Capítulo 92
Ludmilla
Vila Olímpia (São Paulo)
📆 Terça-feira - 🕚 14:00
Meu fim de semana foi muito mais alegre do que eu poderia imaginar - para esses dias tão agitados - No sábado, eu e Brunna passamos o dia todo juntas, por mais que ela venha me dizendo a todo instante, que entre nós duas, nesse momento é apenas uma amizade para o bem do nosso filho. No domingo eu tive a ideia de a convidar para ir comigo até a casa da minha avó, buscar o pequeno que passou todos esses dias longe, ela aceitou e assim a gente passou o dia. Mas tudo que é bom tem pouca durabilidade.
Ontem, nossa relação voltou a ser apenas ao assunto Michel, todas as nossas conversas o nome dele está presente. Seja para tratar os assuntos da escola, rotina, dizer se está bem, se dormiu direito ou apenas para enviar uma foto de algum momento fofo. Nada além disso foi conversado entre nós. Hoje as coisas não estão muito diferentes. A enviei uma mensagem para mostrar como estava animado para ir a escola, mas não obtive a sua resposta. Imaginei que ela estaria em alguma reunião importante da sua empresa, então não me importei com isso.
Já levei o menino na escola e agora estou na academia, coisa que eu não fazia a bastante tempo. Já malhei as pernas e agora comecei a malhar os superiores. Meu personal ficou surpreso ao me ver de volta, e vez ou outra nos intervalos do treino, paramos para falar de algo que aconteceu durante esse tempo distante. Peguei o aparelho supino, para dar início ao treino dos braços, mas escutei meu celular tocar. Pensei em ignorar, mas voltou a tocar um minuto depois. Me levantei com cuidado e caminhei até o pequeno suporte em que eu havia o colocado e verifiquei que era um número desconhecido. Mesmo assim atendi a ligação.
📱
- Alô?
- Oi, boa tarde. Estou falando com Ludmilla Oliveira? - escutei a voz feminina falar do outro lado da linha.
- Boa tarde. Quem gostaria? - questionei confusa.
- Estou falando em nome da direção do colégio Educa Mais. - a mulher explicou - Eu estou falando com a responsável do Michel Gonçalves Oliveira?
- Está. Aconteceu algo com o meu filho? - perguntei preocupada e me sentei no chão, para poder recuperar do treino recente.
- Durante o intervalo aconteceu um pequeno acidente. - ela suspirou - Durante uma brincadeira, ele acabou se machucado. Caiu e cortou a boca. Nós contemos o sangue, mas mesmo assim ele insiste em ir embora.
- Eu estou indo buscar ele. - falei simples e puxei minha mochila que estava ao meu lado - Dez minutos eu estou aí.
- Muito obrigada, Ludmilla.
- Obrigada você.
📱
Suspirei e juntei todas as minhas coisas. Me despedi do personal e bati o ponto na roleta da acadêmia. Adentrei meu carro ainda toda suada, já que não tive tempo de tomar banho e trocar de roupa. Cheguei na escola muito mais rápido que o possível. Me identifiquei na portaria e caminhei até a direção, onde me disseram que Michel estaria. Ao entrar na sala, pude ver o menino ainda chorando e com a blusa de uniforme manchada de sangue. Me aproximei dele com cuidado e toquei seu rosto com carinho.
- Oi, filho. O que aconteceu? - questionei com preocupação - Você fez dodói.
- O neném caiu lá... - ele voltou a chorar de forma alta, me fazendo não compreender o que ele estava falando. Devido a isso o sangue voltou a descer por sua boca.
- Calma, meu amor. Não precisa chorar, tá bom? - tentei consolar - A gente vai embora e vamos fazer um curativo bem bonito pra você.
- A senhora não precisa se preocupar, Ludmilla. Nossa enfermaria já analisou o Michel e o corte não foi profundo. Só está saindo sangue devido ao nervosismo. - a diretora disse se aproximando com a mochila do meu filho.
- Tá dodói sim. - o menino resmungou me pedindo colo e eu atendi seu pedido - Muito dodói, mamãe.
- Alguém empurrou ele, pra ele ter caído e se machucado? - questionei e ela negou com a cabeça.
- Assistimos as câmeras de segurança e ele caiu sozinho, enquanto corria em direção a bola que estava sendo jogada pelos alunos da outra sala. - contou e eu assenti - Eu te peço perdão por esse incidente.
- Não, tudo bem. Ele é criança e isso acontece. Eu agradeço por você ter me ligado. - agradeci gentilmente.
- Tentamos falar com a Senhora Brunna, mas ela não atendeu nossas ligações. - falou nos acompanhando até a porta - Mas graças a Deus você nos atendeu. Ele estava muito nervoso.
- Eu vou conversar com ele sobre isso. - acariciei os cabelos do pequeno - Muito obrigada de novo.
- Não precisa agradecer. - ela sorriu e olhou pro menino no meu colo - Melhore logo pra gente brincar, Michel.
O menino não respondeu. Apenas enfiou ainda mais seu rosto no meu pescoço. Voltei a agradecer a mulher mais uma vez e caminhei em direção ao meu carro. Coloquei a mochila no banco traseiro e dei a volta pra sentar o menino no banco do passageiro, ao meu lado - mesmo sabendo que isso poderá me causar uma multa - Coloquei os cintos de segurança e só então me sentei ao volante.
