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Capítulo vinte e três - Precisamos falar sobre Scarlett.


Um cântico sepulcral.


Návitum Inferos Celeste, Návitum Inferos Celeste, Návitum Inferos Celeste, Gehénnam...

Eles entoavam com convicção. Eram sussurros macabros de cerca de uma dezena de figuras humanóides que formavam um círculo ritualístico ao redor de Scarlett.

A adolescente observou o cenário hostil aturdida; as figuras que lhe cercavam – anatomicamente humanas – não possuíam órbitas oculares, e mesmo com um capuz escarlate cobrindo boa parte de seus rostos, ela pôde notar cicatrizes horrendas que causarem-lhe arrepios.

Scarlett correu seus olhos buscando algum rosto amigo naquela imensidão de túnicas vermelhas e sorrisos tenebrosos, no entanto, sentiu-se ainda mais aturdida ao notar um garoto de cabelos cor de sangue ao seu lado. Assim como ela, o rapaz estava ajoelhado e entoava o cântico juntamente aos demais na sala; seu corpo seminu exibia cicatrizes profundas e horripilantes. Mas o que realmente chamou a atenção da assassina fora o objeto cortante em suas mãos; uma adaga forjada em prata estava posicionada meticulosamente na carne exposta de seu peito, na direção de seu coração.

Caelesti Igne, Caelesti Igne, Caelesti Igne...— as sombras escarlate continuaram a entoar, ainda mais alto. Símbolos rúnicos dispostos por todo o raio do círculo começaram a brilhar e ganhar vida.

Scarlett observou toda a cena completamente perdida e de mãos atadas. Suas mãos estavam imóveis apertando à contra-gosto o cabo de Heavenly Feuer, mirado em seu próprio coração.

Logo à sua frente, um homem de cabelos escuros como a noite e uma mulher de sorriso demoníaco veneravam o ritual com satisfação.

Preparem-se para queimar o mundo! — altas trovoadas abalaram as estruturas do recinto.

Raios cegantes cortaram o céu escuro, ao passo em que o ponteiro do relógio marcou meia-noite e ressoou por todo o cômodo fúnebre.

O garoto ao lado de Scarlett gritou algo inconclusivo e cravou a lâmina em seu próprio peito; nos segundos seguintes uma luz cegante obrigou Scarlett a fechar seus olhos até sentir dolorosamente o fogo em suas veias...


★★★


Scarlett abriu seus olhos com dificuldade e analisou a paisagem familiar que a cercava; seu corpo estava grudento e enrolado num lençol preto de seda que ela reconheceu de imediato.

A falta de decoração e o aroma de canela e menta predominavam no cômodo; para confirmar suas suspeitas, Nicholas estava recostado sobre o batente da porta analisando-a minuciosamente e com cautela enquanto segurava uma xícara de porcelana.

Scarlett constatou que seu estado era deplorável quando o arcanjo a olhou preocupado e não demorou a traçar seu caminho até cama; ele se sentou e entregou a xícara para a garota.

— Beba. Vai te fazer bem. — instruiu gentilmente.

O líquido dentro da xícara era incolor mas exalava uma mistura de ervas científicamente impossível. Scarlett sorveu do líquido um pouco receosa e se assombrou com a sensação de saciedade e paz que o chá místico lhe proporcionou; logo ela havia ingerido todo o conteúdo quente e ansiava por mais.

— Céus! O que é isso ?

— Receita secreta de família. — o arcanjo riu descontraído, mas mediante a situação em que se encontravam seu semblante se tornou rígido rapidamente.


— Precisamos conversar sobre...

— Eu tive um pesadelo...— ela o interrompeu, inspirando o aroma inebriante que o arcanjo exalava. — Nesse pesadelo, eu participava de uma espécie de ritual e...—  engoliu em seco, lembrando da sensação agonizante das chamas consumindo seu corpo dolorosamente.

— Scarlett...

— Isso tem a ver com o que Astrid me disse, não tem ? — ela pressionou.

Nikki apenas acenou positivamente, aumentando o desespero crescente na assassina.

Ser filha do fogo celestial implica a morte ?

— Eu preciso saber de toda a verdade, Nicholas. Antes que eu perca a pouca sanidade que me resta.— foi direta. As últimas palavras de Astrid martelavam repetidamente em sua mente e aquela revelação lhe perturbava juntamente com o sonho macabro e significativamente realista.

