como dizia: adestrei; tenho certeza de que era o contrário e eu até gostava que fosse. Era cansativo ter de tomar a iniciativa contra o pudor sempre nas relações, mas Dacre era bom em fazer isso. Era ótimo quando eu me sentia rendida a droga de um beijo bom.

— E como descobriu isso? — perguntei sarcástica, sentindo-o se irritar por eu ter interrompido o beijo.

— A outra Sadie deixa escapar alguma coisinha sobre isso. — respondeu segurando um sorriso.

— Merda... — murmurei, sentindo sua boca de volta a minha e abafando minha voz.

— É uma merda mesmo quando você não para de conversar, garotinha executiva... — repreendeu-me ao apertar-me mais contra si, embrenhado uma de suas mãos no meu cabelo e andar devagar para trás em direção do sofá.

10/09/2022 - 445 dias antes do assalto a Florence Joalheria

— Acha que consegue estar pronta às 16h? — ele perguntou ao entrar no carro.

— Acho que não tenho compromissos que me atrasem, Sr. Montgomery. — respondi apoiando o antebraço na janela aberta do passageiro.

— Nós vamos nos falando, eu tenho que resolver umas coisas antes. — comentou ao dar partida.

Eu apenas assenti, desencostando-me do carro e o observei seguir pela rua ainda parada por ser sete e meia da manhã. Já estava virando rotina ter Dacre passando as noites aqui e, por mais que me soasse como algo depressa demais para se acontecer, eu gostava disso.

A Sra. Wheeler estava no jardim do outro lado da rua, ligando a mangueira para aguar as plantas da frente e acenou para mim com um sorriso mínimo. Acho que tomei isso como incentivo para ir até lá, pois quando vi, já estava em sua calçada.

— Bom dia, Sra. Wheeler. — disse um tanto envergonhada por incomodá-la. — Eu vou precisar viajar hoje. Poderia cuidar da Pandora para mim?

Ela assentiu. — Claro, o Mike e a Holly gostam dela, sem problemas. — sorriu. — Quando volta?

— Acho que lá pro dia 15 ou 16. — respondi, torcendo para que não perguntasse para onde eu iria. — Eu fico muito grata por isso.

— Não se preocupe. — balançou a cabeça afirmativa. — E como você está?

— Bem, eu acho. — dei de ombros, rindo nervosa. — Acho que vai ser bom sair de Sacramento por uns dias.

— E... Como está aquela situação? — perguntou um tanto séria, encarando-me.

— Bom, faz tempo que um número desconhecido não me liga, acho que está tudo bem. — respondi; eu sabia a que se referia.

— Tome cuidado, Sadie, por favor. Sabe que_ — eu a interrompi.

— Está tudo bem, Karen. — digo rindo um pouco. — Na verdade, nunca ninguém veio me procurar além daquele dia.

Menti; pois eu sabia que ela falava das mesmas pessoas que estavam com Nicholas na última vez que ele veio até minha casa e, sinceramente, eu preferia que ela não soubesse desse detalhe péssimo.

— Eu estou me cuidando. — completei.

— É, é bom não estar sozinha. — ela sorriu, referindo-se a Dacre; era óbvio que ela já sabia sobre isso, era quase um dever como vizinha. — Fica até mais tranquila, não?

— Com certeza. — confirmei. — Bom, mais tarde a trago para você.

— Não se preocupe com isso, querida.

Eu não disse mais nada e apenas a dei as costas, voltando para casa a fim de arrumar as coisas. Eu não sabia como contaria isso a Maya, e qual seria sua reação diante disso, porém, no fundo, sua resposta não mudaria muita coisa; eu ainda iria de qualquer modo.

"Será que vai estar chovendo lá?", perguntei a Dacre por mensagem assim que fechei a porta da sala. "Tomara que os hotéis não estejam lotados, Deveríamos ter planejado melhor", completei.

Todavia, não tive resposta, já que as mensagens nem ao menos tinham sido entregues a ele; o que me deixava estupidamente ansiosa.

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NOTAS DA AUTORA:
Lembrando que a história tem uma playlist especial no Spotify e no Youtube, com as músicas que sempre sugiro nos capítulos e outras relacionadas. Basta pesquisar por "Crime Culposo - playlist".
Abraços.

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