- Mamãe, nós vamos embora pra casa do Chechel, e vamos ver a Bu? - ele perguntou manhoso e eu suspirei.
- Nós vamos pra cada do Chechel. Mas a mãe Bru está trabalhando lá no prédio chique, meu amor. - explique dando partido no carro.
- Mas eu queria ir morar com a mamãe e a Bu lá na casa do Chechel. - ele chorou baixo - Eu tô dodói.
- Filho, você sabe que agora a gente tem duas casas. A casa da Bu e a minha casa. A gente não mora mais juntinhos, como era antes. - a olhei de relance.
- Mas eu quero ver a mamãe Bu. - sorri ao escutar ele chamar ela de mamãe pela primeira vez.
- Tudo bem, Michel. Nós podemos ir até a empresa, ver ela. - mudei o meu trajeto, indo até a empresa da loira.
Brunna
Gonçalves'Coin (São Paulo)
📆 Terça-feira - 🕚 14:44
Hoje o dia parece querer explorar o máximo de mim. Pela manhã estive presente em três reuniões importantes e agora pela tarde, fui contemplada pela chegada dos supervisores do contrato feito por meus pais, quando eles ainda eram diretores da empresa. Eles vêem até aqui verificar se a empresa está tendo a mesma boa administração dos Sr Gonçalves. Acho que no fundo meus pais sempre tiveram medo que eu fizesse algo de errado com a empresa.
Os funcionários estão mais ansiosos do que eu e com isso, a grande movimentação pelos corredores me causam um nervosismo ainda maior. Mário Jorge já preparou a mesa de café pela quinta vez seguida, mas somos surpreendido pela Senhora Simone entrando na minha sala com um semblante sério, mas ao seu lado o Senhor Ulisses com um sorriso agradável. Um calafrio percorreu meu corpo e eu me ajeitei na cadeira, logo após chamar Mário para fazer o mesmo.
- Boa tarde, senhora Gonçalves. - a mulher estendeu a mão em minha direção e eu rapidamente a cumprimentei - Boa tarde, senhor Silva. - ela fez o mesmo com Mário Jorge.
- Brunna! Quanto tempo eu não a vejo, me lembro de quando você ainda era uma adolescente. - Ulisses invade meu espaço pessoal, me abraçando apertado - E você, Mário! Cresceu e agora é um homem.
- Faz bastante tempo que você não vem até aqui, Ulisses. - o moreno sorriu animado com a presença do senhor.
- Isso é um bom sinal. - respondeu divertido e a mulher raspou a garganta, querendo começar seu questionário - Hum, claro. Nós podemos nos senta, Gonçalves?
- Fiquem a vontade. - apontei para a cadeira ao outro lado da mesa - Aceitam algo para beber?
- Não, muito obrigada. - a mulher foi curta e grossa - Nós viemos aqui para tratar sobre a empresa, se eu quisesse um café teria ido até a padaria.
- Claro. - falei sem graça - Por onde vamos começar?
- Bom, eu queria falar sobre... - a mulher foi bruscamente interrompida pela abertura da porta, revelando uma Ludmilla suada e com roupas da academia com Michel no colo com a roupa suja de sangue - Sua empresa é sempre assim, Gonçalves?!
- Não. - me apressei para responder e me levantei em direção aos dois - O que houve? - perguntei preocupada.
- Desculpa atrapalhar. A secretária deixou a gente subir, não disse que você estava em uma reunião. - a morena falou sem graça - A escola dele me ligou agora pouco dizendo que ele havia caído. Segundo eles não foi nada grave, mas ele ficou manhoso e quis vim te ver.
- Oi, meu bebê. - peguei o menino no colo e depositei um beijo na sua testa - Você caiu foi?
- Sim, mamãe. Lá na escola. - ele fez um bico com os lábios, e eu pude ver um pequeno corte por ali - Fiz um dodói.
- Mas agora você já está melhor, não é? - ele concordou com a cabeça, e antes de eu voltar a falar, a voz brava da supervisora preencheu a sala.
- Senhora Gonçalves, você poderia ter nos privado da sua conversa pessoal. - falou séria e eu suspirei - Acho que seus pais não ficariam contentes em saber que você anda misturando as coisas.
- Foi um acidente, Vanessa. - falei o óbvio.
- Senhora Vanessa. - corrigiu - Isso fará você perder uma boa pontuação. - comentou ao escrever algo em seu papel - Nós podemos continuar ou vamos ter que escutar mais algo sobre esse acidente. - apontou para o Michel e eu pude jurar que ela disse isso em um duplo sentido.
- Lud, vocês podem me esperar por uns minutos? - questionei aflita - Eu preciso terminar isso aqui.
- Relaxa. - ela pegou o menino do meu colo - Me desculpa de novo, eu não sabia.
- Tudo bem. - a tranquilizei antes de fechar a porta. Voltei a me sentar na minha cadeira e encarei as três pessoas que estavam na sala - Onde paramos?
- Eu queria falar sobre... - a mulher continuou falando sobre o assunto abordado nesse momento.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro