Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 8

4221 Palavras

A fraca luz matinal já atravessa as janelas, sendo barradas apenas pelos densas cortinas. A casa está mergulhada num silencio sepulcral, já que tanto Alana quanto eu não tivemos o menor ânimo para nos distrair com a televisão.

Sem contar o fato que nenhum de nós tinha qualquer disposição para dormir depois de tudo que aconteceu nessa noite... Se bem que eu já não dormiria de qualquer maneira, então eu não conto.

De braços cruzados, caminho de um lado ao outro repetidas vezes, profundamente incomodado com todos os acontecimentos desses últimos dias, enquanto que Alana está no sofá, com um semblante pensativo.

- Tudo isso é muito estranho... – Balbucio fitando minha irmã.

- Eu concordo... – Alana diz num sussurro.

- Esses acontecimentos... – Volto a falar, passando uma mão pelo queixo – Isso não é normal.

- Definitivamente fantasmas não são coisas muito normais. – Responde, erguendo uma sobrancelha.

- Não é isso, me refiro a quantidade deles. – Explico, lembrando como foi a noite anterior – Nunca pensei que poderiam haver tantos fantasmas em apenas um lugar. O que vi ontem foi muito... Sei lá, nem sei como descrever aquilo.

- É nossa primeira vez lidando com fantasmas. Ainda não sabemos como eles se comportam. – Alana comenta, e concordo com a cabeça. – Talvez aparecerem em quantidade seja algum padrão deles.

- Sim, talvez, mas... – Hesito um instante – Sabe quando você tem a sensação de que alguma coisa não está encaixando?

- Sei bem como é isso... – Alana diz num sussurro. – Sei como se sente, toda essa história também está me incomodando bastante.

Balanço a cabeça concordando – Precisamos descobrir mais a respeito.

- Sim, mas... Eu gostaria de não me preocupar com tudo isso. – Alana solta um profundo suspiro, abaixando seu olhar – Por mim, só faria como os moradores dessa cidade, ignoraria a presença dos fantasmas e aproveitaria nossa estadia, talvez tomar um susto ou outro... Mas depois da última noite, não dá pra negar que tem algo de errado aqui.

Concordo com a cabeça, me abaixando na sua frente – Infelizmente sim, tem algo muito errado neste lugar...

- Acho que isso estragou toda nossa primeira viagem juntos. – Alana junta as mãos e mantem seu olhar baixo – Só queria uma viagem normal, que pudesse nos distrair, conhecer um lugar novo, e que te fizesse esquecer tantos problemas por algum tempo... Desculpa por ter te arrastado para isso...

Por mais uma vez, retornamos ao silêncio. A expressão dela entrega toda sua frustração com todos esses acontecimentos, e sua decepção chega a ser palpável. Sei bem como essa viagem tem grande importância para minha irmã, assim como tem para mim, e também não gostaria que nada estragasse a experiência dela.

Logo na nossa primeira viagem juntos, tinha que acontecer uma maluquice dessas...

- Isso não estragou nossa viagem irmãzinha. – Seguro suas mãos, e tendo seu olhar em mim, dou um sorriso – Na verdade, é bem o contrário. Só tornou as coisas muito mais interessantes... Estou me divertindo bem mais agora.

- Você é maluco. – Alana solta uma curta risada.

- Eu sei. – Respondo em um largo sorriso divertido. – Só não assuma uma culpa que não é sua. Afinal, quem imaginaria que acabaríamos numa cidade fantasma?

Ela concorda balançando a cabeça – Tudo bem... Mas e agora?

- É uma boa pergunta. – Torço a boca e ergo meus olhos, tomando longos segundos para refletir – Por hora, vamos apenas curtir o dia e conhecer mais deste lugar. No decorrer do dia podemos fazer algumas perguntas aos moradores.

- Ainda pensando em curtir a cidade? – Questiona curiosa.

- Claro que sim, estamos aqui de férias, não é? – Sorrio de canto – Agora vá lá se arrumar. Vamos comer e então dar uma volta.

Alana acena e levanta-se do sofá, indo para o quarto em passos largos enquanto que a acompanho com o olhar, e conforme ela se afasta, meu sorriso se desfaz. A falta de peças nessa história inteira está me incomodando profundamente.

Solto um suspiro e torno a ficar de pé, caminhando para a porta do chalé para aguardar minha irmã, e por um segundo fito o céu aberto, com uma única dúvida fervilhando meus pensamentos.

