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Capítulo 8

Ponto de Vista Adam White

Anabeth me disse muita coisa que tenho que processar, ser fruto de um estupro e ter sido odiado pela minha mãe biológica durante toda a gravidez, a ponto dela nem mesmo olhar para mim quando nasci foi devastador.

Eu esperava algo mais comum como, eles não terem como me sustentar e preferiram me deixar em um lugar onde sabiam que eu seria cuidado.

Droga! Isso não é verdade.

Eu estava decepcionado, na real. Queria que fosse uma coisa grandiosa, uma trama de intrigas e mentiras que eu pudesse desvendar. Não que o que rolou com Vinette não fosse péssimo o suficiente, mas a história que Ana me contou não deixava muitas sobras para investigar.

- Sabe onde ela está? Eu quero conhece-la – eu olho de canto para o professor na frente da turma, tendo a certeza de que ele não está nem um pouco interessado na aula, assim como eu.

- Não sei se é uma boa ideia, Adam – Anabeth afasta meu cabelo do olho e procura meus olhos – você tem uma família boa, um lar, amor. Porque procurar alguém que não te quis desde o começo.

- Ela pode ter se arrependido. Ou talvez precise de ajuda, seu irmão disse que ela ficou instável emocionalmente.

- Sim, nem conseguiu passar nos exames pra auror.

- Então eu tenho como acha-la.

- Na verdade – Anabeth diz com muita incerteza – ela virou tipo uma justiceira, o que significa que é procurada pela polícia.

- A Ordem.

- A Ordem acabou com a queda do Voldemort, há mais de dezesseis anos.

- Não acho – eu sorrio, a sensação de saber algo que ninguém mais sabe é extasiante – essa coisa de fazer justiça com as próprias mãos não é uma coisa isolada, lobisomens são caçados, homens mortos depois de bater na esposa. É brutal, mas acontece muito.

- Esses casos não têm ligação. O ministério saberia.

- Ah, eles sabem. E como um ótimo investigador que sou, eu também sei.

- Vai me contar como?

- Esses criminosos são de muitos lugares diferentes, mas os corpos só são achados em Londres, no centro, onde tem muito prédio abandonado.

- E o ministério, pode ser um recado.

- Talvez, ainda assim, faz sentido que a Ordem tenha uma sede lá. Bem diante dos olhos deles.

Ela não acredita em mim, mas isso não me incomoda, assim que eu descobrir a verdade, serei um herói.

Eu dou um breve selinho em Anabeth e a vejo sorrir, ela ficou mais confiante nas férias de Natal e também notei algumas mudanças em Max.

- Vocês estão bem com essa história de bebês encomendados?

- Sim. Como você se sente?

- Ah, pelo menos alguém me quis, ainda que fosse um psicopata sádico com sede de sangue.

Anabeth gargalha alto e precisa cobrir a boca com a mão para não atrair atenção do professor.

- Eu não tinha pensado por esse lado. Mas tem razão, pelo menos alguém nos quis.

O cateter escorrega e eu me apresso em colocar no lugar, Anabeth é tão bonita e única, ainda que eu já tenha me acostumado com suas atitudes comuns, não consigo parar de me sentir atraído por ela.

No entanto, quando olho para o lado, percebo que Noah continua me encarando insistentemente.

Não disse nada sobre isso a ninguém, mas está me incomodando. Eu sei que causei problemas á ele antes do Natal, mas Rosier não pode sair por aí ofendendo e aterrorizando os outros alunos e não ter consequências. Se alguém devia se preocupar com as surras era ele.

Odeio ser essa pessoa.

- Parece distraído, amor.

- Não é nada. Você disse que visitou Noah no Natal.

- Não! – ela quase grita – a minha família visitou os Rosier.

- E como foi? Ele mexeu com você?

- Não, fora ter dito que sou um bebê encomendado, eu nem vi ele.

Eu aquiesço, embora sinta que Anabeth está mentindo. Não tem problema, quando eu descobrir o que ele fez a ela, vou destruir a vida dele.

Meu rosto queima com a sensação dele me encarando, odeio sentir raiva, então me aproximo de Ana e beijo sua bochecha, ela sorri e aponta para o livro. Eu já sei essa matéria e as respostas.

Então passo o restante da aula e do dia, pensando em todos os prédios abandonados de Londres.

A noite, estendo um mapa na parede do quarto, sinto que não preciso nem mesmo dormir ou comer até encontrar o que eu estou buscando, abro a lista telefônica que pedi para minha mãe mandar e começo a vasculhar as ruas.

Quando percebo que a lista pula um número de determinada rua, eu marco como prédio abandonado.

Percebo que os corpos são deixados há, no máximo um quilometro do Ministério, o que significa um raio de dois quilômetros em torno do ministério, afinal, a Ordem não transportaria corpos sem vida de muito longe.

Ao final, tenho oito construções a serem investigadas, mas eu precisava de tempo e um jeito de escapar da escola sem ser notado.

Eu posso aparatar de Hogsmead, se eu tivesse um bom álibi.

Afasto o pensamento que insiste em ir á Anabeth, eu não quero usá-la dessa maneira, mesmo com a certeza de que ela ficará bem.

