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Capítulo 22

3955 Palavras

A avisto sentada em um banco, mexendo em seu celular.

Por este momento, permaneço estático a observando, contemplando tamanha semelhança... É impossível para mim não olhar para Nicole e lembrar dela.

Essa pessoa que se recusa a abandonar meus pensamentos, mesmo após tantos anos.

Neste instante, sinto como se acabasse de voltar anos no tempo, voltado a ser um humano e estivesse prestes a me encontrar com ela pela primeira vez. As sensações se assemelham, e tamanha semelhança faz meu peito bater com a mesma força daquele dia.

Meu corpo está tremendo de ansiedade da mesma forma que aconteceu quando a vi pela primeira vez bem a minha frente, estou estático com mistos e sensações batendo em meu peito em uma estranha animação repentina, e tudo que consigo é olhar em sua direção, admirando cada um de seus traços, cada pequeno detalhe atrai minha atenção.

Daquela vez, poderia observá-la continuamente, e ainda assim não conseguiria acreditar que realmente estava ali... Algo havia mexido comigo, algo que sequer sei como colocar em palavras... E algo semelhante parece ocorrer agora.

O sentimento de estar desorientado em meus próprios pensamentos cresce em mim, e sinto não ter quaisquer palavras. Meus pés parecem grudados ao chão, e tudo que consigo é olhar a ela, admirando cada pequeno detalhe, cada traço como se esse momento fosse algo irreal, e eu mesmo não acreditasse estar aqui.

Fecho meus olhos, os apertando com força, tentando afastar todos esses pensamentos de mim. Afastar todas essas sensações para o mais longe, e me convencer que tudo ficou no passado. Um passado que jamais voltará, nem nunca haverá algo próximo disso novamente.

Convença-se disso de uma vez por todas. Isso ficou no passado! E jamais acontecerá novamente!

Inspiro profundamente, soltando todo o ar pela boca.

Não posso ficar aqui parado pra sempre, e retornando meu foco para a jovem a minha frente, relutantemente volto a caminhar.

Conforme me aproximo, me dou conta como ela tem uma expressão de nervosismo no rosto, mas não sei ao certo o motivo disso. Talvez seja algum receio de estar perto de mim depois de tudo... Não, não faz sentido.

Se houvesse algum receio, por qual motivo ela teria me pedido para vir encontrá-la?

De qualquer jeito, não posso negar uma coisa. Neste momento ainda desconfio que Nicole e de suas irmãs possam saber de alguma coisa dessa história toda.

- Não esperava que fosse me chamar para qualquer coisa outra vez. – Digo me aproximando da garota, que me olha, e abre um largo sorriso.

- E eu que você fosse mesmo vir. – Nicole diz animada já se levantando num pulo.

- Digamos que por enquanto estou livre, então pude vir. – Ergo os ombros. Nicole começa a caminhar, e a sigo no mesmo ritmo – Qual sua ideia para hoje?

- Nada muito especial... Só andar, conversar um pouco. – Nicole baixa o olhar por um instante – Tem um lugar aqui perto, ele fica bem a beira do rio, tem algumas mesas e uma faixa de areia. Podemos ir para lá.

Concordo com um gesto, e seguimos caminhando devagar para o tal lugar escolhido. De momento em momento olho para ela, sempre admirando algum traço que me faça lembrar daquela pessoa.

Não sei definir se isso é uma coisa boa ou ruim... Simplesmente não sei.

Enquanto seguimos, me dou conta de um detalhe, Nicole não está tão falante como de costume. Não apenas isso, ela me parece bem cabisbaixa.

Chegamos ao lugar que Nicole mencionou, ficando apenas poucas ruas de onde estávamos. O local é um espaço amplo onde algumas pessoas fazem piqueniques, e mais à frente é possível ver o rio que corta a região, onde algumas crianças e adultos brincam na faixa de areia.

Seguimos para perto da beirada do rio, onde ficamos em silêncio observando a água correr suavemente.

- Você me chama para andar e conversar um pouco... – Começo a falar, sem desviar meu olhar do rio – E até agora esteve bem calada. O que houve?

