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Capítulo 34

5334 Palavras

Uma imensa coluna flamejante vem em minha direção em alta velocidade, e não reprimo meu sorriso.

Flexionando minhas pernas e abrindo bem minhas asas, me impulsiono para trás de uma vez, conseguindo desviar do golpe, que atinge o lago causando uma violenta explosão, e levantando muita névoa de uma vez.

O som da água agitada pela explosão inunda o ambiente, e assim que minhas pernas afundam no lago e meus pés tocam o chão novamente, silhuetas se formam por trás de toda a neblina e saltam em minha direção, se revelando ser vários cadáveres.

Ergo a espada que moldei com minha escuridão, e parto para o confronto físico com os vários cadáveres, sem tentar reprimir a empolgação crescente em mim.

Alguns corto com a espada executando movimentos rápidos para não abrir a guarda, outros acerto golpes de punho, cotoveladas e chutes, girando o corpo sem parar para estar preparado ao próximo oponente, correndo meus olhos de um lado ao outro me mantendo atento a qualquer movimento.

Alguns tentam me agarrar, porém uso o peso de seus próprios corpos para lançá-los sobre mim e os rebato com a espada, fazendo seus corpos caírem pesadamente dentro do rio, porém nenhum deles surge boiando depois que os elimino, na verdade, mais deles surgem por trás da neblina.

Lutar dentro da água está limitando muito meus movimentos, todo o barulho da água me impede de conseguir prever certos ataques, e por muito pouco não fui atingido por alguns golpes... Mas não nego que isso está sendo bem satisfatório.

Sinto uma aproximação repentina, e ao me virar, vejo um fantasma disparando contra mim com sua mão esticada. Ergo minha espada pronto para contra-atacar, e para minha surpresa a mão do fantasma se choca com a lâmina, a segurando com firmeza.

Estranho isso, já que normalmente os fantasmas são intangíveis e costumam apenas atravessar objetos, mas não perco tempo e passo minha lâmina através de seu corpo, o partindo em dois. Terei alguns segundos até ele se regenerar.

Novas silhuetas surgem por trás da névoa e disparam contra mim. Fecho o punho e golpeio o mais próximo com um soco que o faz desabar na água, giro a espada e corto o peito do segundo, batendo a ponta da lâmina na água e por fim, posicionando a espada e perfuro seu corpo com uma estocada rápida.

Um terceiro surge logo atrás de mim, e mais dois já se manifestam à minha frente. Segurando o punhal da espada com força e usando o cadáver empalado, o giro para trás o fazendo se chocar contra meu novo atacante.

Foco minha atenção nos outros dois que já pularam contra mim. Solto minha espada por um momento e ergo ambos os braços, conseguindo segurar ambos ao bater minhas mãos no peito de cada um.

Meu corpo inteiro tenciona e me meu tronco pende para trás por causa do peso, por pouco não perco o equilíbrio, mas firmando uma perna, me impulsiono para frente, erguendo ambos um pouco mais e os jogando contra o chão, afundando ambos na água e os prensando no fundo, até por fim sentir seus corpos desaparecendo entre meus dedos.

Ergo rapidamente, agarrando a lâmina da minha espada do corpo de um dos cadáveres que permanecia de pé, e executo um corte rápido para trás, escutando apenas seu corpo cedendo na água.

De repente sinto o que parecem várias mãos agarrando minhas pernas e puxando para baixo, e no instante que sinto meu corpo afundando cada vez mais, vários cadáveres emergem do rio tentando me segurar, alguns arranhando minha pele por diversas vezes.

Golpeio alguns, porém outros surgem logo em seguida, e por mais que continue me livrando dos vários cadáveres, mais e mais continuam vindo por detrás da névoa. Consigo me livrar deles mais rápido do que aparecem, mas a cada instante eles me puxam mais e mais, a ponto da água já estar na altura do meu peito.

Vou me livrando deles, mas quanto mais permaneço aqui, mais a água sobe pelo meu corpo, a ponto de chegar até meu rosto e estar próxima de me cobrir por inteiro. Como o nível da água pode estar subindo tanto assim tão rápido?