Quais coisas esse lugar esconde?

*****

Se descemos realmente no último ponto, então estamos agora em Maromba. Lembro que a garota daquela loja mencionou que a cidade cresceu no último ano, mas não esperava que o crescimento tivesse tornado o lugar tão movimentado.

Nem quero ver como a vila de Maringá vai estar quando passarmos por lá.

Pelo que descobri prestando atenção na conversa de algumas pessoas no ônibus, cada uma das três vilas é cortada por um rio, sendo uma metade pertencente ao Rio de Janeiro, e a outra metade pertencendo a Minas Gerais. E a forma de transitar entre as duas localidades é por meio das várias pontes presentes.

Apesar de ser a última das três vilas, o que supostamente a faria a mais simples de todas, Maromba consegue casar muito bem toda a simplicidade presente no interior, com uma variedade de lojas e restaurantes até impressionante.

Sem falar que, como nas outras vilas, praticamente tudo do que vejo aqui parece ser muito novo, mas não se trata apenas de locais bem preservados. Arrisco dizer que as três vilas passaram por pesadas reformas recentemente.

Seja como for, o lugar inteiro é bem agradável. Mesmo com uma quantidade considerável de gente transitando de um lado ao outro, não existe nenhuma barulheira por aqui, e mesmo as várias vozes presentes não é algo incômodo.

- Ainda está cedo, e um sol agradável... – Alana diz olhando uma das placas, enquanto mantemos um passo ritmado. – O que acha de irmos olhar as cachoeiras?

- Por mim tudo bem... Mas qual das várias? – Questiono rindo.

- Não tem tantas assim... – Ela pausa um momento – Ou será que tem?

- Não faço a menor ideia. – Salto os ombros. – Faz mais sentido irmos descobrir. Mas tenho um bom método para decidir qual ver primeiro.

- E qual seria? – Alana me olha com curiosidade.

- Algo milenar, uma técnica conhecida como "Uni-Duni-Tê". – Digo com um sorriso convencido, e recebo um olhar entediado.

- Era essa sua ideia? – Questiona incrédula.

- Você faz parecer uma péssima ideia. – Finjo estar ofendido.

- Porque é uma péssima ideia. – Rebate cerrando o olhar.

- Ah é? Pois se é tão ruim assim, então me diga... – Ergo o indicador e cutuco o ombro da minha irmã – Funciona ou não funciona?

Alana está para responder, e hesita um segundo. – É... Bem... Funciona.

- Viu? – Aumento meu sorriso – Se funciona, então não é uma ideia assim tão ruim.

- Funcionar não necessariamente torna uma ideia menos péssima, sabia? – Alana rebate meu comentário.

- Bom, dependendo da situação talvez não torne... Mas é distrativa o suficiente para nos fazer tomar um caminho aleatório sem ter decidido nada. – Alana salta as sobrancelhas. – O que? Não... Vai me dizer que não reparou que estamos andando sem rumo desde que deu a ideia da cachoeira?

Minha irmã aperta os olhos, fingindo seriedade – Então, quer dizer que não estamos indo para o lado certo?

- É claro que estamos. Eu olhei bem a placa ali atrás. – Alana até tenta, mas não consegue conter seu riso – Olhe o lado bom, estamos tão entretidos nessa conversa aleatória, que já estamos próximos da primeira cachoeira... Eu acho.

- Você acha? – Alana questiona rindo.

- Eu acho. – Salto os ombros – A gente vai descobrir quando chegar lá.

Uma nova placa aponta para uma discreta trilha, e daqui já é possível ouvir o som das quedas d'agua. Avançamos sem muita espera, e chegamos a cachoeira do escorrega.

De cara entendo o motivo desta cachoeira levar esse nome. O que vejo a minha frente é um verdadeiro tobogã natural, sendo uma imensa pedra por onde o rio percorre seu caminho, terminando numa imensa piscina de águas cristalinas, onde algumas pessoas aproveitam para se refrescar.

Ao redor deste pequeno lago, existem algumas imensas pedras que servem tanto como barreira para as águas, como também um assento para algumas das pessoas.

No alto da cachoeira, observo duas crianças já crescidas se preparando para descer, sendo instruídas por alguém que acredito ser o pai deles. Ele gesticula algumas coisas e acaba indo na frente, deslizando pela cachoeira numa nítida expressão de divertimento, e é logo seguido pelas crianças.

