Capítulo 79
Brunna - Itaim Bibi (São Paulo)
Segunda-feira - 07:09 - Gonçalves's Coin
Minha semana de comemoração se encerrou no sábado e já no domingo nós voltamos pra São Paulo. A minha rotina empresarial foi a primeira coisa a voltar, novamente, a fazer parte da minha vida. Acordei antes que meu despertador tocasse, tomei um longo banho gelado, vesti uma calça jeans na cor preta e uma camisa social na cor branca, nós pés eu coloquei um simples salto também preto, por fim fiz uma maquiagem e soltei os meus cabelos.
Ludmilla se quer abriu os olhos, mesmo eu tendo feito diversos barulhos - não proposital - Então apenas deixei um beijo em sua testa e escrevi um bilhete pedindo a ela para colocar as roupas da viagem para lavar e fazer - pelo menos tentar - o almoço. Quando saí do quarto, Maya já estava de pé sobre o carpete da sala. A cumprimentei com um simples sorriso e peguei as chaves do carro, que estavam sobre a mesa de centro.
O trajeto até a minha empresa foi tranquilo, mesmo o trânsito tendo muitos movimentos e o horário sendo de pico. Deixei o Audi A4 estacionado enfrente a faixada da empresa e adentrei o ambiente, ainda calmo. Sorri em direção a alguns funcionários que estavam por ali conversando e caminhei até a minha sala, que já estava sendo ocupada por meu amigo/braço direito, Mário Jorge.
- Pensei que estaria cansada da viagem e iria tirar o dia de folga hoje. - ele disse enquanto digitava algo no seu notebook - Mas bom dia.
- Bom dia, Mário. - deixei minha bolsa sobre a mesa de vidro - Eu não poderia pensar em tirar folga hoje. Estamos cheios de coisa pra resolver e ainda tem uma reunião com os gerentes do Norte.
- Nossa. - ele finalmente me olha, mas com as sobrancelhas levantadas - Eu confesso que havia esquecido dessa reunião. Não mandei prepararem a sala.
- Tudo bem, não há problema. - falei sincera e me sentei a sua frente - Eles podem fazer isso uma outra hora. Mas me diz, o que você tanto digita nesse notebook?
- Estou analisando os dados bancários do Sr Hélio. Parece que finalmente o Pedro está conseguindo administrar tudo. - sorriu com orgulho - Uma preocupação a menos.
- Isso é muito bom. - me encostei na cadeira giratória - Como foram as coisas com aquela proposta de Dubai? Os árabes aceitaram as negociações?
- Não. - disse triste - Eles não querem que nenhum brasileiro esteja a frente da filial do país deles. - revirou os olhos - Porém eu não confio o suficiente neles.
- Mas se a gente não confiar, vamos ter feito todo um esforço em vão. - me refiro a nossa nova loja construída por lá - Não vamos só deixar eles a frente de tudo. Vamos ficar de olho em todas as movimentações e qualquer coisa suspeita, entramos em contato. Melhor do que comprar uma briga, que não vamos ganhar.
- Acordou cheia de razão hoje, Brunna. Tudo isso é culpa da viagem ou da sua nova idade? - ele brincou e eu gargalhei baixo.
- Um pouco dos dois. - pisquei um dos meus olhos - Me fez bem ter esse momento de paz em um outro lugar, só com as pessoas que eu realmente amo.
- Realmente foi muito bom. Mas o dever está nos chamando. - se levanta rápido - Tenho que falar para os administradores arrumarem a sala de reuniões e o datashow.
- Sabe o que você poderia fazer também? - o questionei e ele me olhou esperando a minha resposta - Pedir um café para mim. Não deu tempo de eu fazer em casa. - sorri.
- Sabe o que você deveria fazer? - ele me devolve o questionário e eu espero com que ele prossiga - Contratar uma secretária pra fazer essas coisas pra você.
- Gostei dessa idéia. - falei sincera - É o meu próximo plano para essa empresa.
O homem deixou a minha sala reclamando sobre eu ser muito preguiçosa, e isso fez os funcionários que estavam no corredor soltar uma risada alta. Aproximadamente vinte minutos depois, um funcionário de quase vinte anos, adentrou minha sala com um copo de café - provavelmente comprado em uma padaria - na mãos e um sorriso no rosto.
- Mário mandou você ir até lá, só porque é o novato. - confessei tentando segurar uma alta risada - Mas muito obrigada.
- Ele disse que estava muito ocupado com as coisas da reunião de logo mais, patroa. - o menino com sotaque do interior disse - Não precisa agradecer.
- Tudo bem. - disse simples depois de dar um gole no líquido quente - Era só isso? - perguntei depois dele continuar parado no mesmo lugar.
- Ah, claro. Era sim. - ele acenou com a cabeça e se agilizou para sair da sala.
Ludmilla - Barra funda (São Paulo)
Segunda-feira - 10:10 - Boom Room
- A Brunna vai te matar quando souber que você trouxe ele até aqui. - Daiane fala assim que eu adentro a boate de mãos dadas com o Michel.
- Bom dia, Daiane. - revirei meus olhos e soltei o menino para que ele andasse livremente pela boate vazia - Eu não tinha com quem deixar ele.
- Despediu mesmo a babá? - ela ergueu as sobrancelhas e eu neguei com a cabeça - Então?
