Capítulo 9
Aqui está a melhor cena que eu já escrevi na minha vida. Posso estar exagerando? Sim e provavelmente estou. Mas eu amei isso em um nível que não dá pra mensurar.
Ponto de Vista Anabeth Snape
Esperar por vinte minutos já é pedir demais, mas duas horas?
Eu apenas entendi que ele não ia voltar, isso me deixou profundamente triste, Adam sempre foi tão preocupa em me deixar fazer as coisas sozinhas e agora simplesmente me abandona longe da escola e sozinha.
A raiva não me deixa chorar, principalmente quando tenho que pagar por um pedido que mal toquei. E agora precisava andar por aí e encontrar meu irmão antes que algo aconteça.
Eu ando pelas ruas, entro na bomboniere esperando encontra-lo fazendo um estoque de doces, ando por grupos de adolescentes conversando nas calçadas, mas nada.
Até parar no toldo de um bar, sei que Maximus não está lá, ele não pode entrar assim como eu. Então apenas espio a janela para ter certeza, quando estou prestes a descer os degraus da frente, a porta abre e os cabelos castanhos de Noah caem para fora, cobrindo parte de seu rosto.
- Perdida, Snape?
- Não, estou procurando o Max.
- É, ele não está aqui – ele levanta o copo em sua mão e me oferece – quer um gole?
- Eu não posso beber, tenho dezesseis.
- Corrigindo – ele deixa a porta bater em suas costas e cruza os pés em um equilíbrio que eu invejo – você não pode entrar, mas nada a impede de beber aqui, na calçada.
- A certeza que meu pai me mataria, ou melhor, mataria você. Sim, me impede – eu me agito, o jeito de Noah é mais divertido que de qualquer pessoa que eu conheça.
- Eu tenho uma teoria – ele se aproxima e me olha nos olhos – seus pais te registraram logo que você nasceu?
- Não, levou alguns meses por causa da guerra.
- Eles escolheram a data?
- Sim, os seus não?
- A minha teoria é que você, provavelmente, já tem dezessete e pela lei, é uma mulher adulta plenamente capaz de entrar nesse bar – Noah se afasta e abre a porta novamente - quer apostar?
– Não. Sabe onde posso encontrar meu irmão?
- Atrás do bar, com Heather Collins, fazendo coisas adultas.
- Que nojento.
- Você nunca fez coisas adultas, Anabeth? Como entrar em um bar.
Noah está me desafiando, eu gosto de ser desafiada, embora só tenha descoberto o que é isso depois que o conheci. Eu aceito o desafio e dou alguns passos decididos até a porta, passo a muleta por ela primeiro, como se fosse mais fácil. Mas nada acontece, nenhum fiscal vem para me mandar sair.
Noah sorri e se vira de costas, andando na minha frente, mas olha por cima do ombro para ter certeza de que o estou acompanhando. Ele anda até uma mesa no canto, não é como as outras, já que tem apenas a mesa circular pequena e alta sem nenhuma cadeira.
- Precisa se sentar?
- Seria bom, eu andei por quase uma hora.
Noah não questiona nem me olha como se eu fosse fofa por ser deficiente, ele apenas se afasta e volta com uma banqueta do bar.
É alta demais para qualquer pessoa da minha altura, tendo ou não uma deficiência, subir e Noah sabe disso, ele me olha e espera, segurando um sorriso.
- Pode me ajudar?
- Diminua o peso, pra mim – ele pede e eu coloco minha bolsa de oxigênio na mesa.
Então Noah se aproxima e ao invés de apenas me segurar pela cintura e me colocar para cima, ele escorre a mão pela minha bunda até o alto das minhas coxas e me sobe até que estar montada nele.
- Noah?
Só então ele dá um passo a frente e me coloca sobre a banqueta, eu fecho as pernas rapidamente e me viro para a mesa, estou tão vermelha que me sinto tonta com tanto sangue em meu rosto.
- Isso foi desnecessário.
- Pra mim foi muito bom, seus faróis estão acesos e são bem duros – ele sorri e leva seu copo á boca.
Fecho a jaqueta com o zíper, embora saiba que ele sentiu mais do que viu.
- Você é assim com as outras garotas também? Ou gosta de me atormentar?
- Que outras? – ele fica sério e sua expressão tem uma dúvida profunda.
- Deixa pra lá.
Mas eu não consigo deixar, estou muito brava com Adam, primeiro porque me deixou sozinha na casa de chá, segundo porque evita essas coisas adultas comigo enquanto já tinha feito com outras, para ele existiam outras.