- Que incrível, podia passar o dia todo aqui... – Alana diz de repente, me acordando do meu devaneio. – Vamos, quero ver mais de perto.

Nos aproximamos do lago, onde aproveito para desfrutar mais do lugar. Alana livra-se de suas botas e senta na beirada, molhando os pés na água, e não reprimo meu riso ao vê-la tremer, acusando que a água está gelada e puxar os pés de volta.

Afago sua cabeça, e sento ao seu lado, respirando o ar puro daqui, e fechando meus olhos, permitindo que toda a suave energia ao meu redor envolva meu corpo.

O som da água, o vento, as vozes das pessoas.... A agradável melodia da natureza a minha volta. Toda essa vida, toda essa harmonia... É algo capaz de acalmar meu espírito atormentado por alguns momentos.

Ambientes assim conseguem me causar um estranho tipo de paz, não sei como dizer ao certo, mas é algo que me atinge desde que eu ainda era um jovem humano.

Como não contemplar algo assim?

Algo gelado toca minha testa e sinto escorrer pelo meu rosto. Abro os olhos, e vejo minha irmã com a mão molhada levantada, e o indicador apontado a mim.

- Já vi vídeos de pessoas que cochilaram sentadas, que resultaram em quedas muito bestas. – Diz me olhando fixamente – Não seja uma dessas pessoas irmãozão, permaneça acordado.

Rindo de seu comentário, balanço a cabeça negativamente. – Estou bem acordado, não se preocupe irmãzinha. Estou curtindo a minha maneira.

O comentário de Alana me faz notar uma coisa a nossa volta.

- Percebeu como todas as pessoas aqui parecem cansadas? – Digo num sussurro.

Alana passa os olhos ao redor antes de responder – Agora que você falou, estou reparando nisso... Parece que nenhuma pessoa aqui teve uma boa noite.

- Que bom que não é só impressão minha. – Digo olhando cada uma das pessoas, tentando encontrar uma única que não aparente um intenso cansaço. – Coincidência demais todos estarem assim.

- Concordo, não parece muito normal... Está cedo, mas mesmo assim, tem gente aparentando cansaço mesmo no meio da água gelada. – Ela sussurra de volta, e se aproxima um pouco – Acha que tem alguma relação com os fantasmas?

- Talvez, vendo quantos tinham na cidade... – olho para minha irmã sobre o ombro, e um detalhe me vem em mente – Você também se sentiu mais cansada depois que o primeiro fantasma apareceu, lembra?

- É verdade, me lembro disso... – Ela torce a boca de leve – Os fantasmas podem estar absorvendo a energia das pessoas.

- É uma possibilidade... – Mas sequer imagino o porquê disso.

Meus olhos vão a cachoeira, acompanhando algumas pessoas no alto da pedra, se preparando para descer. – Você está louco pra ir ali, não é? – Alana questiona.

- Mais ou menos. – Respondo sem desviar o olhar das pessoas. – Estou mais curioso com a vista dali de cima, vai me ajudar a pensar... E mesmo imaginando como deve ser a sensação de escorregar ali, não trouxe roupas adequadas para dar mergulhos.

- E alguma vez isso te impediu? – Alana questiona rindo, e volto meu olhar a ela. – Até onde sei, você normalmente só faz as coisas sem se importar com detalhes.

- Isso é verdade. – Fico de pé novamente, esticando os braços acima da cabeça por alguns segundos. – Darei uma olhada ali no alto da cachoeira. Você vem?

- Eu não... – Alana se levanta, e aproximando-se de uma das pedras mais altas, ela a escala num pequeno pulo, sentando no topo – Gatinhas como eu não se dão muito bem com água gelada. Prefiro esperar por aqui.

Aceno com a cabeça e, levando as mãos aos bolsos, sigo o pequeno caminho para o alto da cachoeira em passos lentos. Irônico minha irmã não gostar de água gelada, quando seu poder é literalmente manifestar frio e gelo.

Algumas pessoas me olham conforme me aproximo, muitos deles com mistos de surpresa e estranheza, mas não que me incomoda. Já estou acostumado.

Paro um pouco antes do fluxo do rio, e observo a piscina natural logo abaixo. Realmente, ter vindo aqui foi uma boa ideia. A vista é bem agradável.

- Você não vai descer a cachoeira vestido assim, não é? – Ouço uma voz familiar logo atrás de mim, que por um instante faz meu corpo estremecer.

