Capítulo 77
Ludmilla - Leblon (Rio de Janeiro)📍
1 mês depois...
Sábado - 22 horas
As vezes me pego pensando em como seria a minha vida sem a presença da Bru. Desde o momento em que eu a conheci, ela passou a ser um elemento importante e especial, que me faz sentir felicidade e paz. Hoje não está sendo diferente, ela está completando seus vinte e quatro anos e eu não poderia deixar isso passar em branco, como qualquer outro dia, fiz questão de marcar uma viajem com a duração de uma semana, apenas para nós duas curtir. Nosso filho ficou em Campos do Jordão com minha avó e só vira para o Rio de Janeiro na quarta-feira, acompanhado dos amigos da Brunna e os meus, que também virão participar dos últimos dias.
Nesse exato momento estamos sentadas em uma mesa do bar, escolhido especialmente a dedo, pela minha loira. Estamos na nossa terceira garrafa de cerveja e na primeira porção dupla de petiscos, que incluem batata frita, calabresa, torrada, mandiocas fritas, medalhões, pão de alho e mais algumas opções. Na rua movimentada, alguns carros fazem questão de parar para elogiar o cover que está sendo cantado por um cantor no karaokê do bar.
- O que está pensando, amor? - escutei a voz delicada da minha namorada me perguntar e sorri abertamente.
- Em você. - confessei - No quanto eu te amo e no quão importante e especial você é na minha vida.
- Assim você me faz chorar. - mordeu o lábio inferior, provavelmente tentando segurar as lágrimas que se formaram em seus olhos.
- Não é pra chorar, vida. - dei um gole na minha cerveja - Só quero que você se sinta especial, não só hoje, mas todos os dias.
- Eu te amo! - confessou com um sorriso no rosto - Muito, muito, muito. Amo muito a nossa pequena família.
- Eu também te amo! E amo nossa família. - selei nossos lábios - Como está sendo completar mais um ano de vida? - perguntei um tempo depois.
- Confesso que está sendo diferente. - me olhou - Nunca fui de comemorações, quando fazia era só com os amigos próximos. Só que eu sempre me sentia incompleta, e hoje eu entendo que me faltava isso. - suspirou - Alguém que realmente me fizesse sentir importante e especial. - sorriu - Não que meus amigos não fizessem isso, mas era diferente. Hoje eu sei que sou essencial na vida de alguém. - selou nossos lábios.
- Você é tão novinha, mas tem tanta maturidade, amor. - elogiei - As vezes eu fico pensando, no quão forte você é.
- Sou uma bebê. - falou manhosa.
- Minha bebê. - pisquei um dos meus olhos.
- Estou com saudades do nosso bebê. - ela se referiu ao Michel - Sei que sua avó está cuidando muito bem dele, mas sinto muitas saudades.
- Eu também, vida. Mas daqui uns dias ele vai estar com a gente. Vamos conhecer vários lugares legais com ele. - sorri.
- Eu gostei tanto daqui. - fez um biquinho com os lábios - Se não fosse nossos serviços em São Paulo, eu compraria uma casa aqui e morávamos pro resto da vida.
- Pra falar a verdade, eu já me cansei de São Paulo. - confessei - Não do Estado, mas sim a cidade. São sempre os mesmos lugares, e a mesma rotina.
- Isso é uma aprovação pra eu comprar uma casa aqui?! - levantou uma das sobrancelhas e eu gargalhei baixo.
- Não, amor. Temos uma vida inteira lá em São Paulo, não é simples fazer uma mudança pra um lugar totalmente desconhecido. Eu estava falando sobre mudar de cidade, ou de bairro. - comentei - O Michel já de adaptou por lá, então é meio complicado.
- Sinto saudades de ter uma casa. - me olhou sincera - Eu gosto de apartamento, parece ser algo mais sofisticado, mas quando eu me lembro que ter uma casa é confortante e não precisa sempre ter cuidado com o volume do som ou o horário de ir até a piscina, me faz repensar.
- Vida, você poderia ter dito isso antes. - a olhei paciente - Aquele apartamento só foi comprado porque eu pensava em um conforto individual. Eu só ficava lá para dormir. Agora somos três, sem contar com a Maya e a Nete, então precisamos de um lugar mais acolhedor.
