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Capítulo 38

4425 Palavras

A figura pálida me encara com seu semblante inalterado, se destacando na penumbra do salão. Da mesma forma que foi no chalé, ela está levemente encurvada para frente dentro do salão, tendo parte de seu corpo levemente transparente da barriga para baixo, mesmo assim, é nítido seu tamanho extremo.

Na verdade, ela parece estar um pouco menor agora. Lembro muito bem que ela é tão grande que chega a ser maior que o chalé onde Alana e eu nos hospedamos.

A sua frente, Eleonor demonstra seu ar tranquilo pelo seu olhar suave, e caminhando calmamente, ela passa ao meu lado em passos tranquilos.

Eleonor para seu caminhar bem ao meu lado. A observo de canto de olho – Divirta-se com sua nova companhia, minha cara Cria do Abismo. Levarei minhas filhas comigo, você não se incomoda, não é?

- O que? – Questiono, e então Eleonor sussurra algumas palavras, tão baixo que não consigo entender ao certo o que está sendo dito.

Percebo então a fantasma gigante virando-se devagar, e passando sua mão em frente às três bruxas, lentamente faz minha escuridão desaparecer, libertando Sarah, Talita e Mari. Porém antes que elas caiam, seus corpos são envolvidos por um intenso brilho, que as faz desaparecer instantaneamente.

Então, além de resistir, essa criatura também consegue dissipar minhas trevas?

- Até mais tarde, sei que nos encontraremos muito em breve. – Eleonor diz, e tudo que ouço, são seus passos cada vez mais distantes, até que por fim, as portas do salão fechadas atrás de mim.

- Então... – Começo a falar – Nos encontramos novamente.

Ela permanece como está, e não tenho resposta alguma.

- Você consegue falar? Entende o que digo? – Questiono, e novamente, não tenho uma resposta. Nem mesmo um único gesto.

Pelo visto, isso é um não. Acabo soltando um suspiro frustrado.

Avanço um passo devagar, e recuando um braço devagar, concentro minha escuridão entre minha mão, disparando todo o poder acumulado contra a fantasma numa única esfera negra. Ela, porém, sequer se move para desviar, e o poder disparado atravessa seu corpo espectral e acerta a parede com toda a força, causando uma explosão de névoa escura, que causa alguns danos na parede.

Pelo visto, isso não será tão fácil. Acho perfeito.

A fantasma gigante faz um movimento de que irá avançar, porém repentinamente ela esvanece no ar, desaparecendo completamente. Olho ao redor tentando encontrar onde ela está, quando sinto uma brisa gélida passando por mim, e instintivamente olho para trás.

A criatura já reapareceu atrás de mim, com um braço erguido prestes a me atacar. Forço minhas pernas e pulo para trás, bem a tempo de desviar de seu ataque, e vejo sua mão afundando no chão, sem causar nenhum dano no local atingido.

Porém, a mulher fantasma ergue sua mão de repente, e algo semelhante a grandes garras espectrais são projetadas contra mim numa velocidade extrema, sem que eu tenha chance de desviar, e o que consigo fazer é erguer os braços tentando me proteger ao máximo do repentino ataque, que me acerta em cheio.

Sinto as garras invadindo minha pele e passando pelo meu corpo, e o frio mórbido percorre meu interior, e sinto que isso abraça minha alma.

Mesmo sendo uma dor profunda que é capaz de congelar muito além dos meus ossos, mas sim o mais profundo do meu espírito, consigo resistir a intensa dor que me percorre, abaixo meus braços, aceitando que ela me atinja o mais profundo que possa, e sorrindo, encaro a criatura. Isso já não funciona comigo.

- Sinto muito, já estou acos... – Minhas palavras desaparecem, quando de repente, vários cortes surgem, rasgando parte das minhas roupas e meu corpo, e meu sangue espirra dos vários cortes abertos.

Recuo alguns passos, surpreso pelo dano extremo que ela conseguiu me causar, e se aproveitando disso, a criatura balança seu outro braço, e novas dessas garras são lançadas contra mim. Não consigo ter qualquer reação frente a esse novo ataque, e desta vez acabo sendo atingido em cheio pelo golpe, que passam pelo meu corpo, causando novos cortes, que por mais uma vez ferem tanto minha carne quanto meu espírito.

