Capítulo 76
Brunna - São Paulo 📍
Sábado - 15:15
Mesmo querendo ficar na casa da Ju, fui obrigada a me despedir, porque além de mim, Michel e Lud também estavam muito cansados. Assim que chegamos no nosso apartamento, ela colocou o menino sobre o sofá de dois lugares e ele continuou dormindo tranquilo - realmente sua noite não havia sido muito boa - A morena veio em minha direção e me abraçou por trás, repousando suas mãos em minha cintura. Sua respiração bateu contra o meu ouvido e ela sorriu depois de depositar um beijo no meu ombro.
- Bru, eu estou muito feliz! - confessou o que eu já estava percebendo.
- Posso saber o motivo, minha vida? - questionei ainda com nossos corpos colados.
- Estou me sentindo completa. - me virou para olhar em seus olhos - Hoje eu não sei como era nossa vida antes do Mi, por mais que tenha pouco tempo dele conosco.
- Ele é um ser muito especial. - sorri e ela me acompanhou - Parece que era tudo que faltava no nosso namoro.
- Hoje ele me chamou de mamãe. - fez um biquinho com os lábios - Me senti a melhor pessoa do mundo. Ainda não sei como a Luane teve coragem de ir e deixa-lo aqui. - disse triste.
- Ela é imatura. - toquei seu rosto e fiz um carinho com os dedos - Agora ele te vê como a mãe dele. Toda vez que ele te chamar assim, você tem que se sentir especial, porque agora você se tornou isso para ele. - beijei sua bochecha - Ele se sente seguro com você.
- Com a gente. - me corrigiu - O Michel também gosta muito de você, Bru. Ele fica todo felizinho quando você deixa ele passear, ou comer bobeiras.
- Eu também gosto muito dele, meu amor. - separei nossos corpos - O que você acha da gente resolver as coisas da boate enquanto ele ainda está dormindo?
- Pensei que tivesse esquecido disso, amor. - suspirou - Ainda não sei se é uma boa idéia.
- Eu já disse que você não tem escolha, lindinha. - busquei meu notebook na mesa de centro da sala e me sentei na mesa entre a cozinha e a sala - Você vai conseguir abir hoje ainda.
- Tinha que ver com a Dai, se ele apoia essa decisão. - se sentou ao meu lado - Mas agora ela está ocupada demais com a sua amiguinha.
- Emilly está tão feliz que se esqueceu de mim. - revirou os olhos - O Marcos e a Ju, não foram pra frente. - contei.
- Sempre suspeitei dele ser gay. - ela segurou a risada - Mas pelo o que ele me disse, achou a Ju muito bonita, mas tem vergonha de se aproximar.
- Ela está querendo ele. - contei - Ele deveria tomar atitude enquanto ainda é tempo. - digitei a senha do notebook.
- Vou conversar com ele. - ela disse e tirou o celular do bolso traseiro da sua calça jeans.
Demorei um longo tempo para fazer a parceria da minha conta com a conta da Ludmilla - que não estava em uma situação muito boa - Deixei ela por ali, fazendo todas as listas de compras pra boate e me sentei no sofá ao lado do Michel, que já estava despertando, com o sorriso sapeca no rosto.
- Acordei. - falou animado ficando de pé sobre o sofá - Neném não está mais cansado.
- Ou isso é bom, ou isso é ruim. - disse pensando no fato dele não ter sono para dormir a noite - O que nós vamos fazer?
- Brincar. - pulou no sofá - Vamos ir lá jogar bola? - segurou meu rosto para eu prestar ainda mais atenção no que ele estava falando - Neném vai ficar comportado.
- Ir aonde, príncipe? - questionei um pouco confusa, já que eu nunca tinha o levado para jogar bola.
- Lá onde a Tia Maya leva o neném. - a morena que estava um pouco longe nos olhos imediatamente após ouvir o nome.
- Onde é? - perguntei me levantando.
- Lá embaixo, Bu. - disse óbvio, mas eu ainda estava confusa, até minha namorada explicar.
- Deve ser atrás do prédio, amor. Lá tem uma pequena área para brincar, fica atrás da garagem. - contou nos olhando - É só descer de elevador e entrar na porta branca, ao lado da vaga do Senhor José.
- Isso aí. - o menino fez um sinal com a mão, mostrando que ela estava certa e eu gargalhei - Vamos?
- Vamos, pequeno. Pega a bola. - falei e ele saiu correndo - Não fazia ideia que tinha essa área por aqui.
- É alugada pelos moradores que têm crianças, eu nunca paguei, não sei porque ela levou ele lá. - se referiu a babá.
- Agora vamos ter que pagar. - eu disse divertida e ela sorriu.
Antes de descer, caminhei até a nossa cozinha e peguei duas garrafas de água. Me despedi da morena que ainda estava ocupada e só então desci de mãos dadas com o menino, fizemos o caminho que a Lud contou e chegamos até a área de lazer infantil do prédio. Onde moramos não é um dos prédios residenciais mais chiques da cidade ou do bairro, mas ele consegue ter tudo o que precisamos - tranquilidade, sossego, paz e conforto.
- Segura, Bu. - o menino afastou meus pensamentos, me chamando para pegar a bola que ele chutou em minha direção. Mas fracassei nesse ato e ele soltou uma gargalhada alta - Você não sabe?
- Sei sim. - me apressei para pegar a bola e jogar em sua direção. Ele foi rápido em parar ela com o pé e jogar de volta para a minha direção - Você é muito bom nisso, Chechel.
- A Tia Maya me ensinou. - falou muito orgulhoso - A mamãe prometeu que ia jogar comigo, mas esqueceu. - disse triste.
- Ela estava muito preocupada com as coisas do trabalho dela. - contei e ele me olhou curioso - Mas agora ela vai brincar muito com você.
- O que é peupupado? - questionou um pouco confuso e eu sorri me abaixando para ficar na sua altura.
- É quando uma pessoa fica pensando muito nas coisas ruim, ai nao consegue comer, dormir e fica triste. - tentei explicar.
- Eu estava peupupado ontem. - disse me olhando - Não consegui dormir na casa da Tia Ju. Fiquei com medo.
- Ela me contou. - suspirei - Quer me contar porque você sentiu medo? - ele ficou em silêncio - Eu sou sua amiga, Chechel. Não vou brigar com você por causa disso, eu só quero te escutar.
- Eu fiquei com medo da mamãe Lud ir embora, igual a outra mamãe. - confessou com a cabeça baixa - Eu não quero ficar sozinho.
- Ah, Michel. - me sentei no chão, ao seu lado - Você nunca vai ficar sozinho. A Lud gosta muito de você, e eu também! Ontem a gente só foi dar um passeio, mas te buscamos hoje. Você não precisa se preocupar com isso.
- Vocês foram passear e não levaram o neném? - ele ignorou tudo o que eu disse e questionou sobre o passeio.
- Foram coisas de adultos. Muito chato, você não iria gostar. - menti e ele pareceu acreditar.
- Michelzinho! - uma menininha que julgo ter uns quatro anos gritou pelo nome do pequeno, assim que adentrou o lugar. No mesmo instante um sorriso nasceu nos lábios do meu filho.
- Julinha! - ele soltou a bola e correu até ela, a abraçando apertado e logo em seguida voltou até mim - Hoje a Bu veio brincar comigo.
- Oi, Bu. - a menina sorriu e me abraçou apertado, da mesma forma que fez com o menino.
- Oi, moça bonita. Qual o seu nome? - perguntei mesmo já sabendo.
- Júlia! - disse óbvia - Eu sou a melhor amiga do Michel! Eu tenho quatro anos e minha mamãe chama Helena e o Papai Thiago. - disse de uma só vez.
- Nossa, que legal! - fingi estar empolgada - Desde quando vocês se conhecem? - questionei para o pequeno que estava agarrado no meu pescoço, provavelmente querendo atenção.
- Desde que a Tia Maya, me trouxe para brincar. - sorriu e depositou um beijo na minha bochecha - Se levanta, Bu. Vamos continuar brincando, agora com a Julinha.
Realizei o pedido do menino, ficando de pé, para brincar com ele e com a menina que estava animada. Ficamos por ali até a Lud aparecer e roubar a minha atenção por estar de banho tomado, usando apenas um short - que cobre apenas 1/3 da sua coxa - e um top - deixando toda a sua barriga a mostra - Fiz com que os meninos se entreterem entre si e me afastei para conversar com a mulher.
- Oi, gata. Vem sempre por aqui? - brinquei ao me aproximar.
- Minha primeira vez. - disse me olhando - E você?
- Também é minha primeira vez. - mordi meus lábios - É solteira?
- Só pra você. - sussurrou entrando na brincadeira - Seus filhos? - olhou para o Michel e para a Júlia.
- Só o menino. - disse séria - Quer ser a mãe dele?
- Um prazer. - ela saiu da brincadeira e beijou meus lábios, de forma rápida.
- Posso saber onde você está indo tão cheirosa assim? - passei meu nariz por seu pescoço.
- Chamar a minha mulher e o meu filho para tomar sorvete naquela pracinha aqui do bairro. - falou com um sorriso sapeca - Quer ir?
- Pensei que fosse abrir a boate. - disse frustada.
- Fiz a encomenda das coisas, tem que esperar chegar. - disse tranquila - O total gasto foi de 50 mil. Estive conversando com a Dai agora a pouco e ela propôs te pagar parcelado, se não for te prejudicar.
- Pagar o caralho. - revirei os olhos - Já disse que não precisa disso, Ludmilla. Que saco!
- Porque você é tão brava assim? - segurou a minha cintura.
- Porque você me irrita. - selei nossos lábios, mas fomos interrompidos pelas crianças.
- Olha, Tia Bu. - a menina chamou a minha atenção - Eu sei chutar a bola bem alto. - mostrou o seu "talento".
- Nossa, Júlia! Você é fera demais, uai. - falei divertida e Ludmilla gargalhou.
- Mamãe, eu posso ir com a Júlia no parquinho? - o menino perguntou para Ludmilla que apenas negou com a cabeça.
- Nós vamos sair agora. Se despede da sua amiguinha, e diz que algum outro dia você vai no parquinho com ela. - o disse calma e ele concordou, indo até a menina, dizer tudo a ela.
- Ele está todo suado, vou subir pra dar um banho nele. - falei mas ele me segurou pela mão.
- Vamos assim mesmo, ele vai brincar por lá e vai suar de novo. Na volta ele toma banho e dorme. - falou e eu concordei com a cabeça.
Assim como ela não deixou ele tomar banho, também não deixou eu tomar. Fomos direto para o paqeu do bairro e nos sentamos na mesa disponível da sorveteria. Fizemos o nosso pedido e tomamos entre conversas e brincadeiras. Ficamos por ali até as sete horas da noite, depois lanchamos na lanchonete que fica na nossa rua e só então voltamos para casa.
Primeiro dei banho no pequeno para depois tomar o meu. Demorou muito para que ele dormisse, e quando isso aconteceu, foi entre eu e Ludmilla, na nossa cama. Não deixei ela levar ele pro seu quarto, então dormimos nós três, por ali mesmo.
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