capítulo 47
Brunna - São Paulo 📍
Domingo - 07:07
Não demorou muito para que eu acordasse, tive uma péssima noite de sono - pelo jeito, o feitiço virou contra o feiticeiro - Me sentei na cama de casal e cocei meus olhos, tentando me despertar por completo. A morena ainda está dormindo com a respiração calma. Sorri com a lembrança da noite passada - a essa altura do campeonato eu já não sentia mais raiva dela, mas também não iria dizer - Eu preciso que ela entenda que realmente errou, não só quando foi grossa comigo, mas quando não fez questão de me priorizar.
Uma onda de calor está dominando o estado e a cada dia que passa o sol nasce ainda mais quente - se for possível - Hoje o dia está bom para pegar uma praia, mas sei que a Lud tem outros planos, já fazem uns dias que ela vem me falando que está com saudades da sua avó e que iria usar o dia de hoje para ir até a sua casa - e me levaria pra conhece-la - Estou nervosa com isso, até porque a senhora é uma pessoa muito importante pra minha namorada - e tudo que me resta é ela não gostar de mim - Me levantei com cuidado pra não acordar a mais velha e caminhei até o banheiro.
Me livrei do pijama que estava usando e abri o registro do chuveiro, deixando a água fria cair sobre o piso esverdeado. Desfiz o coque frouxo do meu cabelo e deixei as mechas longas caírem sobre minhas costas - Hoje é um ótimo dia pra mudar a cor da lace - Tirei a lace loira com cuidado e a deixei sobre a pia de mármore. Adentrei o box e tomei um banho gelado - aproveitei também para lavar o meu cabelo natural - Finalizei esse procedimento depois de quase quarenta minutos e me enrolei na toalha de algodão vermelha. Os produtos de cabelo ficam no próprio banheiro, então não me dei o trabalho de sair para usar o secador, para secar meu cabelo natural. Depois disso tudo, fiz várias tranças e voltei a colocar a fina touca para só então colocar a lace morena.
Quando sai do banheiro, Lud ainda estava dormindo, mas agora de barriga para cima, com as mãos apoiadas sobre a barriga. Sorri com a bela vista de seus seios expostos e entrei no pequeno closet - a procura de algo para vestir - Sabendo que iremos sair mais tarde, já escolhi a roupa do dia. Um short preto de alfaiataria e uma mais solta, na cor verde e em meus pés coloquei uma simples sandália, porém irei trocar por um tênis, quando estivermos de saída.
Preferi não acordar a morena e caminhei em direção a cozinha - hoje é o dia que Nete está aqui - Encontrei ela terminando de colocar a mesa de café da manhã e deixei um beijo em sua bochecha - é a primeira vez que ela não se surpreendeu com a minha presença - Fui até a geladeira e peguei um copo de água e adicionei meio limão - ótimo para tomar em jejum - Me assustei com a senhora falando comigo.
- Já está de saída, senhora Brunna?
- Não, Nete. - respondi a olhando - Acho que a Lud vai querer visitar a avó dela hoje.
- Mas ainda está muito cedo. - falou de forma engraçada - Geralmente a menina sai quase na hora do almoço.
- É que eu estou nervosa. - confessei - Não sei se ela vai gostar de mim.
- Vilma é uma senhora boa. - contou - Ela vai ver que a menina Lud está muito feliz ao seu lado, vai ser impossível não gostar. - sorriu - E você também é uma pessoa boa, vejo isso em seu olhar.
- Vai ser um pouco constrangedor contar como eu conheci a Ludmila e como a gente começou a se envolver. - falei envergonhada.
- Mas porque a senhora acha isso? - perguntou confusa.
- É que... - suspirei antes de continuar - Meio que eu estava casada quando conheci ela.
- Ainda está? - questionou assutada e eu fui rápida ao negar com a cabeça - Então é isso que importa. Vocês podem ter começado de uma forma errada, mas isso não anula o fato de que você faz a menina feliz e que também é feliz.
- E se a vó dela não achar isso, me julgar pelo meu erro? - perguntei aflita.
- Vilma é minha amiga de infância. Conheci ela quando éramos estudantes do berçário. - sorri com esse fato - Eu posso te garantir que ela é uma boa pessoa e não vai se meter no seu relacionamento. Ela tem a Ludmilla como uma filha e realmente é. - suspirou triste - Aquela senhora lutou muito para que Ludmilla não passasse fome ou que se tornasse uma pessoa sem caráter. - me olhou - Então pode ter certeza, que ela só quer ver a menina bem, não importa com quem ela esteja. - tocou meu rosto com delicadeza - Eu tenho certeza que a senhora é a melhor pessoa pra estar do lado da Lud. Eu nunca a vi tão feliz desde quando você chegou aqui.