Por um momento meu corpo inteiro fraqueja pela repentina dor que recai sobre mim, e até tenho certa dificuldade de me manter de pé. Meu sobretudo foi feito em pedaços e agora se encontra no chão, e apesar dos vários cortes da minha calça, pelo menos essa peça de roupa ainda continua no meu corpo, se bem que agora mais se assemelha a uma bermuda.

Incrédulo olho para a criatura, que ergue uma de suas mãos, revelando seus dedos extremamente longos como verdadeiras garras. Talvez essa seja uma de suas principais formas de ataque, mas não tenho como ter certeza, afinal ainda não sei tudo que ela é capaz de fazer.

Apesar dos vários ferimentos pelo meu corpo, ergo meu rosto com um sorriso animado, e por causa do poder da vontade, lentamente as dores vão diminuindo até finalmente terem desaparecido por completo.

O cansaço recai sobre mim quase que de imediato e meu corpo parece que está muito mais pesado, uma consequência do poder da vontade, mas não me incomodo com isso.

Ela avança devagar, com seus braços levemente erguidos próximos ao corpo. Conforme ela avança, uma névoa pálida surge logo abaixo de si, lentamente tomando todo o chão do salão e percebo que a temperatura está despencando muito rápido.

Recuo um passo e concentrando meu poder entre meus dedos, moldo minha lâmina de escuridão, já me preparando para um confronto direto.

Ela é grande, muito maior que eu, por isso, permanecer longe dessa fantasma é um problema, afinal ela terá muita vantagem pelo alcance. Minha vantagem está em diminuir nossa distância ao máximo, o que me permitirá atacar com maior liberdade.

Giro a lâmina entre meus dedos e, irradiando a energia sombria em torno do fio, avanço num ataque direto. A fantasma não esboça reações, e antes que eu a alcance, diversas vozes sussurradas começam de repente, ecoando por todos os lados.

Aplico o ataque, porém quando percebo já não existe nada à minha frente. Procuro ao redor, quando vejo uma mesa vindo na minha direção.

Ergo minha lâmina e por muito pouco consigo desviar a trajetória e fazer a mesa passar por cima de mim, e tudo que vejo é o objeto estraçalhando ao bater contra a parede.

O que houve? Estava certo que meu ataque atingiria a fantasma, quando do nada ela sumiu.

As vozes ainda continuam sussurrando, algumas mais baixo, outras mais alto. Mas todas continuam presentes, e como se já não bastasse as vozes, vultos começam a surgir ao meu redor. Silhuetas de várias pessoas surgem vagando pelo salão, outras paradas me olhando, mas sempre que tento focar em alguma delas, essas silhuetas desaparecem.

Isso é para me enlouquecer?

Ouço o ruído de algo sendo arrastado pelo chão, e virando meus olhos na direção do barulho, encontro a imensa fantasma vindo rapidamente na minha direção arrastando tudo que está em seu caminho, com seus dois braços erguidos prestes a me atacar.

Sem muito tempo, giro sob os pés com a lâmina erguida, pronto para aparar o ataque dela, e é isso que acontece. A espada tensiona em minhas mãos, e o impacto percorre meu corpo, mesmo assim consigo impedir seu avanço com sucesso.

De repente a pressão na lâmina desaparece, ela ergue lentamente suas mãos e as afunda novamente, porém dessa vez, ela atravessa minha lâmina como se não houvesse nada no caminho, e suas mãos passam através do meu peito.

O frio mórbido do toque dela me atravessa e arqueio as costas com a dor que me invade. Aperto os dentes e com os olhos cerrados, vejo a criatura aproximando seu imenso rosto sem feições de mim, e com um sorriso empolgado surgindo em meu rosto, ergo minha lâmina e executo um corte lateral, abrindo uma fenda em seu corpo espectral, já envolvendo minha mão livre com meu poder de escuridão, desferindo outro ataque.

