Capítulo 73
Ludmilla - São Paulo 📍
Sexta-feira - 18:00
O previsto era resolver as coisas ainda no horário do almoço, mas só demos o fim nesse caso quando o sol se pôs no céu de São Paulo. Descobrirmos que o roubo foi feito por um cliente que estava frequentando a boate já fazia um tempo, aproveitamos e fizemos o boletim de ocorrência - agora só nos resta a justiça ser feita.
No meio da tarde a Bru me avisou que levou nosso filho para a empresa com ela e que havia o presenteado com balas e picolé - pois foi um pedido do mesmo - Antes de ir para casa, passei rapidamente no supermercado para comprar algumas coisas que haviam acabado na dispensa da nossa casa e só então cheguei no meu apartamento.
Encontrei o meu bebêzão já com seu pijama e minha namorada arrumada. Ignorei sua presença e deixei as coisas na cozinha antes de abraçar o pequeno que estava muito feliz com a minha chegada. Quando caminhei em direção ao banheiro para tomar meu banho e vestir meu pijama fui interrompida pela loira.
- Está muito cansada? - questionou e eu concordei com a cabeça, pois por mais que eu não tivesse feito esforço físico, minha mente estava cansada por todas as preocupações, e isso era ainda pior - Eu fiz uma reserva pra gente, no seu restaurante favorito.
- Bru, a intenção foi boa, mas eu só quero vestir meu pijama e me jogar na cama. - falei sincera enquanto desabotoava o botão da minha saia.
- Por favor, Lud. - pediu - Faz muito tempo que nós não jantamos fora e eu estou com saudades.
- Está fazendo isso só porque eu estou chateada com você, não é? - perguntei e ela permaneceu em silêncio - Você não precisa fazer isso.
- Não é só por isso, amor. - ela mordeu o lábio inferior - Quero ter essa noite especial com você. - suspirou - Sei que errei em ter dado papo pra ela, mas eu te amo muito e não iria fazer nada que te magoasse, não consigo mais viver sem você.
- Então está confessando que rendeu papo pra ela? - sorri irônica.
- Ela estava elogiando nós duas. - me olhou - Mas eu não dei abertura pra ela, e é isso que importa.
- Entendi, Bru. - falei simples e ela se aproximou.
- Vamos jantar, então? - me encarou com os malditos olhos castanhos.
- Não temos com quem deixar o Mi, e eu ainda estou cansada. - tirei minha camisas - Podemos deixar pra algum outro dia.
- Eu conversei com a Ju e ela disse que não se importa de ficar com o Michel. - disse e eu a olhei indignada por já ter planejado tudo.
- Não sei se é uma boa ideia. Ele ainda está se adaptando e pode pensar que a gente abandonou ele. - falei e ela sorriu com a língua entre os dentes.
- Eu também já conversei com ele e expliquei que vamos precisar sair, mas que buscaremos ele amanhã pela manhã. - confessou e eu suspirei tentando não rir.
- Não seria apenas um jantar? Está querendo passar a noite comigo? - questionei e ela concordou com a cabeça.
- Vamos vai, Lud. - fez um biquinho com os lábios - Eu já fiz a reserva e vou ter que pagar a multa caso a gente não chegue lá em quarenta minutos. - encarou o relógio em seu pulso.
- Só pra você não ter que pagar a multa. - falei antes de entrar no banheiro, mas consegui escutar ela comemorar animada, do lado de fora do quarto.
Tomei um banho rápido. Deixei meus cabelos soltos e fiz uma maquiagem mais forte, por ser a noite. E por fim, vesti um vestido preto e calcei um salto, não muito alto. Quando sai do closet, e voltei para a sala, ela já estava com as chaves do carro na mão e a mochila do Michel pendurada nas costas.
- Tá bonita. - o menino falou enquanto me olhava.
- Olha só, você deveria aprender com ele, Brunna. - ironizei a mulher e me abaixei para beijar a testa do menino. Descemos de elevador e na garagem andentramos o carro.
Cerca de quinze minutos depois, ela estacionou o carro enfrente a casa da sua melhor amiga, que sorriu ao ver a presença do pequeno. Explicamos as coisas que ela deveria - ou não - fazer com ele e nos despedimos com uma dor no coração - diferente do menino que sorria alegremente enquanto acenava para o carro que deu partida em direção ao restaurante.
Famiglia Mancini Trattoria foi a escolha da loira - meu restaurante favorito - Ela fez a reserva para uma mesa de frente para a linda vista que o lugar tem e antes que eu pudesse me sentar, ela puxou a cadeira para que eu fizesse isso.
- Um mulher arrependida faz muitas coisas bonitas. - gargalhei discreta ao ver ela revirar os olhos com a minha fala - Obrigada por isso. - agradeci.
- Não precisa agradecer, linda. - ela se sentou a minha frente - Antes de pedir os pratos eu gostaria de dizer que está muito linda.
- Tentando me conquistar, Brunna Gonçalves? - questionei e ela concordou com a cabeça - Saiba que está quase conseguindo. - ela sorriu - Você também está muito linda.
A loira está usando uma calça social na cor preta, e uma blusa de alça fina também na cor preta e por cima um blazer branco, nos pés um salto baixo, apenas para igualar com minha altura e seus cabelos estão soltos, dando um ótimo contraste com sua pele bronzeada - uma linda.
- Acho que nós duas nunca tivemos uma noite assim. - sorriu me olhando.
- Não mesmo. - concordei com ela - Pulamos muitas etapas.
- Se arrepende disso? - perguntou com insegurança e eu apenas neguei com a cabeça - Vamos pedir as entradas?
- Por favor! Estou com muita fome. - confessei com vergonha e ela chamou o garçom - Já sabe o que pedir?
- Sei. Planejei todo o nosso jantar, meu bem. - contou antes do homem se aproximar.
- Boa noite, senhorita Gonçalves. É um prazer recebe-la aqui essa noite. - o homem falou educado - Como posso te ajudar?
- Boa noite. - sorriu simpática - Vamos querer de entrada Capeletti in brodo para dois. - falou o nome do prato no seu perfeito italiano.
- Alguma bebida? - o garçom perguntou anotando o nosso prato.
- Catena Zapata. - pediu o melhor vinho do restaurante. O homem fez questão de anotar tudo e nos avisou que tudo ficará pronto em vinte minutos.
- Como será que o Mi está? - perguntei depois de alguns minutos em silêncio.
- Muito bem! Ele adorou a Ju e ela fez questão de mimar muito ele. - sorriu - Não precisa se preocupar, se alguma coisa acontecer ela vai nos ligar.
- Espero. - suspirei.
Nosso pedido chegou um pouco antes do anunciado pelo garçom. E eu sorri pela diferença entre o nome e a realidade do prato. Brunna pediu um Capeletti in brodo e recebemos um caldo de galinha - Não era mais fácil ela ter falado o nome simples?
- Não gostou? - questionou ao ver que eu ainda não mexi no prato, enquanto ela estava na segunda garfada.
- Não é isso. - falei ainda sorrindo - Eu só acho engraçado esses nomes muito difíceis pra um caldo de galinha.
- Deixa só os italianos escutaram você falando isso. - brincou - Eu não vou pagar a sua fiança.
- Claro, até porque se eu for presa você vai correr pros braços da Maya. - alfinetei depois de engolir.
- Amor... - ela suspirou e deu um gole no vinho - Estamos em um ótimo jantar, não é hora de discutir sobre seu ciúmes. Podemos fazer isso uma outra hora.
- Meus ciúmes? - questionei - Não foi atoa que eu senti ciúmes. Ela estava com a mão na sua coxa e você lá sorrindo.
- Eu ia chorar? - me olhou abusada - E pra sua informação, se eu estou aqui com você é porque te amo e não quero nenhuma outra pessoa. Custa muito acreditar em mim?
- Odeio quando você é assim... - a olhei com um pouco de raiva e ela sorriu de lado - Abusada.
- Meu amor, eu só quero que você me entenda... Se a Beyoncé der em cima de mim eu não vou querer, porque eu amo você. - suspirou - Eu fique dessa forma quando você levou a Yara pra casa.
- Agora eu te entendo. - suspirei um pouco frustrada - Eu só tenho medo de te perder e não sei, você sentir uma vontade de ficar com outras pessoas, assim como era no seu casamento com o Caio. - desabafei.
- Eu não quero você comparando o que temos com o que foi com o Caio, isso tudo aqui. - apontou para nós duas - É muito diferente de tudo. Está me ouvindo? - questionou séria.
- Estou, mas ainda tenho medo.
- O que eu posso fazer pra que você deixe de se sentir assim? - perguntou me olhando.
- Acho que nada. Apenas prometa que vai ficar comigo para sempre.
- Eu prometo, minha vida.
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Vai ter continuação do jantar delas!
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