Capítulo 90
Brunna
Condomínio Alphaville (São Paulo)
📆 Sexta-feira - 🕚 19:30
A semana passou muito mais rápido do que o desejado - para minha sorte - E com isso os planos para ir até o bar aberto recentemente perto da casa do meu amigo, ficaram ainda mais fortes. Dessa vez não foi possível inventar mais uma desculpa para que Mário Jorge adiasse esse encontro de casal. Então a única coisa que me restou foi aceitar e torcer para que Ludmilla fizesse o mesmo, ou que pelo menos inventasse algo para justificar a sua ausência.
Dona Vilma foi a primeira a se disponibilizar a ficar com o Michel por todos esse fim de semana, pois segundo ela, nós duas temos a necessidade de sentar e conversar sobre nós e sobre nossa família - mas a verdade é que isso não irá acontecer tão cedo, se depender da morena - Então poderemos ficar até o dia amanhecer, na presença dos nossos amigos. O único problema é saber se será uma noite agradável, ou mais um motivo de briga.
Já tomei um banho longo na água gelada e lavei meus cabelos, que agora estão ainda mais loiros e curtos, devido a troca da lace. Também já fiz uma maquiagem um pouco mais forte, pelo horário e local que vamos e por fim estou terminando de vestir a roupa escolhida: um short de alfaiataria na cor branca, uma blusa decotada na cor preta e nos pés um tênis preto. Peguei uma das minhas menores bolsas para guardar os documentos, chaves e celular.
Nosso encontro ficou marcado para as oito horas, porém o bairro em que fica o bar é do outro lado da cidade, então o tempo que irei gastar para chegar até lá, vai ser o horário marcado pro encontro. Adentrei o Land Houver, comprado recentemente. O trânsito está um pouco mais movimentado que o comum, talvez por ser véspera de feriado e por estar tendo uma sequência de shows estrangeiros no estado.
Como previsto, cheguei ao bar as oito horas e dez minutos. De longe consegui avistar o Mário Jorge, acompanhando do Erick e a Ju de mãos dadas com Marcos. As únicas que estavam faltando são Ludmilla, Daiane e a Emilly. Caminhei devagar até eles que sorriram abertamente ao me ver, abracei cada um deles e por fim me sentei ao lado da Ju, que estava bebendo cerveja com limão.
O lugar não é muito chique, mas trás um sentimento de conforto. As paredes pintadas na cor preto e o chão amadeirado. As mesas e cadeiras na cor marrom e os garçons indo de um lado para o outro com bandejas na mão, servindo os clientes. Acho que fiquei tempo demais observando a decoração que mal percebi a chegada das mulheres que estavam faltando, incluindo Ludmilla.
Ela está usando um vestido preto, que deixa boa parte das suas coxas a mostra e um decote que eu poderia surtar de ciúmes, se ainda estivéssemos juntas. Seu sorriso foi o bastante para cumprimentar todos nós e em seguida ela se sentou ao meu lado - como se quisesse provar para todos que estavamos bem.
- Aí, best's! - Mário Jorge chamou a nossa atenção depois de alguns segundos - Pensei que esse encontro nunca iria acontecer.
- É porque nós trabalhamos, Mário. - Daiane falou alfinetando e brincando com o homem que lançou um olhar bravo para ela - Muito diferente de você.
- A Brunna pega muito leve com ele. Tem dia que ele vai na empresa só pra tomar um café e ficar julgando as pessoas alheias. - Erick entrou na brincadeira.
- A Brunna pega leve comigo? - o moreno questionou intrigado - Só esse semana ela me fez escrever um relatório a mão. Sendo que não havia necessidade.
- Pra você as coisas nunca tem necessidade, não é, viado? - debochei - Ninguém mandou você fazer o que não deveria, sem a minha autorização.
- Lud, ela é brava assim em casa também? - Marcos perguntou brincando e ela sorriu de maneira forçada.
- Sim. - respondeu simples - Mas mudando de assunto, vamos ficar conversando ou já podemos fazer os pedidos?
- Isso aí, vamos beber porque eu vim aqui pra isso. - Emilly pegou o cardápio sobre a mesa - No fim da noite, eu não vou nem me lembrar de quem eu sou.
Cada um pegou seu cardápio. Talvez algum erro foi cometido pelos garçons, já que havia um cardápio a menos e pro meu azar - ou pra minha sorte - Ludmilla e eu tivemos que dividir o mesmo. Enquanto eu observava as bebidas frias, ela passava o olhar pelas bebidas quentes. Fui a primeira a escolher o que queria beber, faltando apenas escolher os petiscos.
- Será que o Michel está bem? - perguntou me olhando discretamente e eu apenas concordei com a cabeça - Será mesmo?
- Porque não estaria? - questionei - A sua vó cuida muito bem dele. E estivesse acontecendo ela já teria ligado.
- Tem razão. - suspirou - Já escolheu o que vai comer? - perguntou curiosa e eu neguei com a cabeça - Porque a gente não divide uma porção de batata frita com tilápia?
- Ludmilla, não força a barra. - pedi entre os dentes - Já não basta ter que fingir que está tudo bem. Agora fazer tudo ficar bem é demais pra mim.
