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Capítulo vinte e oito - Pérolas do desfecho

Nuvens cinzentas e espessas preenchiam assimetricamente  o céu nublado da grande capital britânica, indicando que uma impetuosa tempestade se aproximava. Talvez fosse poético para a ocasião, afinal, era de conhecimento geral dos sobrenaturais da região que o caos estava cada vez mais próximo. Todos eles, sem exceção, podiam sentir em suas entranhas que tudo estava prestes a ruir, e de uma forma irreparável.

O clima londrino era totalmente diferente do calor exagerado e a alta umidade das terras amazônicas e a mudança brusca de condições climáticas seria um exímio desconforto para o pequeno grupo de viajantes desprovidos de vestimenta adequada, se não fosse pelo fato de que tinham problemas maiores para resolver do que a atmosfera pouco calorífica que os circundava.

Inúmeros habitantes pacatos da cidade caminhavam apressadamente pela calçada, devido ao horário de pico do meio dia, mas nenhum deles pareceu se atentar ao fato de que os cinco jovens haviam aparecido misteriosamente na rua, surgindo então, através de um dos becos não frequentados. Se fosse uma cidade pequena, talvez tivessem notado o contraste das poderosas asas que sobrevoavam suas cabeças na atmosfera cinzenta, antes de aterrissarem graciosamente no solo.

— Isso vai dar errado. — Olívia se pronunciou, ajeitando seus fios loiros com empenho. — Quero dizer, não estou querendo ser pessimista, mas a realidade está bem na nossa cara. Não é como se vocês não pudessem vê-la. Pra onde foi a merda da prudência de vocês? — ela atirou, de forma dura e ácida todo seu descontentamento.

Os ventos gélidos que cortavam o ar e estremeciam o corpo dos integrantes do grupo era o menor dos problemas naquele momento. Era notável a falta de consenso entre eles,  dada a insatisfação palpável por parte do anjo da morte. Dave, que se mantinha ao lado do anjo, pôde notar sem muito esforço como seus músculos estavam tensionados e sua postura era inquieta.

Sendo uma exímia precursora da morte, Liv podia sentir que a situação ia de mal a pior, mas ninguém sequer parecia interessado em ouvi-la e isso a irritava.

— É do futuro da minha filha que estamos falando, Olívia! Não haja como se você não fosse capaz de entender tudo que isso implica. Não haja como se você nunca tivesse amado tanto alguém a ponto de sacrificar tudo por essa pessoa! — Elisabeth contrapôs no mesmo tom ácido, tomada pela emoção do seu lado maternal.

Uma facada nas costas de Olívia.

Não era comum que um anjo fosse capaz de sentir coisas, mas dada a trajetória complexa da celestial da morte, Elisabeth sabia bem que tocar no assunto de seus sentimentos era como cravar uma flecha venenosa na alma de Olívia, que o caído presumia que ainda tivesse. Ela estava tocando na sua mais profunda ferida.

O amor.

Os olhos cinzentos da celestial foram tomados por alguns instantes de choque diante das palavras do caído,  e então rapidamente preenchidos por um vazio colossal. Dave sentiu, ao olhá-la, que estava perdendo a Olívia companheira das últimas horas e isso o assustou, assim como Dakota e Naomi que assistiam a situação perplexas.

O conflito estava ali, prestes a eclodir.

Elisabeth estava entrando em território perigoso. O passado de Olívia não deveria ser pauta naquele momento tão crítico, onde a tensão entre eles começava a se tornar claustrofóbica.

Enzo, que assistia toda a situação em silêncio, estava alheio aos sentimentos perigosos que começavam a florescer no local. Ele tentava inutilmente entrar em contato com Nicholas. Precisava saber o que estava acontecendo, mas algo parecia muito errado com a frequência angelical; nada de milhões de vozes sobrepostas se comunicando em diversas línguas, apenas um zunido baixo e quase inaudível se fazia presente e isso alertou todos os piores sentidos do querubim.

