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às vezes louis usa apelidos ou frases em castelhano/espanhol porque laura, sua falecida esposa, era latina e era dessa forma que falava com as crianças, ele apenas mantém o costume.

por favor, não se esqueçam que os votos e principalmente os comentários incentivam a autora

obrigada por estarem aqui, boa leitura!


🌾🚜

Louis não viu seus pais chegarem de madrugada na fazenda, porque estava exausto da noite no Celeiro Ritz e também um pouco embriagado, ele acabou dormindo profundamente.

Quando acordou com a ressaca o castigando, presenciou o caloroso reencontro e recepção típica dos Tomlinson. Seus pais tomavam café cercados pela família que tagarela, riam, comiam e faziam coisas demais para uma hora tão cedo da manhã. Louis deixou Rose dormindo até tarde, enquanto Elis já estava ali em seu colo, se recusando a voltar dormir mais um pouco para eliminar a chatice que o sono lhe dava, mas também, lutando para se manter acordada. Ela agarrou firmemente na camisa de Louis com a cabeça escondida em seu peito e estava sendo mais manhosa do que costumava ser normalmente. Ele supõe que seja o excesso de gente porque sua filha não estava acostumada com o barulho das reuniões de família.

Ele tenta dar atenção ao que o seu pai estava dizendo sobre a viagem, mas Elis começou a choramingar e recusar as frutas que Louis cortou para ela em uma tigela infantil da Peppa Pig.

- Filha, você precisa comer agora, vamos lá - ele cochichou serenamente tirando o cabelo dela dos olhos. Elis fez cara de choro, mas não chorou, ela balançou a cabeça negativamente e ele tentou de novo: - você precisa decidir entre realmente voltar a dormir ou vencer o sono e se for escolher ficar acordada você vai comer porque é necessário - ele explicou com firmeza, mantendo o tom de voz baixo - é para o seu bem, niñita.

Ela suspirou vencida, então finalmente ergueu a cabeça e Louis sorriu satisfeito por ter conseguido. Dificilmente ele consegue convencer a caçula a ceder e fazer as refeições diárias, ele sempre conta com a ajuda de Rose ou da babá delas para isso. Ele colocou na boca de Elis o pedaço de mamão espetado no garfo e esperou ela mastigar para dar outro. Pela expressão de gosto, sua filha não se arrependeu da escolha. Elis sabe comer sozinha e faz isso muito bem, Louis só estava ali dando apoio moral. No quinto pedaço ela assume o controle e ele começa a servir a refeição para si mesmo. Quando precisou se esticar para pegar o mel que estava mais próximo a ponta da mesa, percebeu que Harry não estava lá. Era estranho porque geralmente, na fazenda, o chefe da casa recepciona as visitas e haviam dois recém chegados por ali, mas ele não estava.

Mais tarde, por volta das nove da manhã depois que a família se dispersou, Louis estava na porta do banheiro esperando Elis chamar para ajudá-la a lavar as mãos porque não alcança a pia. Ela demora um pouco e Louis não se importa em esperar o tempo que for, mas estava começando a ficar estranho. Ele bateu na porta e ouviu um choro baixinho. Sem pensar duas vezes, Louis abriu e viu a filha sentada no tapete.

- Elis, querida, o que está acontecendo?

Se abaixou para pegá-la do chão e estava prestes a dar uma bronca sobre a mania que tem de sentar em qualquer lugar (inclusive os sujos) quando sentiu a pele dela tão quente que era óbvio queimar em febre. Ele se apressou a lavar as mãos e o rosto da criança em lágrimas.

Suas meninas geralmente são saudáveis, então, contando o fato de ser um pai naturalmente protetor, Louis realmente fica apavorado pela hipótese de estarem adoecidas. Torcendo para ter trazido, ele procura o antitérmico e o termostato, mas nos últimos dias em casa estava tão preocupado em adiantar o trabalho para descansar apropriadamente nas férias da fazenda que nem as malas das crianças e as suas ele fez por conta própria; foi a babá com a ajuda de Roselin que arrumou tudo, ele deu um pagamento extra pelo serviço.

Elis começa a chorar mais alto e Louis também se agita, estressado consigo mesmo pela bagunça que fez procurando as coisas. A última vez que Elis teve febre tão alta foi na dentição há mais de três anos. A última vez que Roselin esteve com febre Louis não viu porque foi ali na fazenda no verão passado. Ela teve uma insolação e ligou para Louis para avisar que estava tudo bem e que o "tio Harry" estava cuidando dela.

Então é nessas horas que ele entra em pânico com suas pequenas porque ele é um bom pai, Louis sabe que é um bom pai, mas o universo parece constantemente querer lhe testar e Louis odeia que o teste seja sua neném chorando de dor sabe Deus o motivo. E também, é nessas horas que ele quase deixa escapar um triste: "Laura, querida, onde está o termostato?" como se ela pudesse respondê-lo agora. Se ela estivesse ali saberia onde estava e o que fazer, porque Laura era mais ágil, atenciosa e sempre estava dez passos à frente dele.

- Ei, o que houve? - Sua mãe apareceu na porta.

Louis resmungou um palavrão inaudível, porque a pior coisa que poderia acontecer agora era sua mãe aparecer e ver Elis no estado em que está enquanto ele se parece com uma barata tonta. De qualquer forma, Louis precisava de ajuda e ela vai perceber de um jeito ou de outro porque é sua mãe e também porque é insistente pra caralho.

- A senhora tem um termostato?

- Elis está com febre? - ela entrou no quarto e correu para verificar a neta.

- Vovó - a criança se agarra ao colo dela, choramingando.

- Acho que sim, mas quero ter certeza.

- Você acha? Deveria ter certeza.

- É o que estou tentando descobrir.

- Deveria ter percebido durante o café da manhã, você é o pai dela.

- Pelo amor de Deus, agora não - Louis esfregou o rosto irritado.

- Ela estava sem apetite, não foi sinal o suficiente? Se tivesse visto antes, talvez teria evitado a elevação na temperatura.

- Eu achei que ela estivesse fazendo birra, às vezes Elis é complicada para as refeições, coisa de criança com a idad-

- Engraçado como você sempre deduz que elas estão fazendo birra e não precisando da atenção do pai - julgou, mas acalentou Elis que começou a chorar mais alto.

- Vai começar?

- Eu só acho que...

- O que eu acho - ele corta ela, enfatizando - é que a senhora não tem que se meter na criação das minhas filhas, nós já brigamos o suficiente a respeito disso, Laura já brigou com a senhora o suficiente sobre isso e com todo o respeito que a senhora não tem por mim, mãe, já chega. Eu não preciso disso, preciso de um termostato e silêncio porque Elis provavelmente sente dor de cabeça.

- Elas são minhas netas, eu vou me meter sim.

- Se a senhora soubesse se preocupar sem ficar me julgando o tempo inteiro, eu deixaria dar o palpite que quiser e interferir quando quisesse, mas não é o caso, a senhora só quer implicar comigo. Agora, me responda por favor, tem um termostato ou não?

Ela demorou a responder. O olhou fixamente, com raiva. Louis reconhece esse olhar, controlado, de quem vai escolher ficar quieta momentaneamente - só para não ser pintada como a arrogante e a sem noção que é, na frente da neta - mas que ainda tem muito o que discutir e jogar na cara de Louis com palavras duras e maldosas quando estiverem a sós.

Ela já fez isso milhares de vezes, desde sempre, não só pelas crianças, mas por tudo na vida dele. Fez isso quando ele era adolescente, quando ele fez a primeira faculdade, quando ele se casou com Laura, quando descobriu o nascimento de Rose que eles esconderam por meses, depois quando ele e Laura cogitaram divórcio e depois que ela morreu esses olhares de raiva de Johanna aumentaram ainda mais. Não havia um acontecimento que justificasse o momento em que eles começaram a ser assim um com o outro. A explicação que Louis poderia dar, é que ser parte da família não significa que tenham necessariamente que se gostar. Os dois não se gostam e não fazem bem um ao outro, ponto final, simples assim. Obviamente, sempre haverá amor de mãe e filho, mas isso não muda os fatos de que sua mãe o detesta e que ele não a suporta. A toxicidade do relacionamento deles já os consumiu há muito tempo, desde cedo.

- Não. Eu não trouxe um termostato, mas talvez Harry tenha um porquê Franklin também utiliza frequentemente.

- Claro!

- Vá pedir a ele, eu cuido de Elis enquanto isso.

Louis agradeceu porque não era de todo ingrato. Eles têm os problemas deles, mas pelo menos ele é educado. E pelas crianças Louis pode ceder um pouco de respeito mesmo que sua mãe não tenha por ninguém.

