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Capítulo 7


Henry

"Seu olhar me hipnotizou de um jeito singular

Suas curvas perfeitas me fizeram viajar

Eu que nunca liguei para sentimentos, senti

O que eu não deveria, por ti."

Eu estava em uma crise de abstinência. Não havia outro motivo ou razão para meus instintos. Tudo bem que eu só tinha 24 anos, mas daí a ficar batendo punheta como um adolescente afoito, devido a uma inquilina, já era o cúmulo.

Tentei ficar o mais longe possível de Maria, o que era quase impossível tendo em vista que morávamos na mesma casa, ainda que temporariamente. Minha mãe e os antigos diziam "uma mulher conquista o homem pelo estômago", bem... Isso hoje em dia é bem arcaico tendo em vista o quanto as mulheres estão bem colocadas no mercado de trabalho e superando muitos homens. Mas comigo aconteceu.

Maldita Maria e suas bolachas de doce de leite. Amo doce de leite e isso não é justo.

Continuei tentando não encontrar com ela. Fui lidar com a fazenda e demais afazeres. Claro que sua proximidade carregada de imprudências e erros, estavam me deixando inspirado para compor uma música. Não me fiz de rogado e aproveitei. No momento, havia saído apenas duas estrofes e o refrão:

"Misteriosa ela

Gosto do cheiro dela

Tô querendo dar uns pegas nessa Cinderela.

Ela é toda certinha e eu todo errado

Ela tem um presente ruim e eu todo marcado.

Duas pessoas que não deveriam estar se vendo

Um relacionamento agora, nenhum de nós está querendo.

E agora o que vai ser?

O que é que eu posso fazer?

Pra falar a verdade, eu não quero nem saber!

O que eu tô com medo é de não me conter."

Meus pés ritmavam com os acordes do violão. Wagner, meu empresário, ficaria radiante com isso e a Stephânia reviraria os olhos, mas acredito que iriam gostar. Sorrio de orelha a orelha com isso.

Nisso, a manhã passou e senti meu estômago clamar por alimento. Senti o cheiro fraco de angu e salivei. Desci as escadas radiante. Apesar de querer distância de Maria, por outro lado adorava as expressões faciais que ela fazia quando apreciava uma comida.

— Dalvinha, querida, quero comida. – Sei que a rima foi tosca, mas eu adorava provocá-la.

— Henry você não tem jeito.

— Vou pegar meu prato – anunciei, mas ela deu um tapa em minha mão.

— Não é educado comer sem a visita chegar – repreendeu.

— Maria? – perguntei o óbvio.

— É, uai. Vá chamá-la e quando chegar já estará tudo pronto na mesa.

— Ora! E porquê nenhum peão fez isso? – perguntei aborrecido.

Eu teria que ser babá dessa patricinha gospel, agora? Bufei. Saí aborrecido, selei o Homer e fui procurar a folgada. No meu pensamento, ela devia ter ido ver sua fazenda aos cacos. No telefone, no outro dia, ela já estava falando da reforma.

Mulheres... Suspirei.

Cortei caminho pela nascente, além de sempre parar lá para Homer beber água, mas me surpreendi por já ter um cavalo amarrado por perto. Ninguém vinha aqui além de mim.

Desci do Homer, o amarrei e segui andando calmamente. Revirei os olhos só de imaginar que poderia ser mais um amigo do idiota do antigo dono da fazenda. Ao chegar mais perto, notei o vestido de Maria jogado.

Ela estaria nadando pelada? Sorri de orelha a orelha com o pensamento. Mesmo convivendo a infância toda na igreja, eles deram as costas a minha família no momento mais delicado, então eu não tinha crença. Assim, não me senti nenhum pouco pecador ao andar vagarosamente e espionar Maria.

Pervertido? Sim.

Safado? Com certeza.

Invasão de privacidade? Provavelmente.

Eu me importei? Negativo.

Errado? Não. O local era, basicamente, público e na divisa das terras.

De longe avistei Maria pulando graciosamente e mergulhando. Ela era perfeita. Cada segundo a mais que ela passava embaixo d'água, era um sentimento estranho que me invadia. Não era medo dela afogar, era algo mais palpável. Era como se eu pudesse sentir.