Isso é outra das ilusões de Mari?

Percebo uma estranha luz amarelada refletindo na água de repente, e ergo meus olhos em um rápido instante. Tenho a visão de alguns fantasmas flutuando acima de mim, cada um deles se aproximando mais e mais, e atrás deles uma grande esfera flamejante vindo na minha direção.

Por mais uma vez abro bem minhas asas, saltando de uma vez para fora da água pouquíssimos segundos antes da esfera flamejante me atingir, que explode violentamente assim que bate na água, causando uma intensa ventania.

Ainda no ar, um clarão bem ao meu lado chama minha atenção, e sou surpreendido com uma segunda esfera de fogo igualmente grande vindo na minha direção. Só que essa está perto demais, não conseguirei desviar dela a tempo.

Junto os braços tentando me proteger, e sou atingido em cheio pela esfera, e mesmo assim tento resistir ao máximo. O calor intenso invade minha pele e de um instante ao outro, a esfera explode me envolvendo num violento mar de chamas e me lançando para trás.

Meu corpo bate contra algo, e devagar despenco o que parecem ser dezenas de metros, quando todo o calor sufocante é substituído pelo frio congelante de quando meu corpo atinge a água numa queda dolorida.

Quando por fim me oriento, me levanto saindo da água, sacudindo a cabeça algumas vezes para tirar algumas mechas do meu cabelo da frente do rosto, e olhando para frente, vejo ambas as bruxas pairando com sorrisos arrogantes.

As irmãs unem suas mãos, Mari leva sua mão livre para a pedra de seu colar que emite seu brilho intenso de imediato, enquanto que Sarah aproxima uma mão de seu busto, onde uma espécie de círculo surge nas costas de sua mão. Esse círculo brilha em tom branco, sendo formado por várias linhas, símbolos rodeando suas extremidades, e um pentagrama bem ao centro.

Reúno minha escuridão moldando minhas asas e que se dissiparam com o último ataque que recebi, e de um segundo ao outro, disparo contra as duas bruxas, envolvendo uma das mãos com minha energia sombria.

Imediatamente uma esfera que lembra muito uma bolha surge em torno das duas, e uma onda de chamas surge da base da esfera e sobe rapidamente, dando um aspecto avermelhado e com brasas a esfera.

Ignoro isso e executo meu ataque, atingindo em cheio a esfera. Minha escuridão se espalha, conflitando com as chamas da esfera que reagem na mesma intensidade ao meu poder sombrio, sem o menor sinal de que irá se romper.

De repente minha escuridão é engolida pelo fogo, e uma onda de chamas ardentes avança contra mim, me atingindo em cheio no que parece uma mistura de uma densa ventania com respingos de água fervente, e me forçando a recuar.

Encaro minha mão com algumas marcas de queimadura. A manga do meu sobretudo foi completamente queimada até acima do cotovelo, e parte da minha vestimenta acabou bem chamuscada.

Solto um suspiro, e ergo meu olhar para as duas. Sarah mantém seu sorriso afrontoso, enquanto que Mari solta uma gargalhada de diversão.

- Esse é o poder da Cria do Abismo que chamou a atenção da mamãe? – Mari questiona erguendo uma sobrancelha. – Não estou impressionada.

- Sabe Mari, não acredito que seja apenas isso. – Sarah toca seus lábios com o indicador, assumindo um sorriso travesso. – Quero ver mais do nosso convidado.

Percebo uma rápida aproximação agressiva bem ao meu lado, e instintivamente ergo meu braço para aparar um possível ataque, a qual realmente ocorreu.

O som do impacto ressoa alto nesse espaço, e por um instante sinto a pressão do forte golpe pressionando meu braço. Percebo pontudos dedos brancos levemente transparentes envolvendo meu braço e o apertando com firmeza, e um ser torna-se lentamente visível, se revelando outro fantasma, coberto por uma longa capa cinza.

- Mais um fantasma? – Sorrio de canto encarando a criatura, e por um momento olho de soslaio para as bruxas – Eles já não funcionam contra mim.