Ao me virar, encontro a tal Nicole, me olhando com curiosidade por trás de um óculos. Ao lado dela, está uma outra moça, com traços bem semelhantes aos de Nicole, tendo como principal diferença os cabelos cacheados longos, e bem mais escuros.

Pelas roupas das duas se resumir a shorts jeans e biquíni, está claro que ambas vieram aproveitar a cachoeira.

Balanço a cabeça negativamente – Ainda não sei... Talvez sim.

- Você o conhece Nicole? – A outra garota questionar.

- Mais ou menos Mari. – Ela explica, recebendo um olhar questionador – Ele é só alguém que está de passagem, e é o cara que queria comprar meu quadro.

- Ah, então é ele? – A tal Mari me olha, erguendo uma sobrancelha.

- Nem vem com essa, eu não sabia que o quadro estava encomendado. – Rebato o comentário sem demora.

- Vou fingir que acredito em você. – Ela me olha com o mesmo atrevimento da primeira vez. Ela cruza os braços, me olhando de cima a baixo por uma vez – Pelo visto, você ainda não relaxou o bastante.

- Ainda não. Como te disse lá na loja, talvez leve alguns dias... – Dou uma risada de deboche, lembrando da conversa que tivemos – Por acaso, devo encarar isso como uma expulsão da cidade?

- Não é pra tanto. – Nicole mantém seu sorriso, apertando os lábios – É só uma... Curiosidade minha por quanto tempo ainda ficará.

- A curiosidade costuma matar os gatos. – Rebato com uma sobrancelha erguida. – O que será que aconteceria com você?

Ela ergue ambas as sobrancelhas, e seu sorriso aumenta – Devo entender isso como um elogio, ou uma ameaça?

- Da forma que preferir? – Devolvo o questionamento.

- Me parece mais divertido encarar como... Uma ameaça. – Ela diz de forma quase sussurrada, e isso me deixa levemente surpreso. – É mais interessante assim.

Ok, agora estou me questionando sobre o que essa garota tem na cabeça.

- Nicole... – Mari a chama, num tom de advertência – Se continuar assim, vou contar para o Jackson.

Aiaiai, cada vez mais essa Nicole me aparenta ser um problema em potencial...

Nicole faz uma careta e se vira a garota – Francamente em Mari, não posso mais brincar? ... Vocês irmãs mais velhas sempre são um porre.

Mari solta um suspiro – Você é quem não se comporta garota. Não sei de onde vem todo esse seu fogo.

- Você e as outras falam de mim, mas são exatamente iguais. O que você tem é só a pose de menina quietinha. – Nicole cutuca o ombro da irmã com o indicador num tom provocador – Ou pensa que não sei das suas "brincadeiras" com o Henrique?

- Não sei do que está falando Nicole... Não tenho brincadeiras com o Henrique. – Mari desvia o rosto para o lado, mas suas bochechas coradas a denunciam.

- Está vendo? – Nicole se vira para mim – Ela nem sabe disfarçar.

- Inclua-me fora dessa. – Digo numa tentativa de fugir desse assunto. – Não quero me envolver nessa conversa de irmãs.

- De qualquer forma, não liga pra minha caçula. – Mari pousa as mãos nos ombros de Nicole – Às vezes ela é bastante descontrolada.

- É, sei muito bem como é isso... Minha irmã mais nova também me dá trabalho de vez em quando. – Digo olhando na direção de Alana.

Mari está me observando já a algum tempo, mas a forma como ela me olha é diferente da irmã. Ela parece estar me estudando cuidadosamente em cada detalhe – Também tem irmãos mais novos?

- Somente uma. Está em viagem comigo. – Respondo.

- Então aquela garota da loja é sua irmã? – Nicole questiona novamente. Por algum motivo, seu olhar parece se iluminar – Achei que fosse sua namorada.

- Não, credo. – Rebato de imediato. – É minha irmã.

- Eu não sei você Nicole, mas eu vou ir aproveitar a cachoeira. Ela já está me convidando a bastante tempo e eu aqui te esperando. – Mari diz, avançando para a beira do tobogã natural – Só se comporte, estou de olho.

Nicole revira os olhos – Irmãs mais velhas... – Resmunga sussurrando.