— Quer saber? Eu não vou compactuar com o plano suicida de vocês. Façam o que quiserem, só não peçam minha ajuda depois! — furiosa, ela expôs. Estava pronta para girar seus calcanhares e se afastar quando Dave segurou seu pulso e olhou no fundo de seus olhos, numa súplica silenciosa que rapidamente ela reconheceu.

Olívia sabia que aquilo significava que ele a queria do seu lado e por mais que fosse realmente aquilo que ela queria, a menção dolorosa de seu passado por parte do caído a deixava fora de controle, mesmo que o toque suave de Dave dissipasse parcialmente seu conflito interno. 

— E agora? Nós intervimos? — a loba sussurrou para Naomi, enquanto assistia silenciosa todo o conflito.

A kitsune balançou a cabeça negativamente; aquele assunto era muito delicado para o anjo, ela percebeu. E intervir talvez não fosse a mais sábia das ideias.

— Acho que agora estou começando a entender porque a Scarlett sempre se manteve tão reclusa nas suas relações. — segredou, no mesmo tom. — Sentimentos podem ser catastróficos, e até mesmo intimidadores. — mesmo sendo a mais romântica dos três, Naomi nunca havia presenciado uma intensidade tão grande de sentimentos e isso a assustava, principalmente pelo fato de que agora estava imersa nessa nova realidade enquanto nutria sensações arrebatadoras pela sobrenatural ao seu lado.

Dakota sorriu, mas não disse nada. Ela sabia o quanto aquilo possivelmente aterrorizava a asiática e não poderia fazer nada sobre isso, senão entrelaçar seus dedos, indicando todo seu apoio e compreensão.

Depois do que pareceram longos minutos, Olívia finalmente foi capaz de quebrar o contato visual com o rapaz de gloriosos olhos âmbar a sua frente, para então, encarar seus pés cobertos pela bota de cano curto.

— Liv, olhe para mim... — com a voz extremamente suave, Dave pediu.

O anjo apenas acenou negativamente, evitando olhá-lo, porque ela sabia que quando seus olhos se encontrassem ela cederia, e não poderia deixar que aquela insanidade continuasse.

Olhando para os dois naquele momento, Elisabeth sentiu a culpa pesar sobre seus ombros. Estava tão exausta e estressada, e sua ânsia por proteger Scarlett era tamanha que não havia pensado duas vezes em ser cruel. Olívia não merecia aquilo e a rebelde celestial sabia disso.

— Eu só quero salvar minha filha. — com a voz baixa, ela choramingou. Seus olhos verdes e expressivos que há muito tempo foram cheios de vida, exalavam toda sua frustração.

Não era necessário um especialista para diagnosticar a culpa brilhando em suas íris esverdeadas.

— Nós vamos salvá-la, Liz. Foram dias difíceis para todos nós, e perante toda essa pressão e estresse, discutir e julgar não é nem de longe a melhor opção. — Naomi interpelou, com sua voz macia, enquanto se aproximava da mais velha e afagava suas costas com extremo carinho.

O caído acenou em concordância, enquanto esfregava suas têmporas.

A tensão começava a se dissipar vagarosamente.

— Nós temos um problema. — o querubim se pronunciou, atraindo a atenção de todos.

Durante os longos minutos em que os demais discutiam, Enzo havia se empenhado em descobrir o que estava acontecendo no paraíso e chegando a uma irrefutável teoria, ele se viu obrigado a compartilhar suas suspeitas com o resto do grupo mesmo que ele soubesse que tais notícias os deixaria ainda mais nervosos.

Os quatro pares de olhos encararam com extrema atenção o celestial; o querubim respirou fundo e olhou nos olhos de cada um deles antes de finalmente tomar a coragem necessária para soltar a bomba.

— Enzo... — Olívia começou, temendo o pior quando notou o olhar desesperado de seu amigo; ela tinha certeza de que fora a única a notar toda sua apreensão, pois o celestial costumava esconder bem suas emoções.