Noah leva o copo á boca mais uma vez e depois empurra pra mim. Suas mãos são grandes, muito grandes, se eu abrisse meu sutiã como fiz com Adam, ele certamente não recusaria e meus seios sumiriam naquelas mãos, talvez eu nunca mais os achasse.
- No que está pensando, Ana?
- Seios... Não! – eu grito, mas ele está rindo de se acabar – você falou de faróis acesos e agora estou com medo de mais alguém notar.
- Ninguém vai notar, porque ninguém vai te pegar como eu fiz.
- Alguém talvez pegue.
- Sério, as pessoas acham que gente como você não transa.
- Mas estão certas, eu não faço isso. E o que quer dizer gente como eu?
Ele levanta as sobrancelhas e inclina a cabeça por que sabe que eu sei exatamente o que quer dizer.
- Quer fazer?
- O que?
- Sexo, Anabeth. Quer fazer sexo? Estou te convidando.
- Claro que não – eu rio alto – eu tenho namorado.
Mas não estou pensando em Adam, estou pensando em Noah e que eu adoraria fazer sexo com ele. Também quero fazer sexo com Adam, mas ele não está aqui.
- Você me levaria pra onde?
- Tem quartos lá em cima.
- Parece sujo.
- Não, ficaria sujo depois, principalmente com seu suor.
- E essa coisa nojenta que sai do seu pênis – eu brinco, tentando tirar sarro dele, ainda que Noah não se abale.
- Não, isso estaria no seu estômago.
Eu não tenho o que responder, estou chocada e maravilhada em como ele conseguiu descer tão baixo.
- Acho que eu quero aquela bebida agora.
Dizer que quero uma bebida e querer uma bebida eram coisas bem diferentes, Noah me empurra a dele mais uma vez, tinha apenas um gole, na verdade, menos que um gole.
- Sério?
- Eu pego outra depois, se alguém vir dois copos na mesa vão saber que está bebendo.
Eu dou de ombros, secretamente estou achando muito fofa essa atitude dele, eu pego o copo e olho o interior, quase nada de um líquido âmbar, não penso, pego o copo e viro, preciso levantar bem a cabeça para o que está no fundo do copo escorrer para a minha boca, é mais doce do que eu esperava, mas queima a garganta.
Não tenho tempo de devolver o copo à mesa, ele é apanhado no ar de forma nada gentil e na minha frente está a cara nada amigável de Adam.
- O que está fazendo com ela? – sua pergunta é direcionada á Noah, que não responde.
Ao invés disso ele encara Adam, não é medo que vejo em seus olhos, é... outra coisa.
- Vamos, Ana.
- Não – eu respondo baixo, mas firme – eu só estou conversando e você sumiu por horas.
Adam me encara, parece que vai me matar só de olhar, mas se vira para Noah logo em seguida.
- Sei que não posso fazer nada fora da escola, mas vamos ver como Hogwarts vai reagir sabendo que um dos alunos está oferecendo bebida a uma menor de idade. Vamos ver o que o professor Snape vai reagir sabendo que ofereceu bebida á filha dele.
- Adam, você não pode – eu me altero e me viro para Noah – não vai dizer nada?
- Todo mundo já olha pra você, Anabeth. Não quer mais esse vexame, quer?
- Vamos – Adam levanta minha bolsa de um jeito que é impossível que a cânula continue no meu nariz.
Sou obrigada a descer da banqueta e segui-lo, não porque quero, mas porque ele está, literalmente, levando o ar que eu respiro para longe.
Olho Noah por cima do ombro, um jeito de me desculpar, porque apesar de tudo, de todas as vezes que ele mexeu comigo, que tentou coisas improprias comigo e ter contado sobre quem éramos a mim e meu irmão, eu não queria que ele fosse açoitado.
Adam me leva pela rua principal de Hogsmead e sobe a primeira trilha que leva a escola, sem dizer uma palavra.
- Deixa que eu levo minha bolsa.
- Eu faço isso.
- Não, deixa que eu levo.
- Não é porque você me traiu que eu não vou ajudar você.
- Mas está andando rápido demais – eu paro e o cateter é arrancado de mime fica preso na minha jaqueta.
Ele se vira e retorna. Estou ofegante e minha perna direita está queimando pelo esforço.
- Desculpe.
- Eu não trai você, Adam.
- Se me visse conversando, bebendo e rindo com outra garota, você também chamaria de traição.
- Onde você estava?
Ele morde a bochecha por dentro e balança a cabeça nervosamente.
- Eu disse que ia resolver uma coisa.
