I - CORREGEDORIA
Medeiros estaciona seu Opala vermelho, ano 75, na frente do prédio da Corregedoria da Polícia Civil. O delegado Almeida já espera a amiga em pé, usando um terno marrom e camisa de seda branca.
A agente revive o momento do incidente. O segundo na vida dela, onde teve que mostrar a força da sua força, para se fazer respeitada.
O primeiro foi quando o sargento Douglas, dizendo uma gracinha para Medeiros, passou a mão na bunda dela. O braço do cara foi quebrado. E a agente foi suspensa por tempo indeterminado e recebeu outras disciplinas, administrativas.
Na segunda vez, quando a visita à Karina Werner terminou em tragédia, o segurança da empresária ficou xingando a agente, colocando a culpa dos terríveis acontecimentos na conta de Medeiros, e mesmo depois de ter sido avisado por Laureano para retroceder, sair da frente, parar com as ofensas, o mesmo não obedeceu e colocou o dedo na cara de Medeiros, que reagiu, resultando em mais um processo que chegou há três semanas atrás, na Corregedoria.
No dia que Sara foi assasinada.
Medeiros, suspira dentro do carro. O assassino ou assassina de Sara estava andando livre por aí, podendo até já ter deixado o país. Saindo, do carro ela sinaliza com a sua mão direita para Almeida.
— Bom dia delegado. — Medeiros cumprimenta o amigo, apertando-lhe a mão — Obrigado por ter vindo.
— Eu não deixaria você nessa, sozinha. Estamos juntos e misturados. — A agente abraça o amigo — Gregório? — Pergunta Almeida.
— Ele viajou a trabalho.
— Medeiros, você ainda não testou as próteses? — Os dois começam a caminhar, quando Almeida pegou na mão esquerda de Medeiros e fez a pergunta.
— Acredita que não tive tempo?
— Sim, acredito. Mas, parece não te incomodar.
— E não me incomoda. São as minhas marcas de guerra. As que realmente incomodam estão cravadas na minha alma.
Almeida e Medeiros começam a subir as escadas para a Sala da Corregedoria que fica no terceiro andar.
— Como vai sua mãe? — A agente abaixa a cabeça e responde sem olhar para o amigo.
— Sobrevivendo. Todos estamos sobrevivendo com os cacos que nos restaram.
— Juliana? Como anda a gravidez?
— É sério que vamos subir três lances de escada? Poderíamos ter usado o elevador.
— É bom para me exercitar. — Medeiros arregala seus olhos cor de mel para Almeida. Sem acreditar no que ouviu, e recebe um sorriso largo do amigo — Tenho que perder a barriga.
— Não estou vendo nenhuma barriga, delegado. O senhor tem um tanquinho.
— Você não respondeu sobre Juliana...
— Graças a Deus, por incrível que pareça é quem está bem. Já Rafael, vai trabalhar logo cedo e chega de madrugada para tentar sossegar a mente. Mamãe... fica olhando as fotos de papai, e eu vou morrendo aos poucos. — Medeiros para de subir os degraus, olha para Almeida e diz: — Se não fosse pelo Gregório, eu sei que estaria muito pior.
— Verdade. Ainda bem que ele existe em sua vida! Foram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo.
— Olhar para a cara do Cosme Neto, sem tomar um café da manhã... só Deus na causa.
— O Cosme não é mais o Chefe da Corregedoria. — Dispara Almeida.
— Puta merda. Não diga que é uma mulher? — Almeida franze o cenho ao escutar o que foi dito por Medeiros. — A Língua De Deus não vai deixar barato o que fiz. — Conclui sua intenção.
— É uma mulher sim. A delegada Sueli Barbalho é a chefe da Corregedoria.
— Ela e Normal são amigas. Não se lembra da duas na sede do D. A. C. C. r. E?
— Lembro sim. Será que Norma estará presente? Ela disse naquele dia que seria sua testemunha.
— Não sei Almeida. Eu só posso contar com você. Norma, também faz parte da irmandade.
— As ramificações da irmandade são extensas!
— Mundial. LA UMBRA comanda tudo. Quase todas as mulheres em pontos de comandos são da irmandade. Mas, não tenho como provar nada... as provas que tinha já entreguei para você, e as mulheres que estavam naquela gravação, já estão solta.
Almeida, suspira sentido o baque de decepção na voz da amiga.
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