Harry não estava no quarto dele quando Louis bateu, por isso nem entrou, decidiu procurar por conta própria no quarto de Franklin que dormia profundamente. O termostato estava na caixa com o kit de primeiros socorros e outros medicamentos. Ele aproveitou para levar um remédio antitérmico que sabe que Elis pode tomar. Quando voltou para o quarto, a filha estava sonolenta, mas ainda chorava. Não falou com sua mãe, mas deixou ela medir a temperatura da neta. Minutos depois se confirmou com pouco mais de 39° e então, medicaram ela. Louis prometeu dar um banho em Elis caso não baixasse a febre e depois a levaria ao hospital mais próximo. Mais tarde, quando a febre baixou para 37° e Elis já estava dormindo, a mãe de Louis ainda estava lá, rondando, porque apesar de ser uma pessoa difícil para ele, ela realmente ama as netas e se preocupa.

- Eu não vi vocês chegando de madrugada.

- Harry nos buscou na estação de trem.

- Entendi - arqueou as sobrancelhas, não evitando a alfinetada - Agora vocês se falam?

- Somos uma família e estamos na casa dele, é inevitável. Além disso, não deveria estar surpreso, você também está aqui e não fala com ele o mesmo tanto de tempo que eu.

- São situações diferentes.

- Obviamente, porque eu nunca tive um caso de sodomia com o meu próprio primo, já você...

Louis riu anasalado, com um pouco do sarcasmo que não consegue conter. Johanna cobre Elis, mas o olha daquele jeito que ela faz. Julgadora de merda.

- Qual a graça?

- Estou pensando que, mais cedo eu achei estranho ele não estar na mesa para o café da manhã, mas é óbvio que Harry fugiu do momento desagradável porque deve ter tido o suficiente no carro, da estação ferroviária para cá.

- Você consegue ser menos espinhoso com a sua mãe pelo menos durante nossa estadia? Nós temos que manter uma boa relação pelo bem do seu avô, respeite a fragilidade de Franklin.

- Agora que a sua herança está próxima você pensa no bem estar dele, não é mesmo?

Ela se aproximou rápido, furiosa e a mão ergueu em um quase tapa que não veio porque se controlou. Os olhos dela queimava de raiva, mas Louis não estava diferente. Johanna segurou a própria mão no ar, depois abaixou e cerrou os punhos, olhando para ele de cima a baixo, com desdém. Ele se manteve estático no lugar, desafiando com o olhar para que ela faça o que quer fazer.

- Hipócrita. - Ela praticamente cuspiu as palavras e saiu do quarto. Louis voltou a respirar.

🌾🚜

Durante a tarde, Louis ainda estava cansado, de cabeça quente. Ele já havia levado Elis ao hospital que ficava na cidade. Precisou dirigir quase uma hora de carro até lá, mas ele atravessaria o mundo por suas filhas, então tudo bem.

Pelo menos ele voltou para a fazenda mais aliviado porque o problema de Elis não era nada demais, apenas uma virose, provavelmente pela mudança de ambiente. Elis não estava acostumada a lugares como a fazenda, considerando ter vivido cinco anos em um apartamento da capital.

Agora, ela já estava até brincando com os primos menores no quarto e Louis aproveitou que as tias estavam perto dela na casa para vigiarem enquanto ele dava uma volta na fazenda. Louis caminhou pela estrada de terra até o pasto e observou os animais que estavam lá. Cumprimentou um funcionário, mas não ficou muito tempo, estava entediado. Voltou para o casarão já sabendo que toda a família estava distribuída, se divertindo ou descansando em diferentes partes do campo. Da varanda, ele escutou um assobio em ritmo de música e seguiu o som, indo para o fundo da casa.

Harry estava trabalhando sozinho. Batia a enxada na terra com força, caminhando aos poucos para trás. Provavelmente tinha intenção de carpir para soltar o solo por baixo. Parecia determinado a dedicar sua concentração naquela tarefa, por isso, Louis decidiu que o melhor seria não o interromper. Apoiou os cotovelos na cerca e assistiu o primo em seu serviço por um bom tempo.

Harry vestia um jeans apertado nas coxas, uma camisa branca de manga comprida e as botas sujas de terra, como sempre. Uma bolsa transversal, provavelmente com os utensílios mais leves para o plantio como as sementes, estava pendendo para frente no corpo inclinado a cada vez que aplicava força no movimento com a inchada.

