Capítulo 34
Ludmilla - Santos 📍 09:09
Essa noite foi difícil - muito difícil - Brunna acordava de dez em dez minutos e demorava horas pra conseguir cochilar de novo. Tentei fazer ela relevar com um banho quente na banheira do quarto, mas foi em vão. Quando voltamos pro quarto ela parecia estar mais acordada do que nunca. Tentei falar sobre assuntos aleatórios que aconteceram comigo mas ela apenas sorria de lado e voltava a encarar o teto branco. Por fim, o sono teve a vitória, conseguiu a vencer quanto estava faltando vinte minutos para as sete horas da manhã.
Mas diferente dela, eu permaneci acordada, e assim estão até agora. Tomei um banho gelado, com cuidado cuidado para não acorda-la e desci até o restaurante da pousada. Escolhi algumas frutas, sucos, bolos e torradas, coloquei em uma pequena bandeja e subi as escadas com cuidado para não derrubar tudo pelo chão. Quando abri a porta do quarto, a loira já estava acordada e sentada sobre a cama, lágrimas molhavam seu rosto e seu olhar transparência o medo e o desespero. Deixei a bandeja sobre a mesa de cabeceira. Me aproximei ela e a abracei apertado.
- Bru, o que aconteceu? - questiono sem afastar nossos corpos.
- Lud. - me olha aliviada - Eu pensei que você tivesse ido embora e me deixado aqui sozinha. Fiquei com medo. - era a primeira vez que eu a via tão frágil.
- Meu Deus, Bu. - suspiro aliviada - Eu não vou fazer isso. Eu estava apenas buscando o nosso café da manhã.
- Não tinha como eu saber. - funga o nariz - Eu acordei e você já não estava mais aqui.
- Eu não queria te acordar, amor. - deixo um beijo em sua testa - Você não dormiu muito bem essa noite.
- Depois que eu dormi, você conseguiu descansar um pouco? - questiona e eu minto concordando com a cabeça.
- Não quer dormir mais um pouco, Bu? - me afasto e a deixo relaxar sobre a cama.
- Já dormi o suficiente. - suspira arrumando seu cabelo - Eu vou tomar um banho pra te acompanhar no café.
- Não demora, se não quando você sair, não vai ter nada pra você. - brinco ao ver ela adentrar o banheiro a passos lentos.
Enquanto ela está no banheiro, arrumei a cama. Tirei algumas coisas que deixamos pelo chão quando entramos. Tirei as roupas sujas de dentro da mala e deixei dentro do pequeno guarda roupa do quarto. Demorou cerca de vinte minutos pra loira sair do banho, vestindo um vestido curto e com os cabelos soltos.
- Agora um bom dia decente. - me beija com calma, enquanto sua mão percorre por minhas costas. Nos separamos quando o ar se ausentou, e eu a olhei com carinho. Seu rosto estava menos avermelhado que ontem, mas ainda tinha o perfeito formato dos dedos do infeliz.
- Adorei esse bom dia. - falo sincera, depois dela ficar desconfortável por eu a olhar por tanto tempo - Não tinha pão de queijo, mas eu trouxe essas coisas pra nós.
- Esse é o segundo café da manhã que você me oferece e não tem pão de queijo. - brinca pegando uma torrada - Está me devendo.
- Não é culpa minha. - dou um gole no suco de uva - As pessoas normais não gostam de pão de queijo.
- Eu sou anormal? - questiona com uma das suas sobrancelhas levantadas e eu fico em silêncio - Quem cala consente. - bate em minha perna.
- Aí, buuu. - faço voz de neném e ela aperta minhas bochechas.
- O neném aqui sou eu, Lud. Você já tem quase trinta anos nas costas. - fala abusando da minha idade.
- E quanto anos voce tem? - questiono.
- Vinte e três. - eu arregalo os olhos - Porque está surpresa? Tenho cara de velha?
- Obviamente não. - mordo o pedaço de bolo de fubá - Mas não imaginava que fosse tão nova assim.
- As aparências enganam. - fala simples e eu suspiro, querendo ter uma conversa sobre como vamos fazer com toda essa situação.
- Bru? - a chamo e ela me olha calma - Como vamos fazer com tudo isso? Não podemos ficar aqui para sempre.
- Eu sei que não podemos, Lud. - se encosta na cabeceira da cama - Eu vou ligar pro meu advogado para saber o que devo fazer.
- Também precisa ligar pro Mário, explicar ele o que aconteceu e proibir a entrada do Caio na sua empresa. - a olho - Ele já deve ter percebido que você não está mais lá.
- Sim. - suspira pesado - E você liga pra Dai e pede a ela pra não passar nenhuma informação sobre você. E não deixar ele ir até a boate, não sabemos quem conta as coisas para ele.
- Tinha me esquecido disso. - retiro meu celular do bolso para enviar uma mensagem pra Daiane.
- Porque você se meteu nessa confusão comigo, hein? - questiona brincando, mas eu sei que no fundo ela está insegura.