— Nós vamos precisar nos separar. — anunciou, em um tom forçadamente brando; Ele esperou alguns instantes ante de continuar. — Cheguei a conclusão de que a revolução no paraíso começou, então antes que o problema se agrave em proporções apocalípticas, eu e Olívia precisamos partir, encontrar Nicholas e impedir que uma anarquia destrua o paraíso. — expôs calmamente enquanto observava a expressão de choque nos demais, com exceção de Olívia.

Ela o compreendia, o entendia a ponto de saber que toda aquela calma era fachada para manter o resto do grupo são; eles não precisavam de mais preocupações, não agora. Os acontecimentos celestiais eram de responsabilidades apenas dos dois anjos.

— E quanto ao resto de nós, o que fazemos? — Dave fora o único capaz de indagar, tendo em vista a apreensão e insegurança que tomou conta do ambiente rapidamente.

Enzo e Olívia se entreolharam imediatamente por alguns breves segundos, ainda mais apreensivos.

— Vocês podem se ocupar em procurar por Scarlett, tomando o cuidado de não atrair sobrenaturais, nephilins ou qualquer coisa que não seja humana no processo. — o anjo lhe respondeu calmamente.

Elisabeth soltou um suspiro pesado de frustração, ao passo em que Dakota e Naomi permaneciam estáticas apenas encarando o querubim. Dave, ao lado de Olívia apertou seus dedos ainda mais fortes; ele não queria deixá-la partir, assim como ela sentia que não deveria dar as costas a ele.

Aquela familiar sensação de perda.

— Eu sinto muito. — levou suas mãos  suaves ao rosto do rapaz, demonstrando todo seu carinho. — Eu gostaria de poder continuar ao seu lado, mas eu também tenho obrigações com a minha família, Dave. E Nikki, é a minha família e eu sei que ele está correndo um grande perigo agora, eu sinto isso. Nós precisamos salvar aqueles que amamos. — a voz do anjo se tornava cada vez mais fraca, tomada por tamanha emoção; ela podia sentir que o estava perdendo naquele momento, mas não poderia evitar, não em tais circunstâncias.

— Você salva os seus, eu salvo os meus. E no final do dia, nós nos reencontraremos. — ele afirmou, mesmo que soubesse em seu íntimo, que a promessa não se cumpriria.

Aquilo era um adeus, ambos sabiam.

— Nós nos reencontraremos. — ela repetiu suas palavras dolorosamente e então deu as costas, incapaz de manter contato por muito tempo sem desabar.

O anjo abominava que seus novos sentimentos a tornassem tão melancólica, mas não conseguia evitar, não quando se tratava de Dave.

— Não deixe que ela faça nada imprudente, eu imploro. Nós vamos tentar achar uma solução pra todo esse caos quando encontrarmos Nikki. Você, se empenhe apenas em Scarlett. — Enzo instruiu o caçador, enquanto o mesmo assentia sem hesitar.

Ele não olhou quando as costas do anjo da morte sumiram no horizonte, muito menos quando ela e Enzo alçaram voo, sumindo entre as nuvens espessas que separavam aquela dimensão de todo o universo celestial.

— E então? — a loba indagou, quebrando o silêncio que se perpetuava por longos minutos.

Nenhum deles fora capaz de proferir nenhuma palavra, principalmente Dave. Ele estava cabisbaixo, respirando profundamente e alheio aos arredores; Naomi soube de imediato que estava pensando nela e resolveu tomar a liderança do grupo quando nem ele, nem Elisabeth amoada num banco, pareciam capazes de tomar alguma atitude.

Ela facilmente os descreveria como frustados e exaustos.

— Se você fosse uma assassina/filha do fogo celestial/instável e autodestrutiva, qual seria o primeiro lugar que você iria para pôr um fim nisso tudo? — jogou a questão aos quatro ventos, empenhando-se em resolver o quebra cabeça que ela sabia que era a mente da amiga.

— Casa? — Dakota arriscou.

