Capítulo 82
Brunna - Vila Olímpia (São Paulo)
3 meses depois...
Domingo - 05:50 da manhã
- Ludmilla, eu estou cansada! - falei tocando o seu rosto, para que ela me olhasse - Para pra você ver o que você está fazendo nesse último mês.
- Me deixa em paz, Brunna. - ela se afasta com brutalidade - Insuportável.
- É sério isso, Ludmilla? - questionem sem acreditar - Eu estou sendo insuportável por querer que você volte a ser a mesma pessoa de quando eu te conheci?
- As pessoas mudam, Brunna. Eu não vou ser a primeira, e muito menos a última. - disse sem se importar com o que eu estava falando - Você está sendo dramática, para de me encher um pouco.
- Dramática? - a questionei - Ludmilla, olha as horas que você chegou em casa. - apontei para o relógio em seu pulso - E isso não foi só hoje, foi a semana passada, essa semana e vai ser assim amanhã também. O que tanto você faz nessa boate?
- Cara, essa discussão toda é por causa de ciúmes? - ela sorri irônica, mas responde o que eu a perguntei - Eu trabalho, Brunna. Só isso.
- Engraçado... Antigamente você não trabalhava tanto assim. - me apontei no sofá.
- Quer contar as minhas horas de trabalho agora? - pergunta com as sobrancelhas erguidas - Por Deus, Brunna. Deixe de ser doida, eu estou cansada, só quero dormir.
- É sério, Ludmilla. Eu não sei até quando eu vou aguentar isso. - passei as mãos por meus cabelos - Se eu estivesse fazendo isso com você, seria muito muito diferente.
- Então vai lá, Brunna. - ela aumenta o tom de voz - Eu não me importo se você sair e só voltar no outro dia. Não estou nem ai.
- Claro que não está! - me levantei - Você não é a mesma pessoa. Se fosse a Ludmilla que eu conhecia, se importaria muito.
- Terminou o seu discurso de boa moça? - me olhou entediada - Posso ir dormir agora?
Ela não esperou a resposta. E isso foi muito pior do que ela tivesse deixado eu falar tudo o que tenho vontade. A vi caminhar para o nosso quarto, e um suspiro alto escapou por meus lábios. Todas as noites e manhã têm se resumido em brigas e brigas. E no fundo isso está chateando o Michel, que sempre presencia um desses momentos constrangedores, e por mais que tentamos dizer a ele que está tudo bem, nada está bem.
Flashback on
Quarta-feira - 2 semanas atrás...
Acordo com o barulho irritante do meu celular e passo a mão pela cama, tentando achar o corpo da Ludmilla, para que ela pegasse o objeto sobre a mesa de cabeceira, mas foi em vão, já que não senti o calor do seu corpo. Fui obrigada a abrir os olhos e pegar o celular, verificando o nome da Daiane no visor. Atendi rapidamente, com medo de que algo tivesse acontecido, já que ela nunca me liga, ainda mais a essas horas da madrugada - 04:10.
- Oi, Dai. O que aconteceu? - perguntei já de início, para evitar um diálogo em vão.
- Oi, Bru. Desculpa estar te acordado a essas horas. - se desculpa constrangida - Mas tem como você vir aqui na boate rapidinho?
- Mas o que aconteceu? - voltei a perguntar e escutei o seu suspiro - Diz logo, por favor.
- Calma, não é nada muito sério. Só é que a Lud bebeu além da conta e não consegue ficar de pé. - disse tranquila - Eu não consigo levar ela, porque segundo ela, eu sou uma estranha e ela não confia em mim.
- Que merda. - me levantei com dificuldade por ter acabado de acordar - Você consegue colocar ela em um Uber? Eu pago assim que ela chegar aqui. O Michel está dormindo e eu não posso o deixar sozinho.
- Amiga, eu já tentei. - falou depois de dizer um "cala boca" pra Ludmilla - Ela disse que só vai embora se o amor dela vier a buscar.
- Inferno! - resmunguei procurando por uma roupa - Minha vontade é deixar ela por aí, mas eu tenho um bom coração.
- Ainda bem. - ela segurou a risada - Quer que eu peça a Emilly para ir até o seu apartamento ficar com o Michel enquanto isso?
- Não precisa, Dai. Ela já deve estar dormindo, não precisa incomodar. Eu dou um jeito aqui.
Desligamos a ligação e eu agilizei o processo de vestir a primeira roupa limpa que encontrei pela frente. Caminhei até o quarto do Michel e liguei a babá eletrônica, para o ver enquanto eu estivesse fora - por sorte o menino tem um sono pesado a essa altura da madrugada e não acorda por qualquer coisa - Deixei tudo arrumado e peguei as chaves do carro sobre a mesa de centro da sala de estar. Pelo horário, as ruas estão vazias e isso faz com que eu acelere a velocidade do carro e chegue enfrente a boate, em menos de quinze minutos. Não me foi necessário entrar, já que Daiane e um segurança estavam segurando a Ludmilla na calçada. Ao me ver, a sócia da minha namorada, se deu a liberdade de abrir a porta traseira do carro e com a ajuda do homem, colocou a morena deitada sobre o branco.
- Obrigada, Dai. - agradeci, constrangida por essa situação - Desculpa por isso.
- Não se preocupe, Bru. - ela sorriu - Quando chegar em casa, você me manda uma mensagem.
- Tudo bem. - suspirei e me despedi da mulher.
Voltei para casa ainda mais rápido do que cheguei na boate. Foi muito difícil tirar a morena do carro, porque além dela ser considerável muito mais alta do que eu, ela ainda estava desacordada.
Flashback off
Desde esse dia as coisas só vem piorado, além dela beber incontrolavelmente, ela não chega em casa no mesmo dia, e quando chega é só pra discutir.
Aproveitei que já estava acordada e não iria ter sono para voltar a dormir, caminhei pra cozinha e fiz um simples café. Tomei calma, enquanto deslizava o dedo pela tela do meu celular, a procura de algo que me entretesse. Depois de quase duas horas, escutei o choro baixo do Michel e caminhei rápida até o seu quarto e o encontrei sentado sobre a cama coçando os olhinhos.
- Bom dia, amor da minha vida. - coloquei o meu melhor sorriso no rosto, par o cumprimentar - Já acordou?
- Bom dia, Bu. - disse manhoso e me chamou com as mãozinhas, para que eu me aproximasse dele - Neném acordou.
- Porque esse neném acordou tão cedo, hein? - questionei me sentado ao seu lado.
- Hoje é dia de ver a vovó. - falou animado e eu suspirei, ao saber que hoje era um dos dias em que não iríamos ver a dona Vilma.
- Príncipe, hoje nós não vamos ver a vovó. - falei calma - Vamos ficar aqui em casa, mas se você quiser, podemos ir no parque.
- Mas puquê não vamos ver a vovó? - me perguntou curioso e frustrado.
- A mamãe está cansada. Trabalhou muito essa noite. - menti - Mas prometo que no próximo domingo, nós vamos até a vovó. Nem que seja só eu e você.
- Pomete mesmo? - perguntou de forma engraçada e eu sorri antes de responder.
- Prometo mesmo! Agora vamos tomar um banho, escovar os dentinhos e ir lá naquela padaria que você ama, pra gente tomar café.
- Eba! - bateu as mãozinhas - Te amo, Bu!
- Eu também te amo, Chechel! Mas vamos logo, antes que o seu dragãozinho. - me referi ao seu estômago - Fique bravo.
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