- Quando eu acordei ela estava lá em casa, mas eu disse a ela que não seria necessário o seu serviço hoje e a mandei de volta para casa. - contei - Minutos depois você me ligou pedindo para que eu viesse.
- Porque não ligou para ela dizendo que tinha um imprevisto de última hora? - me questionou enquanto apagava o cigarro que estava causando uma fumaça no lugar e logo mais chamaria a atenção do pequeno que brincava com as luzes refletidas no palco.
- Você acha mesmo que eu iria fazer isso, amiga? - falei com desdém - Enfim, vamos mudar de assunto... O que você queria me dizer?
- Patrícia pediu demissão. - falou de uma só vez e eu arregalei os olhos - Luísa disse que não consegue ficar na boate a partir do mês que vem. - se fosse possível, meus olhos já teriam caído do meu rosto - Vamos ficar só com a Yara, a Thaís e a Júlia.
- É sério isso? - questionei e ela concordou com a cabeça - Porquê a Patrícia pediu demissão e porquê Luísa quer sair?
- Não é questão de querer, ela já vinha me dizendo que a mãe dela estava com problemas de saúde... Um câncer em fase terminal e o dinheiro que ela ganha aqui não é o suficiente para pagar o tratamento e todo o custo caso a mãe dela venha a falecer. - me contou - E Patrícia disse que está tentando procurar um emprego mais seguro e que não precise de expor tanto. Ela cansou dessa vida de prostituição.
- Isso era tudo que nos faltava. - sorri nervosa - O que você disse para elas? Tentou as convencer?
- Patrícia está irredutível. Disse que se eu não assinasse a demissão, ela iria falar com você hoje a noite. - olhou para mim - E eu sei que você iria ficar brava com ela, então eu assinei. - disse triste - E Luísa disse que só fica se o salário aumentar e ela ter condições de trazer a mãe dela para continuar o tratamento por aqui.
- Michel, não pode subir aí. - repreendi o menino que estava tentando se pendurar na barra de pole dance e só então voltei a minha atenção para minha amiga - Você sabe que elas ganham muito mais do que mereciam, não é? - ela concordou com a cabeça - Nós fomos roubadas e estamos devendo a Brunna. Não tem como aumentar o salário dela assim, de uma hora para a outra. - suspirei - Ela ganha por fora, os clientes pagam pela hora de serviço dela, será que mesmo assim não é o suficiente?
- Lud, as coisas não são tão fáceis assim aqui no Brasil. Tudo é muito caro. - ela suspirou - Eu acho melhor deixar ela ir, e tentar achar outra garota. Foi assim quando a Isabelly se foi.
- A diferença é que nós não pagamos muito caro pra ter Isabelly aqui conosco. - me lembro do valor alto que eu paguei para que Luísa aceitasse o contrato com a boate - E eu não sei onde encontrar outra garota.
- Isso é o de menos, Lud. - ela se ajeitou no sofá da área social - Acho que devemos ser racionais e deixar ela ir. Depois vemos como vão ficar as coisas, vai ficar tudo bem.
- Que morte horrenda. - fechei os meus olhos - Espero que a noite de hoje renda muito, pra que essa tristeza vá embora.
- Segunda-feira, minha amiga. - ela segura a risada - Mas vamos pensar positivo. A Yara é uma boa garota, Thaís e Júlia também, elas vão conseguir aguentar o tranco.
- Espero que sim. - fiz uma careta - Nós ainda temos que encontrar um Dj pra hoje a noite.
- Já encontrei. - ela aponta para o meu filho que estava brincando com a caixa de som.
- Brunna me mata. - retirei meu celular do bolso, vendo que havia uma mensagem dela - Mas não seria uma má ideia.
📱
Bru ❤️: bom dia, amor.
Bru ❤️: Você vai levar o Michel para almoçar ou irá fazer o almoço?
Bru ❤️: Hoje o dia vai ser longo por aqui. Daqui a pouco tenho uma reunião, não sei que horas vai acabar.
Bru ❤️: Não se esqueça que hoje é o primeiro dia na natação que eu inscrevi ele.
Bru ❤️: Já passei o endereço do lugar pra Maya. Ela ficou responsável de levar ele pra mim, já que eu não sabia que você teria algum compromisso hoje.
Bru ❤️: qualquer coisa você me avisa.
Lud: Bom dia, vida.
Lud: Eu levo ele para almoçar fora, não tem nenhum problema.
Lud: Natação? Eu não sabia disso.
Lud: Eu dispensei a Maya por hoje. Não havia nada para eu fazer, só uma reunião rápida com a Dai.
Lud: Estou aqui na boate.
Lud: me envia o endereço da natação, saindo daqui eu levo ele para almoçar e nadar.
Bru ❤️: porque dispensou ela, se tinha um compromisso, amor?
Bru ❤️: e porquê você levou o Michel pra boate, Ludmilla?
📱
- Eu falei que ela iria te matar. - antes que eu pudesse responder, escutei a voz da Daiane muito próximo ao meu ouvido, enquanto ela lia as conversas.
- Qual foi, Daiane? - me afastei - Deixa de ser intrometida. Ela não vai me matar.
- Então tira uma foto do Michel dançado pole dance e manda pra ela. - ela apontou para o pequeno que estava no mesmo lugar que eu havia mandado ele sair.
- Michel, não pode subir aí. - disse pela segunda vez.
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