Nicholas comprimiu seus lábios apreensivo e desgrenhou ainda mais seus fios rebeldes; não fazia parte de seus planos dizer-lhe a verdade. Essencialmente numa situação tão delicada e importante. No entanto, a falta de Enzo ali não lhe proporcionava outra escolha.

— Para começar, Astrid misturou sangue demoníaco na sua bebida, o que explica a sensação agonizante que você sentiu na casa de chá, e consequentemente, no seu sonho. E na sua situação atual, ingerir tanto sangue angelical quanto demoníaco pode ser catastrófico e Astrid sabia disso.

Scarlett se espantou com as palavras do celestial de semblante tão sereno. Ela se perguntava como ele conseguia se manter calmo quando ela estava prestes a surtar.

— Eu bebi...sangue de demônio ? Que espécie de aberração eu sou, Nicholas ? Não venha me dizer que sou protagonista de uma profecia ou filha de alguém que nem é humano. Eu quero a história completa! — foi categórica e pertinente.

Pela primeira vez, ela achou que vira o arcanjo sentir-se perdido. Ses olhos estavam distantes quando ele alcançou a mão pálida da garota e apertou antes de encará-la profundamente.

— Eu posso te mostrar. Mas a verdade tende a ser dolorosa. Tem certeza disso ?

Sem muitas opções, ela apenas acenou em concordância.

— Como você...— suas palavras se perderam no ar quando a paisagem ao seu redor se tornou um borrão em movimento como se estivesse no olho de um furacão.

Tudo ao seu redor girava incansavelmente e uma força desconhecida puxava seu corpo sem delicadeza, revirando seus orgãos dentro do corpo. Ela sentiu náuseas e apertou a mão do arcanjo imóvel ao seu lado como se ele fosse sua âncora.

Nicholas percebendo o desespero da menina durante a viagem interdimensional, agarrou sua cintura em puxão forte, mantendo-a presa ao seu corpo; ele sabia que a primeira viagem desse tipo era desconfortável.

Depois do que pareceu uma eternidade, o redemoinho que os cercava diminuiu sua velocidade; aos poucos uma paisagem começou a tomar forma ao redor dos dois e quando a assassina menos esperava se viu descalço em meio a uma superfície úmida que causava cócegas na sola de seus pés.

Relva vívida por todo o lado, formava a extensão do que parecia ser um jardim. Árvores frutíferas, roseiras e muitos outros tipos de vegetação cercavam a assassina e o arcanjo.

O céu azulado e infinito abrigava nuvens com formas inconclusivas que movimentavam-se sem pressa. O sol se exibia forte e imponente demonstrando todo seu poder tornando as bochechas pálidas de Scarlett levemente rosadas. Mas o fato que ganhou ainda mais a atenção da garota era o aroma que o jardim exalava; maresia.

Não muito longe no horizonte, a adolescente encontrou uma praia de areia clara e quase intocável sendo banhada sem pudor por ondas violentas de um mar azul límpido e inigualável, compondo a definição de paraíso da garota.

Ela inalou aquele aroma uma, duas, três, diversas vezes até que Nicholas se fez lembrar segurando a mão da garota e se inclinando na sua direção:

— Venha, eu preciso lhe mostrar algo. — ele não esperou por resposta e marchou rumo as árvores frutíferas que formavam um pequeno pomar. 

Scarlett ainda inspirava profundamente absorvendo seu aroma favorito; ela ainda não sabia que lugar era aquele, mas ansiava em poder ficar o máximo que a realidade lhe permitisse.

Mal sabia ela o que aquela visita lhe proporcionaria...

— Nós estamos visitando o passado, então em hipótese alguma você poderá intervir no que verá aqui. Mantenha-se escondida. Nós estamos invisíveis, mas qualquer alteração do cenário pode ter consequências catastróficas, entendeu ? — Nicholas explicou e a garota acenou em concordância ansiosa pelo que viria a seguir. — Ótimo. Apenas observe, ou estaremos muito ferrados!

Eles esconderam-se atrás de uma macieira e o celestial indicou a um casal  numa clareira não muito longe; eles pareciam estar discutindo.

Scarlett lançou a Nicholas um olhar questionador, mas ele apenas lhe respondeu com gesto indicando que ela voltasse a observá-los. A garota analisou um pouco tediosa o homem de cabelos escuros e armadura brilhante gritar com a mulher de cabelos claros e túnica branca. Tardiamente, a adolescente notou um par de asas em cada um; negras para a mulher e brancas para o homem.