Se tivesse outro jeito, eu juro que faria, mas não tem. Só espero que no final de tudo, ela me entenda e entenda os motivos que me levaram a isso.

***

Hogsmead era ainda mais romântica depois do Natal, com a neve derretendo e dando lugar ás cores que ficaram escondidas por baixo, dessa vez, me garanti que Anabeth tenha pego a autorização com seu pai dois dias antes.

Ela está linda com essa jaqueta azul turquesa e as botas brancas que ficaram cheias de lama antes mesmo de chegarmos á casa de chá. Eu beijo sua bochecha e sinto os pelinhos da toufa fazendo cocegas o meu rosto.

- Quer meu sobretudo?

- Não, valeu. É muito gótico pra mim.

- Acho que seu pai aprova.

Ela revira os olhos, mas não responde porque abro a porta na frente dela a deixando entrar primeiro, o cateter estica e ela recua um pouco para esperar por mim. O lugar ainda está vazio, o que é ótimo porque posso escolher a mesa mais escondida debaixo da escada de madeira, é escuro, vazio e não dá para ver de quase nenhum lugar do salão.

- O que vai querer? – eu puxo a cadeira para ela que agradece com um sorriso e posso colocar a bola com o oxigênio entre nós.

- Eu nunca vim aqui, então... pode escolher.

Eu gosto do jeito que ela é resiliente, eu estou experimentando todo o cardápio, olho com atenção para as opções que ainda não provei e peço os bolinhos de chuva recheados de creme de avelã e chá de hibisco para nós dois.

- Interessante.

- Não mais que você – término a frase com um toque suave em seu joelho direito, subindo um pouco por sua coxa imóvel – você me deixou pensando sobre aquele dia no trem.

A confissão vem sem que eu pense sobre ela, eu gosto de como Anabeth é inocente e calma, mas ao mesmo tempo isso me provoca.

- Pensando o que?

- Em você, basicamente.

- Nua? – a palavra que ela usa me choca, de repente me sinto mais atraído por ela que nunca, suas bochechas ruborizam ao máximo e quase peço gelo para esfriá-las.

- Sim – eu engulo em seco, beijo seu rosto sobre a cânula com cuidado para não cortar seu suprimento de ar.

- Pensei em você assim também.

Ela coloca a mão sobre a minha que ainda está apoiada em sua coxa e a desliza para cima em seu jeans justo.

- Não sabe o que está fazendo, Ana – eu repreendo com um sorriso.

- Sim, eu sei.

Quando vejo, perdi o controle, eu beijo seu pescoço sobre o tudo e em torno dele, ela resmunga algo, mas não ouço porque estou entretido demais com sua coxa em minha mão para dar atenção á qualquer gemido.

É quando ouço o "tec" do fecho frontal do sutiã sendo aberto que entendo o que ela quer. Não gosto que ela tome a iniciativa, então me recuso a tocá-la ali, no lugar disso, alcanço sua boca e abro o botão de sua calça, ela suspira, criando um vão em seu ventre que eu uso para escorregar minha mão pelo tecido.

- Devíamos fazer isso aqui?

Eu abaixo mais a mão, alcançando a parte molhada, mas ainda longe de seu ponto de prazer.

- É um lugar que eu nunca fiz.

- O que quer dizer? – Ana se afasta e eu tiro minha mão de dentro dela – você já fez em muitos lugares?

- Não foi isso que eu quis dizer. É só... eu gosto de coisas diferentes.

- Isso é inacreditável.

Ela fecha a calça e coloca a mão por dentro da camiseta, fazendo o mesmo com o sutiã. Sua expressão é de total desaprovação.

- Não sei por que ficou chateada, eu ser o seu primeiro não significa que você é a minha, não posso simplesmente apagar as coisas que eu já fiz.

- Mas está lembrando e comparando.

Eu estou furioso com ela por pensar algo assim de mim.

- Não existe nada com o que comparar você, Anabeth. Você é única.

- Odeio quando você diz isso.

Desisto de dizer qualquer coisa, mas ainda estou com raiva pela forma que ela agiu, achei que estivesse ficando mais confiante e ainda queria acreditar que ela não era como as outras.

- Seus bolinhos e dois chá – a atendente chega com a bandeja e coloca na nossa frente.

Estou sem apetite nenhum e ansioso com o que tenho que fazer. Anabeth continua com a cara fechada, o biquinho lindo que segura a cânula levantada no nariz, me comove.

- Desculpa, tá bem. Eu falei sem pensar.

- Eu sei, mas eu pensei que.... deixa pra lá.

- Pensou que era minha primeira?

Ela assente.

- Você é a primeira que eu quero que dure, isso não significa nada?

Ela força um sorriso, mas sei que entende o que eu quero dizer, olho no relógio na porta, eu já devia ter saído, beijo seu rosto mais uma vez e me levanto.

- Onde você vai?

- Preciso resolver uma coisa, me espera aqui?

- Tá bem, mas o chá vai esfriar.

- Pode beber, eu peço que esquentem mais o meu quando eu voltar.

Ela assente e eu a deixo, eu realmente quero que seja breve, quero bater em uma porta e ver Vinette e depois tudo voltar a ser como sempre foi, monótono e tedioso.

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