Capítulo 49
Desculpem a demora, eu estive pensando em desistir da fic. :(
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Brunna - Campos do Jordão 📍
Domingo - 12:30 - 12° graus.
Estamos todos assentados em volta da mesa, que possui seis lugares. O clima é tranquilo, mesmo Vilma tendo me feito perguntas um tanto quanto desnecessárias e o menino ter me arrastado por toda a casa, falando coisas que não fazem um mínimo sentido. O último assunto foi quando a senhora me advertiu por ter colocado o feijão do prato da Lud por cima do arroz - segundo ela sua neta gosta do feijão por baixo, mas na nossa casa ela sempre come por cima - Apenas concordei com a cabeça e voltei a me sentar, brincando com o garfo sobre a comida. O cardápio está ótimo, com coisas que eu amo comer, mas só de pensar que provavelmente a mulher não gostou de mim, me faz perder toda a fome.
Mas muito diferente de mim, ao meu lado, Ludmilla está se servindo do segundo prato. O que me fez temer que a senhora pensasse que não temos comida em casa - mas chutar a perna da morena por debaixo da mesa não surtiu muito efeito - Ela continua comendo como se não houvesse amanhã. Com muita dificuldade, coloquei mais uma garfada na boca e mastigue com cuidado para não me engasgar - já basta toda a vergonha que já passei - Como se estivesse percebendo o meu esforço para comer, Ludmilla tocou minha mão e afastou o prato, enquanto sorria tranquila - no lugar dela eu também estaria.
- Não gostou, Brunna? - questionou a mais velha que não tirou o seu olhar de mim, por um segundo - Eu fiz com muito amor.
- Está tudo muito bom, dona Vilma. - sorri a olhando - Eu só estou um pouco sem fome, nós tomamos café em casa e o seu chocolate quente. Isso me encheu.
- Come a batata frita, Bru. - o menino falou com um sorriso no rosto. Seria muito fofo, se ele não fosse uma criança.
- Eu realmente já estou cheia, Yuri. Quem sabe em uma próxima vez... - limpei o canto da minha boca com o guardanapo.
- Quando a gente vier da próxima vez vamos chegar mais tarde e sem tomar café em casa, não é Bru? - me questionou e eu concordei com a cabeça, mas na verdade eu nem sei se terá uma próxima vez.
Depois desse pequeno diálogo, um silêncio se instalou naquela cozinha. Vez ou outra a única coisa que conseguimos escutar era a voz do menino, cantarolando uma música de um desenho animado - não é porque eu não gosto de crianças, que vou mentir em dizer que ele é bonitinho. Como se fosse uma mini cópia da Ludmilla, com seus cabelos enrolados e um sorriso sapeca no rosto, o mesmo que a morena tem quando faz algo errado em nossa casa.
Esses pensamentos inúteis foram afastados quando a tela do meu celular acendeu, me notificando de uma mensagem no e-mail da empresa. Era uma das filiais nacionais, pra ser específica, a filial de Goiânia, uma das primeiras que foram abertas, por meus pais. Me levantei discretamente - ou tentei - e sai para a área externa da casa. Me sentei em um dos bancos de madeira e abri o e-mail, me deparando com um pedido de socorro - não com essas palavras.
Eles estão passando por uma modificação no sistema agropecuário e com isso tiveram um gasto além do planejado - pelo o que entendi isso veio a acontecer no início do mes - Mas como eles foram notificados de que nossa cede estava passando por um problema na direção, eles tentaram resolver - o que só piorou a situação - E infelizmente agora isso demoraria dias para ser resolvido. Suspirei pesado e respondi, avisando que entraria em contato com eles amanhã pela manhã, no meu horário de serviço.
- Amor, aconteceu alguma coisa? - escutei a voz calma da morena e virei meu rosto em sua direção. Ela está parada, encostada na porta, me olhando curiosa.
- São coisas da empresa. - sorri forçado e me levantei - Desculpa ter saído sem avisar, eu precisava responder.
- Tudo bem. - veio até onde eu estou e sentou ao meu lado - Estou percebendo que você não está muito confortável aqui. Avisei minha vó que vamos embora, eu só vou comer a sobremesa, pra ela nao ficar muito triste.
- Não, vida. Vamos ficar mais um pouco. - a olhei - Eu só não estou muito acostumada com esses programas de família. Não é nada sobre sua avó.
- Você tem certeza? - seu olhar percorreu por meu rosto, tentando descobrir - Não vou ficar triste se você realmente quiser ir embora.
- Tenho muita certeza, amor. - selei os nossos labios - Vamos entrar antes que sua vó diga que eu estou te roubando dela. - me levantei.
- Estou doida pra comer o bolo de café que ela fez. - falou animada e eu neguei com a cabeça, até porque eu nunca tinha visto um bolo desse sabor.
Ao voltar para dentro de casa, a mais velha e o menino estavam sentados no sofá de frente pra televisão, que estava passando um filme sobre órfãos. Sem chamar muita atenção, me sentei no sofá de três lugares, enquanto a Lud se servia com o bolo - de procedência um tanto quanto duvidosa - Me descuidei ao olhar pra televisão e não percebi que meu cunhado havia trocado de sofá e agora está se deitando ao meu lado, usando meu colo de apoio para sua cabeça.
- Sabe Tia Bru, eu sinto saudades dos meus pais. - disse olhando para a televisão - Igual essas crianças que moram no orfanato.
Eu sei exatamente como ele se sente. Assim como ele, eu também sinto saudades dos meus pais - como as crianças que moram no orfanato. Suspirei pesado e levei minhas mãos até seus cabelos, alisando seus cachos.
- Eu também, Yuri. - disse triste - Eu também sinto saudades dos meus pais.
- O que aconteceu com eles? - me olhou com curiosidades e eu sorri, procurando as palavras certas pra explicar.
- Foram morar no céu. - falei depois de ficar em silêncio por longos minutos - Faz muito tempo.
- Eles morreram. - falou em um tom baixo, e eu percebi que ele pensou alto - Como foi Tia Bru?
- O avião caiu. - falei simples - Mas não quero falar disso agora, vamos ver o filme.
- Eles te amam, lá do céu. - falou carinhoso.
- Seus pais também te amam, onde quer que eles estejam. - tirei as mãos do seu cabelo e percebi a presença da morena.
- Ei, pequeno. - chamou o irmão - Você está querendo roubar minha namorada? - fingiu estar brava.
- É que ela é muito bonita. - falou sapeca e eu não contive um sorriso - Mas eu ainda sou muito novo pra namorar.
- Isso é verdade. - levantou os pés do menino para poder sentar - Mas quando você tiver tamanho, vai ter que arrumar outra mulher, porque a Brunna já é minha.
- Tudo bem, eu arrumo outra gatinha. - Lud a olhou indignada.
- Vou desligar a televisão se vocês não fizerem silêncio. - a mais velha nos olhou e eu fingi estar comportada e vendo o filme.
- Calma ai, vilminha. Quanto estresse. - Lud a olhou - Tá precisando de um namorado.
- Enfia ele no seu nariz. - falou brava.
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Desculpem se ficou ruim.
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