Naomi negou com um aceno.

– Na toca dos leões. — a resposta analógica veio de um Dave agora obstinado, brandindo seu arco e respectivas flechas; não poderia se dar ao luxo de ser tomado pela exaustão quando o futuro estava em jogo.

— Que melhor lugar para acabar com tudo isso, senão exterminando todos aqueles que começaram o caos? É, ela provavelmente deve estar atrás dos nephilins. — Elisabeth concluiu o pensamento, enquanto se levantava do banco.

Segurando seu abdômen enfaixado, ela se aproximou do grupo com um pouco de dificuldade e alguns ruídos dolorosos, mas uma brilhante espada estava em sua mão livre.

— É, parece que não vai ter como evitarmos o plano inicial. — Dakota confirmou o óbvio com um estalar de língua.

Elisabeth riu com um escárnio doloroso.

— Só os tolos tentam fugir do destino quando ele já está traçado. — e com isso a mais velha não esperou que eles respondessem, antes de se apressar em prosseguir a sua caminhada para o inferno.

Porque ela sabia, que ele estava prestes a reinar na terra. E antes que acontecesse, o caído jurara a si mesma que daria sua vida para poupar a de Scarlett.

Dakota, Dave e Naomi a seguiram, tendo consciência de que agora era pra valer; lutar ou morrer. Não um pensamento racional , nem emocional, mas um combo dos dois que os dava gás para o que iriam enfrentar a seguir.

E então a razão se unira a emoção.

•••

— Eu poderia arrancar suas asas, pena a pena, mas isto te faria esquecer quem você era e o que você fez. Prefiro que sofra sozinho pela eternidade! — o ódio milenar era palpável na voz aguda de Gabriel.

Com um sorriso cruel, ele analisou com satisfação o terceiro arcanjo preso atrás das barras douradas que compunham a jaula imponente nos confins no paraíso; mais uma entre tantas na prisão celestial.

— Você vai se arrepender muito disso, Gabriel. — Nikki alertou, apertando suas mãos contra as barras. — Permitiu que uma maldita fugitiva entrasse no paraíso e a deixou sair impune. Imagine como será quando o criador descobrir isso. — continuou, em um tom sarcasticamente desafiador.

Gabriel sorria da forma mais maléfica possível, enquanto alinhava seu terno cinza com falso interesse; o quarto arcanjo estava contente demais com seu próprio feito para se atentar as palavras do atual prisioneiro celestial.

Não havia sido uma tarefa fácil para o celestial invejoso mobilizar boa parte do paraíso contra a conduta de Nicholas; mas agora que o tinha conseguido, ele tripudiaria o máximo que pudesse, mantendo o terceiro arcanjo sob os escassos cuidados de ninguém, assim como tinha acontecido anos atrás com Miguel, não muito longe dali.

— Diz isso porque está aqui preso e sem a sua garotinha. — riu com deboche. — Ou você acha que eu não sei do seu interesse por ela? Francamente, Akriel, isso é patético até pra você. Ela é apenas mais uma arma entre o paraíso e o inferno. Não faça disso algo grande. — provocou, se aproximando ainda mais das barras douradas que o separam da fúria contida nos olhos azuis do outro. — Além do mais, o criador não se importa realmente. Ele foi embora. E eu estou aqui para garantir que anjos como você não saiam impune. — com seu complexo de superioridade nas alturas, ele atirou.

Nicholas estava furioso por ter colocado a si mesmo nessa situação, mas ele precisava escolher; permitir ser preso ou permitir que eles capturassem-na, e a segunda opção estava definitivamente fora de cogitação. Ele esperava que o menino nephilim tivesse entendido seu recado e o repassado o quanto antes para Scarlett; ele sabia que ela não lidaria bem com o seu sumiço repentino, mas esperava que seu eu celestial, escondido em algum lugar de sua alma fissurada vencesse aquela árdua batalha interna.