- Esse é diferente meu caro. – Sarah diz num tom confiante – Ele é um tipo... Especial.

Meu braço é puxado de uma vez e meu corpo pende para frente. Por instinto protejo o estomago, conseguindo conter mais um golpe, e de imediato devolvendo o ataque, entretanto meu punho atravessa o rosto da criatura como se não houvesse nada ali.

De repente o fantasma gira me puxando, me lançando na direção da água. Por sorte consigo cair de pé, mantendo o equilíbrio. A água se agita e espirra para todos os lados, passando seu característico frio intenso da minha cintura pra baixo, e assim que ergo meus olhos, ele já vem rapidamente para um novo ataque, com ambos os braços apontados para mim.

O ruidoso impacto acontece, e agarrando meus braços, o fantasma pressiona meu corpo para trás numa clara tentativa de me derrubar.

Não sei como ou o porquê dessa coisa estar tangível, mas neste momento esse é um detalhe que não faz diferença nenhuma. Me desvencilho do seu aperto abrindo os braços num movimento rápido, e aproveito a brecha para acertar ambos os punhos na criatura, o empurrando levemente para trás.

Silenciosamente o fantasma se aproxima das bruxas, e até então não enxergo nada além de suas mãos. A capa possui um largo capuz que oculta totalmente a cabeça, deixando apenas um profundo escuro no local onde deveria haver o rosto, e diferente dos demais fantasmas, esse parece possuir um corpo inteiro, não sendo opaco a partir de certo ponto.

- Você diz que ele é especial... – Começo, apertando os olhos – Mas não vejo nada de diferente dos demais fantasmas que vi até agora.

- Mas ele é. Esse espectro é um presente que recebi da mamãe ao completar meu primeiro ritual. – Sarah começa, dando um aceno de cabeça para Mari, que concorda e ambas apontam suas mãos para a criatura. – Conhecerá agora o motivo de eu ser a bruxa das almas.

Todas elas possuem uma alcunha por acaso?

A criatura passa a se modificar de repente. Faixas semelhantes a ataduras surgem ao redor de seus pulsos, peito, e cintura, apertando o tecido folgado do manto ao seu corpo pálido, permanecendo apenas com folga apenas no capuz e ao longo das pernas.

O espectro ergue suas mãos, e algo que lembra rachaduras surge em seu corpo, e dessas rachaduras, um brilho branco pode ser visto. Quase de imediato, uma aura cinzenta passa a circular seus braços em uma intensa corrente de ar.

- Cria do Abismo, quero que conheça meu pai. – Sarah diz sorrindo.

Não escondo minha surpresa – Seu pai? Mas... Como?

- Isso é uma importante parte do ritual da nossa família. Logo após o ato ser consumado, mamãe usa seus parceiros como material para nosso poder se manifestar desde o nascimento. – Vagarosamente o fantasma vira sua cabeça para Sarah, e a garota dá um aceno positivo – O sacrifício de sangue que estabeleceu quem sou hoje, realizado na noite em que fui gerada... E no meu primeiro ritual de sangue realizado, mamãe me entregou seu espírito para que eu o usasse como bem quisesse.

Observo a criatura descendo, mergulhando parte de seu corpo na água. Mesmo com parte de seu corpo afundando, boa parte ainda permanece acima da água. É perceptível que ele tem pelo menos o dobro do meu tamanho.

Me dou conta de um detalhe interessante, a água se agitou assim que esse fantasma a tocou, me fazendo cogitar a possibilidade que, diferente dos demais, esse em especial possui um corpo tangivel. Além disso, a corrente de ar também está fazendo a água reagir muito.

- E você o usa como um servo... – Constato sem desviar o olhar.

- É a única serventia que ele ainda tem. Ele deixou de ser necessário assim que consumou o ato com a mamãe, tendo como última utilidade ser o sacrifício para meu poder surgir no meu nascimento. – Sarah sorri de maneira doce – Tenho certeza de que ele se sente feliz por ter essa chance de estar ao meu lado, obedecendo todas as minhas vontades... Olhe bem, Cria do Abismo, porque esse é seu destino.