- Eu acho o Rio um lugar muito acolhedor, você sabia? - disse divertida e eu gargalhei.
- Não vamos nos mudar para o Rio, Bru. Pelo menos não agora. - disse calma - Vamos fazer uma mudança de cada vez.
- Tudo bem. - se deu por vencida - Quando a gente voltar, vamos planejar essa mudança pra um lugar acolhedor.
- Eu amo essa música. - confessei quando o cantor começou a cantar a música perfume do cantor Belo - Me lembra você.
- Gosta do meu perfume? - questionou jogando o cabelo apenas para um lado, deixando metade do pescoço exposto. Ela está usando um cropped preto, sem alça, que cobre apenas seu seio, deixando todo o seu ombro e sua barriga amostra.
- Sim. - suspirei - Mas a letra da música também me lembra você.
... Meu amor levei tanto tempo para encontrar alguém que chegasse pra me libertar te entreguei de novo, ah, mas quem diria meu amor esse sentimento no meu coração veio pra acabar de vez com a solidão outra vez sentindo essa alegria ...
Cantei, quase sussurrando ao pé do seu ouvido e ela suspirou, tocando o meu ombro e fazendo um carinho com a ponta dos dedos.
- Você está muito romântica hoje. - sorriu e disse só depois que eu me afastei.
- É o efeito do álcool. - brinquei e ela gargalhou.
Brunna - Leblon (Rio de Janeiro) 📍
Sábado - 02:50
Onde estamos, a quantidade de garrafas de cerveja sobre a mesa se torna impossível de contar. O bar já está consideravelmente vazio e o cantor já se retirou, deixando agora uma música clássica gravada em um pendrive tocando no ambiente. Eu já não consigo ficar em pé, sem precisar de suporte e minha namorada não está muito diferente.
- Ô Bluninha. - escutei sua voz embolada me chamar e não contive uma risada - Eu acho que a gente bem tem que ir embora.
- Vamos pedie só mais uma cervejinha, pra encerrar a noite. - levantei minhas mãos e chamei pelo funcionário do bar - A saideira. - gritei antes dele chegar na mesa.
- Será que ele é surdo? - a mulher ao meu lado questionou e eu franzi minhas sobrancelhas, tentando entender o porquê da sua pergunta - Você berrou.
- Vai se foder, Ludzinha. - gargalhei pelo novo apelido que dei a ela - Quando eu for embora, vou te deixar aqui sozinha. Só com os caramelos que estão na rua.
- Quais caramelos? - questionou confusa e eu apontei para um cachorro amarelo que estava deitado enfrente ao bar.
- Que bonito. - elogiou o cachorro - Seu garda eu não sou vagabundo, sou um cara carente, eu dormi na praça, pensando nela. - cantou de forma aleatória.
- Você é ruim cantando, puta que pariu.
- Ah, claro, você é ótima. - bateu palmas de forma escandalosa - Brunna Gonçalves, a nova revelação da música popular brasileira.
- Senhoritas, a saideira. - o menino de quase vinte anos trouxe mais duas garrafas de cerveja - Querem a conta?
- Não, meu amigo. - me ajeitei, de forma falha, na cadeira - Nós vamos pedir mais saideiras.
- Falta dez minutos para o bar fechar, minha senhora. - ele coçou a cabeça - Vocês querem que eu peça um uber?
- Uber? - gargalhei - Ala, Ludmilla. Achando que eu sou pobre. - comentei com a morena que fez uma careta de olhos fechados - Meu rapaz, traga mais uma cervejinha.
- A cerveja acabou. - ele disse rápido - Eu vou trazer a conta, qual a forma de pagamento?
- Xerecard. - minha namorada disse baixo, mas não baixo o suficiente para que o homem não escutasse - Podemos parcelar de várias vezes. - completou ao ver que ele já tinha escutado.
- Cala a boca, Ludzinha. - encarei o rapaz - Ela não sabe o que fala... Eu vou pagar no cheque.
- Não aceitamos essa forma de pagamento. - ele disse ainda assustado.
- Eu já disse que no Xerecad. - Ludmilla gargalhou alto e eu a acompanhei.
- Cartão de crédito. - mordi meu lábio inferior, segurado uma risada - Mas antes, traga mais uma cervejinha.
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