Quando tomei conta que estava olhando demais e confundindo o desejo carnal com algo desconhecido, porém não desejado, me desequilibrei. Com meu tropeço, ela notou minha presença. Ao emergir na água eu a encarei. Podíamos negar o quanto fosse, mas era óbvia a conexão.

Seus olhos azuis hipnotizavam os meus negros. Sua aura de boa moça confundia a minha de mau.

Depois de muito nos encararmos e nada sair de nossas bocas, pigarreei e tentei levar oxigênio ao cérebro pedindo noção.

— Vim chamá-la para o almoço – anunciei com minha voz, audivelmente, afetada.

— Você está a muito tempo aí? – perguntou e mordeu o canto dos lábios.

Vê-la tão ligada ao seu tradicionalismo imputado de inocência e mesmo assim se afetar com minha presença, era glorioso. Ajeitei, discretamente, meu pênis já ganhando vida na calça. Homens sempre fazem isso. É normal.

Ela acompanhou meu movimento, mordeu os lábios de novo e abaixou a cabeça. Ela era tão transparente quando essa nascente. Ela não queria sentir, mas estava tão afetada quanto eu.

— Não o suficiente – respondi e pulei na água.

— Ah! – gritou pelo susto.

Emergi da água, passei a mão pelos cabelos, deixando-os para trás. Olhei fixamente para seus olhos e depois sua boca. Aproximei-me dela e suspirei seu cheiro único. Não me contive mais um minuto sequer.

Segurei-a pela nuca, emaranhando meus dedos em seus cabelos e lhe dei um beijo.

Eu não conseguia ser delicado e nem queria. Meu beijo era forte, com dentes mordendo e batendo às vezes. Nossas cabeças iam de um lado a outro nesse beijo voraz e urgente. Eu a queria e ela me queria. Eu não podia e muito menos ela.

Depois do fogo emanando em nosso pecado, Maria recobrou a razão e me empurrou.

— O que você está fazendo? – perguntou bobamente se afastando. — Isso não está certo!

— Desculpe. Eu não sei o que deu em mim – comentei.

— Eu não sou esse tipo de mulher. Caso eu ainda fique em sua casa, saiba que não tolerarei isso!

Saiu da água, secou fracamente o corpo e os cabelos; voltou a colocar o vestido. Como eu havia pulado de roupa na água, apenas saí e me sacudi.

Maria desamarrou seu cavalo e eu o meu. Ofereci para levar a cesta, mas ela mal olhou para mim. Seguimos em silêncio até chegarmos em minha casa.

Henry, seu bastardo! O que foi que você fez? – Repreendi-me mentalmente.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

— Pode deixar que eu lavo – ofereceu Maria para lavar a louça.

— Você é visita, então não se preocupe – garantiu Dalva.

— Faço questão.

Maria ignorou os conselhos de Dalva e, contrariando o preconceito que eu tinha da mesma, foi lavar a louça. Dalva deu de ombros e foi reservar a comida que havia sobrado. Maria organizou primeiro os talheres, copos, pratos e panelas na pia. Depois que cada um foi colocado em ordem, ela iniciou a atividade.

Não é que a patricinha gospel sabia surpreender e ser humilde? – Pensei e sorri. Saí da cozinha e segui para o pequeno cômodo que eu usava de estúdio temporário. Mesmo que na fazenda eu me desligava um pouco das obrigações como cantor, é algo que nunca morre em mim.

Liguei para Wagner e ficamos um bom tempo conversando sobre uma possível gravação. Ele queria novos repertórios para lançarmos em uma turnê. Segundo ele, a fama é oscilante e precisamos aproveitar o momento. Já tinha uns quatro anos que eu estava no auge do sucesso e raramente tinha uma pequena queda. No mínimo uma música minha continuava sempre entre as dez mais acessadas.

O engraçado no mundo da música é que os shows e vendas de CD's e DVD's nem sempre correspondiam ao maior lucro. Muitas vezes campanhas publicitárias rendiam mais e até aplicativos e sites que pagavam centavos por cada música ouvida, no final do mês isso dava muito dinheiro.