- Nós mais velhos sempre tiramos algum tempo para irritar os mais novos. – Comento rindo, vendo Mari descendo pela cachoeira e mergulhando no lago, e logo tornando a olhar a mulher ao meu lado.

- Eu sei bem como vocês gostam de irritar... – Nicole bufa – Afinal sou a caçula, tenho três irmãs mais velhas.

- Nossa... – É a única coisa que consigo dizer.

Nicole da um sorriso irritado, olhando na direção de Mari – Imagine minha dor de cabeça com isso.

- Prefiro não imaginar, e viver na curiosidade. – Nicole faz uma careta, e correspondo sorrindo de canto.

Por longos segundos ela não diz nada, apenas mantém seu olhar atento em mim, como se me analisasse por inteiro. Em condições normais, não acho que me importaria... Mas com essa semelhança, parecendo tanto aquela pessoa, me sinto um pouco... Desprotegido – Você não está com calor vestido desse jeito?

- Não, nem um pouco. – Respondo batendo as mãos no meu sobretudo.

- Que diferente... – Murmura baixinho – Vocês de São Paulo são estranhos.

Acho graça de seu comentário tão repentino – Por que acha isso?

- Bom, porque tudo em você não parece ser normal. – A olho de canto, curioso com o que mais irei ouvir – Tudo no seu visual é diferente dos demais rapazes que visitaram a região antes, não sente calor, tem um cabelo mais longo que das minhas irmãs, e tem cara de quem não sabe o que é uma cama a várias semanas.

- Você disse mais a meu respeito do que das pessoas de São Paulo. – Comento.

- Talvez por que você seja a melhor referência que tenho no momento? – Seu olhar vem ao meu.

- Justo, é um bom argumento. – Ela esboça um pequeno riso. Curioso o fato que ela não mencionou nada sobre minha irmã ter cabelos brancos e olhos violeta, ambos naturais – Posso dizer que sou meio... Exótico.

- Reparei nisso desde o momento que te vi naquela loja. – Novamente ela passa seu olhar por mim. – Você não é normal.

- Obrigado, eu acho. – Respondo num meio sorriso. – Na verdade, sou eu quem devia perguntar se vocês sentem frio.

- Não, nós deveríamos? – Questiona curiosa.

- Talvez? – Insisto, e olho as pessoas se divertindo na água – Estamos numa região montanhosa, onde clima frio, ventos e água gelada teoricamente são coisas comuns... E não é bem isso que estou vendo por aqui.

- Nós moradores da região já estamos acostumados ao clima, aproveitamos mesmo quando está frio, mantendo certos cuidados. – Ela solta uma risada – Já os visitantes não ligam pra isso, o que importa para eles é aproveitar o lugar.

- Faz sentido... – Não que isso faça qualquer diferença para mim, já que são sensações que pouco me afetam... Mas Nicole não precisa saber disso.

- Nicole! A água está uma maravilha! – Mari diz acenando para a irmã, conseguindo ganhar sua atenção. Ela está rodeada de outras cinco pessoas – Vem logo, você está perdendo!

- Saco... Não tenho cinco minutos sozinha. – Ela resmunga baixinho.

Solto uma risada curta – Vai lá... Outra hora continuamos essa conversa.

- Continuamos? – Me pergunta, mantendo os braços cruzados.

- Ainda tenho lugares para visitar, e coisas a resolver. Isso significa que tenho mais alguns dias na região... – Pauso por um momento – Talvez nos encontremos de novo.

Nicole sorri afrontosa, mordendo o lábio inferior num gesto que foi mais por empolgação do que provocativo... Eu acho. – A gente se vê então.

Olho incrédulo para Nicole, sem saber ao certo o que dizer, nem o que foi isso que acabei de ver... Mas por algum motivo, ela tem certa satisfação em seu sorriso.

Ela vira-se e começa a se afastar, erguendo seus braços e se espreguiçando, quando algo me surge em mente – Ei Nicole, espera! – A chamo e torno a me aproximar.

- O que foi? – Questiona voltando a se virar para mim.

- Olha, eu sei que vai ser uma pergunta estranha... – Começo parando a sua frente, com as mãos levemente erguidas numa tentativa de fazer minha pergunta ser menos sem sentido do que vai parecer – Você sabe alguma coisa sobre os fantasmas que aparecem durante a noite?

Nicole me olha confusa, levemente boquiaberta – Que? É sério?

Suspiro profundamente torcendo a boca de leve, já imaginando uma reação como essa, e confirmo com um balançar de cabeça – É... É sério.