- Desculpa. - falou triste e deixou o cardápio sobre a mesa, para que eu pudesse escolher o que iria querer e quando fiz isso ela pegou o papel para escolher o seu - Eu estou em dúvida do que pedir. - disse em um tom alto pra todos escutar.
- Pra beber ou pra comer? - Dai perguntou confusa.
- Pra comer, amiga. - Lud fez um biquinho com os lábios - Me ajuda? - pediu pra amiga que revirou os olhos antes de apontar algo no cardápio - Hum, gostei. Quero isso.
Fizemos os pedidos e não demorou muito para que o garçom nos entregasse. A minha bebida veio acompanhada de um pequeno bilhete, que agradecia nossa presença no bar e uma indicação para o próximo pedido. Os meninos foram os primeiros a terminar de comer e eu a última, já que quando eles foram pedir a segunda porção, eu neguei porque ainda tinha batatas e frango no meu prato.
- Então, como está o nosso neném? - Marcos perguntou assim que o garçom deixou a mesa - Estou morrendo de saudades dele.
- Está bem, graças a Deus. - Ludmilla disse simples, e deu um gole na sua bebida - Você tem que ir lá em casa mais vezes. Nem me lembro quando foi a última vez.
- A vida anda muito corrida. - o menino sorriu - Só esse semana entreguei quinze trabalhos teóricos e ainda falta os práticos.
- É um saco fazer faculdade, né? - Erick comentou e o menino concordou com a cabeça - Na minha época eu ia só pra arrumar um namorado.
- Nem isso você conseguiu. - falei de forma divertida e todos gargalharam alto - Mas hoje você encontrou meu amigo Mário que te ama muito, né migo?
- Ah, sim. - Mário suspirou alto - Eu amo mais que tudo nessa vida! - falou apaixonado e nós fizemos um coro com a música "amor i love you" - Deixem de ser bobos.
- E vocês duas? - Ludmilla se referiu a Emilly e Daiane, que estavam nos próprios mundos - Daqui uns dias aparecem casadas com dois filhos e um cachorro.
- É inveja, mana? Só porque seu namoro não anda muito bem? - Daiane alfinetou e um péssimo clima se formou naquela mesa de bar, rapidamente ela se desculpou e iniciou um assunto qualquer - Seria tão bom se aqui tivesse karaokê.
- Eu já teria passado muitas vergonhas. - Ju comentou, entrando nesse novo assunto.
Não era novidade para ninguém que estava ali, que eu e Ludmilla estamos passando por um momento nada agradável. O que eles não sabiam, é que tudo já havia terminado e o que estamos fazendo hoje, é o papel de um casal pra manter as aparências. Senti Mário me cutucar por debaixo da costela e olhei em sua direção. Ele rapidamente fez com que Erick puxasse um outro assunto para disfarçar nossa conversa paralela.
- Amiga, vocês estão tão mal assim? - ele perguntou com uma mistura de curiosidade e preocupação.
- Não, amigo. Já estamos bem. - menti - Acho que ela falou isso pra brincar com a Ludmilla.
- Tem certeza? Vocês não chegaram juntas e estão frias, mal conversaram. - observou e eu sorri, tentando tranquiliza-lo.
- Amigo, está tudo bem. Eu só queria usar o meu carro novo. - dei de ombros - E a gente quer curtir todo mundo juntos, não ficar só conversando entre nós. - voltei a mentir e ele pareceu acreditar.
- Vou acreditar então. - ele sorriu simples - E até porquê, se vocês estivessem muito mal, você iria me contar, não é?
- É. - falei simples e decidi encerrar a nossa conversa, voltando a prestar atenção no que os outros falavam.
- Eu sabia que isso não seria uma boa ideia. - Ludmilla sussurrou em meu ouvido, mas com um sorriso no rosto, para convencer todos que estavam na mesa. Um calafrio percorreu meu corpo, por sentir sua boca tão perto de mim, mas me mantive firme e lancei um sorriso ainda mais falso em sua direção.
- Então porque você veio, meu bem? - toquei seu rosto fazendo um carinho - E a culpa é sua de não saber disfarçar ou talvez se der uma fofoqueira e ter contado pra sua amiga.
- Isso não teria acontecido se você não tivesse terminado comigo. - ela me roubou um selinho rápido - Agora temos que ser um casal de faixada.
- Aquela família da propaganda de margarina. - brinquei - Sempre foi o meu sonho de infância.
- Eu fico muito feliz de realizar as suas vontades. - falou em um tom mais alto para atenção se voltar contra nós e a vontade de lhe matar cresceu ainda mais dentro de mim.
{...}
Perdi as contas de quantas doses de bebidas diferentes eu bebi. Só sei que em uma hora determinada da noite, eu fiz a questão de virar o último drink do cardápio: a mistura de todas as outras bebidas. A consequência do álcool, com a mistura de provocações entre eu e Ludmilla, foi o suficiente para que a gente entrasse no primeiro Uber que passou pela rua do bar e fossemos para o seu apartamento. A adrenalina, a raiva e o amor que eu sinto por ela foi resultado da primeira recaída entra nós duas. Mas eu jamais irei reclamar do prazer que ela me proporcionou durante essa noite.
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