- Estou pensando sobre ontem, lá no restaurante. – Ela fala com a voz um pouco contida. – Queria te explicar o que aconteceu.

Levando as mãos aos bolsos do meu sobretudo, a olhando de canto – Você sabe que não precisa me esclarecer nada, não é?

- Talvez não, mas sinto que devo. – Ela responde.

- Isso será interessante... – Sussurro mais a mim mesmo do que para ela – Pois bem, o que tem a dizer?

- Primeiro, o Jackson não é meu namorado. – E começamos bem – Já tentamos algumas vezes, mas nunca deu certo... Aquele foi o fim.

- Não deu certo... – Passo uma mão pelo queixo – Bom, lá no haras ainda parecia que vocês estavam se dando muito bem. Arrisco até dizer que ainda tinham uma relação.

Cruzando os braços, ela me perfura com seu olhar intenso – Apesar de não ter dado certo, gosto do Jackson como pessoa. Ele nunca me desrespeitou e sempre foi alguém que pude contar... Adoro ele, sempre fomos bons amigos.

Aperto os olhos. – Entendi... Pelo que vi, suas irmãs parecem gostar bastante dele. O que impede vocês ficarem juntos de vez?

- Eu... Eu não sei... – Nicole responde virando de costas, provavelmente tentando esconder um olhar perdido que não me passou despercebido. – Talvez eu mesma... Não consigo me envolver com ninguém, por mais que queira. Eu tento, tento de verdade, e o Jackson é uma pessoa incrível em tudo... Não tenho dúvidas que seria feliz se ficasse com ele, mas não consigo. Algo sempre faz com que me afaste.

- Algo? – Questiono, permanecendo sem me aproximar. – E tem alguma ideia do que seja esse "algo"?

- Talvez eu não consiga me manter apegada nas pessoas por muito tempo... – A garota sorri, de uma forma que entendo que seu "talvez", na verdade, não tem nada de talvez – Sempre que conheço pessoas novas, me interesso demais por elas, e esqueço de quem já está comigo.

- Da mesma forma como aconteceu quando me conheceu naquela loja. – Constato, e ela confirma com a cabeça.

- Sim, bem por aí... E graças a isso, tenho muitos problemas. – Ela suspira profundamente. – Essa minha vida acaba sendo cheia de incertezas, e meu jeito de agir preocupa muito minha mãe e minhas irmãs... Elas acreditam que me arrisco demais sem nenhum objetivo, e não acho que estejam erradas.

Desta vez, eu quem cruzo os braços – E por que pensa dessa forma?

- Porque não sei se tenho um objetivo. – Nicole esboça um pequeno sorriso entristecido. Seu olhar vai ao chão – Faço pela minha diversão, e nada mais... E depois, acabo voltando para minha vida normal e as pessoas de antes, como se nada tivesse acontecido... Não consigo ser diferente.

Mantenho meu silêncio, refletindo sobre o que ela me disse. Sei que o que ela me diz não deve estar nem perto da metade de todas as coisas que estão passando em sua cabeça neste instante.

Nicole aperta os lábios – Por mais que goste de uma pessoa, não consigo me apegar a alguém como elas, e também não consigo me acertar sozinha, nem encontrar algo para mim... Tudo que consegui até hoje foi causar dores de cabeça e ser motivo de decepção para elas e para minha mãe.

Encontro-me diante de seu silêncio sepulcral e todo o peso que existe em torno de si neste instante. – Não acha que está se cobrando demais? – Questiono. – As expectativas não são suas, mas sim de sua família.

- Não... – Ela sussurra – Sei que não. Sei o peso da minha família e do que preciso fazer. Não é só uma questão de expectativas, é algo que esperado de mim desde que nasci, é meu dever, mas não consigo... Não sou como minhas irmãs.

Inspiro profundamente, soltando todo o ar pela boca devagar – Não sei o que você e suas irmãs precisam fazer que seja assim tão esperado pela sua família... Mas do mesmo jeito, você está se cobrando demais. Seja lá o que for, você tem tempo para conseguir.