Meu punho afunda no rosto da fantasma, claramente sendo intangível para mim nesse instante, mas isso não me incomoda. Não esperava acertá-la. Abro meus dedos e, liberando toda essa força da palma da minha mão, uma explosão sombria acontece dentro do corpo da criatura, fazendo parte do seu corpo se dissipar e ela recuar devagar, já se recompondo devagar.

Sei que nesse meio tempo, ela irá se regenerar sem executar nenhum outro movimento, exatamente igual aos fantasmas menores.

Esse tempo para se regenerarem é uma fraqueza e tanto. Eles ficam vulneráveis por um período muito grande.

Gostaria de enfrentá-la por mais tempo, isso estava divertido, mas não acho que possa deixar Eleonor ir para o tal "compromisso" que citou momentos atrás.

Sem falar que todas essas vozes ao mesmo tempo estão começando a me causar um desconforto horrível no peito, quase como uma angústia profunda. Ver vultos de tantas pessoas, e tantos sussurros faz com que eu me sinta dentro dos meus pesadelos.

Inspiro fundo, e ao soltar todo o ar pela boca, as sombras surgem da minha pele e crescem ao meu redor, percorrendo o chão. A densa energia se manifesta ao meu redor como uma névoa escurecida.

Ergo uma mão próximo ao rosto, e quando a fantasma finalmente termina de se regenerar, baixo a mão de uma vez. Toda a névoa obedece meu comando, girando bruscamente ao meu redor, e como várias agulhas, atravessam o corpo espectral da fantasma, tão rápido que ela permanece sendo atingida, e em poucos segundos, seu corpo inteiro é dissipado no ar, como se nunca houvesse nada ali.

Sem demora sigo para sair do salão, não estou mais aguentando tantas vozes e vultos ao meu redor. O peso no meu peito é imenso, e a cada instante, pensamentos envolvendo minha antiga vida surgem, flertando com a angústia que cresce cada vez mais, beirando a intensa tristeza que levei um bom tempo para conter.

Por um segundo tudo começa a embaçar, e minhas pernas fraquejam a ponto que preciso me apoiar em uma mesa para me manter de pé.

Ergo os olhos, tendo a sensação que os vultos parecem mais nítidos e também mais próximos que antes, tenho a sensação de toques passarem pela minha pele, e cada uma das vozes já está ecoando dentro da minha mente, isso está me deixando muito desorientado. Aperto meus olhos com força tentando me recuperar, e sacudindo a cabeça por uma vez, avanço apressado na direção das portas, tentando escapar disso o quanto antes.

Antes que eu alcance a maçaneta, as portas são abertas de repente, e à minha frente está Nicole, que me olha com um semblante surpreso. Na verdade, também não escondo minha própria surpresa em vê-la novamente.

Mal tenho tempo de falar algo a ela, e Nicole até abre a boca para falar algo, mas algo agarra meus ombros e me puxa para trás num tranco que me desorienta por bons segundos.

Minhas costas batem de uma vez contra algo duro, a ponto do meu ar me abandonar de uma vez, e o focar a minha frente, tudo que vejo é um borrão cinzento vindo rapidamente contra mim, me empurrando com tanta força que tudo que consigo compreender, é o som de algo sendo arrebentado, e meus pés tocando o chão de forma bem desengonçada, me encontrando num ambiente escuro e com um vento frio abraçando minha pele.

De imediato entendo que fui arremessado para fora da casa, agora estando do lado oposto a qual enfrentei Talita tempos atrás, e do buraco por onde passei, vejo apenas parte do imenso rosto da fantasma, que se dissipa lentamente, restando apenas o cenário de um salão destruído pelo nosso embate.

Imaginei que meu último golpe seria o suficiente para terminar com esse conflito, mas me enganei. Ela retornou muito mais rápido do que eu esperava, e sem qualquer dano.

Olho de um lado ao outro, tentando encontrá-la, dando meu máximo para ignorar todas as vozes, que apesar de serem sussurradas, estão ecoando cada vez mais alto por todos os lados. E como se já não bastasse os vários vultos que vejo através do buraco na parede, agora também tem mais desses vultos do lado de fora da casa.