E enquanto ele estivesse ali, à mercê das vontades arcaicas e egocêntricas de Gabriel, ansiava com todo seu ser que ela não ascendesse, que não se entregasse a mentiras, chantagens e vontade de terceiros, incluindo o próprio paraíso. Mas essa era uma questão parcialmente resolvida; antes de permitir ser capturado, uma das exigências de Nicholas fora que eles não interferissem na vida da garota, e por mais que fosse um crápula, Gabriel ainda era um anjo e prezava sua falsa moral, então isso implicava que suas promessas seriam cumpridas.

Pelo menos, Nicholas desejava que fossem; o quarto arcanjo tinha mudado muito nas últimas eras, nem sempre fora daquela forma e um pouco da culpa por aquele comportamento estava nas mãos de Nicholas e de sua traição; mais um fragmento doloroso deixado por Akriel.

— Contanto que você se mantenha fiel a sua promessa, eu não me importo com mais nada. — mentiu descaradamente.

Ele era bom nisso, em mentir. E precisava esconder dos olhos astutos de Gabriel o seu plano insano; libertar Miguel e a si mesmo, para que então tomassem as rédeas da situação tendo como primeira meta retirar o criador de seu exílio interminável.

Gabriel sorriu mais uma vez satisfeito em ver o terceiro arcanjo preso a sua frente, mesmo que ele ainda mantivesse um sorriso exageradamente confiante em seus lábios. Na mente do quarto arcanjo, ele estava no controle e isso era o suficiente pois ninguém o tiraria de seu novo pedestal.

O paraíso estava a mercê de suas ordens.

— Sabe, há algo que eu quero te contar, já que você não pode interferir...— divagou, caminhando de um lado para o outro exalando uma confiança exacerbada.

Nicholas se levantou, imponente como sempre fora e lançou um olhar duro sobre o quarto arcanjo; toda a confiança exagerada do arcanjo não poderia significar boa coisa.

— O que você fez, Gabriel? — indagou, entredentes.

O outro assobiou assoviou calmamente.

— Eu ainda vou fazer. — corrigiu —Vou fechar os portões do paraíso, Nikki. Ninguém entra, ninguém sai e ninguém ajuda. Isso é um basta! Que a humanidade ingrata vá buscar migalhas nos confins do inferno. — ele confessou convicto, exibindo um sorriso pretensioso logo em seguida.

Por alguns segundos, a postura confiante de Nicholas quase vacilou em surpresa. Gabriel estava mais diferente do que ele pensara e ele só esperava que isso não fosse um problema maior em seus planos.

— Você não é o criador para decidir algo assim! Tudo nessa eternidade tem consequências. Você deveria saber muito bem disso. Espero que saiba o que está fazendo, Gabriel, porque um dia ele vai voltar e eu receio que você não está preparado pra isso. Nenhum de nós está.

Nicholas viu a expressão de contentamento do quarto arcanjo vacilar, assim como sua postura, mas ele logo se recompôs.

Ali estava, atras de todo aquele ódio primitivo em relação a Nicholas, estava o medo e a apreensão de ser condenado por seus atos e era nisso que o terceiro arcanjo tinha que trabalhar; o arrependimento de Gabriel poderia ser seu maior aliado.

— Você diz isso porque ele era...

E então, o alarme celestial tocou, alto e imponente reverberando por todo o paraíso.

Gabriel franziu o cenho por alguns instantes apenas para sorrir logo depois e Nicholas o encarou curioso; a comunicação na frequência angelical era uma das condições de seu acordo.

Nada de manter contato com outros anjos.

— Adivinhe quem vem para jantar? — Gabriel abriu um sorriso ainda mais soberbo. — Liv e Enzo acabaram de se juntar a nós. Vou mandar prepararem mais duas celas. — batendo palmas com falsa animação, o arcanjo se afastou, deixando para trás um Nicholas desolado.

— Seu maldito! — gritou em vão, esmurrando as barras sólidas de fogo celestial que o separavam do perverso arcanjo.