Ela me olha, e noto pelo seu semblante que está a um pequeno empurrãozinho para desabar em lágrimas – Acha mesmo isso?

Confirmo balançando a cabeça levemente – Ouça Nicole... Você não é suas irmãs, então não precisa fazer o mesmo que elas no tempo que fizeram. Se precisa mesmo fazer isso, seja lá o que for, então faça no seu tempo.

Ela esboça um sorriso fraco esfregando a palma da mão no rosto, do mesmo jeito que se faz quando se está sonolento... Mas ao meu ver, foi uma bela maneira de tentar disfarçar os olhos marejados.

- Gostaria que minha mãe entendesse isso... – Nicole fita o lago, soltando um suspiro.

- Quem sabe algum dia entenda. – Ergo os ombros, mantendo meu olhar sobre ela.

Ela balança a cabeça levemente, concordando comigo – Só não quero ser uma vergonha para minha família.

- Você não é. – Respondo mais pela tentativa de confortá-la do que outra coisa, mas não sei bem o porquê de estar tentando isso.

Mantenho minha atenção voltada à garota – Agora você sabe que, por mais que eu queira, não vou conseguir me manter apegada a você por muito tempo.

- Assim espero. – Dou risada e ela me olha incrédula – Você não ganharia nada se mantendo ligada a mim... Será melhor que me esqueça mesmo.

- Não vai ser tão rápido assim, não vou me esquecer do que vi naquela cachoeira tão cedo... Nem que fomos voando para o restaurante. – Ela rebate cruzando os braços.

Acabo rindo um pouco mais, e ela sorri de um jeito mais sincero – Acho que nem conseguiria esquecer. Não é o tipo de coisa que se viva todos os dias.

- Por isso mesmo não esquecerei! – Diz em tom mais animado, encostando ambas as mãos no meu ombro, e logo apoiando sua cabeça de lado, fitando o lago.

- Então, infelizmente, é muito provável que você tenha essa memória viva por muitos anos.

Ouço seu riso e não consigo não observá-la. – Conto com isso.

Mergulhamos em um novo momento de silêncio, a qual as vozes das pessoas próximas ganham certo destaque. Guiado por razões e vontades do passado, quero dizer algo, qualquer coisa que seja, apenas para romper o silêncio e continuar ouvindo de sua voz... Mas não sei se devo fazer isso.

Na verdade, não devo fazer isso.

O olhar dela se ergue e acaba encontrando o meu, de forma que preciso me esforçar muito para ignorar tamanha semelhança. Nicole continua me observando fixamente, sem dizer nenhuma palavra.

- O que foi? – Questiono de sobrancelha erguida.

- Você continua me olhando desse jeito... – Nicole sussurra de repente, se afastando devagar. Não nego que ouvir isso acabou me desestabilizando de leve – A todo momento está me olhando, e é sempre desse mesmo jeito.

- É difícil evitar... – Desvio meu olhar ao lado.

- Imagino que seja... Quero te perguntar, quem é essa pessoa que lembro tanto? – Ela questiona de repente, e sei que seu olhar está fixo em mim. Não esperava que ela fosse reviver a conversa que tivemos ontem.

- Alguém que foi importante para mim, importante demais e que hoje, me faz muita falta... – Hesito por um segundo, quando seu rosto surge em minhas lembranças. Revirar meu passado sempre é uma péssima ideia – E tudo em você me lembra essa pessoa Nicole. Cada vez que te olho, lembro dessa pessoa, dos momentos que tivemos, do que ela me fazia sentir...

Ela aquieta por um instante, com os olhos indo ao chão – O que houve entre vocês?

- Ocorreram algumas coisas e... Precisamos nos afastar. – Aperto os olhos, afastando da minha mente os acontecimentos daquela maldita tarde, quando toda minha antiga vida acabou. – Ela não precisa de um monstro atormentado como eu presente na sua vida... Assim é melhor para ambos.

Cara, já estou falando demais... Por que está tão difícil apenas calar a boca?

- Atormentado? – Nicole questiona – O que quer dizer com isso?