Dois fardos no chão apoiavam uma revista. Louis ficou curioso e espiou de onde estava, de longe não dava para ter certeza, mas parecia um informe sobre a colheita da estação.

Harry parou quando percebeu que não estava sozinho. Limpou o suor do rosto com o dorso da mão, apoiou o braço na inchada e ajeitou o chapéu para se proteger do Sol. Louis sorriu em cumprimento.

- Boa tarde, chefe.

- Tarde - Harry devolveu o sorriso - Elis está melhor? Tia Jeane disse que você levou ela ao hospital na cidade.

- Sim, ela não tem mais febre e já está mais disposta, obrigado. Almoçou?

- Sim - eles ficaram em silêncio se encarando por um tempo. Harry estava ofegante pela atividade que fazia anteriormente e Louis estava começando a se sentir preguiçoso pelo mormaço do Sol - como foi com Johanna?

- Ah, isso - Louis respirou fundo e desviou o olhar para o chão que Harry esburacou - desagradável, e com você?

- Não podia ser diferente. Algumas coisas não mudam.

- Me desculpa.

- Não é você que tem se desculpar por ela e além disso, eu sei a tia que tenho, posso muito bem lidar com as chatices dela.

- Não é só por causa disso, por isso também, mas por ontem à noite.

- Hum - Harry franziu o cenho - ontem a noite?

- Por ter dado em cima de você sem abertura. Quando eu bebo fico desinibido, perco o freio da língua e no dia seguinte sinto vontade de morrer de vergonha.

- Tudo bem, pelo o que eu me lembre, você sempre foi volúvel.

- Não - Louis se incomodou com o adjetivo - eu não estou inconstante e nem menti, eu só falei mais do que deveria, fui inconveniente, mas verdadeiro.

- Entendi - Harry ficou sem jeito.

- O que está fazendo aí?

- Bem, eu vou tentar fazer uma horta maior aqui atrás de casa porque aquela outra perto do galinheiro não tem como estender graças ao cimento da calçada e a iluminação aqui é melhor - Harry mudou a postura, para apontar e explicar. - Eu quero plantar mais tomates e talvez até cenouras se a terra for boa. O vovô vai precisar de uma alimentação melhor quando acordar.

- Certo. Quer ajuda?

- Você ainda sabe como se usa uma pá?

- Oras, por favor - Louis revirou os olhos e deu a volta na cerca - fui eu que te ensinei a fazer o que sabe.

Na verdade, ele não é mais tão bom quanto antes, mas também não esqueceu como se faz para plantar. Eles se ajudaram, quietos, trocando poucas palavras sobre a tarefa e também sobre o dia. Em algum momento Harry tirou a camisa e colocou ela na cabeça para se proteger do Sol, passando seu chapéu para Louis usar e se proteger também. Quando estava quase terminando, a funcionária de Harry (Louis descobriu se chamar Emma, que trabalha como auxiliar na administração e também logística da fazenda) apareceu chamando pelo patrão.

- Preciso do senhor no escritório. Tenho algumas dúvidas em relação ao transporte da próxima colheita e também temos um problema com as notas.

- Tudo bem, eu só vou me limpar antes de ir.

- Eu não me importo em recebê-lo assim.

Ela olhou para Harry da cabeça aos pés, demorando no torso nu, com um sorriso malicioso. Louis arqueou as sobrancelhas para aquilo. O fazendeiro ignorou, como se já estivesse acostumado com as insinuações dela.

- Enquanto eu me arrumo você pode pedir café na cozinha para uma reunião, por favor. Quando Liam chegar do campo, chame ele para vir mais tarde também porque precisamos falar sobre a irrigação.

- Sim, senhor - Emma amaciou a voz como se chamá-lo assim fosse um grande prazer. Harry não dá a mínima importância, apenas se ocupa em recolher as coisas com a ajuda de Louis enquanto a funcionária se afasta.

- O que foi isso? - Louis riu porque era realmente engraçado a coisa toda.

- O quê?

- Emma tem uma quedinha pelo patrão.

- Bobagem, isso não tem nada a ver.

- Oh, por favor, a mulher estava babando com a visão.

- Que visão? - Harry se virou e encarou Louis, desafiante - Não entendi.