Eles eram anjos.

Isso é impossível! Anjos não...reproduzem. Nós somos guerreiros celestiais!  — o anjo de armadura brilhante estava visivelmente alterado.

— Eu sinto a vida dentro de mim, Mikhael. Eu sinto sua essência nessa criança. Nós criamos o impossível! — a mulher contrapôs.

Scarlett viu horror se apoderar da face do celestial que olhou para os lados visivelmente transtornado com a revelação; a assassina se encolheu no tronco da árvore temendo que ele pudesse vê-la. E foi então que a familiaridade lhe atingiu, no verde profundo dos olhos do homem Scarlett encontrou o mesmo estranho que a visitara num sonho certa vez e a mesma conexão que sentira ao abraçar o guardião das almas renegadas. Ela percebeu então que o conhecia.

Mikhael, Mikhael, Mikhael. O nome se repetia em sua mente. Mikhael Brachmann. Ela deu um passo para trás, ignorando a ordem de Nicholas e analisou os traços do celestial; os mesmos olhos, o cabelo, os lábios e até mesmo a postura dele lhe lembravam apenas uma coisa: seu próprio reflexo.

— Não pode ser...— ela balbuciou para si mesma, inconformada.

Seu pai morreu num acidente durante uma missão. Ele era um soldado. Um brilhante soldado, Scarlett.

Ela mentiu pra mim...ela mentiu...— ela tropeçou em seus próprios pés, mas felizmente Nicholas tratou de puxá-la novamente para seu lado.

— Por tudo o que você ama, Scarlett, faça silêncio!

— Ele é...Nikki...— suas palavras se abafaram quando o arcanjo tapou sua boca gentilmente e exigiu que ela continuasse a observar a cena.

— Dara, a profecia de Enoch...nós demos início a maldita profecia que Lúcifer garantiu que traria a queda do paraíso!

— Eu não me importo com essa profecia. É uma menina, Mikhael. A Filha do Fogo Celestial. — a mulher sorriu e alisou sua barriga com orgulho; Dezenas de estratégias benéficas para si mesma borbulhavam em sua mente astuta.

Mikhael olhou para a mulher ainda mais horrorizado.

— Você só pensa em si mesma, não é ? — ele acusou, impaciente. — Nós temos que escondê-la. Temos que impedir que essa criança saiba sobre si mesma e que carrega o peso da destruição universal nas costas...— Mikhael andava de um lado para o outro, alterado e perdido. 

Eu irei fugir e a levarei comigo.

O quê ? Você não pode fazer isso! — Mikhael agarrou o pulso da mulher; fúria exalando seu corpo.

— Ela carrega sua essência! Vai ser melhor assim. — argumentou.

Eu tenho outro plano. Você dará a luz a criança na terra, alegando estar em uma de suas missões recolhendo almas e a entregará a uma amiga minha. Um anjo caído chamado Elisabeth.

Ela é nossa filha e é poderosa! Como pode querer entregá-la nas mãos de qualquer caído ? — Dara contestou, estupefata.

O futuro reserva muita dor para nossa menina. Eu quero poupá-la disso o máximo que puder antes que o paraíso a descubra e faça dela sua arma nos tempos de trevas que se aproximam.

— Então ela jamais saberá que eu sou sua mãe. Não lidarei com a morte da minha própria criança. Quer você queira ou não, eu fugirei

— Como quiser, Dara. Mas apenas após o nascimento da minha criança. — Mikhael concordou, sem demonstrar a mágoa da decisão de sua amada. — Eu a chamarei de Ariella, para que ela fique marcada com minha essência mesmo em seu nome.

Scarlett ficou sem palavras ao constatar suas suspeitas. Com pavor, ela se livrou do aperto do arcanjo e se pôs a correr em meio as árvores sem se importar se havia atraído alguma atenção no processo. Ela podia ouvir os gritos de Nicholas atrás de si, e sabia que ele a alcançaria em breve mas não se importou; arranhou os braços, caiu, se enroscou em galhos e chorou.

Mikhael e Dara.

A Filha do Fogo Celestial.

A Protagonista de uma terrível profecia.

Ariella.

Todas as peças do tortuoso quebra-cabeça haviam se encaixado e a única coisa que a garota sabia fazer era chorar e correr para longe dali, sentindo o mundo despencando em seus ombros.