Solto um longo suspiro. Essa cidadã está realmente curiosa a meu respeito – Um exemplo, toda vez que adormeço sou torturado por diversos pesadelos envolvendo minha antiga vida. E em todos, ela está presente, repetindo a mesma coisa... E essa é só uma pequena parte do que costuma acontecer.

- Então... – Nicole balbucia com o olhar baixo – É por isso que você não dorme...

- O que?! – A encaro surpreso – Como sabe que não costumo dormir?

Nicole permanece em silêncio e nitidamente atordoada, sem desviar sua atenção de mim por um segundo sequer.

- Não é difícil notar, olha pra você... Seu olhar, sua postura, você parece exausto... – Ela responde finalmente. – Não só isso... Você está tão abatido... Então é por isso...

- Apenas pareço... – Desconverso rindo, fitando o rio tentando escapar desse assunto – Estou perfeitamente bem.

Sei que ela permanece me olhando, e tudo que falei a deixou um pouco atônita – Como alguém pode estar bem sempre sendo atormentado por pesadelos? Sem nunca poder descansar?

- Estando, ué? – Respondo quase de imediato, colocando um largo sorriso de canto no rosto – Não posso me deixar afetar por algo tão pequeno... E aliás, isso faz parte de uma vida que já acabou. Então, que importância tem?

- Isso não está certo... – Nicole consegue dizer, e retorno minha atenção a ela, a fitando de canto de olho, e a vejo balançar a cabeça – Não está certo. Isso tem importância sim, muita importância.

- Está enganada Nicole, isso não tem importância alguma... Pertence a uma vida em ruínas que já não existe mais. – Ergo uma sobrancelha – Por que está tão preocupada com minha condição? Está desperdiçando seu tempo se preocupando comigo, alguém como eu não merece cuidados.

Definitivamente... Alguém como eu não merece ser cuidado, por nada, nem por ninguém...

Não mereço receber o zelo de ninguém, por que mereceria? O que me faz ser merecedor de cuidado algum? O que me faz merecedor de qualquer coisa?

Sei o que sou, um monstro... E o que sou, não merece nada além de pesadelos e tormento...

Nenhum de nós se pronuncia mais, e nosso desconfortável silêncio dá lugar ao som do rio e as vozes das pessoas próximas. Puxo o ar e solto de uma vez em um demorado suspiro, enquanto volto minha atenção ao rio e as pessoas se divertindo a minha frente.

Quando finalmente estou convencido que a sessão de perguntas está terminada, algo acontece. Braços passam ao meu redor, e sinto que sou envolvido com força.

Nicole simplesmente me abraçou de repente.

- Mas... O que você...? – Paro de falar, atônito com a atitude dela.

Levo algum tempo para organizar meus pensamentos, e por mais que eu queira falar qualquer coisa que seja, nada sai da minha boca. Não entendo sua atitude.

- Pode fazer o favor de me soltar? – Reclamo tentando manter a neutralidade na voz, por mais que meu peito esteja tomado pela intensidade causada pelo gesto.

Intensidade, e vontade de afastá-la o quanto antes, tal proximidade me deixa em alerta.

- Qual o problema de ficar assim? – Ouço seu questionamento em voz sussurrada, e sinto seus braços me envolvendo com mais força. – É confortável.

Reviro os olhos bufando, desviando meu rosto para o lado – Não, não é. Não gosto que se aproximem de mim, muito menos que me toquem.

- Por que? – Questiona novamente.

- Não gosto. – Respondo, mas não nego a sensação estranha em meu peito. – Tanta proximidade me faz sentir... Exposto... E muito vulnerável.

Suas mãos me apertam um pouco mais, e seus dedos agarram em minhas roupas firmemente – Não tem problema ser vulnerável de vez em quando... – Sussurra com a voz pouco abafada – Deveria se permitir a isso.

- Como é? Sinto muito Nicole, mas não. – Respondo encarando o chão – É muito difícil ser vulnerável, e também muito arriscado... E também, não tenho nada a ganhar me permitindo ser vulnerável para alguém. Não posso me permitir a isso.