- Porque eu te amo. - falo óbvio - E nunca iria conseguir dormir, sabendo que você estava passando por aquilo tudo sozinha.
- Te amo. - ela deixa um selinho em meus lábios - Lembra onde eu coloquei meu celular?
- A última vez que eu vi estava no banco traseiro do meu carro. - conto - Quer que eu vá lá buscar?
- Não precisa, eu vou. - se levanta calçando os chinelos - Onde está as chaves?
- No bolso da sua mochila. - explico e vejo ela se abaixar para pegar.
- Dois minutos estou de volta. - se despede com um sorriso fofo.
Digito o número da Daiane e escuto alguns toques antes dela finalmente me atender, já me xingando por eu ter a acordado.
📱
- Qual foi sua piranha, sem mãe. Não tem mais nada pra fazer, não? - resmunga e eu sorrio.
- Bom dia também Dai. E sim eu tenho muitas coisas pra fazer, mas no momento eu estou aqui em Santos, com a Bru. - conto e eu a escuto gargalhar.
- Sua safada, tirou férias e nem me contou.
- Quem dera fosse férias. - me levanto e vou até a sacada, observando a vista.
- O que aconteceu, Lud? - questiona.
- Eu te contei que Brunna é casada?
- Não, mas eu já tinha visto a aliança no dedo dela. - suspira - Você se mete em cada uma... Mas o que aconteceu?
- Ontem ela pediu divórcio. - conto - Queria estar feliz por isso. Mas ele não aceitou, eles discutiram. Ele chegou a bater nela.
- E você não fez nada? - me pergunta brava.
- Eu não sabia disso, eu estava na boate. Ela me ligou chorando. - suspiro - Eu fui até a casa dela, a busquei e agora estamos em Santos.
- Porra, Ludmilla. Que zoando. - fica em silêncio por alguns segundos - Vocês estão precisando de alguma coisa? Meu pai é advogado, ele pode ajudar ela.
- Amiga. - suspiro pesado - É muito mais complicado do que isso. Acho que Isabelly está dando informações da boate para ele.
- Como assim? - pergunta confusa.
- Você se lembra daquele homem bonito que você disse que encontrou na boate? - escuto um som nasal para que eu continue - Ele é o Caio. Depois desse dia ele chegou a me parar na porta da boate, querendo arrumar briga. Esses dias que passou, Brunna me contou que ele disse algumas coisas sobre a boate e sobre as meninas. Ele ficou com uma delas e ela que deu as informações.
- Porque acha que foi a Isa? - suspira.
- Ela é a que mais tem clientes. E não sei, algo me diz que foi ela. - conto e escuto a porta se abrir.
- Mas que confusão, Ludmilla. A sua sorte é que a Brunna é uma pessoa foda. - sorrio com o elogio - Se não fosse isso, eu iria te bater.
- Menos, Daiane. - sorrio com o carinho que Brunna fez em minhas costas - Você vai me ajudar, né?
- Claro que vou. Você é como se fosse minha irmã. - fala confiante - Certeza que nao quer a ajuda do meu pai? Ele é bom no que faz.
- Vou conversar com a Bru e depois te dou a resposta. Mas enquanto isso sabe o que fazer em relação a boate, não é? - pergunto.
- Sei. Vou dar férias e deixar tudo fechado por esses dias. - fala animada e eu suspiro preocupada.
- Você acha que é a melhor opção? - me viro para observar Brunna que agora está sentada sobre a cama, mechendo em seu celular.
- Claro, Lud. É melhor a gente lidar com o prejuízo desses dias, do que com o prejuízo do resto da vida, caso esse babaca invente alguma coisa sobre a boate. - fala brava.
- Isso é verdade. - falo aliviada - Boas férias.
- Pra você também. - a escuto garganta - Eu não posso ir até Santos, ficar com vocês?
- É sério isso? - questiono.
- Sim, meus pais também estão doidos pra viajar. É juntar o útil ao agradável, ele vai conhecer a Brunna e ela vai contar as coisas pra ele. - sugere.
- Tudo bem, Daiane. Depois te passo a localização.
- Te amo, irmã.
- Também te amo.
📱
Desligo a ligação e caminho até a Bru, que me olha curiosa.
- Desculpa me meter na sua conversa, mas você deu férias a ela? - pergunta curiosa.
- A todos da boate. - explico - Vamos fechar por esses dias.
- Ludmilla, você não precisa fazer isso por minha causa. - se apressa para falar - Eu não queria te trazer todos esses problemas.
- Brunna, relaxa. - toco seu ombro - Desde que abrimos a boate, nunca fechamos. Vai ser por uma semana, apenas. Não precisa se sentir culpada por isso.
- Não gostei. - fala emburrada.
- Não gostei. - imito sua voz - O pai da Dai é advogado, ele se ofereceu pra te ajudar no seu caso.
- Eu já tenho um advogado. - continua emburrada.
- Dois é melhor. - dou de ombros - Eles estão vindo passar essas "férias" com a gente.
- Eu te odeio sabia? - fala brava.
- Mentira! Você me ama!
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