A primeira parte de seu plano tinha começado a dar errado.

Se os dois anjos não estavam na terra para proteger Scarlett, quem o faria? Naquele momento ele se amaldiçoou por ter aceitado o acordo de Gabriel.

Estava mais uma vez, perdido.

•••

— Você tem certeza que é aqui? — Naomi questionou a loba, estupefata e deslumbrada demais com o monumento secular que se agigantava sobre eles.

A igreja anglicana de arquitetura gótica  e muito bem conservada que se erguia imponentemente à frente dos jovens  era o suposto esconderijo que abrigava dezenas – talvez até centenas – de nephilins revoltados e órfãos de paternidade celestial, que ansiavam pela destruição do paraíso.

Westminster Abbey. Grande ponto turístico na Inglaterra e templo religioso muito usado para coroações e casamentos da família real inglesa.

Um lugar para pessoas importantes que escondia muita história em suas paredes.

Por um lado, fazia um certo sentido bíblico que os mestiços arquitetassem seus planos malignos ali, na famigerada casa de Deus. Mas ainda assim, era uma grande surpresa que toda aquela estrutura grotesca e bela, posteriormente viesse se tornar um palco de horrores apocalípticos se as coisas saíssem do controle.

— Não duvide das minhas capacidades olfativas, Naomi. Nephilins tem um fedor próprio, assim como todos vocês. — contrapôs, convicta de onde seu faro havia levado os demais.

A kitsune apenas deu de ombros, ainda encarando o monumento repleto de turistas.

— É estranho. — Dave se pronunciou analisando os pequenos detalhes que compunham a igreja aparentemente tão pacífica.

— Na verdade eu acho poético. Os mestiços planejam se vingar pelo descaso do paraíso, morando sob o teto da casa do criador. — Elisabeth comentou, com uma breve risada entristecida.

Ela sabia muito bem o quão cruel poderia ser a falta de paternidade e por isso uma parte de si não acreditava que toda aquela espécie quisesse causar toda a destruição que a maioria deles se vangloriava em dizer.

Toda árvore tem alguns frutos podres.

— E agora? Nós batemos na porta da frente e esperamos eles nos convidarem pro chá das cinco? — com uma sobrancelha arqueada, a loba questionou.

Naomi estapeou sua própria testa e soltou uma risada sem graça ao constatar que não havia pensado nessa parte do plano.

Dave a olhou horrorizado.

— Naomi...

Elisabeth murmurou um impaciente "crianças" e mesmo andando com dificuldade se misturou rapidamente entre os turistas que perambulavam pelo recinto.

— Nada mais surpreendente do que entrar pela porta da frente na toca dos leões. O que pode dar errado? — a loba debochou antes de seguir o caído, assim como resto dos demais.

O odor forte que os nephilins exalavam se tornava cada vez mais presente em seu canal olfativo.

Já no interior da abadia, Naomi encarou toda a decoração requintada ainda mais deslumbrada; mesmo morando em Londres há anos, nunca tivera a vontade de visitar o templo religioso, simplesmente por não ser o tipo de pessoa crente em uma força superior.

Mas agora a história era outra, ela estava ciente dessa "força superior", assim como todas as coisas terríveis que isso implicava no universo.

E então, ela viu, parado entre os inúmeros visitantes que circulavam pelo local, um homem robusto em um terno caro e exibindo um sorriso cruel que a encarava como se pudesse sugar sua alma apenas com o olhar.

Ela soube, dados os arrepios que percorreram todo seu corpo instantaneamente, que ele era um nephilim, mas não apenas qualquer um e sim o líder deles.

— Merda! — ela sibilou olhando ao redor, a procura do resto do grupo, mas eles já tinham se misturado à multidão de turistas.

Aos poucos, entre as dezenas de turistas, pares de olhos obstinados mantinham seu olhar sobre ela descaradamente; alguns com roupas mais casuais, outros mais bem vestidos e bem diversificados em faixa etária e gênero. Todos nephilins.