- Eu também sou muito feliz ao lado dela. Muito mais do que eu imaginaria que fosse ser. - sorri e contive as lágrimas.
- Então, Brunna. - ela raspa a garganta, como se quiser corrigir - Senhora Brunna... Não precisa ter medo, vai ser um ótimo dia.
- Eu espero. - a abracei apertado - Obrigada por tudo isso que a senhora disse.
- Estou toda soada, senhora. - tentou conter o meu ato de afeto - Mas não precisa agradecer por isso, não me custou nada.
- A senhora conhece a Lud tem muito tempo? - perguntei depois de me afastar.
- Desde que Silvana estava grávida. - se referiu a mãe de Ludmilla - Acompanhei toda a gravidez e também a vi nascer.
- Ela não era uma pessoa boa? - me referi a minha sogra.
- Muito pelo contrário. - sorriu triste - Era uma das melhores pessoas que eu já conheci, me lembro quando ela contou que estava grávida da Lud. Parecia que seus olhos iriam explodir de tamanha alegria.
- E porque ela não ficou? - questionei.
- Eu não sei. - suspirou - Ludmilla era uma criança muito bagunceira. - sorri - Mas isso não era motivo para que ela fosse embora. Talvez ela tenha alguns motivos que não sejam entendidos por nós.
- Talvez. - sussurrei a palavra - Ela sofreu muito quando eles se foram? - perguntei mesmo sabendo a resposta.
- Foi como se ela tivesse perdido uma parte da sua vida. - me olhou - Lembro que ela só chorava. Não queria ir para a escola, se afastou dos amigos que tinha. Foi difícil fazer ela "ficar bem".
- Imagino. - suspirei - É só o menino de irmão?
- Que nós sabemos, sim. - sorriu - Ele é muito fofo, um querido. Quando você o conhecer, vai ver que é uma criança encantadora. Se parece muito com a menina Lud.
- Não gosto de crianças. - fiz uma careta e escutei passos vindo do corredor. Era minha namorada, com o rosto amassado, usando o mesmo pijama da noite anterior.
- Bom dia. - nos olhou - Estão fofocando?
- Não, eu estava apenas esclarecendo umas dúvidas da senhora Brunna. - mentiu e eu sorri em agradecimento - A mesa já está a posta, caso queiram tomar café.
- Muito obrigada, Nete. - a agradeci - Fica a vontade para comer conosco.
- Já tomei o meu café, agora preciso colocar as roupas para lavar. Até daqui a pouco. - se afastou com um pequeno sorriso nos lábios.
- Sobre o que estavam conversando? - Lud me perguntou depois que a senhora saiu do cômodo.
- Sobre o prédio, como funcionam as coisas, ainda não me adaptei. - menti me sentando a mesa - Dormiu bem? - questionei.
- Perfeitamente. - fez uma careta e eu sorri com sua reação - Você deveria ser a vilã de uma novela.
- Porque, meu bem? - perguntei irônica - Eu deveria ser a mocinha.
- Falsa. - gargalhou antes de se servir com o leite - Porque está tao bonita assim?
- Vou sair com um namoradinho que eu encontrei ontem, enquanto voltava pra casa sozinha. - brinquei e ela me olhou brava.
- É sério isso? - questionou e eu gargalhei negando com a cabeça.
- Lembrei que você me disse que está com saudades da sua vó. - a olhei - Pensei que fosse querer ir até lá hoje.
- Sim, eu quero. - sorriu - Mas não imaginava que você fosse querer ir comigo. - confessou.
- Bom, você me disse que queria me apresentar a ela. - senti minhas bochechas esquentarem - Mas se mudou de ideia não tem problema
- Não seja boba. - me olhou depois de dar um gole no leite quente - É claro que eu quero te levar, só não sabia que você fosse ficar tão empolgada. Não são nem nove horas da manhã e você já esta toda arrumada.
- Ansiedade. - confessei e seu olho pausou em meu rosto.
- Cadê a minha Bu, loira? - perguntou com as sobrancelhas franzidas - Só agora eu fui ver.
- Ela está de viagem. - brinquei - Agora sou morena, gostou?
- Está linda, como sempre. - sorriu - Só é diferente. Me acostumei com você loira.
- Vou te confessar que prefiro morena. - sorri - Me sinto mais sexy.
- Não quero me lembrar dessas coisas de sensualidade. - fez um bico com os lábios, provavelmente se lembrando da noite passada.
- É pra você aprender e nunca mais me deixar brava. - falei séria.
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Vilma vai ou não gostar da Bru?
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