Claro que eu tinha ciência que não me manteria na fama sempre, por isso me resguardei e investi em casas de show sendo sócio. Assim, eu entrava com o capital e não tinha que me preocupar tanto com a parte burocrática.

Nem sempre foi assim. Depois da morte da minha mãe, ainda na minha adolescência, pela lei eu tive que ir conhecer meu pai. Até aquela época, eu nem sabia que tinha um. Para falar a verdade, ele foi apenas um doador de esperma.

Truuuuuuuuu – comecei a fazer exercício para manter a voz saudável.

Parecia meio ridículo fazer esses sons, tomar água e intercalar, mas eram exercícios passados por minha fonoaudióloga e era importante manter, pois quando voltasse a cantar, a garganta precisaria estar boa.

— Pô cara, pare de neura – desdenhou John.

Toda semana fazíamos um vídeo chamada, mesmo nas férias ou dias que não estávamos em shows.

— Vá tratar do seu gel – zombei.

— Como está sendo bater uma olhando apenas as vacas por aí? – Rodrigo gargalhou e revirei os olhos.

— Deve estar sofrendo de bolas azuis com a falta de mulher – disse Eder me mandando um beijo.

— Henry, desculpe interromper, mas posso usar seu telefone? É que o pessoal da reforma ficou de vir hoje, está ficando tarde e não chegaram. Acho que podem estar perdidos – interrompeu Maria com as bochechas coradas.

— Ah, é claro. Fique à vontade – falei meio sem jeito e ela saiu.

— Uai, o cowboy bastardo com uma mulher dentro de casa e escondendo o jogo? – zombou Rodrigo.

— Um dia, todos se apaixonam – completou Danilo. Estranhei, pois ele era o mais calado.

— Está bem. Chega com isso! – esbravejei. — É uma vizinha que está passando por reforma e eu a hospedei temporariamente aqui. É só isso.

— Hum, sei não. Você é safado demais para estar na presença de uma mulher gostosa daquelas dormindo sob o mesmo teto – disse Rodrigo e todos concordaram.

— Não dá para falar com vocês! – Desliguei, mesmo com eles rindo.

— Foi só um beijo – murmurei para mim mesmo.

Tomei um banho e fui para a sala. Ia começar o jogo do meu time. Passei antes na cozinha e peguei umas latinhas de cerveja. Sentei no sofá, liguei a TV e a icônica voz do narrador de futebol começou a sair pelo home theater.

O comentarista estava comparando o esquema tático de ambos os times, sendo que o meu time estava no 3-4-3, contra 3-5-2 do time adversário. Melhor para nós que estávamos com mais atacantes.

— Vai pra cima! – gritei incentivando meu time que nunca me ouviria.

O jogo começou e vi Maria descendo as escadas. Ela vestia uma saia jeans mediana, uma blusa de manga longa com babados no final azul e o bendito lenço amarelo fazendo um laço no cabelo. Ela conseguia ser elegante e bela ao mesmo tempo.

— Aceita? – perguntei erguendo uma cerveja.

— Não bebo nada alcóolico, no máximo uma taça de vinho.

— Era de se imaginar. Acho que tenho vinho em casa. Quer que eu peça a Dalva para pegar?

— Não, obrigada. Liguei para o pessoal da reforma e estão na entrada da sua fazenda. Vou com eles lá e mostrar o que deve ser feito. Como já está tarde, só devem anotar tudo e começarem amanhã.

— Quer o carro emprestado?

— Não precisa. Vou com eles mesmo e devo voltar com eles. Por volta das 22:00 devo estar de volta.

Despediu-se e ouvi uma buzina. Ela saiu apressada e eu fui na janela ver sua corrida desengonçada até o pequeno Hyundai HR.

— Goool – gritou o narrador e voltei correndo para o sofá.

Que ódio! O outro time fez um gol em menos de dez minutos do primeiro tempo. Além de não ver, Maria é muito pé frio. Irritei e fiquei emburrado. O primeiro tempo foi e eu paguei minha língua, pois meu time era o que mais tinha ataque, mas a bola não entrava.

Maldita Maria!