Seu olhar vai ao chão, e um semblante pensativo surge em seu rosto – Não sei muita coisa, só que em meio à noite eles vagam pelas ruas das vilas, e levam todos aqueles que encontram para o outro mundo... Por isso é um costume de todos não ficar fora de casa após o anoitecer.

É quase a mesma coisa que Jessica contou para mim e minha irmã lá na loja.

- Somente nas ruas? – Questiono, levando as mãos aos bolsos – Sabe dizer se eles também entram nas casas procurando novas vítimas?

- Já ouvi falar sobre isso sim, mas é algo que foi a muito tempo atrás... A pessoa que me contou nem mora mais na região. – Ela balança a cabeça negativamente, ainda pensativa, até erguer seu olhar a mim – Já te falaram sobre os fantasmas?

- Sim, fiquei sabendo logo nas primeiras horas. – Ofereço um meio sorriso tentando dar certa veracidade ao que digo. Não pretendo ficar contando pra todo mundo que fantasmas apareceram para mim e minha irmã nas últimas noites – Fiquei curioso.

- Não podem ver um turista que saem contando sobre os fantasmas. – Nicole diz mais para si mesma do que a mim, dando uma risada curta – De vez em quando escuto gente conhecida falando que viu vultos, mas sou bem cética para isso.

- Então não acredita que tenha fantasmas rondando as vilas no meio da noite? – Ergo uma sobrancelha.

- Vou acreditar no dia que eu mesma ver um... Ou no dia que uma das minhas amigas contar que viu um. – Ela diz e acabo rindo de seu comentário – Qualquer uma das opções é válida pra me fazer acreditar.

- Nicole, vai vir ou não?! – Escutamos Mari chamar a irmã novamente, e posso ver a mais nova revirar os olhos.

- Tá bom, já tô indo. – Responde a irmã e logo pragueja em voz baixa. Ela se volta para mim, dando um passo para trás – Tenho que ir, senão minha irmã não vai parar de me encher e querer falar de mim para um amigo que acha ser meu namorado... A gente conversa uma outra hora.

Ela faz o mesmo caminho que a irmã fez momentos antes, me lançando um aceno discreto junto de uma piscada, por fim descendo a cachoeira e caindo na água.

Realmente, essa Nicole pode mesmo me causar uma baita dor de cabeça. Mas talvez possa conseguir alguma informação sobre minha problemática atual com mais um tempo de conversa... Ela pode ser útil.

Suspiro profundamente, me virando e voltando para onde minha irmã está. Conforme vou me aproximando, ela me olha com um sorriso travesso, e de cara tenho certeza que ela esteve assistindo a coisa toda, e provavelmente não vai deixar passar.

- E então? – Minha irmã questiona em tom brincalhão assim que me aproximo. Mantenho meu olhar desviado – Não está mesmo dando em cima das garotas daqui?

- Não, estou comportado. – Encosto ao lado da pedra que Alana está, e cruzo os braços encarando a piscina natural a minha frente – Apenas estava conversando com uma pessoa conhecida.

- Vou fingir que acredito, mas não foi isso que eu vi. – Não contenho a careta ao ouvir isso. – Aliás, você está se entrosando com uma pessoa bem famosa por aqui.

- O que quer dizer? – Olho minha irmã.

- Ali, veja você mesmo. – Ela aponta discretamente, e percebo como Mari e Nicole estão rodeadas por algumas pessoas, aparentemente envolvidas numa conversa bem animada. – Parecem ser bem conhecidas.

- Se levarmos em conta que essas vilas não são tão grandes e que todo mundo por aqui deve se conhecer, isso não é uma surpresa. – Rebato seu argumento, a olhando de soslaio. – E você está pegando tanto no meu pé, por acaso não tem gente de olho em você não?

- Se tiver, eu não sei. Não estou prestando atenção, e com certeza não vou te falar, porque a brincadeira é muito mais divertida quando é com você e não comigo. – Alana tem um sorriso convencido no rosto.

- Você está muito engraçadinha hoje irmãzinha. – Comento ironicamente, enquanto a vejo descer da pedra e parar ao meu lado – Vamos lá ver alguns outros lugares?

- Sim, gostei daqui,mas ainda temos bem mais coisas para ver. – Alana concorda com a cabeça, e semmais delongas, deixamos o lugar, rumando para o próximo.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro