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Capítulo 37

Brunna - Santos 📍
Quinta-feira - 11:00

Um suspiro alto escapou dos meus lábios, no momento em que vi o advogado se afastar de forma lenta, fazendo uma ligação. Observei a Lud que já havia acordado a um tempo e me levantei, indo em sua direção. Daiane estava tão distraída mexendo em seu celular, que não me viu chegar e sentar ao colo da morena que mantinha o rosto suave. Não foi preciso dizer nenhuma palavra, eu apenas deixei um beijo longo em seus lábios e depois repousei minha cabeça em seu peito, escutando perfeitamente as batidas calmas do seu coração - apenas isso foi o suficiente. Ficamos assim por longos minutos e não me dei conta que eu acabei cochilando e acordei com as pontas dos dedos da morena sendo passados em minhas costas, dentro do pequeno cropped que estou usando.

- Quer subir e descansar um pouco no nosso quarto, Bru? - questiona olhando em meus olhos e eu nego com a cabeça.

- Está ótimo aqui, nem percebi que eu havia dormido. - sorrio me sentado ao meio de suas pernas - Desculpa.

- Não precisa se desculpar, meu amor. - ela toca meus ombros, fazendo uma massagem - Me diz, como você está?

- É como se isso tudo fosse um pesadelo. - sorrio sem vontade - As coisas estão quase chegando no seu devido lugar. Não do jeito que eu queria, mas no momento isso não importa muito.

- Daiane comentou que ele quer metade dos seus bens. - toca no nome da amiga e me dou conta de que ela já não estava mais ali - Você está "bem" com isso?

- Óbvio que não. - a olho com dificuldade por causa do sol quente - Mas é a única opção no momento. Eu não me importo de perder um pouco de dinheiro. O que vai me deixar mais chateada, vai ser caso ele queira ficar com a empresa.

- É muito importante para você, não é?

- É a única coisa que eu tenho dos meus pais. - faço uma pequena pausa - É a única coisa que faz eu me sentir conectada com eles.

- Não precisa ficar triste. - me abraça muito apertado, me causando uma gargalhada baixa - Vai dar tudo certo.

- Vai sim, amor. - beijo seus lábios - Porque está de biquíni? - questiono.

- Está muito calor. - sorri com a língua entre os dentes - Mas confesso que eu também estou doida pra entrar nessa piscina.

- O que está esperando? - pergunto dando espaço para ela se levantar.

- Você. - fala óbvia - Pra entrar comigo.

- Eu meio que... não sei nadar. - falo com vergonha, mas arranco uma gargalhada dela.

- Está brincando? - nego com a cabeça - Então hoje você vai aprender, sobe lá e coloca um biquíni. Vou ficar aqui embaixo te esperando.

Eu queria dizer a ela que eu não estava com vontade de entrar na piscina, mas ela estava com os olhos brilhando e um perfeito sorriso nos lábios, foi impossível negar. Subi para o nosso quarto e procurei por um biquíni na única mala que ela tinha tirado do carro. Por sorte realmente havia um ali, na cor laranja. O vesti com rapidez e desci, encontrando ela já dentro da piscina.

- Vem, Bu. - me chamou.

- Ludmilla, e se eu morrer afogada? - pergunto com medo - É a última coisa que eu quero.

- Brunna, você acha mesmo que eu vou deixar você morrer afogada? - chega até a borda da piscina e me estende a mão - Vem logo, a água está ótima.

- Meu Deus. - falo ao segurar sua mão e logo sentir a água bater em meu pé, desci as escadas apenas com a ajuda de sua mão, mas quando chegamos ao meio da piscina, ela me segurou pela cintura. - Lud, meu pé não está encostando no chão.

- Eu estou te segurando, Bru. - me apertou ainda mais contra seu corpo - A água não está boa?

- Hum, sim. - falo simples e ela sorri.

- Tenta esquecer que está com medo, porque quanto mais você lembrar, mais medo você vai sentir. - beija meus lábios - Eu estou aqui com você.

- Em todos os momentos. - penso alto.

- O que? - pergunta sem entender e eu suspiro antes de falar.

- Você sempre está aqui, Lud. Em todos os momentos. - toco seu rosto - Desculpa por nós duas ter começado de um jeito tao errado. - falo sincera - Mas eu prometo que você sempre vai ter minha melhor versão. Não te garanto que vou ser perfeita em todos os dias, mas eu vou dar o meu melhor, para ser a pessoa que voce tanto merece.

- Você vai me fazer chorar, Bru. - ela afunda seu rosto no meu pescoço - Eu estou feliz de ter você comigo, por mais que não seja em um momento bom. - ela sorri - E nós vamos ter vários outros momentos pra chamar de nosso. Sem nenhuma preocupação e sem nenhum medo.

- Eu te amo, Lud. - levanto seu rosto e o encho de beijos molhados.

- Eu também te amo, minha Bu. - quando ela foi se aproximar para me beijar, escutamos a voz da Daiane.

- Ô casalzinho! Vocês se esquecem que existem pessoas solteiras por aqui. - resmunga - Eu não mereço ver essa cena.

- Isso tudo é inveja. - mostro minha língua para ela - Vem cá curtir a piscina com a gente, Dai!

- Ficar de vela? - fala com desdém - Queria o meu amigo Mario aqui, ele é o único que me entende.

- São todos da mesma laia, é por isso. - Lud fala implicando com a amiga - Vem Dai, eu estou ensinando a Bru a nadar.

- Você não sabe nadar? - me olha como se eu fosse um mostro e eu nego com a cabeça. Em um piscar de olhos ela se jogou na piscina, fazendo com que muita água subisse para cima e eu fosse obrigada a me agarrar ainda mais ao corpo da morena, mas com os olhos fechados.

- Puta que pariu, Martins. - reclamo brava.

- Olha só, ela sabe xingar. - gargalhou ao me ver brava - Bora lá, Brunninha, você tem que mexer os pés. Não vai aprender nadar agarrada na Ludmilla.

- Pra sua informação, eu estou muito bem aqui. - resmungo ainda brava.

- Vamos, Bu. - Lud pede - Prometo que vai ser muito legal. Eu não vou te soltar. - me garante e eu acabo cedendo.

Essa cena seria perfeita para colocas naquele perfil de comédia. Lud está a minha frente segurando meus braços, enquanto Dai está atrás, segurando meus dois pés e os mexendo de forma sincronizada - acho que já bebi água para o mês todo. Rodamos toda a piscina e só paramos quando Margareth apareceu nos chamando para almoçar. Como a pousada oferece roupões, não foi preciso subir até o quarto para nos trocar, apenas vestimos um e caminhamos até o restaurante, que está apenas com quatro mesas ocupadas, sendo uma delas pelos pais da Daiane. Sentamos junto com eles que nos ofereceram um sorriso aberto.

- Aproveitaram a piscina? - Augusto perguntou animado.

- A água está ótima. - Ludmilla é a primeira a falar - Quero voltar pra lá depois do almoço.

- Lembra de esperar a digestão. - a mulher fala preocupada e a morena concorda com a cabeça.

- O que vamos comer? - pergunto depois de um tempo em silêncio.

- Estava vendo o cardápio e tem batata frita e peixe. - Daiane conta e eu sorrio animada.

- Eu amo! - comentou e as mãos de Ludmilla vão até meu ombro - O que foi, amor?

- Você falou de um jeitinho muito fofo, deu vontade de apertar. - sorri carinhosa.

- Nem pra almoçar vocês param com essa melação, puta que pariu. - Dai finge estar brava, mas é repreendida pela mãe.

- Já disse que não gosto desse seu palavrear, Daiane Martins. - fala séria.

Pela primeira vez em todos esses dias, eu me senti verdadeiramente bem. Ninguém tocou no assunto do divórcio, o que fez o almoço ficar ainda mais leve. Eu fui a primeira a terminar e como não sou boba, pedi minha sobremesa - pudim - Fui acompanhada pela Ludmilla, que vez ou outra roubava um pedaço do meu prato. Voltamos pra piscina duas horas depois e ficamos até o sol se por, depois cada um seguiu até seu quarto para tomar banho. Me joguei na cama e foi difícil Ludmilla me tirar dela, mas no final ela acabou se rendendo ao meu charme e pediu o jantar no quarto.

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