Capítulo 12
Ponto de Vista Adam White.
A touca de pelos escura cobre quase todo o meu rosto, não dá para dizer que está realmente frio, um suéter fino daria conta muito bem, mas eu preciso da jaqueta se quiser me proteger do sol. As ruas de Londres parecem todas iguais, com prédios antigos que se erguiam por vários metros do chão. Se fechando sobre nós.
- Vazio – eu chuto uma lata no chão de pedra do prédio em que estamos, uma antiga fábrica abandonada – era o último.
Eu tenho que admitir que estou errado, eu devo ter deixado passar alguma coisa, busco no fundo da mente alguma coisa que posso ter deixado passar.
- A gente tentou, cara. Talvez ela não queira mesmo ser encontrada – Maximus apoia a mão em meu ombro, ele é tão medroso que não sei se foi uma boa ideia trazê-lo comigo.
Em cada construção abandonada, ele se tremia de medo e queria logo sair, mas tinha razão, ela não queria ser encontrada.
- Espera, eu conheço esse lugar - Anabeth olhou para cima e os andares que se elevavam.
- Conhece? – me aproximo dela esperando uma resposta mágica.
- Sim, minha mãe esteve aqui comigo uma vez, mas estava diferente, era mais limpo e havia moveis, uma cozinha. Ela, a tia Lisa e a instrutora Hooch vieram aqui para transportar as macas que não estavam em uso.
- Não lembro disso ter acontecido – Max ficou tão confuso quanto eu.
- Foi quando eu estava me recuperando daquela bactéria no primeiro ano, eu estava em casa.
- Mas não há nada aqui, Ana – eu ainda quero aquela resposta mágica mais que tudo, sinto meus nervos todos explodindo por dentro.
- Aqui não – ela olha em volta até avistar uma porta no final e se apressou para ela carregando o cilindro de oxigênio no carrinho, abriu de uma vez e se colocou dentro de outro ambiente, pela porta aberta, antes que chegássemos, vi que era um prédio exatamente igual, mas como Ana disse, mais limpo e logo atrás dela, um homem apontava uma varinha.
Eu e Maximus corremos, mas então ele afasta a varinha de Anabeth e aponta para nós.
- Senha?
Não temos senha, ssó temos um palpite.
- Eu vim procurar...
- Meu pai é Severus Snape – Maximus se apressa a falar – se mexer comigo vai ter problemas.
- Anabeth? – uma voz feminina vem do segundo andar – Olívio, pode deixar a mulher desce os degraus de ferro fazendo muito barulho, quando chega perto de Ana, a abraça apertado – o que está fazendo aqui?
- Ai, madrinha. Longa história.
A mulher olha para nós e cumprimenta Max, ela é mais velha, morena e bonita. Tem aquela energia de sobrevivente que vemos nas obras de ficção.
- Eu estou procurando Vinette – respondo no lugar de Anabeth.
- De onde a conhece, garoto.
- Eu posso ser – engulo em seco e tento uma postura mais confiante – posso ser filho dela.
Ela respira fundo e balança a cabeça lentamente.
- Tia Livea, ela está aqui? Procuramos o dia todo – Max resmunga – estou faminto.
- Está, mas... Você tem certeza?
Eu confirmo, é meu melhor palpite, fora isso eu não tenho nada. Ela precisa ser a minha mãe.
- Ana? Eu vou alimentar o seu irmão guloso, por que não sobe com ele?
Minhas mãos estão suando mais do que nunca, eu as seco no jeans e olho para Ana, ela sorri para mim e me entrega o carrinho com oxigênio, para que eu carregue escada acima.
- E garoto? – Livea grita me fazendo olhar para trás – boa sorte, vai precisar.
- Tá tudo bem, Adam. Eu estou com você.
De alguma forma isso faz eu me sentir mais calmo. Eu arrasto o carrinho escada acima, não é tão leve e a concentração que exige para não machucar Ana, também me acalma.
- Onde?
- Pelo que me lembro tem só um escritório aqui, depois da ala médica.
Nós passamos por imensas portas que davam para uma área grande e vazia que devia ser o hospital do qual Anabeth falou.
O final do corredor dava para uma porta fechada e tinha uma pequena placa com o nome dela em letra cursiva feita a mão e um "bater não vai te aleijar".
- Isso deve ser ofensivo pra você – eu tento rir, mas o nervosismo deixa o som como um engasgo.
- Não, tudo bem. Mas vou te esperar na escada.
Ela se afasta lentamente por onde viemos, espero até que ela suma de vista na curva do corredor e me viro para a porta, eu estou pronto para tudo. Tomo minha coragem e bato na porta, três golpes decididos.
Ouço uma cadeira ranger e passos pesados se aproximarem, a porta abre e lá está ela. Muito diferente de como estava na foto. O cabelo loiro agora é cortado tão curto quanto o meu, ela tem cicatrizes no rosto e se veste como uma motoqueira, diversas tatuagens pelo pescoço e braços.
- Quem é você? Rebelde novo?