Ela chorou ainda mais quando braços fortes rodearam seu corpo  lânguido e ela se permitiu desmoronar, sentindo o mundo ao seu redor girar novamente com força total. No centro do redemoinho, ela questionava toda sua trajetória, todos os erros que havia cometido, todo o sangue em suas mãos, fazia tudo parte de uma maldita profecia ?

Antes que ela pudesse questionar algo, o cenário mudou mais uma vez. Scarlett se viu no topo de uma montanha tão alta que quase beirava o limite do céu – se é que algo assim seria possível – mas nesta paisagem estava chovendo, o solo era lamacento e trovejava como se o mundo estivesse acabando. Raios monstruosos cortavam o céu escuro e relâmpagos cegantes predominavam a paisagem caótica.

Scarlett tremeu e se agarrou ainda mais no corpo de Nicholas; suas lágrimas quentes misturavam-se a chuva gelada despejada sobre ela contra sua vontade.

— Essa é a última, eu prometo. — Ele assegurou.

Nicholas guiou a assassina pelo solo lamacento até uma caverna de pedra que os cobriria da tempestade e lhes daria a visão perfeita para a situação da vez. Ele se sentia mal por proporcionar tamanha dor a assassina, mas era assim que a verdade se comportava; dolorosamente.

—  Toda minha maldita vida foi premeditada. Meus pais me renegaram. O que pode ser pior que isso ? — a adolescente riu com escárnio.

Naquele momento, Nicholas se sentia impotente e fraco por ser incapaz de sugar toda a dor reprimida nos olhos da garota.

— Este é o profeta Enoque. Ele profetizou toda sua jornada. — ele apontou na direção de um homem de idade avançada e vestes puídas que erguia as mãos para o céu tempestuoso recitando palavras inconclusivas. — Eu estarei aqui o tempo todo, então se você se sentir desconfortável, aperte minha mão. — o arcanjo instruiu suavemente, entrelaçando seus dedos  nos da garota.

Scarlett apenas balançou sua cabeça e observou.

O homem na tempestade tinha cabelos brancos  e uma espécie de cajado em mãos enquanto parecia louvar aos céus.

Quando Scarlett menos esperou, o homem alcançou uma pedra afiada no chão lamacento e cortou a própria carne de seu peito; enquanto o sangue escorria, ele usou seus dedos banhados pelo líquido escarlate para escrever na rocha à sua frente ao mesmo tempo em que recitava:

— A criança gerada no ventre de um celestial da morte e possuidora da mais pura essência de um dos sete arcanjos, terá poder para destruir o mundo. Dotada de habilidades extraordinárias, será dominada por seu maior medo: seu próprio reflexo. Cercada por sangue, dor e destruição, será como uma mensageira da morte até que determine sua escolha: Inferno ou Paraíso. Tudo deverá ser decidido na hora da Ascensão.

"Návitum Inferos Celeste, Gehénnam. A mancha infernal será implantada no cerne da criança e eis que fadada a queda do paraíso e a ascensão do inferno, ela estará.

A adaga celestial transpassará seu coração e de humanidade, nada lhe restará. Uma incógnita entre o paraíso e o inferno, ela se tornará.

Ariella, o leão de Deus; Scarlett, o sangue infernal. O ritual de ascensão requere a morte, para que possa renascer imortal e indestrutível perante os leigos. Heavenly Feuer lhe ceifará, e também lhe dará a vida. Inferos e Celeste travarão uma árdua batalha em seu cerne, até que uma das forças faça-se única. 

Quando a escolha for feita, se abrirão os portões infernais e  fecharão os portões celestiais. Samael retornará, destinado a liderar o apocalipse que nessa terra se instalará. Uma centelha celestial reinará em sua alma, destinada a contradizer suas tendências maléficas. O Fogo Celestial dominará seu corpo e a essência infernal se instalará em sua mente. Eis aqui, a arma infeleste."

Um raio monstruoso atingiu em cheio o profeta, assim que ele terminou de escrever com seu sangue na rocha. Seu corpo se tornou cinzas e a montanha tremeu com uma força surreal e descomunal; trovoadas poderosas vieram a seguir. Scarlett gritou, mas antes pudesse digerir toda a situação o mundo ao seu redor girou mais uma vez e ela se viu em meio a mais uma viagem interdimensional.

Quando o cenário ao seu redor ganhou a forma do quarto que ela bem se lembrava, a assassina não pôde evitar seus joelhos se dobrarem enquanto caía aos pés da cama, atônita.

