Capítulo 26
Brunna - São Paulo 📍
05:50 da manhã
Eu e Ludmilla tomamos um banho rápido na água quente, e juntas. Preferimos ficar nuas, e só então nos deitamos na cama de casal do seu quarto. Os raios fracos do sol, começou a adentrar pelas gretas da cortina, iluminando o quarto. Me aconcheguei junto a morena e afundei meu rosto no seu pescoço, sua mão relaxou sobre minhas costas, fazendo um simples carinho.
- Bru? - escutei ela me chamar e apenas fiz um som nasal para que ela continuasse - Desculpa por não ter feito o que eu tanto te cobrei.
- Do que está falando? - questiono e escuto ela suspirar antes de começar.
- Eu lembro de ter te pedido para não sumir do nada, e foi exatamente o que eu fiz. - beija minha testa - Desculpa.
- Ah Lud, está tudo bem. - levanto meu olhar em sua direção - Eu refleti um pouco enquanto tomávamos banho e eu te entendi. Acho que no seu lugar eu faria o mesmo.
- Então está tudo bem entre a gente, não é? - pergunta apreensiva e eu sorrio abafado.
- Nós acabamos de foder no sofá da sala, Ludmilla. É óbvio que está tudo bem entre nós. - faço um carinho na sua barriga - Eu só não quero você me escondendo as coisas, eu fiquei muito agoniada, pensando bobeiras. Se você tivesse me contado tudo desde o início, eu iria entender.
- Isso não vai se repetir. - volta a beijar minha testa - Eu gosto muito de você, Bu.
- Também gosto muito de você, Lud. - sorrio.
Não sei ao certo quando e nem como eu adormeci, mas acordei na mesma posição que eu estava enquanto conversava com Ludmilla. Meu rosto na curva do seu pescoço e suas mãos sobre minhas costas. A morena ainda dormia tranquilamente, e o aroma do seu perfume misturado com o amaciante de neném, estava preenchendo todo o quarto.
Fiquei alguns minutos analisando seu rosto, que estava relaxado e sorri de forma involuntária, ao imaginar como seria acordar assim todos os dias - uma grande sorte - mas esses pensamentos se afastam ao lembrar do que ela havia me dito sobre Caio.
Embora eu conheça o médico a quase cinco anos, eu não sei mais o que ele pode ser capaz de fazer. Até porque eu jamais imaginaria que ele fosse um pouco capaz de bater de frente com alguém - como fez com a Lud. Soltei um suspiro um pouco mais alto do que estava desejando e vi a morena se mexer na cama, abrindo os olhos com dificuldade.
- Pode dormir mais um pouco, Lud. - falo fazendo um carinho em seu rosto.
- Bu. - ela me puxa para mais perto do seu corpo - Bom dia.
- Bom dia, querida. - sorrio após deixar um beijo em seus lábios - Dormiu bem?
- Muito bem. - fala manhosa - E você?
- Do seu lado é impossível dormir mal, Lud. - a abraço apertado.
- Está muito bom aqui, poderíamos ficar o dia todo. - se ajeita puxando o edredom para cima do nosso corpo - Mas temos que tomar café da manhã.
- Eu estou com fome. - confesso e a escuto gargalhar - O que foi?
- Quando você não está com fome, Bu?
- Você está muito abusadinha pro meu gosto, tá Ludmilla?! - puxei o edredom, a deixando descoberta e nua - Vamos levantar, vai.
- Hoje não tem pão de queijo. - me adiantou ao sentar na cama - Na verdade eu nem sei o que vai ter pra gente comer. Hoje não é o dia da Nete vir trabalhar.
- Eu sei cozinhar. - falo simples e me levanto ainda nua - Me empresta uma camisa sua?
- Mais uma? - me abraça por trás, me levando até seu pequeno closet - Daqui a pouco vai ter uma coleção na sua casa.
- E isso é ruim? - questiono - Eu acho um ótimo motivo pra gente se encontrar e eu usar essas camisas como desculpa.
- Só você, Bu. - ela beija meu ombro - Pode escolher qualquer uma, eu só estava brincando. Amo ver você com as minhas camisas.
- Tudo bem. - passo minhas mãos pelas camisas penduradas no cabide e pego uma social na cor branca - Gostei dessa, tem problema?
- Nenhum. - sorri calma - Tem calcinha na última gaveta, pode pegar também. Eu vou escovar meus dentes.
Caminhei pelo closet e me abaixei para abrir a gaveta, peguei um calcinha na cor preta e a vestir por baixo da camisa, que vai até o meu joelho - a demonstração de que ou eu sou muito baixa, ou Ludmilla é muito alta.
Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e segui a morena até o banheiro, quando cheguei ela já tinha terminado de escovar os dentes e estava usando o enxaguante bucal, como eu já sabia onde ficava as escovas novas, não me dei o trabalho de perguntar, apenas peguei uma e escovei meus dentes - com o olhar da Lud sobre meu corpo. Assim que terminei, ela me segurou pela mão direita e me levou até a cozinha que estava vazia e arrumada.
- O que você gosta de comer? - perguntei confusa.
- Qualquer coisa, meu amor. - fala simples, abrindo a geladeira e retirando algumas coisas que serviriam pro café da manhã.
- Misto quente?! - sugiro e ela sorri animada.
- Faz muito tempo que eu não como misto quente. - confessa - É uma ótima ideia.
- Então vou fazer. - abro os pequenos potes com presunto e mussarela.
- Suco de qual sabor? - pergunta abrindo os armários - Tem limão e caju.
- De azeda já basta a vida. - brinco - Pode ser de caju.
Ludmilla - São Paulo 📍 11:31
Enquanto Brunna estava entretida em fazer um revezamento entre presunto e mussarela dentro do pão, eu dissolvi a polpa do suco em um pouco de água, adicionei um pouco de açúcar e provei - uma delícia. Brunna se assustou quando o eletrodoméstico apitou, anunciando que os mistos estavam prontos e isso me causou uma crise de riso.
- Invés de você ficar rindo, poderia pegar um prato pra mim colocar, não acha? - me olhou brava.
- Mulher brava, meu Deus. - a entreguei um prato de louça - Daqui a pouco falta só sair fumaça pela cabeça.
- Seu senso de humor é ótimo. - finge um sorriso mas acaba caindo na gargalhada.
- Assume que você me ama, Bu. - mordo o pão quente.
- Não. - revira os olhos depois de dar um gole no suco.
- Então você não me ama? - questiono.
- Eu só não quero assumir. - da de ombros e volta sua atenção para o pão - Eu disse que eu era uma ótima cozinheira.
- Quem teve um trabalho maior foi a sanduicheira. - falo óbvia e sinto um tapa arder em meu braço.
- Pra parar de ser boba. - me mostra a língua.
- Relacionamento abusivo. - finjo estar triste.
- Me processa.
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Um cadinho de paz, antes de mais caos.
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