- Já percebi isso... – Ela diz com voz baixa. – Percebi que sempre tenta se manter distante, desviar de qualquer um que se aproxime. Parece que vive em guarda a todo instante, escondido atrás de uma cara tranquila... Talvez por lembrar tanto alguém do seu passado, que você ainda não tenha me afastado...

- Provavelmente é por esse motivo mesmo. – Tudo bem, eu admito. É exatamente por isso. A única coisa que me impede de afastar Nicole nesse instante é tamanha semelhança, e como isso faz sensações tão agradáveis reviverem em mim. – Se já entendeu isso, então me solte!

- Não! Eu não vou. – Nicole rebate, me apertando ainda mais.

Sei que não deveria fazer isso. De certa maneira, estou usando Nicole para emular sensações e sentimentos antigos, lembrar de tantas coisas, como eram os momentos com ela, estar próximo, sentir o toque com tanto carinho... Algo que consigo me recordar como se tivesse experienciado a poucas horas.

Isso é tão errado, sei que é errado, não deveria... Mas por que não consigo parar? Por que não consigo afastar Nicole de mim? Tudo por causa de uma simples semelhança?

Nicole encosta seu rosto em meu ombro, sinto sua boca roçar levemente meu pescoço e sua respiração tocar minha pele, e imediatamente sinto meu corpo estremecer.

Arrepios percorrem minha pele, aperto meus olhos com força e fecho ambos os punhos, tentando resistir a tantas sensações que a já a muitos anos não sinto. Pelo visto ainda sou suscetível a essas reações... Não sei se isso é bom ou péssimo.

- Escuta... – Ouço Nicole sussurrar, e seus dedos passearem pelas minhas costas com certa suavidade. – Sei que não sou a pessoa que você está pensando agora, sou apenas alguém que te faz lembrar ela... Mas... Você se lembra, ainda sente, por mais que tente negar. Sei que hoje você está quebrado e não quer que se aproximem, gostaria que fosse ela aqui, não eu... Talvez essa pessoa faria você se sentir melhor... Não sou ela, mas eu não irei te fazer nenhum mal, por isso, não precisa se conter, não hesite em me usar para se lembrar dela e se sentir bem...

- Você ouviu o que acabou de dizer Nicole? – Questiono também sussurrando. – Quer que eu use você?

- Sim, qual garantia você tem de que não estou te usando agora? – Ela diz em seu tom brincalhão, rindo baixinho.

Por mais uma vez, não sei o que essa garota tem na cabeça... Mas só nesse instante, não sei se faço questão de descobrir.

Minhas mãos estão tremendo nesse instante, meu olhar está baixo, estou relutante... Relutante em acreditar em suas palavras, em ceder a isso. Em tantos anos, esse é o mais próximo que cheguei de conseguir reviver tais sensações, sem ser atormentado pelos meus pesadelos.

E agora que finalmente tenho a oportunidade de sentir tudo novamente, mesmo que apenas por um minuto, estou me contendo. Evitando ceder para algo que meu corpo e minha mente imploram para ter novamente.

Sei que não devia... Sei muito bem que não devia.

Mas se já estou em pedaços... Então... Que diferença faz?

Minhas mãos levantam devagar, envolvendo a cintura de Nicole e a aproximando de mim, me permitindo sentir o calor e o toque de seu corpo ao meu. Fecho meus olhos não tentando mais resistir contra isso, mas sim deixar tantas coisas fluírem em meu peito, podendo intensificar uma das melhores lembranças que tenho.

É como abraçar aquela pessoa... Não posso negar... Até nisso, a sensação é muito parecida. Não é igual, mas muito parecida, e me traz o mesmo acalento. É como voltar ao passado, no momento que pude ter aquele abraço pela primeira vez... Lembro-me claramente de como fiquei naquele dia.

- Viu? – Nicole sussurra rindo baixinho – Não foi tão difícil.

- Isso é difícil para mim. Não estrague tudo agora! – Esbravejo e ela ri mais.

- Entenda que todo mundo precisa de um pouco de calor humano. – Nicole sussurra suavemente, e posso sentir sua leveza – Você pode ser o humano mais forte ou o mais fraco, o mais caloroso ou o mais frio, o mais completo ou o mais quebrado... Seja lá o que seja, no fundo todos precisamos disso de vez em quando.