Isso não vai parar, até que eu consiga vencer aquela fantasma gigante.

- Gloriosa lua que nos ilumina, com seu véu sombrio e seu seu solitário frio, reprima aquele que se opõe a nós com seu brilho! – Ouço uma voz se destacando entre todas as outras, quando um estranho circulo com vários símbolos brilha ao meu redor, e ao tentar me virar, percebo que não consigo mover meu corpo. – Você não vai a lugar algum...

Me esforçando muito contra uma força invisível que reprime meus movimentos, consigo virar pelo menos o rosto para a dona da voz – Nicole... O que você...

- Vou te levar de volta, e nosso ritual será realizado... – Ela diz, e o nervosismo em seu rosto é notável. Não somente isso, ela inteira está tensa, apontando um tipo de varinha para mim com as duas mãos – Você não irá nos impedir... Eu não vou deixar...

Não consigo me mexer. Isso é um problema muito grande.

- E por acaso, é isso que você quer Nicole? – Digo entredentes, encarando diretamente nos olhos da jovem bruxa – Isso é realmente o que você quer?!

Ela engole em seco, e não me responde de imediato. Suas mãos tremem, mas mesmo assim ela se aproxima de mim em passos decididos – Sim, isso é o que tenho que fazer! E também é o que quero fazer!

Ela para bem à minha frente, mas vejo a incerteza em seus olhos que antes eram tão firmes, e também não sinto firmeza em suas palavras. Além disso, Nicole se mantém cada vez mais receosa conforme se aproxima de mim.

- Você é a chave... A chave para que minhas irmãs finalmente me reconheçam... Que me aceitem... – Ela diz, apertando a ponta da varinha no meu queixo, erguendo levemente meu rosto. Nicole respira fundo, como se isso lhe desse a coragem para continuar – Finalmente serei vista e respeitada por elas e pela minha mãe, não mais como a caçula que nunca faz nada certo... Eu... Eu não vou desperdiçar essa chance...

Forço meu corpo ao máximo tentando romper a prisão invisível que recai sobre mim, mas ainda assim, meus movimentos continuam restringidos. Isso me faz lembrar que antes, no momento que fui capturado pela família, foi Nicole quem conteve meus movimentos.

- Está mentindo... – Digo sem deixar de olhar para ela, e ela aparenta certa surpresa ao ouvir minhas palavras – Está mentindo para si mesma. Não é isso que você quer!

A jovem bruxa aperta os lábios, e engolindo seco, ela pressiona a varinha ainda mais contra meu rosto, e dessa vez sinto um leve desconforto – Isso não importa... Não importa se não é o que quero, não importa se antes tentei te alertar... Está feito... Agora é tarde demais, já não tem mais como voltar atrás, não posso voltar atrás...

Ela tentou me alertar? Será que... Será que foi na mensagem que ela me mandou? E foi por isso que ela ficou tão surpresa quando cheguei na sua casa?

A garota ergue seu olhar assustado para algo atrás, e pelo intenso calafrio que subiu pela minha espinha, sei que a fantasma gigante acabou de ressurgir. Não sei se por autopreservação, ou por medo da imensa figura, Nicole recuou um passo.

Estou sem tempo e em desvantagem aqui. Libertando toda minha escuridão ao redor do meu corpo, forço meu corpo ao extremo lutando contra essa prisão a ponto de conseguir recuperar meus movimentos e saltar para frente, impedindo um possível ataque de oportunidade da criatura.

Ignoro o fato de Nicole estar bem a minha frente, e na verdade, acabo enlaçando sua cintura com um braço e a puxo para longe junto comigo, e ao alcançar uma distância que acredito ser segura, solto a bruxa e volto meu olhar para a fantasma, que já está vindo na minha direção.

Por um instante as vozes ao redor me desorientam novamente, e a imagem da fantasma a minha frente fica turva, a ponto de eu não conseguir identificar ao certo sua próxima investida, resultando em suas garras atravessando tanto meu peito quanto minhas costas.

Aperto os dentes com meu corpo tremendo pela dor que me percorre. As pernas fraquejam e nesse instante, meu interior dói de forma enlouquecedora.

Expandindo toda a energia que reside em mim, crio uma explosão de escuridão à minha volta, dissipando ambos os braços da criatura e causando danos em partes do seu corpo.

Arfo sem parar, tocando o lugar atingido pela fantasma e resmungando com a dor que agora é contínua e percorre todo o meu interior.

Mesmo que agora eu esteja acostumado com esses ataques e consiga resistir bem, isso não muda o fato de que ainda são bem doloridos, isso sem contar com todas as vozes que não param nem por um instante. Não é difícil perceber como estou enfraquecendo.

Guiando minha energia e deixando fluir para minhas costas, abro minhas asas e salto, atingindo uma altura e distância suficiente para conseguir desviar de quaisquer ataques que ela tente lançar contra mim. Erguendo minha lâmina, faço com que meu poder se manifeste em torno do fio da espada, e num movimento de braço, solto toda a energia acumulada que rodeia a fantasma num turbilhão de chamas negras, causando danos contínuos em seu corpo espectral.

Mas é obvio que isso não irá funcionar. O máximo que conseguirei é atrasar ela.

Devagar retorno ao chão, e mesmo me mantendo de pé quando meus pés tocam o chão, o cansaço em meu corpo agora é extremo. Meus ombros caem, as pernas fraquejam, meus olhos ameaçam fechar, e as dores que da primeira vez desapareceram rapidamente, agora crescem cada vez mais.

Não vou aguentar muito mais tempo.

A fantasma se encolhe por um momento, e emanando uma intensa luz de seu interior, ela causa uma explosão ao seu redor junto de um grito estridente, afastando toda a escuridão que a rodeava em um golpe de vento forte. Não me surpreendo ao ver que ela está intacta.

Tenho que acabar com isso.

Jogo minha espada de lado e fecho meus olhos, respirando fundo, e aproveitando toda a energia que ainda tenho, faço meu poder se manifestar em torno do meu corpo, a intensificando ao máximo que consigo. Torno a abrir meus olhos, percebendo a aura que me rodeia, fluindo ao meu redor como o vento unido a força de um bravo rio.

Lentamente ergo minhas mãos, estalando os dedos de ambas enquanto alongo meu pescoço, e com um sorriso surgindo em meu rosto, toda a energia sombria se intensifica junto ao momento que ativo o poder da vontade por mais uma vez, decidido a encerrar isso – É o seu fim!

A fantasma avança, desvanecendo no ar e ressurgindo a minha frente, porém antes que a própria execute seu ataque, já disparo contra ela, acertando um primeiro soco envolto de sombras que aumentaram o impacto e envolvem o corpo espectral.

Desfiro um segundo soco com a mesma velocidade e intensidade de antes, seguido de outro, outros, e outro. Incontáveis ataques seguidos, e a cada ataque, avanço contra a criatura, anulando qualquer chance de contra-ataque, e cada vez mais o corpo espectral a minha frente é atingido em cheio, sendo completamente tangível para mim e sem chance alguma de se regenerar.

A criatura titânica desaparece de repente, e pela primeira vez após tantos ataques desenfreados, não acerto meu alvo. Lentamente encaro meu punho, e abrindo os dedos devagar por toda a força que fiz, vejo como a escuridão flui emergindo sem parar da palma da minha mão, vazando tanta energia bruscamente que até me surpreende.

Ergo meu olhar e procuro pela fantasma, que se manifestou a certa distância de mim, desta vez numa altura considerável. Aumento meu sorriso e avanço um passo, quando a fantasma me ataca, porém ao invés de desviar, me deixo ser atingido, e em instantes as garras da criatura estão afundando nos meus ombros e invadem fundo meu corpo.

Aproveitando que está próxima o bastante, torno a golpeá-la como antes, da mesma maneira explosiva que antes. Rajadas de sombras invadem o corpo do espectro, a atravessando e subitamente criando rajadas de vento envolta de trevas que chacoalham tudo atrás da imensa criatura, que arranca seus braços do meu interior em uma força tão absurda que sinto que acabou de rasgar o interior do meu ser, mesmo que nenhum dano seja visível.

O espectro torna a me golpear, e ignorando qualquer dor que tenha em meu corpo, desfiro cada vez mais ataques, de forma que mais escuridão se espalhe a cada golpe, a atingindo sem parar num frenesi que nunca mergulhei antes.

Após um último ataque, a fantasma cessa seus ataques ao pender lentamente seu corpo para frente, e apoiando uma mão frente a seu busto, levo todo o poder que envolve meu corpo apenas para meu braço o concentrando numa quantidade insana de tão grande, soltando tudo de uma vez, numa erupção que envolve o corpo da criatura, o empurrando um pouco para trás.

A fantasma não esboça reações. Seu corpo repleto de danos de cada um dos incontáveis golpes cai vagarosamente no chão, e emanando um forte brilho pálido, seu corpo por inteiro estoura em diversas partículas brancas que se espalham por todos os lados e aos poucos vão sumindo no ar.

Por entre as partículas, vários feixes brancos escapam, subindo aos céus e logo seguindo para uma mesma direção, até sumirem da minha vista.

Respiro fundo e nesse instante finalmente permito que meu corpo relaxe, aproveitando que finalmente todas as vozes pararam, e estou em meio ao silêncio da noite, rompido apenas pelo suave som do vento que passa pelo meu corpo agora sem meu sobretudo, fazendo meu cabelo acompanhar o movimento.

O peso recai em meu corpo, e de alguma forma, ainda permaneço de pé, mesmo com a exaustão me puxando para cair. Erguendo o rosto, meus olhos fecham. Assim permaneço por um curto instante, e um suspiro longo me escapa.

Estou cansado...

Ouço passos contidos logo atrás de mim, ficando tudo quieto em seguida. – Você também quer me enfrentar, Nicole? – Pergunto sem sequer me virar.

- Não sei se conseguiria... – Ouço sua voz relutante – Não depois do que acabei de ver.

Viro para ela, que ainda mantém a varinha apontada na minha direção. Porém isso não dura, já que seu olhar vai ao chão, abaixando seu braço e soltando a varinha no gramado.

Permanecemos em silêncio, não sei se digo algo, ou se devo dizer algo. Uma parte de mim quer se aproximar dela, porém a minha sensatez me alerta para manter distância dela, pelo menos por enquanto.

- O que está esperando...? – Ela pergunta de repente.

- Do que está falando? – Questiono.

- Por favor, não prolongue isso... – Nicole fecha seus olhos – Sozinha, não tenho como ganhar de você... Você acabou de vencer um dos servos mais poderosos da minha mãe, e nenhuma das minhas irmãs está aqui para te conter... Por isso, vá em frente e me mate.

Fico um pouco surpreso com o que ela diz, e não contenho um curto riso – Sinto muito, mas não irei fazer isso.

- Como? Mas... – Ela gagueja – Mas por que?

- Nicole... Se eu quisesse mesmo te fazer algum mal, acredito que já teria feito a muito tempo. – Ergo meus ombros. – E também, não tenho a menor vontade de tomar sua vida.

- Estaria me fazendo um favor se tomasse minha vida... – Ela diz tentando ser seca, mas tudo que transpareceu foi sua frustração. – Não tenho nada a perder.

Cerro o olhar – Acha mesmo isso?

- Não acho, tenho certeza... – Responde de imediato – Sempre falhei com minha família, e quando finalmente tive a oportunidade de acertar e conseguir ajeitar as coisas, coloquei tudo a perder. Eu não tenho jeito... Sou uma falha...

Solto um suspiro demorado, encarando o céu por um instante. O que posso fazer?

Torno a observar a jovem bruxa, que continua com seu olhar baixo – Vou perguntar mais uma vez Nicole, isso tudo é o que você realmente quer?

- Sim, é o que quero. Nasci para isso... – Ela diz com a voz fraca.

- Não, isso é o que sua família quer e espera de você... Mas não é o que você mesma quer. – Insisto a olhando fixamente. – Diga-me o que você deseja.

Nicole aperta seus olhos com força, e suas mãos seguram firmemente na barra do vestido. A irritação é nítida em sua feição – Eu... Eu não sei...

A garota torna a me olhar, com a mesma intensidade de quando a vi pela primeira vez. Apesar das incertezas, seu olhar permanece perfurante de tão intenso, e não nego que novamente ser atravessado por esse olhar mexe um pouco comigo.

- Então... – Ela volta a falar com uma falsa firmeza na voz, respirando fundo como se tomasse coragem para continuar – Se puder me fazer o favor de tomar minha vida logo, eu agradeceria.

- Tem certeza disso? – Questiono, erguendo uma mão em direção a ela, apontando ao seu rosto.

- Sim, tenho certeza. Vai logo! – Ela diz apertando os dentes.

Concentro-me e gradualmente, uma aura negra semelhante a pequenas labaredas surgem em torno do meu braço, ganhando cada vez mais intensidade. Nicole acompanha meu poder se manifestado, e então volta seus olhos trêmulos a mim.

Nicole olha fundo nos meus olhos e posso enxergar o medo crescendo nela. O medo do que está por vir, e a firmeza que havia em sua expressão desaparece, dando lugar a uma garota indefesa que carrega um semblante assustado, onde ela não consegue conter suas primeiras lágrimas de tristeza unida, a frustração e ao medo, e nesse momento Nicole fecha os seus com força.

Para mim, está claro quantas coisas foram ditas nesse curto olhar, coisas que talvez ela não conseguiria expressar apenas com palavras.

Como algumas pessoas dizem... Os olhos são um espelho que refletem a alma.

Não quero matá-la.

Lentamente cesso meu poder, e avançando devagar, pouso a mão na cabeça da garota, que se encolhe de imediato como uma criança assustada, que tenta se manter com o pouco de firmeza que ainda lhe resta.

Porém, ao perceber que nada aconteceu, lentamente ela abre seus olhos e foca novamente em mim, claramente sem entender porque ainda está viva.

- Não irei tomar sua vida. Tenho uma ideia melhor. – Digo calmamente – Venha para o Abismo comigo.

- O... O que? – Sua voz é falha.

- Lá você poderá se desenvolver, conhecer mais sobre você mesma... – Continuo, retirando a mão de sua cabeça – Descobrir o que quer para si... Posso te ajudar com isso, se assim quiser.

- Mas... Como eu... – Ela balança a cabeça negativamente – Como eu poderia aceitar algo assim? Você escutou a besteira que acabou de me dizer?

- Sim, escutei bem. Não sou a criatura com maior sensatez do mundo. – Salto meus ombros de leve – Mas, gosto de me arriscar em certas coisas.

- Não entendo... – Ela caminha de um lado ao outro, encarando o chão e por fim, torna a me olhar, tomada pela confusão – Depois do que fiz, você ainda... Por que isso?

- Você tentou me avisar, não foi? – Pergunto num sussurro.

Os olhos da jovem bruxa vão ao chão, e vejo a hesitação nela – Sim... Na mensagem que te mandei, não deixei claro o motivo, mas disse que você não podia vir... Queria impedir que você fosse usado no ritual...

- Por esse e alguns outros motivos, não irei tomar sua vida. Não quero isso... Quero te dar a chance de poder descobrir e fazer o que você quer. – Digo esboçando um pequeno e cansado sorriso – O que me diz? Deseja vir comigo?

A jovem bruxa me olha sem acreditar nas minhas palavras. Ela abre a boca repetidas vezes, mas em nenhum momento ela diz algo. Ela corre suas mãos pelo cabelo nervosamente refletindo sobre o que eu disse. Seus olhos vem a mim, mas mesmo assim ela não consegue expressar nada a princípio.

- Eu... – Ela começa a falar, quando algo acontece.

De repente, o céu noturno começa a mudar de cor, assumindo um forte tom vermelho por trás das nuvens, lembrando muito como era o céu do Abismo. O brilho da lua se intensifica ao extremo, iluminando tudo ao nosso redor, e uma forte ventania começa, ao momento que percebo várias figuras cinzentas surgem e circulam uma região não muito longe daqui.

- O que está havendo? – Questiono num sussurro.

- Minha mãe... – Nicole diz, também encarando o céu – O ritual começou.

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