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Capítulo 41

Ludmilla - São Paulo 📍
Segunda-feira - 19:00

Minha rápido viagem até Monte Verde, teve um ótimo resultado, com nome e sobrenome - Yara Souza - A nossa mais nova, garota de programa da Boom Room. Eu já estava com o pensamento de fazer algumas mudanças na organização da boate, e ao conversar com a Daiane ela super apoiou. Depois que Isabelly pediu demissão para cuidar do Luís - o seu filho - nós pensamos em dar um tempo livre para as garotas, revezamento o dia delas trabalharem e o dia de folga. Corremos até a cidade vizinha, para contratar uma mulher que é bastante conhecida pelos homens da capital. Depois de muito custo ela acabou aceitando nossa proposta e agora é a nova integrante da equipe.

Desde que abrimos a boate, nossos clientes aumentam ainda mais - graças a mudanças de decoração que minha Bru fez - isso atraiu clientes de diversos níveis sociais e também de idade. Por falar em Brunna, minha vida está perfeita ao seu lado. Sentir o cheiro dela quando acordo e ter seu carinho quando vou dormir é a melhor sensação do universo, mas claro nem tudo são flores, na semana passada tivemos uma discussão por ciúmes da nossa nova vizinha de apartamento. Bru ficou com raiva, quando a mesma se ofereceu - de uma forma inusitada - para me ajudar com as sacolas de compra do super mercado. Por sorte fizemos as pazes no mesmo dia, durante a noite, e a partir desse dia eu aprendi a nunca mais aceitar ajuda de nenhuma vizinha.

Já estou em São Paulo, dirigindo a caminho de casa, com o celular sobre a coxa lendo as mensagens que Brunna me enviou. Quando ela diz que Caio - seu ex marido - está preso um suspiro aliviado escapa de meus lábios e eu encosto no primeiro supermercado e faço questão de comprar uma garrafa de champanhe - do mais caro - para comemorar mais tarde. A pedido da loira, vamos jantar comida japonesa, então não me importo em comprar mais nada. Chego em casa e encontro Nete, passando algumas roupas que tínhamos colocado pra lavar no dia anterior. Ela me lança um sorriso terno e eu retribuo.

- Boa noite, menina Lud. - a mais velha sorri carinhosamente - Chegou tarde hoje.

- Boa noite, Nete. Tive um dia corrido - deixo a garrafa de champanhe sobre a mesa - Qual milagre você ainda está aqui? Já se passaram das sete horas.

- Minhas meninas viajaram. - se refere a suas filhas - E como a senhora Brunna me ajudou com a limpeza da casa, sobrou tempo para lavar as roupas, colocar pra secar e só agora estou passando. - se explica.

- Senhora Brunna. - imito seu jeito de falar, enquanto seguro uma risada - Não precisa ter toda essa formalidade com ela, Nete.

- Ah, Lud. - me olha sem graça - A menina nunca reclamou, então eu prefiro chamar ela assim.

- Só você mesmo, Nete. - retiro a pequena jaqueta jeans que estou usando por cima de uma camisa branca - Vou tomar um banho e ir trabalhar.

- A menina pediu para te avisar que ela teve que resolver uma emergência. - volta a olhar para as peças de roupa - E disse também que sua roupa está em cima da cama e que não precisa fazer nada pro jantar.

- Muito obrigada. - agradeço mesmo já sabendo de todos os recados.

Caminhei até o quarto e abri a porta, vendo a minha roupa devidamente arrumada sobre a cama de casal. Sorri com esse pequeno detalhe e terminei de tirar toda a roupa que eu usava. Já no banheiro, abri o box e destravei o registro do chuveiro, deixando a água quente cair lentamente em meu corpo - um suspiro alto escapou de meus lábios - Demorei quase vinte minutos e quando terminei me enrolei na toalha e sentei de frente para o espelho, para tentar fazer uma escova em meu cabelo. Depois disso, vesti rapidamente a roupa e peguei tudo que eu iria precisar para passar esses poucos minutos na boate.

Quando sai de casa, Nete já não estava mais ali - o que me deixou aliviada, já que ela mora quase do outro lado da cidade e pega metrô para se locomover - Cheguei na boate e encontrei a nova garota tomando um drink que eu julguei ser de morango pela cor. Ela acenou em minha direção e eu apenas lancei um sorriso forçado em sua direção - eu odeio toda essa aproximadamente, e tenho certeza que Brunna também - Me sentei no mesmo banco de sempre, mas dessa vez sem pedir nenhuma bebida.

- Pensei que não fosse vir hoje. - Daiane fala ao me ver sentada, encarando a pista de dança - Achei que iria comemorar a última notícia com sua mulher.

- Bem que eu queria. - falo sincera - Mas vou fazer isso mais tarde, depois de resolver as coisas que eu estou adiando.

- Como eu sou uma ótima amiga. - ela retira um cigarro do bolso e eu estendendo a mão para que ela compartilhe - Já adiantei suas coisas, peguei os exames que a Yara fez hoje, coloquei junto com os dados dela e deixei na sua mesa. É só você protocolar e colocar na pasta. - joga um beijo no ar.

-  Finalmente fazendo algo que preste. - dou uma tragada no cigarro - Vou lá resolver isso, porque hoje eu tenho horário pra chegar em casa.

- Cadelinha da Brunninha. - fala brincando mas eu ignoro, enquanto caminho até o meu escritório.

Passo por todas as meninas e apenas aceno com as mãos, antes de subir as escadas que agora são brancas - o que faz ter contraste com o piso escuro - Ao chegar no escritório apenas me sentei na cadeira giratória e abri o notebook para lançar todos os dados que a Daiane recolheu. Me perdi no horário e quando me dei conta, já se passavam das nove horas da noite - com certeza Brunna está uma fera - Rapidamente desliguei todos os aparelhos quando iria abrir a porta, dou de cara com Yara sorrindo tímida.

- Você está precisando de alguma coisa, Yara? - questionei depois de uns segundos em silêncio.

- Eu estive conversando com as meninas e elas me disseram que você sempre vem aqui. - fala e eu franzo as sobrancelhas.

- É, eu sou a dona. - falo óbvia - Eu ainda não entendi, você está precisando de alguma coisa?

- Tô. - suspira alto - Uma carona pra casa.

- Mas você ainda está no seu horário de serviço, Yara. - olho as horas no relógio em meu pulso - Está muito cedo.

- Daiane me liberou, disse que hoje foi apenas um teste. - da de ombros - E nesse horário o metrô não funciona mais, e eu não sei andar nessa cidade.

- Porque não pede Daiane? - questiono - Eu tenho um compromisso, estou atrasada e já era pra mim estar lá.

- Ela não irá embora tão cedo. - faz sua melhor cara de cachorro sem dono - Por favor, eu prometo que amanhã irei pedir um Uber.

- Meu Deus. - olho a tela principal do meu celular, vendo que tinha uma única mensagem da Brunna dizendo que o restaurante em que ela vai pedir a comida japonesa fecha em minutos - Onde você está hospedada?

- Na Lapa. - fala me olhando com um sorriso nos lábios - Fica a poucos minutos daqui.

- Tudo bem. - suspiro pesado - Mas vamos logo, por favor.

Desci as escadas na sua frente e senti todos os olhares - de todas as garotas - em minha direção. Apenas ignorei e segui até a parte de fora da boate. Destravei meu carro e fiz um sinal para que ela entrasse, e assim ela fez, se sentado ao meu lado, no banco do passageiro. Ela colocou os cintos logo após eu dar partida no carro.

- Eu gostei muito da boate, Lud. - fala depois de longos minutos em silêncio.

- Ludmilla. - a corrijo - E sim, a boate é um bom lugar, principalmente pra trabalhar.

- Você tem ela a muito tempo? - questiona curiosa e eu apenas concordo com a cabeça - Deve ter conhecido várias garotas, então.

- Não entendi o que você quis dizer com isso.

- Ah você sabe. - se ajeita no banco - Todas as meninas são lindas e é difícil resistir.

- Eu não sou esse tipo de pessoa. - sorrio irônica - Pra você ter noção, eu odeio que misturem o profissional com o pessoal.

- Gostei disso, Ludmilla. - fala meu nome em um tom não muito agradável. Por sorte meu celular tocou e não tive oportunidade de lhe responder. Apenas atendi a ligação, sem ver quem era.

📱

- Alô? - falo colocando o celular na orelha e segurando com o ombro, já que minhas duas mãos está no volante.

- Alô, Ludmilla? Sério? - era uma Brunna, brava, provavelmente querendo me matar.

- Desculpa, eu não vi quem era. - falo sincera.

- Onde você está? - questiona - O restaurante já fechou e agora não temos o que jantar.

- Eu me atrasei na boate. - oculto, pelo menos no momento, a parte da boate - Já estou indo pra casa.

- Que saco. - resmunga brava - Eu nunca te pedi pra chegar em casa cedo, hoje foi o único dia e você faz isso.

- Não precisa ficar brava. Eu vou comprar o nosso jantar. - me apresso para falar - Com certeza deve ter outro restaurante aberto, ainda é cedo.

- São quase dez horas da noite, Ludmilla. Vai tomar no cu. - desliga, antes de ter minha resposta.

📱

Suspiro pesado e deixo o celular escorregar por meu corpo, caindo em minha perna. O olhar curioso da loira ao meu lado, caiu em meu rosto e eu apenas ignorei e diz questão de aceler o carro, para chegar ainda mais rápido em seu destino. Quando estacionei o carro enfrente o pequeno e simples hotel ela tirou o cinto de segurança e se virou em minha direção.

- Muito obrigada, Lud. Eu não sabia o que ia ser de mim, sem você me ajudar. - fala agradecida.

- Tudo bem. - sorrio forçado - Mas eu tenho que ir agora, se você puder sair do carro.

- Claro! - antes ela deixa um beijo em minha bochecha - Pode me buscar amanhã?

- Não. - falo rápida - Vê com a Daiane, esse é o caminho dela.

- Tudo bem, Lud. Até amanhã!

Mal espero ela sair do carro e fechar a porta para já dar partida do carro, voltando para minha casa. Mas antes passo em um dos meus restaurante favorito e compro duas refeições - comuns - Para mim e para Bru. Ao chegar em casa o relógio marcava onze e dez da noite, e a loira estava sentada enfrente a televisão, com as sobrancelhas franzidas, como se fosse matar alguém a qualquer momento.

- Boa noite, amor. - deixo as comidas sobre a mesa e retiro a camisa que eu estava usando, ficando apenas com um sutiã de renda preto.

- Boa noite, Ludmilla. - fala sem me olhar.

- Desculpa, Bu. - me abaixo em sua frente - Eu realmente perdi o horário na boate e quando estava saindo uma das garotas me pediu carona e... - ela não deixou eu terminar.

- Você se atrasou porque estava dando carona pra uma prostituta? - levanta as sobrancelhas.

- Não, amor. - suspiro - Quando eu saí da boate eu já estava atrasada. - explico - Eu apenas fui até a Lapa levar ela, contratamos ela hoje e ela não conhece a cidade.

- E você quis ser a guia turista dela? - me olha - Ou melhor a motorista de aplicativo.

- Poxa Bru. - a olho triste - Eu até comprei, nosso jantar. Realmente não tinha nenhum restaurante de comida japonesa aberto, mas eu comprei outra coisa em um restaurante muito bom.

- É o mínimo né. - se afasta - Você tá fedendo perfume barato. Vai tomar um banho.

- Quando eu sair do banho você ainda vai estar brava? - questiono.

- Vou Ludmilla. Eu deveria fazer você enfiar esse jantar no nariz daquela puta. - bate em meu ombro - Mas eu estou morrendo de fome.

- Não fica brava. - beijo seus lábios - Eu só não podia deixar ela andar sozinha por aqui, é perigoso.

- Perigoso é você me deixar sozinha em casa, imagina se um ladrão invade isso aqui e me sequestra. - seguro a risada da sua crise de ciúmes - Eu tô falando sério, Ludmilla.

- Tudo bem, Bu. Eu não vou mais fazer isso, tá bom? - a olho - Me desculpa, não aconteceu nada eu apenas deixei ela lá e vim embora.

- Você não estaria viva se tivesse acontecido alguma coisa. - se levanta, indo até a comida.

- Mulher brava. - resmungo antes de ir pro banheiro, tomar banho.

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