Encaro a figura do espectro, que continua imóvel com sua atenção voltada a mim. Balanço a cabeça negativamente, e deixo escapar um sorriso desafiador – Vocês bruxas são interessantes... Pois bem, se não se incomoda, darei uma surra no seu pai antes de acabar com vocês....

- É o que veremos. – Sarah estala os dedos – Pai, ataque esse insolente que se atreve a ir contra a mamãe e a vontade da nossa família!

A criatura ergue uma de suas mãos, intensificando a intensidade e o tamanho da corrente de ar em torno do braço, e o desce de uma vez, lançando uma intensa ventania. Aperto os olhos e tento proteger o rosto do vento e respingos de água, quando algo parecido com uma imensa lâmina avança em alta velocidade através do vento.

Concentro o máximo de escuridão nos meus braços de forma que atue como uma defesa, e sinto o tranco do impacto atingindo em cheio. Imediatamente retorno meus olhos para a criatura, não querendo dar brechas para receber novos ataques.

Ele usa vento para atacar... Não somente isso, esse vento tem propriedade cortante, algo facilmente perceptível pelos finos cortes no meu sobretudo e principalmente, nos meus braços, rosto e abdômen desprotegido.

Esse fantasma não precisa se aproximar para me atingir. Isso pode ser um problema.

De repente, ele recua um pouco, e dispara num salto, desaparecendo de uma vez. Até penso em usar o movimento da água para conseguir me guiar e até prever qualquer ataque, mas assim que desapareceu, não existe nenhum vestígio de movimento.

Da mesma forma rápida que desapareceu, ele reaparece já bem próximo de mim, com um braço erguido e desferindo um novo ataque de cima para baixo.

Jogo o corpo para o lado, conseguindo desviar do golpe por muito pouco. O som de uma explosão logo atrás de mim acontece, e respingos de água atingem minhas costas, mas não me permito desviar os olhos desse fantasma.

Com o braço livre ele executa um novo golpe, a qual também consigo me esquivar me abaixando, e por mais uma vez ouço o som do vento junto a onda cortante se espalhando pelo ambiente.

A criatura salta para trás de repente, pairando no ar e apontando ambos os braços na minha direção, de forma que um único forte impacto me acerte, forçando meu corpo contra o chão, segundos antes da água fria me cobrir por inteiro.

Me levanto e emerjo da água de uma vez, quando me dou conta de que o chão logo abaixo de mim está com um brilho vermelho-amarelado forte, e muitas bolhas estão me rodeando.

Mal tenho tempo de entender o que está acontecendo, e uma erupção acontece ao meu redor, e de olhos semicerrados, vejo brasas, gotículas de água e muita fumaça quente me cercam numa intensidade inacreditável, que sinto queimar completamente minha pele e torna difícil me mover ou conseguir me orientar aqui.

Uma figura pálida surge logo à minha frente, e tudo que sinto é um frio intenso rasgar meu peito de uma vez. Sequer consigo reagir, e mais cortes atingem meu corpo de direções diferentes, quando por fim não tenho mais o chão debaixo dos meus pés. A barulheira é imensa e meu corpo é suspenso no ar, logo despencando novamente na água fria, com dores e mais dores recaindo em mim.

Tudo escurece profundamente, as dores recaem com força no meu corpo de forma que não consigo me mover, e tudo que ouço é o som da água me rodeando por inteiro. Meus olhos estão pesados, mesmo assim, consigo abri-los, encarando o céu vermelho e o brilho da lua.

Gradualmente as dores vão desaparecendo do meu corpo, e o cansaço extremo começa a me consumir mais e mais a cada segundo. Sequer preciso recorrer a minha vontade para isso, já que toda vez que sofro grandes ferimentos, acabo me curando muito rápido de forma automática... Mas como consequência, o cansaço gerado é imenso.

Devagar emerjo novamente, levando meus olhos para o fantasma por mais uma vez, o encarando e não abandonando meu sorriso de empolgação. Ele paira sobre a água, permanecendo bem em frente às bruxas, como uma espécie de guardião pessoal.

Essa coisa não utiliza apenas um elemento, mas sim vários, sem contar que está se beneficiando do ambiente para continuar me pressionando. Mal consigo me defender direito, e permanecer dessa forma não me levará a nada.

Sem falar que manter um espectro com esse nível de poder deve ser custoso para Sarah. Provavelmente poderia me sobressair usando o tempo ao meu favor, mas vendo como essa criatura é ativa, isso não é uma opção.

Preciso me tornar bem mais agressivo daqui pra frente.

- Você ainda consegue se levantar depois disso? – Ouço Mari questionando, e a encarando rapidamente, tenho seu olhar espantado voltado a mim. Sarah permanece calada, mas seu olhar não desvia de mim.

- Achou mesmo que somente isso bastaria para me derrubar? – Rebato sorrindo de canto, escondendo ao máximo o cansaço que recai em mim agora.

Não importa o que aconteça, não irei demonstrar qualquer sinal de cansaço.

Olho para meu sobretudo, que agora está danificado com vários cortes. O toco levemente, apertando o tecido pesado por um instante, e o soltando, levo minha mão ao alto, concentrando uma intensa dose de escuridão na palma, moldando minha espada de trevas.

Com a outra mão, toco o fio da espada devagar, correndo a palma até a ponta. Por onde minha mão passa, chamas negras nascem envolvendo a lâmina completamente.

Recuo a espada, apoiando o cabo no ombro por um instante. Repetindo o movimento de antes, o fantasma recua um pouco, e avança num pulo, desaparecendo no segundo seguinte. Aguardo na mesma posição, e assim que ele torna a aparecer na minha frente, avanço um passo e giro a espada num corte lateral à minha frente, propagando uma onda de chamas negras que o acertam em cheio.

As chamas negras grudam no meu oponente, confirmando minha teoria de que ele realmente possui um corpo físico, só que ele não cambaleia com o ataque recebido, muito pelo contrário, ele executa um ataque da mesma forma, a qual não consigo desviar dessa vez.

O baque no meu rosto me desorienta um segundo, entretanto movo a espada no sentido contrário, e o tranco na lâmina deixa claro que atingi a criatura. Segurando o cabo com ambas as mãos, executo mais um golpe que atravessa do ombro a barriga do corpo espectral, que não importa os golpes recebidos, claramente não se abala.

Num movimento rápido, o fantasma gira seu corpo e salta para trás, lançando do alto uma nova ventania em minha direção, e dessa vez a ardência do vento cortando minha pele continuamente me incomoda.

A criatura toca a água novamente, dando uma investida rápida na minha direção com um punho envolto pela violenta corrente de ar erguido. Diante de um ataque tão direto, avanço e esquivo pouco antes da corrente de ar se expandir e varrer tudo a frente, e com minha espada erguida, atravesso o peito do fantasma com a ponta da lâmina, a retirando e executando um segundo corte, desta vez lateral, e nesse instante, a criatura cai de joelhos pesadamente, parando de reagir.

Encaro o espectro por alguns instantes sem abaixar minha espada, buscando ter a certeza de que essa luta realmente está encerrada. O espectro continua imóvel e de cabeça baixa, e nada nele indica que irá voltar a me atacar.

Volto meu foco para as bruxas. Enquanto Mari está nitidamente surpresa, Sarah não muda sua feição, inclusive, não vejo o menor sinal de cansaço nela. Será que manter um ser desse nível não requer tanto esforço quanto havia imaginado?

Ouço um movimento brusco na água, e meu corpo se abala por inteiro. O espectro tornou a reagir, agora estando com seu rosto coberto pelo capuz voltado a mim, e mais da metade de seu braço atravessado em meu peito.

Não existe um dano visível, não existe sangue, mas consigo sentir seu braço atravessando meu peito, e o frio da morte invadindo meu corpo, e com um tranco, acabo sendo tirado do chão, e suspenso a bons metros de altura.

Ergo minha espada e tento um contra-ataque, só que para minha surpresa, a lâmina passa pela sua cabeça sem atingir nada. Agora essa coisa não pode ser tocada? Como raios esse bicho funciona?

- Pai, incapacite ele, mas não o mate! – Ouço a voz de Sarah – Precisamos dele vivo!

- Mas nada o impede de machucarmos só um pouco mais, não é irmã? – Mari se pronuncia, mas não desvio o olhar dos fantasmas, e sim permaneço tentando me libertar. – Tenho ideias para ele.

- Concordo. Me conte uma de suas ideias. – Sarah pede.

- Algo envolvendo chamas, o que acha? – Mari responde em tom animado.

- Excelente ideia, adorei! – Sarah comemora, e segundos depois, novas fendas surgem no corpo do espectro, essas emitindo um tom vermelho semelhante a brasas.

A corrente de ar torna a surgir, envolvendo primeiro o corpo do espectro e espalhando ao meu redor, numa velocidade que ao mesmo tempo que me causa cortes, também queima minha pele pelas pequenas fagulhas flamejantes que agora estão presentes.

Em segundos a corrente de ar intensifica seu tamanho e velocidade, transformando-se em um vasto turbilhão de vento e chamas, que expande e explode dando a impressão de que meu corpo explodiria junto.

O espectro me solta e caio de volta na água, conseguindo me manter de pé de alguma forma que desconheço, já que minhas pernas tremem de fraqueza. Ofegante, consigo ouvir as risadas das duas.

Fecho meus olhos por um segundo, sentindo a onda de cansaço crescer em meu peito e correr através do meu interior.

A partir desse momento, independente da condição de seu corpo, esse espectro será permanentemente tangível e plenamente suscetível a cada um dos meus ataques.

Vocês querem tanto apelar? Pois bem, também posso fazer isso.

Ergo uma das mãos na direção do espectro, liberando meu poder aos poucos, deixando fluir através do meu braço e se projetar com toda a intensidade pela minha mão, envolvendo a criatura e a empurrando para trás, a forçando a afundar na água e ser arrastado contra o chão.

Segurando a espada com ambas as mãos, a ergo acima da cabeça, guiando as trevas para em volta da lâmina em grandes proporções, e executando um corte frontal, toda a força acumulada se projeta para frente bem no momento que o espectro se levanta, o envolvendo em chamas sombrias sem espaço para desviar.

Abro minhas asas de trevas e salto ficando acima do nível da água, disparando para um ataque direto, girando a espada num movimento diagonal ao alto, que atravessa o espectro num corte limpo, projetando novas chamas sombrias pela criatura.

Por mais uma vez a criatura mal se abala com o golpe recebido, mas não planejo aguardar por qualquer novo ataque. Já estou com a espada erguida, e perfuro o peito do espectro por mais uma vez, empurrando a lâmina o mais fundo que consigo.

Aproveitando a altura da criatura, apoio ambos os pés no peito dele e puxo a espada de uma vez, saltando para longe e abrindo minhas asas para me estabilizar no ar. O espectro já ergueu ambas as mãos para tentar uma investida, entretanto ergo um braço e libero uma densa rajada de trevas, que envolvem e empurram o espectro contra o chão, numa batida pesada que arremessa água por todos os lados.

Sorrio calmamente observando o espectro caído, e lentamente volto minha atenção para as bruxas. Dessa vez, ambas estão com expressões de espanto.

- Agora, será a vez de vocês duas. – Digo aumentando meu sorriso, apontando a espada na direção delas – Estejam preparadas.

Sarah me encara com um olhar fulminante, apertando os dentes nervosamente, só que ela respira fundo e volta a sorrir, apontando para baixo uma vez – Acho que você se enganou. Veja outra vez...

Abaixo o olhar, e em meio ao vapor causado pelas brasas ardendo em seu corpo, o espectro torna a se levantar, com o corpo terminando de se regenerar e ficando de pé numa postura até que imponente.

- Não importa o que você faça contra ele, o espírito do meu pai nunca irá sucumbir. Não poderá matar algo que não possui vida! – Sarah sorri em deboche, saltando seus ombros uma vez.

- Mas ele não é sua única preocupação... – Mari se pronuncia, de braços cruzados e olhando para algo atrás de mim, seguido do som de estalos.

Lanço meu olhar sobre o ombro, tendo a imagem da altas árvores atrás de mim se retorcendo, adquirindo fendas na madeira que lembram vagamente rostos macabros. Por todos os lados, as arvores ganham as mesmas características, tendo os vários galhos tornando-se finos braços, e passam a vir em minha direção mais rápido do que eu estava esperando.

E a minha frente, o espectro trago por Sarah, protegendo as duas bruxas que continuam refugiadas dentro da barreira de chamas.

Ergo uma mão e sem cerimônias disparo uma lança de escuridão na direção das bruxas. O espectro se adianta e entra no caminho, interceptando o ataque antes que alcançasse as irmãs.

Empurro ainda mais poder contra o espectro, o bastante para que a força manifestada seja grande o bastante para cobrir seu corpo por inteiro e arrastá-lo para trás, até por fim conseguir alcançar a barreira que as protege.

As árvores, já bem próximas, lançam vários galhos contra mim. Cesso meu ataque para conseguir desviar da investida da melhor forma, porém outras já desferem ataques surpresa, que com certa dificuldade consigo desviar ou me defender.

Rebato algumas das árvores com varreduras de trevas, mas sempre que afasto uma, outra já está pronta para atacar. E para dificultar, o espectro já está próximo outra vez, tornando a atacar. E em todo esse tempo, nenhuma das duas sequer se moveu.

Pelo jeito, não tenho escolha. Terei mesmo que recorrer a isso contra todas.

Mas agora que penso melhor, por que ainda estou jogando limpo?

Lanço meu olhar na direção das duas, focando bem o espaço que estão, e de forma brusca, todos os sons de madeira, água e vento ao meu redor tornam-se distantes, e me encontro parado logo atrás das duas bruxas, e reprimo um bocejo.

- Ele sumiu? Mas como? – Mari questiona sem entender.

- Isso não é possível... Ele deve ter se escondido em algum lugar... – Sarah sussurra baixinho, passando os olhos ao redor – Pai, encontre ele imediatamente!

- Vocês também, não fiquem parados! Achem ele! – Mari gesticula balançando o braço repetidas vezes, e as várias arvores passam a se mover.

- Não podemos deixar ele escapar... A mamãe não vai gostar. – Sarah reclama, olhando para a irmã de soslaio – Você não pode ver tudo dentro desse espaço Mari?

- Mas é claro que posso, fui eu quem criou este lugar. – Mari esbraveja.

- Então o que está esperando? Encontre ele Mari! – A mais velha reclama.

- Isso não será necessário garotas. – Digo pousando a mão sobre o ombro de ambas. Elas me encaram com olhos arregalados – Estou bem aqui.

As duas até viram de frente para mim, mas sou mais rápido e com a palma da mão toco o busto de ambas. A onda de cansaço me percorre, indo dos ombros até minhas mãos, rapidamente algumas coisas acontecem simultaneamente.

A barreira que havia ao redor acabou desaparecendo, as várias árvores retorcidas são arrastadas de volta ao seus locais voltando a suas formas originais. O espectro começa a tremer no ar e seu corpo explode em incontáveis partículas brancas que se elevam e desaparecem em alguns segundos.

E por fim, as duas bruxas despencam do ar, caindo na água de forma ruidosa. Solto um largo bocejo e, enquanto me espreguiço por longos segundos, observo o céu retornando ao profundo azul escuro da noite, e o silêncio voltando a reinar neste lugar.

As irmãs emergem da água e me olham sem entender – O que aconteceu?

Com as asas bem abertas, aproximo devagar das duas sem deixar de sorrir – Nada demais, apenas anulei o poder das duas. Não serão mais capazes de lançar feitiços.

- Anulou nosso poder? – Mari questiona irritada, mas logo ela sorri.

Sarah também sorri, apertando os dentes – Você não pode anular nosso poder, Cria do Abismo... Nossa força não vem apenas de nós mesmas...

Sarah abre suas mãos, e lentamente ela flutua para fora da água, e logo Mari também flutua para fora da água, ambas parando assim que alcançam a mesma altura que eu.

- Como vocês...? – Paro de falar, ao perceber a água do lago se comportando de maneira estranha, borbulhando e se erguendo em dois densos pilares como gêiseres.

- Nosso poder vem da água, do ar, das plantas... A natureza ao nosso redor nos ampara e concede nosso poder. – Mari aponta ambas as mãos para mim, e seu colar começa a brilhar da mesma forma que antes – Enquanto estivermos aqui, nunca estaremos sem poder.

- Ah, é mesmo? Isso é bem interessante. – Ergo os braços e os aponto para os lados, sorrindo de canto – Então para anular seus poderes de fato, tudo que preciso fazer... É destruir a natureza à nossa volta.

Ambas se mostram surpresas com minhas palavras e a postura que assumi.

Mari, você é a bruxa ilusionista, não é? Pois bem, darei a você e sua irmã um pequeno presente. Provem do mesmo veneno que eu, jovens bruxas.

Chamas surgem em ambas as minhas mãos, e disparo um verdadeiro mar de chamas intensas, fazendo com que percorram por todos os lados em alta velocidade. Em questão de segundos, cada arvores e pequena planta está envolta pelas chamas.

Cruzo meus braços e observo a reação das duas. Quero ver como vocês se saem, agora que estão presas dentro de uma ilusão.

Quase que instantaneamente os pilares de água que Sarah ergueu se dissipam, e as duas parecem se desorientar completamente. Para completar o palco, aponto uma mão para o lago, e devagar uma figura pálida emerge lentamente até ficar frente a frente com as bruxas.

O mesmo espectro que antes me enfrentava, agora é mais uma ilusão para as bruxas lidarem. E o choque no rosto das duas é algo bem marcante.

Mari está em choque e, com o medo estampado em seu rosto, sequer demonstra alguma reação. Enquanto que Sarah, apesar de assustada, ainda ergue uma de suas mãos e tenta lançar algo, porém ela fecha seus olhos assim que a ilusão do espectro avança sobre ela. Aproveito dessa brecha para lançar minha escuridão sobre as duas.

Mari e Sarah caem próximas a pequena cachoeira que existe aqui, tentando lutar contra a escuridão que as envolve do mesmo jeito que aconteceu com Talita. Elas até tentam, mas não conseguem resistir.

- Digam, como se sentem sendo atacadas pelos seus próprios poderes? – Questiono me aproximando, tocando o chão e dissipando minhas asas enquanto as observo.

- O... O que quer dizer? – Mari questiona, tendo seu corpo quase que completamente coberto pelas trevas.

Cancelo toda a ilusão, fazendo o ambiente retornar ao estado natural de antes, e o mesmo acontece com o espectro, que se dissipa no ar. As duas olham ao redor quase como se não acreditassem em seus olhos.

- Foi tudo uma ilusão? – Sarah pergunta incrédula.

- Foi, quis dar um gostinho da diversão que tive. Por favor, não fiquem bravas. – Digo tranquilamente. – Agora, vocês irão para o mesmo lugar que Talita está.

- Você matou a Talita?! – Mari acusa, tentando se levantar sem sucesso.

Balanço a cabeça negativamente – Não, eu não a matei. Ela apenas está descansando dentro das trevas.

As duas começam a desaparecer, do mesmo jeito que aconteceu com Talita.

Mari ainda tenta lutar, porém Sarah para de se debater. Ela ergue seus olhos a mim e me encara enraivecida – Você podia ter acabado com nós a muito tempo, não é?

Confirmo levemente com a cabeça – Sim, poderia.

Sarah aperta os dentes, e seu olhar se incendeia – Maldito, nunca tivemos chance contra você... Teve sorte com nós, Cria do Abismo, mas não pense que será assim com nossa mãe... Você não sabe o que te espera...

Ditas essas palavras, as duas desaparecem, e o local inteiro mergulha na quietude, tendo como melodia o som da água ao redor.

Bruxa invocadora e bruxa das almas, descansem dentro da minha escuridão.

Agora, resta apenas a mãe.

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