Conforme os turistas vagarosamente deixavam o salão principal, a kitsune pôde enxergar seus amigos espalhados pelo recinto, tão estupefatos quanto ela, com exceção de Elisabeth, que os encarava com um ódio mortal.

O homem robusto e de aparência mais velha, deu um passo teatralmente dramático na direção deles e alargou seu sorriso.

— Chegaram bem na hora do jantar. — sua voz condizia com sua expressão maquiavélica quando ele se pronunciou.

Elisabeth avançou em sua direção como um felino e rapidamente o colocou contra a parede mais próxima, mantendo sua espada brilhante sobre a pele morena do pescoço nu do nephilim.

— Cadê minha filha? — ela rosnou, forçando a lâmina contra o sujeito.

O nephilim sorriu ainda mais abertamente, como se soubesse algo que ela não sabia.

— Não tivemos sucesso em prendê-la, mas graças a estupidez de vocês, ela estará aqui em pouco tempo. —vangloriou-se com límpida crueldade.

Elisabeth se afastou, chocada. Deveria saber que eles teriam tudo premeditado, cada passo muito bem calculado; era assim que os mestiços se comportavam e o caído se amaldiçoou por ter se deixado levar pela emoção e então, acabar por ser imprudente e colocar todos em riscos.

— Estamos tão ferrados. — Naomi sussurrou aos amigos, olhando mais uma vez para os incontáveis nephilins armados ao seu redor.

Eles estavam claramente em minoria.

— Você acha que vamos simplesmente nos entregar assim? — Dave bradou, avançando na direção do sujeito que ainda sorria imensamente.

Elisabeth o olhou repreensiva, mas ele mal notou. Seu coração batia forte em seu peito num desejo até então reprimido de justiça.

— Eu não acho nada, rapazinho. Vocês não tem escolha. Se não se entregarem, nunca mais verão a amiga de vocês, nem mesmo quando ela ascender sob a praga dos céus e do inferno. — o nephilim estava extremamente convencido de sua ameaça. — Tenho um dos meus atrás dela nesse momento, e acredite, Astrid pode ser bem convincente e letal quando quer.

Entre os integrantes do grupo, apenas Elisabeth conhecia a nephilim persuasiva de caráter tão manipulador, então ela sabia bem do que a mestiça era capaz e não hesitaria em consertar seu erro racionalmente. O caído olhou na direção dos demais e acenou negativamente antes de selar seus destinos sob o teto da casa de Deus.

— Nós nós entregamos. — engolindo todo seu orgulho gordo dolorosamente, a rebelde celestial estendeu suas mãos na direção do nephilim que tanto repudiava.

Enquanto um segundo nephilim rodeava bruscamente seu braço com algemas de fogo celestial sólido, ela arquitetou um perigoso plano em sua mente exausta, a medida em que os demais também se entregavam, um pouco contraditórios.

Mas se dependesse do caído, aquele jogo inverteria antes que eles pudessem comemorar sua vitória.

— Teremos um belo espetáculo esta noite. — o nephilim anunciou, enquanto acenava para que levassem os mais recentes prisioneiros ao "calabouço" da igreja.

Ele estava visivelmente satisfeito e confiante.

Mas não ficaria assim por muito tempo, se dependesse de Elisabeth.

Ela só precisava se manter pacífica até que seu processo de cura quase completo se concluísse e seu estado físico se recuperasse a todo vapor.

Agora era esperar, e torcer para dar certo.



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Tem alguém aí? 👀

Eu demorei muito, mas finalmente voltei com um capítulo quentinho pra vocês!

Deixem-me saber se gostaram, quais são suas expectativas para os próximos capítulos finais e totalmente decisivos, e claro, não esqueça de deixar aquele votinho camarada se gostou do que leu.

Abraços quentes como inferno e até o próximo capítulo! (Não tenho uma data prevista para o encerramento do livro, mas aguente firme, eu não desisti e nem pretendo.)❤️

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