- É... Talvez... – Sussurro – Acho que concordo com isso...

Suspiro devagar, me permitindo a toda a leveza e o estranho calor desse momento que de uma forma inexplicável me faz algum bem, somente por mais algum tempo.

Afastamos apenas o rosto, e um olhar é trocado. Um longo e duradouro olhar, que faz com que o tempo comece a correr mais devagar, e tudo ao redor pareça distante.

Nicole esboça um pequeno mas belo sorriso, a qual não sei se consigo retribuir... Pelo menos, não da mesma forma. Sei que a abraço com firmeza de forma que não resta distância alguma entre nós, e sem desviar os olhares, nossos rostos ficam cada vez mais próximos.

Sei que nunca mais sentirei isso novamente, por isso, quero apenas mais um momento para marcar como é esta sensação nas minhas lembranças. Gravar cada uma das sensações, o toque, o perfume, o frio na barriga...

Quero me lembrar de tudo.

Somente por agora, me darei o luxo de me colocar em perigo e ser vulnerável...

Espera... O que estou pensando?!

- Certo, acho que já chega. – Digo já a soltando, e imediatamente retirando seus braços de mim, dando um largo passo para trás sem nenhuma cerimônia. – Você já se aproveitou demais de mim.

Nicole me olha um pouco atônita. Pelo jeito, ela não esperava essa reação.

- Acho que posso dizer o mesmo. – Ouço ela falar aos risos forçados, enquanto me afasto cruzando os braços, buscando ter a certeza de que não repetirei tal gesto.

Não acredito que me permiti ir tão longe assim. Poderia ter pago muito caro por permitir que ela se aproximasse tanto. Não posso deixar ninguém se aproximar de mim, nunca.

Já perdi tudo uma vez por deixarem se aproximar de mim, não posso deixar que isso se repita.

Sinto meu corpo por inteiro tremer pelos vestígios de tantas sensações que percorrem meu corpo, a leveza e o conforto que se espalham em meu peito. Meu coração bate enlouquecido pelas lembranças e sentimentos misturados... Malditos sentimentos que deveriam permanecer enterrados, por que tudo teve que voltar dessa maneira? Por que tiveram que voltar?

Aperto as mãos em meus braços, frustrado e irritado comigo mesmo por ter deixado chegar a tal ponto. Isso não se repetirá.

Por que fiz isso? Onde estava com a cabeça para me permitir a abaixar tanto a guarda?

Isso foi arriscado... Arriscado demais.

Me deixei levar demais por essas sensações, que se espalharam sem que eu percebesse. De maneira alguma posso deixar que um erro deste tamanho se repita.

Minhas lembranças são uma fraqueza muito maior do que imaginei.

Agora, além de não poder mais dormir, devo erradicar qualquer lembrança e sentimento que ainda tenha da minha antiga vida? Devo apagar qualquer sensação nesta vida?

Devo me tornar vazio?

- Escuta... – Nicole me chama de repente, fazendo com que eu desperte de todos os meus pensamentos – Você estará livre essa noite?

- Essa noite? – Ergo uma sobrancelha, um tanto desconfiado. Viro-me a ela, sem descruzar meus braços, pensando em qual resposta dar – Acho que sim, por que?

- Vou preparar algo diferente para o jantar de hoje, e quero que você esteja lá. Será ótimo ter sua companhia. – Ela tem um largo sorriso em seu rosto.

Reflito por um instante nessa proposta, apertando meus olhoss, talvez seja legal... Contanto que eu tome cuidado com suas tentativas de se aproximar.

Além disso, essa será uma excelente maneira de ir até sua casa e ter as certezas de seu envolvimento com os fantasmas ou não, afinal, lá poderão haver muitas pistas – Acho que um jantar não tem problema... Que horas posso aparecer?

- As 19h, te passarei o endereço lá de casa. – Ela diz animada, pegando minha mão e me puxando, para meu desespero diante a seu toque. – Aliás, vem comigo. Lembrei de um lugar aqui perto que eu adoro.

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