- Não, Adam. Quero saber onde você estava, eu te esperei por duas horas e andei pela cidade por mais de quarenta minutos até encontrar alguém que foi legal comigo.
- Noah?
- É, Noah.
- Eu fui procurar minha mãe, porque eu quero encontrar ela, mas não queria te deixar preocupada.
- Então escondeu de mim e me usou para vir até aqui. Porque se alguém desconfiasse, podia simplesmente dizer que ficou comigo o tempo todo, eu mentiria por você.
- Não é bem assim, Ana. Eu não pretendia demorar tanto, mas eu senti que estava chegando perto.
- E encontrou? – eu abaixo a voz, ele balança a cabeça lentamente.
- Mas o fracasso não doeu tanto quanto te ver com Noah, ele te trata tão mal, achei que você gostava de como eu te trato, com carinho, cuidado, respeito.
- Ele me diverte, mas é só isso. Eu gosto de você como você é, mas ficaria feliz com um pouco mais de contato.
Ele sorri e assente, então anda até mim e coloca a cânula de volta no meu nariz, se abaixa e a beija, não a mim, a minha pele, ele beija o tudo que leva ar para dentro do meu pulmão.
Eu rio fraco porque a contatação é tão ridícula que nem pode ser real.
- Noah tem razão, você não gosta de mim, gosta da minha deficiência.
- Do que está falando?
- É como você é, beija o cateter, ou beija minha bochecha por cima dele, quando me toca começa pela minha perna rígida, só se senta do meu lado direito, ama tocar na minha muleta e carregar minha bolsa. Eu não sou essas coisas. Não fazem parte de mim.
- É quem você é, Anabeth.
- Eu não sou minha deficiência.
Ele não se desculpa ou tenta corrigir, no lugar disso, cruza os braços e me olha com seriedade.
- Você teria se apaixonado por mim se não fosse o albinismo? Ou teria me notado apenas como um monitor, como todos os outros? – não respondo por que admitir algo assim é tão ruim quanto – você gosta de mim por que sou uma aberração igual a você.
- Não acredito que usou essa palavra – meus olhos se enchem d'agua por mais que eu queira segurar o choro.
- Rosier usa essa palavra o tempo todo. Ele pode e eu não?
- Noah não é meu namorado.
- Devia ser, vocês se merecem.
Adam se vira de costas e começa a andar, devagar o suficiente para que eu acompanhe, mas não me deixa me aproximar o suficiente para ver seu rosto, tenho medo de tê-lo feito chorar também.
Subimos por algum tempo e antes que eu perceba estamos na ponte, eu resmungo porque ainda não quero me despedir, não sem uma conversa, me apresso e o puxo para trás.
- O que foi?
- Vamos conversar.
- Acha que eu gosto de você pela sua perna e seu pulmão, não temos o que conversar.
- Então me mostra o contrário.
- Ana – ele se aproxima e coloca meu cabelo para trás – eu estou com muita coisa na cabeça agora, é melhor a gente se falar outro dia.
- Vai desistir de mim como desiste de tudo?
- Eu só preciso de um tempo.
- Quanto?
- Eu não sei, preciso pensar.
- Adam – meus olhos se enchem de lágrimas e não consigo me conter.
Ele se inclina e beija minha bochecha.
- Seu irmão tá vindo aí, ele te ajuda a chegar na comunal.
Adam se afasta, dá dois passos para trás antes de se virar. Eu o vejo caminhando na direção do castelo, sozinho e de cabeça baixa, meu coração dói e quero muito culpar Noah por tudo.
- Oi irmãzinha – Maximus canta atrás de mim, me viro para ele e vejo a loira bonita que o acompanha.
- Posso andar com vocês?
- O que aconteceu? – ele a solta e se aproxima de mim – o que o Adam fez?
- O que quer dizer pedir um tempo? Um tempo sem data pra acabar.
- Olha, por experiência própria – Heather se aproxima devagar – ele está terminando com você, mas não quer que você sofra.
Eu soluço e abraço meu irmão porque é a única pessoa que consegue me acalmar, ele devolve e esfrega os dedos no meu cabelo.
- Eu queria tanto te proteger disso – ele murmura.
- Vamos entrar, antes que alguém te veja assim – Heather é a garota mais legal da escola e talvez do mundo e gosto de ver ela com meu irmão.
Maximus pega minha bengala e me oferece o braço no lugar, então tenho um de cada lado e sou amparada por eles, me sinto envergonhada por ser largada assim, no meio da ponte, pelo único garoto que já se interessou por mim na vida.
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