—Eu...eu sou uma maldita arma estúpida na mão de vocês, nada além disso! Como eu pude ser tão maleável, ingênua e manipulável? — ela esmurrou a parede, deixando que lágrimas quentes de ódio escorressem por seu rosto. Toda aquela recente informação fazia sua cabeça querer explodir. — Eu sou um maldito peão nessa richa interminável!— ofegou, espalmando suas mãos no parede fria.

Nicholas cerrou seus punhos rente ao seu corpo, abominando toda sua missão. Uma missão que havia resultado no sofrimento de uma garota. O paraíso era um lugar cruel e Nikki sabia disso. Vê-la sofrer daquela forma fazia com que ele voltasse a sentir coisas que nem imaginava serem possíveis. Ele queria abraça-la mais do que tudo. Ele queria protegê-la de todos e sugar todo seu sofrimento. Doía em seu peito, encará-la daquela forma, tão frágil e destruída.

— Ariella...— ele chamou baixinho, diminuindo o abismo que pairava entre eles quando seus pés se movimentaram lentos e cautelosos até a assassina.

Ela não se moveu, ou mesmo o encarou quando ele se posicionou à sua frente.Nicholas percebeu que ela tremia, sua cabeça estava baixa, ela chorava como nunca havia chorado antes.

— Eu estou tão cansada disso..Eu fiz pessoas sofrerem, outras eu matei, simplesmente porque toda minha vida fora calculada antes mesmo do meu nascimento e sem o meu conssentimento...— sua voz era fraca e chorosa.

Nicholas não pensou duas vezes antes de agarrar seus pequenos braços e posicioná-los ao redor da sua cintura, puxando-a para um abraço. Ela chorou em seu peito, e ele deixou que ela chorasse, se encarregando de abraçar seu corpo com firmeza e afagar seus cabelos. Ela estava fria e trêmula. Um pouco hesitante, ela apertou a cintura do arcanjo com toda sua força.

—Eu sinto muito, muito, muito por isso. Eu sinto muito por ter mentido pra você. Sinto muito por tê-la deixado sofrer dessa forma. Eu sinto muito.— era a primeira vez que Nicholas dizia tais palavras. Ele segurou em seus ombros e a afastou para encarar seus olhos avermelhados e sua expressão exausta. Seu olhar estava distante, quase sem vida.

Nicholas se apressou em deslizar seu polegar pela pela maça do rosto da garota, limpando cada uma de suas lágrimas sem pressa. Ela suspirou. Ele se aproximou sentindo-se audacioso. Fechou qualquer distância que pudesse separá-los e se inclinou na direção do rosto dela. Primeiro, ele beijou sua fonte, depois seus lábios deslizaram para a ponta do nariz pequeno dela. Ele riu, sentindo a argola metálica sob seus lábios – um adereço que ele gostava muito mesmo que fosse incapaz de admitir.

Scarlett enrijeceu de imediato ao sentir seus lábios deslizando para sua bochecha, provando cada resquício de lágrima e traçando uma linha tortuosa até seu queixo. Nicholas esperou que ela o empurrasse, mas quando ela não o fez ele agarrou seus braços gélidos, acariciando suavemente toda sua extensão, testando sua sanidade, transformando seu corpo em brasa, até parar em seus ombros, onde se encarregou de traçar circulos imaginários com seu polegar.

— Nikki...— ela fungou, tendo consciência da proximidade catastrófica entre eles. Ela queria se afastar, mas seu corpo parecia apreciar o toque quente do arcanjo em sua pele gélida, apertando seus ombros e selando qualquer distância entre seus corpos.

— Ariella...Ariella...— declamou com uma adoração inigualável, enquanto observava os lábios rosados e convidativos da assassina. — Última chance de se afastar. — alertou, contrapondo seu mais perigoso dejeso com o resto de sanidade que ainda lhe restava.

Scarlett encarou os lábios do arcanjo descaramente, e passou a própria língua por seu lábio inferior, como se pudesse saboreá-lo. E esta foi a resposta que Nicholas precisava para segurá-la sem pudor pela cintura, pressionando seus corpos mais uma vez, como se pudesse fundi-los, para então finalmente selar seus lábios faminto.