- Entendeu sim - Louis balançou a cabeça devagar, dando uma rápida apreciada na pele bronzeada a sua frente - parece que o novo chefe de Olivia's Farm é o homem mais cobiçado da região, uh?

- Não é pra tanto.

- Xander Ritz, Emma, quem mais, O Niall?

- Pare com isso - Harry riu, tímido - o Niall está casado.

- Mas se não estivesse... - Louis provocou, brincando, porque era engraçado deixar Harry sem jeito.

- Definitivamente não, eu - ele se interrompeu e ponderou como dizer - eu me separei recentemente e não quero entrar em outro relacionamento tão logo.

- Entendi - a curiosidade quase pinica a pele de Louis, mas dessa vez ele não pergunta - e Liam, o seu funcionário, ele é solteiro?

- Interessado?

- Acho que não - Louis riu - só tenho curiosidade mesmo.

Os dois deram a volta no jardim em direção aos fundos da casa para se limparem.

- Liam é funcionário de pouco tempo aqui, ainda não falamos muito sobre a vida pessoal dele, mas pelo o que sei, sim, ele é solteiro.

- Ele é legal, queria convidar pra sair - Harry o olhou - como amigos, obviamente, eu também não estou procurando um relacionamento com qualquer um, sou um pai de família.

- Entendi, mas de qualquer forma, acho que ele é hétero.

- Definitivamente não, eu reconheço- Louis riu e ligou a torneira ao lado de fora próximo a porta de entrada dos fundos para os dois lavarem as mãos - Posso ir com vocês ao escritório?

- Claro que pode, quando quiser.


🌾🚜

Antes de ir para o escritório que fica no mezanino da garagem de maquinários, Louis se certificou que Elis estava bem. Ele teve que convencer a filha caçula a comer uma maçã e beber água depois de tomar outra dose do remédio indicado pelo pediatra. Deixou ela assistir desenho em seu celular e saiu.

No escritório, Louis bateu duas vezes na porta e entrou. Liam ainda não estava lá, mas Emma estava sentada em frente a mesa de Harry, parecia nervosa, enquanto o patrão estava estressado com a pilha de papéis em sua frente.

Louis pediu licença e Harry o deixou à vontade, sabia que o primo mais velho estava ali por curiosidade e também para esperar encontrar Liam e não tinha problemas quanto a isso. Problema mesmo, ele tinha era com todas aquelas notas fiscais e extratos bancários na sua frente. Louis caminhou pela sala reformada em silêncio, não querendo atrapalhar a reunião dos dois. Ele passou os dedos na coleção de troféus de todas as feiras agrárias que o avô gostava de participar, orgulhoso pelos prêmios de melhor colheita do ano, pelas capas de revista rural sobre o desempenho exemplar da humilde fazenda e todos aqueles certificados de qualidade e procedência. Ele se distraiu observando a foto da sua avó Olívia no porta retrato do antigo armário do escritório. Ela tinha pelo menos vinte centímetros a menos que o avô, que sempre foi alto, forte, naquela fotografia em especial estavam os dois jovens e bonitos, retratados bem como era juntos; um casal lindo num casamento de mais de cinquenta anos, totalmente leais e apaixonados um pelo outro. Louis sabe que Franklin nunca mais foi o mesmo e nem seria desde a morte de Olívia. Ele ficou mais ranzinza, introvertido e amargando sua viuvez até adoecer.

- Quer um café? - Emma perguntou, trazendo os pensamentos de Louis de volta.

- Eu aceito, obrigado - por gentileza, ela o serviu, tirando o café fresco da garrafa térmica em cima da mesa de Harry.

Harry, que tinha a mão apoiando o queixo e os dedos tocando os próprios lábios, pensativo, concentrado. Preocupado.

- Se o senhor quiser eu posso chamar um contador de confiança - ela prosseguiu com a conversa que já pareciam estar tendo antes de Louis aparecer.

- Eu tenho que analisar primeiro.

- Está tudo bem? - Louis perguntou e Harry o olhou sério - É algo que eu possa ajudar?

- São negócios da fazenda.

- Mas se for sobre administração eu entendo, não é mesmo?

- Você não disse que os negócios da fazenda não te interessam? Que você não queria se estressar com as coisas do vovô?

- Harry, pelo amor de Deus - Louis bufou e sentou na cadeira ao lado de Emma. Ela alternava o olhar entre os dois primos, apreensiva, mas curiosa - isso foi há quase duas décadas e nós já conversamos sobre a questão de desculpas muito recentemente, as coisas não são mais as mesmas, você pode sair da defensiva ao menos uma vez, por favor?

Harry sustentou o olhar no seu, com os ombros erguidos e nariz empinado. Ele está usando o chapéu de Franklin e se o seu sobrenome não fosse Styles e Louis não soubesse que ele veio para a família depois, diria até que Harry puxou seu avô, quase uma cópia assustadoramente idêntica. Todos os traços e trejeitos. Excesso de convivência, com certeza. A diferença era que Harry não é um homem mesquinho e egoísta, ele sabe ser humano e sensível, pelo menos é assim como Louis se lembra dele.

- Emma, você pode sair e pedir para Liam vir daqui a pouco para conversarmos sobre a irrigação, por favor?

- Sim, senhor.

- Feche a porta quando sair.

- Sim, senhor - ela repete - o senhor sabe da feira que vai acontecer no final do mês?

- Eu sei, mas é uma semana antes do casamento de Phoebe e não sei em que pé estamos sobre a correria. Depois conversamos sobre a questão de irmos ou não, você pode ir para casa agora, já fez o suficiente por hoje, muito obrigado.

- Obrigada - Emma fez charme e se inclinou para beijar a bochecha dele, demoradamente. Harry não se moveu, mas reagiu desconfortável com o excesso de intimidade - até amanhã!

Louis segurou a risada até ela sair da sala, mas assim que Emma se foi, ele gargalhou. Harry revirou os olhos, mais irritado do que já estava.

- Pare com isso.

- Ela sabe que você é gay?

- Shiu - sibilou em censura - não fale isso assim, não abertamente, ninguém aqui sabe.

- Eu sei, mas ninguém mesmo? - Louis fez careta - Nem o Niall? - Harry gesticulou negativamente e abaixou a cabeça para os papéis - Não brinca!

- Não finja surpresa, você sabe o motivo - continuou olhando para qualquer coisa, fingindo desinteresse.

- E como sei - Louis se acomodou melhor na cadeira - O Ritz era o seu namorado? Então não é ninguém, porque ele sabe.

- É diferente, você entendeu o que eu quis dizer.

- Entendi. Então, o que é isso aí - apontou para a papelada - Deixe-me ver, dependendo do que for eu posso tentar te ajudar.

Harry empurrou a pilha e esperou Louis olhar, mais sério, deixando as brincadeiras de lado para ser profissional. Ele analisou as folhas separadas por datas e anotações em post-it colorido numa letra corrida, provavelmente feitas por Emma. Ele passa um tempo analisando. Harry serviu uma xícara de café para si enquanto o primo lia os documentos com calma.

Em silêncio, ele não deixa de reparar nas mudanças de Louis. Não só pelas rugas mais expressivas ou a barba rala, mas porque era estranho o ver agora como um adulto, mais amadurecido. O fato de Louis ter se tornado pai, feito mais de uma faculdade, conhecido muitas pessoas, ter viajado para fora do país mais de uma vez a trabalhos e estudos, poderia tê-lo tornado um homem mais sério, mas ele continua sendo aquele Louis de sempre, que brinca, que gosta de provocar todos só para irritar e rir, fazer os outros rirem, ser leve e descontraído. É diferente de Harry, ele mesmo pensa. Ficou tanto tempo preso aos deveres da fazenda e aos cuidados da saúde do avô que não houve muito de bom e alegre a se absorver. Não era como Louis que teve o amor de Laura e das crianças para torná-lo doce e jovial. Harry só tinha a amargura do avô, preocupações, responsabilidades e traumas para carregar com os fardos de terra entre a plantação abaixo de Sol e chuva, dia após dia, ano após ano.

- Por que isso está em papéis?

- Como assim?

- Não tem no computador?

- Não temos computador aqui no escritório.

- Não - Louis riu, de novo - cara, você não tá falando sério. Estamos em 2022, não é possível que você mantenha esse negócio sem um computador.

- Franklin não gosta, ele nunca me deixou comprar um. Ele diz que as únicas máquinas que confia estão em campo e que ele é inteligente o suficiente para cuidar de tudo usando a cabeça.

- Aquele velho é inacreditável - Louis respirou fundo - olha essa bagunça que poderia ser evitada se tivessem separado em pastas digitais, se tivessem usado programações de administração.