Peguei mais uma latinha. Dalva e Néia já tinham ido para a casa. Eu possuía uma casa de caseiro onde elas ficavam. A maioria dos outros funcionários moravam na cidade de Extrema ou roças vizinhas.

Eu estava sozinho e por mais absurdo que fosse, eu me senti com tédio. O jogo voltou a começar, comi alguns torresmos como uma pequena porção. Já nos acréscimos, eu estava apenas tomando água, meu time fez um gol, resultando em empate.

— Não foi dessa vez, mas não estamos tão ruins – ri sozinho.

Lavei o rosto, acabei urinando e detestando cerveja ser tão diurética. Lavei as mãos e olhei no relógio. Já passava das 22:30, então me preocupei com Maria. A luz havia sido reinstalada lá, mas ainda era perigoso a noite.

Acendi as luzes externas da casa e tentei visualizar a fazenda vizinha. Havia uma pequena inclinação e não dava para ver quase nada pela extensão de ambas as terras. Senti um mal presságio.

Peguei meu chapéu e botinha, selei Homer e cavalguei rápido para a fazenda de Maria. Cada galope do cavalo meu peito o imitava. Eu sentia um aperto. Algo não ia bem. Seria mais rápido se eu tivesse pegado o carro, mas eu teria que dar a volta pela estrada, além disso eu havia bebido. Poderia arrumar um problema tentando consertar outro.

— Ah! – gritava incentivando Homer que me obedecia.

Ao chegar na fazenda de Maria, o pequeno caminhão de carga estava saindo, mas havia um carro sedan, estilo Mercedes parado.

— Já disse que não vou com você, então pode me soltar – ouvi a voz chorosa de Maria.

— Você já está com outro homem? – uma voz mais grossa e raivosa gritou.

Desci do Homer e segui a passos largos.

— É claro que não! E mesmo se eu tivesse, não é da sua conta. Estamos separados e quem me traiu de forma vil, foi você. Você tem uma ordem de restrição que não está cumprindo. Meu advogado saberá disso! Agora eu já pedi para me soltar. Você está me machucando.

— Você não vai dizer nada a esse advogado de merda. Eu sou um deputado. Retire essa ordem o quanto antes ou vai se ver comigo – o homem falou e logo em seguida ouvi um estralo.

— Para! – Maria gritou com a mão sobre o rosto.

Apressei o passo e sem pedir licença ou me anunciar já cheguei dando um soco na cara do desgraçado. Com o susto, ele caiu no chão. Subi em cima dele para socar seu rosto de playboy, mas Maria tentou me segurar.

— Tire as mãos dela, ouvindo? Se ousar fazer mais alguma coisa do tipo, é você quem vai se ver comigo!

**********

Eita que o capítulo desse sábado está cheio de confusão. Não é à toa que é o último do ano.

Henry, mostrando mais uma vez que, apesar de ser um cowboy cretino, é um ótimo defensor e protetor. No entanto, chegou tarde demais e Maria levou um tapa do ex. marido. Ódio desse cara... E claro, ele sendo político influente, ainda vai aprontar muito. 

Quem já leu a duologia Entre Disfarces e Segredos, sabe do papel de Agatha. Aguardem, pois não me esqueci dela.

Infelizmente, segundo o IBGE (2017) a gordofobia faz parte da rotina de 92% dos brasileiros. Já, segundo o ministério da saúde, em dados obtidos entre 2018 e 2019, uma mulher é agredida por um homem a cada quatro minutos. Então, é um caso muito sério e que deve ser discutido. Apesar do foco desse livro ser o romance ficcional, eu busco retratar em várias partes a realidade, como a diferença religiosa, a gordofobia, relação entre pais e filhos, doenças, política. Tento colocar de uma forma que retrate a realidade e sem se tornar maçante.
Porque sim: é importante discutirmos e nos cercarmos de informações como essa.

Desejo a todos vocês um próspero ano novo. Um ano carregado de amor, empatia, "amar o próximo como a ti mesmo". Mesmo quem é ateu, como Henry, se aprendermos a seguir o 2º mandamento dos religiosos, como Maria (amar o próximo como a ti mesmo), o mundo seria bem melhor.

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