O corpo da assassina explodiu em um prazer doloroso e inigualável assim que seus lábios se juntaram. Não demorou muito, para que ele tivesse sua língua dentro da boca da garota, numa dança sôfrega e imponente. Scarlett engalfinhou seus dedos no cabelo sedoso do arcanjo e os puxou sem pena, se deliciando com o som gutural e prazeroso vindo do fundo da garganta de Nicholas. Não era nem de longe o primeiro beijo da garota, no entanto, era sem dúvidas o melhor. Intenso. Inebriante e sublime. Não bastasse o movimentar acirrado entre suas línguas impiedosas, o arcanjo chupou e mordiscou os lábios da garota o máximo de vezes que conseguiu. Scarlett temeu que pudesse desmaiar. Seu corpo estava entrando em combustão, seu coração mais acelerado do que parecia ser possível, o ar em seus pulmões já faltava, no entanto, nenhum dos dois parecia apto a se afastar.

Nicholas precisava de mais. Libertou seus lábios apenas se direcionar novamente ao pescoço da assassina, e enquanto seus lábios trabalhavam enlouquecedoramente naquela carne macia, seu corpo imponente tratou de empurrá-la até a parede mais próxima, sem se importar com a brutalidade com que o havia feito. Estava insano, incoerente, dolorido em todas as partes do corpo e ansiando por mais. Nikki agarrou a coxa direita da garota com uma força colossal, suficiente para marcar toda a pele por baixo do jeans grosso. Scarlett se limitou a choramingar de prazer e agarrar e puxar ainda mais os fios negros do arcanjo, cravando suas unhas em sua nuca e qualquer outra parte exposta de seu corpo.

—Ariella...Eu imploro...Ariella...— tentava inutilmente concretizar uma frase, enquanto se encarregava de marcar todo o colo exposto da assassina.

Scarlett tinha seus olhos fechados, fogo corria em suas veias, o suor se acumulava em cada parte do seu corpo, que arqueava desvergonhosamente na direção do arcanjo a cada nova sensação de prazer. Ela jamais poderia imaginar que um simples beijo podia se tornar tão doloroso e preciso.

Quando Nicholas se encarregou de encará-la, notou o grande erro que estava cometendo. A culpa brilhou em seus olhos. O verde era praticamente inexistente na íris da garota. O dourado se expandia deliberadamente; sua pele ganhando aquela coloração dourada que o arcanjo conhecia bem.

Ele largou o corpo mole da assassina, como se o abominasse. Viu decepção brilhar nos olhos da garota, e se esforçou para não tomá-la nos braços novamente.

— Isto foi...— ele começou, se afastando o máximo que pôde.

Ele sabia que era errado. Mas ele a queria. E melhor, ela o queria de volta.

"Você se apaixonará por aquilo jamais poderá ter, e isto será sua ruína." Ele se forçava a lembrar de tais palavras e impedir a si mesmo de se aproximar da garota novamente.

Scarlett piscou uma, duas, três vezes até realmente voltar a sua realidade catastrófica. O arcanjo agia como se a repudiasse e isso a magoou mais do que ela imaginva ser possível. No entanto, não poderia se dar ao luxo de demonstrar isso.

— Errado, eu sei. Não vai acontecer novamente. Jamais. — ela surpreendeu Nicholas enfatizando as palavras de forma apática, enquanto se recompunha; seus olhos estavam distantes, mas felizmente, retornavam a sua cor normal.

Nicholas suspirou aliviado e abriu a boca para formular algo coerente em resposta quando alguém irrompeu pelo quarto, correndo e ofegante:

— Scarlett, nós precisamos conversar.

A assassina e o arcanjo se entreolharam preocupados, ao visualizar o pequeno nephilim visivelmente transtornado e assustado se escorando no batente da porta enquanto tentava normalizar sua respiração.

Eles sabiam, que mais problemas viriam dali.


Demorou, mas finalmente ACONTECEU! Infelizmente, nem tudo são flores, mas não me xinguem ainda. O primeiro passo foi dado!
E aí, foi como vocês imaginaram ? Confesso que eu estava nervosa e reescrevi esse capítulo umas dez vezes durante todo o mês de dezembro.
Várias versões diferentes, mas sempre o mesmo final. Ufa! Tirei um peso das costas e PRECISO saber o que vocês acharam.
Beijinhos, nos vemos no próximo capítulo. Ou no próximo bônus.❤

P.S : Uma Caelesti pra você que chegou até aqui. 🌷🌷 Eu sei que o capítulo ficou ENORME, então obrigada. ❤

mahju_jackson DevilLady97 MissAlbuquerque Flaremountain ElisaBaroli  LittleStupidLady Estão satisfeitas ? 😏❤ (Se existe mais alguem que esperou muito por esse momento, sintam-se mencionados. ❤)

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