- Antes da Era Digital os povos também se organizavam, sabia? Cleópatra não tinha um notebook quando governava.

- Deus - Louis revirou os olhos e jogou os papéis com força na mesa - me explica o problema para eu poder começar a pensar em te ajudar de verdade.

- Hum... eu acho que estourei o orçamento.

- Você ou o Franklin?

- Dessa vez fui eu, a culpa é minha.

- Não foi o que eu ouvi dizer, soube que você estava sendo um excelente administrador da fazenda, que as coisas por aqui estavam se expandindo e fértil, o que aconteceu?

- Estávamos indo bem, é verdade, mas eu acho que fiquei tão focado em cuidar do vovô que perdi o rumo das coisas, me atrapalhei nas contas.

- Não entendi, mas não era só seguir o ritmo? Você já cuidava disso aqui há anos, tem experiência.

- Obviamente, se fosse uma ocasião comum. Eu gastei muito com novos equipamentos na safra passada, mesmo o vovô avisando que eu deveria investir em conserto e não em comprar máquinas novas. Eu só achei que estava na hora porque falhava todo mês e estamos com as mesmas há trinta anos. Depois aconteceu de ele piorar, os médicos e remédios dele foram caros, e eu gastei mais ainda pra trazer ele para casa porque Franklin não queria ficar no hospital. Sabe quanto custou uma semana de serviço de uma enfermeira? E depois teve os gastos com o casamento de Phoebe, eu fui deixando para Emma resolver tudo sozinha... meu Deus, a culpa é realmente minha.

- Calma aí, calma aí - Louis o interrompeu - Não é bem assim também, Harry, você fez tudo o que podia fazer. Só perdeu um pouco o controle financeiro, mas não é um caso perdido, tudo bem? - Harry não respondeu, mas respirou fundo - Tudo bem, sim, então eu vou dar uma boa olhada nisso aqui pelos próximos dias e ver como podemos resolver.

- Isso é injusto, você está de férias.

- Minha mãe vive falando que eu sou viciado em trabalho, talvez ela tenha razão - ele deu de ombros e sorriu reconfortante, tentando convencer Harry de que não seria incômodo - eu estava sofrendo de abstinência sem uns documentos para ler, vai me fazer bem.

- Sua mãe vai enlouquecer se souber que ao invés de aproveitar o verão com as crianças, você está aqui me ajudando com negócios da fazenda.

- Ela já é louca.

- Louis.

- Ela não precisa saber, mas se souber, foda-se, sinceramente. A dona Johanna já perdeu o direito de se meter na minha vida.

Harry o encarou, eles não desviaram o olhar por um tempo incomum. Ele sorriu, apesar de ainda se sentir tenso e estressado.

- Obrigado.

- Não por isso, é um dever meu como Tomlinson também, não é mesmo? O mínimo que eu posso fazer por Olívia é manter esse lugar em ordem.

Uma batida na porta interrompeu Harry de replicar com seus rancores sobre a ausência do restante da família durante os últimos anos.

Seria automático, ele provavelmente diria algo sobre a memória da avó não ter sido uma questão relevante quando todos se foram de vez e deixaram Franklin pra cuidar de tudo só com a ajuda de Harry. Apesar de ser o que pensa, ele até acha melhor que não tenha dito o que pensa. Harry já conversou o suficiente com Louis sobre essas mágoas e problemas. Já reclamou o que deveria reclamar e agora tem que seguir em frente, parar de remoer o passado porque não adianta. O tempo não volta atrás e nada do que ele joga na cara resolveria o que já passou.

Liam entrou na sala pedindo licença. Ele cumprimenta Louis muito animado, eles conversam poucas amenidades, combinam de saírem a noite para beber chopp no Celeiro Ritz e Louis se despede, lembrando que precisa conferir onde Rose se enfiou o dia todo. Ele convida Harry educadamente para sair com eles durante a noite, que recusa porque se aquilo for um encontro e ele estiver sendo um intrometido, seria constrangedor para todas as partes. Louis prometeu voltar no dia seguinte para ler os papéis e tentar ajudar a resolver os problemas.

Quando se retirou, Harry conversou com Liam sobre as tarefas, mas não conseguiu parar de observá-lo atentamente para tentar descobrir se o palpite de Louis de que o seu funcionário também é gay, seja verdade.

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