- Eu sou Adam White.
- Oi, Adam White. Veio trazer algum recado? Seja breve eu tenho muito trabalho aqui.
- Não, eu... eu nasci na maternidade Memoriam Hospital há dezessete anos, eu...
Eu não quero agir feito um idiota, mas não consigo evitar, minhas mãos estão tremendo e meus joelhos fracos. Conforme eu falo, vejo sua expressão mudar, ela fica séria e parece assustada agora.
- Eu sou seu filho – estendo a foto para ela, a que guardei por muito tempo.
Ela a pega e olha atrás, então bufa.
- Draco – outro suspiro – olha, garoto. Você não devia estar aqui.
- Eu vim só para ver você, sei o que fazem aqui.
- Tem pais?
- Tenho, eles são trouxas, mas são bons pais. Achei que gostaria de saber.
Ela me olhou por um instante, de cima a baixo.
- Não sei o que queria conseguir vindo aqui, mas eu não tenho nada pra te dar.
- Não é isso, eu só queria ver você, achei que quisesse saber como eu estou.
- Estava errado. Isso vai doer menino, mas eu nunca tive um filho. Nunca quis ter um filho e Draco – ela balançou a foto na frente dos meus olhos – sempre foi um idiota.
Então bateu a porta, sem ao menos me devolver a foto que eu deixei, como se eu não fosse nada para ela. O choque me fez ficar ali por muito tempo, encarando o nome na porta. Quando tive coragem de me afastar, encontrei Anabeth sentada na escada, ela olha para mim e sorri.
- Como foi.
Me sento ao lado dela porque é difícil para mim continuar em pé.
- Ela nunca teve um filho.
- Mas, a foro, mostra ela grávida.
- Não é isso, ela com certeza me deu á luz, mas nunca quis ser mãe.
- Magoou você? – Anabeth pergunta como se fosse a pior coisa que alguém poderia fazer.
Mas eu devia saber que isso não daria certo. A vida toda fazendo coisas que eu sabia que não iam me trazer paz, apenas esperando por esse momento e agora meu coração está despedaçado.
Enfio a cabeça entre os joelhos e deixo as lágrimas correrem livres, nem mesmo os soluços consigo controlar, sinto as mão delicadas de Anabeth nas minhas costas e ela deita o rosto em mim.
- Tudo bem, eu estou aqui.
- Mas você também vai me abandonar, por que é isso que acontece – eu fungo e seco minhas lágrimas na jaqueta.
- Não, você faz isso, descarta tudo.
- Eu descarto as coisas porque não me fazem sentir completo, mas eu não desisto das pessoas, não desisti de você. Mas os outros, se cansam de mim.
- Eu estou aqui – ela sorri.
Eu avanço e junto nossos lábios em um selinho longo. Ela fica paralisada por um tempo, mas logo relaxa e eu a puxo para mim.
***
- Se ela fosse uma boa pessoa, meu irmão não teria terminado com ela – Anabeth declara com muita certeza enquanto andamos de volta a Hogwarts.
- Acha que a mamãe sabe sobre a ta Livea?
- Sabe sim, com certeza. Elas contam tudo uma pra outra.
Eu estou tão afundado nos meus pensamentos e na minha dor, que a conversa deles fica em segundo plano.
Sinto como se eu não tivesse mais nada agora, posso apenas deitar na cama e parar de respirar. Além disso, noto que Anabeth está se esforçando muito para não entrar de mãos dadas comigo na escola, dizendo que precisa carregar o carrinho para não ficar batendo nas pedras, eu sei que não é isso, ela não preocuparia tanto assim.
Quando entramos na escola, ela se vira para nós dois e sorri exageradamente.
- Eu preciso fazer uma coisa, uma coisa da aula. Posso encontrar vocês depois?
- Fazemos todas as aulas juntos, porque tem que ir sozinha? – Max também desconfia.
- Por que apesar de nossas aulas serem juntos, nossas notas não são.
- Você vai demorar? – eu pergunto colocando a cânula de volta atras de sua orelha.
- Não, vai ser rapidinho – ela se estica e beija meu rosto, depois faz o mesmo com Max.
Eu a vejo partir, sei que vai procurar Noah e apesar de isso me encher de ciúme, eu não a impeço, afinal, não posso obrigá-la a ficar comigo. Eu sigo Max pelo corredor até o salão principal e me sento com ele porque é a companhia que eu tenho.
Ele pega algo no bolso e me entrega.
- Eles me deram isso lá, é um tipo de enigma, você resolve e aí consegue contatá-los, acho que fazem um teste para aceitarem você.
- E por que está me dando isso?
- Se você conseguir entrar, pode provar á Vinette que ela errou em te abandonar e te tratar mal. Além disso, se meu pai me pegar com isso ele me mata – Maximus riu.
Ele tem razão, eu posso ser o melhor justiceiro que a terra já viu, faria Vinette se jogar aos meus pés e implorar para que eu a perdoe. Eu pego o enigma e o coloco no boldo de uma vez.
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