VII - PRONTO PARA SER DEGUSTADO
A música a faz lembrar de Gregório. Que viajou com Thell alguns dias atrás, logo após o encontro dele com Éris.
E quando Medeiros escuta "de olhos fechados eu tento esconder a dor..." ela se emociona sorrindo, porque coincidentemente estava com os olhos fechados, pensando em Gregório. Eles amam essa canção.
— Verdade... CPM, toda a minha vida em sessenta segundos. — Dito isso, a detetive liga o carro e sai.
O trânsito estava como sempre: Problemático. E demora um pouco para Medeiros chegar em casa. Na verdade, mais de uma hora num percurso de vinte quilômetros.
Chegando no seu apartamento, vai até a geladeira personalizada com o tema de Rambo II. É uma foto de Rambo mirando um alvo com seu arco.
Medeiros pega uma Heineken gelada e sorve o malte dourado. Pousando a garrafa sobre o móvel que circula a pia de inox, ela ainda pensa no que acabou de viver. E fica realmente na dúvida se mereceu ou não? Ou se a atitude foi justa ou não, da corregedoria?
Olhando para seu relógio de pulso, um G-SHOK rosa, ela percebe que ainda tem mais umas oito horas para fazer a ligação de vídeo e falar com Gregório.
Medeiros segue para seu quarto, e não liga o som como faz de praxe. Prefere a quietude. A paz do ambiente. Ela já sabe o que vai fazer. Primeiro tomará um banho e depois deitará em sua cama para ler o livro "Borboleta Preta - Uma Jornada Espiritual", que comprou numa livraria do Shopping Center Recife.
Ao abrir seu guarda-roupa, um álbum de fotos cai aos seus pés. Aberto. Ela o pega e senta na beirada da sua cama. Seus olhos marejam quando a vê, ainda pequena, nós braços de seu pai. Medeiros começa a folhear o álbum fotográfico. Eram imagens de dias cheios de felicidade e amor.
A detetive para numa foto com seu pai sorrindo. Com amor, ela passa seu dedo indicador em volta do queixo dele, na foto, e lágrimas correm. Abraçando o álbum e curvando-se para frente, ela desaba em choro e pega no sono agarrada com o álbum.
Seis horas da noite, seu celular bipa. Medeiros escuta a ligação lá longe. Num resquício de fim de mundo. Lembrando que pode ser Gregório ligando, ela pula da cama e pega o celular.
— Meu amor, já esqueceu de mim? — Pergunta Gregório.
— Eu peguei no sono. Não sei nem que horas são. Por que não está ligando pelo "Face Time".
— Estamos numa área de desertos. Perto das Pirâmides de Bughuul. Não tem sinal de internet com qualidade. E como foi lá? ( Essa estória será contada no livro "A Irmandade dos Homens Pretos").
— Estou suspensa por tempo indeterminado, farei sessões com uma psicóloga e só vou voltar a ser remunerada quando voltar ao trabalho.
— Que sacanagem!
— Você e a segunda pessoa que me diz isso.
— Já não gostei porque sou o segundo. — Medeiros, ajeita seus cabelos sorrindo com o ciúmes falso de Gregório.
— E como estão as coisas por aí?
— Drake está estranho. Calado. E isso não é bom. Acho que esse lugar lhe traz muitas lembranças.
— E Thell?
— Sumiu. E Aloísio mandou lembranças.
— Diga a ele que estou mandando um beijo e um abraço.
— Pode deixar, aviso sim. Amor, pelo visto você não almoçou.
— Não mesmo. Eu vou pedi algo para comer, assim que acabarmos de conversar.
— Eu..., tomei a liberdade de fazer isso.
— Não entendi.
— Deve chegar em poucos minutos... uma pizza Hut, com borda de catupiry.
O interfone toca.
— Eu acho que já chegou... Medeiros. Okay. Pedi sim. — Medeiros, olha para o celular como se estivesse vendo o namorado — Pode mandar subir. Obrigado. — Colocando o interfone no gancho, Medeiros dirigi-se para perto da porta. — Você não existe... mesmo longe toma conta de mim.
A campainha toca.
— Já vou! — Grita Medeiros — Não desliga não. Vou atender a porta.
— "Quando estou com você, sinto meu mundo acabar, perco o chão sob os meus pés. Me falta o ar pra respirar. E só de pensar em te perder por um segundo. Eu sei que isso é o fim do mundo" — Gregório, está parado de frente para Medeiros, e acabou de recitar um trecho da música do CPM 22 sorrindo pelo telefone. A detetive continua segurando o aparelho de celular no ouvido, sem acreditar. Seu coração parece que vai sair pela boca.
Gregório, segura a caixa de pizza com uma rosa vermelha em cima dela.
— Pronto para ser degustado. — Ele fala com um sorriso malévolo em sua cara.
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