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30

Harry tem certeza que há muito o que se trabalhar na fazenda.

Quando acordou sozinho, seguiu o silêncio da casa e fez café para si mesmo. Uma xícara era o suficiente, então ele foi para a varanda espiar o dia e descobrir se de lá conseguia ver onde foi parar o seu futuro marido.

Estava sem camisa porque o clima parecia mais quente do que o normal para um dia de inverno e ainda não eram nem onze da manhã.

Na sua opinião, tinha a obrigação de ajudar Louis a trabalhar, afinal de contas, esse era o negócio deles e Harry não pretendia chegar de madrugada chorando na porta de casa para no dia seguinte voltar para Nova Iorque como se não tivesse dado esse passo. Se ali estava ele, então permaneceria. Já era hora de fazer sua parte nesse casamento e cuidar do que era deles, pelo bem do patrimônio que queria preservar para Roselin, Elis e todos os filhos que ainda queria ter com Louis futuramente.

Mas Harry ainda estava triste por Gertrudes e se sentindo esquisito de pisar ali na fazenda de novo.

Certa vez, Phoebe contou sobre sair da casa dos pais dela já adulta e depois voltar para o ninho quando uma situação adversa lhe ocorreu, descrevendo a sensação como se ela fosse parte daquela casa, mas ainda assim deslocada.

À vontade, mas nem tanto.

A sensação para Harry era quase a mesma, a diferença era que agora essa casa o pertencia. Ele espera se sentir realocado assim que voltar para a rotina que fazia antes de partir.

Parado na varanda de chapéu - não mais o de Franklin, agora um que Elis lhe deu de presente no Natal - sem camisa e a calça jeans segurada por um cinto de fivela, terminava o café olhando o campo de algodão.

Estava tudo tão quieto e temia que o motivo fosse o da sua desconfiança: falta de funcionários. Se a situação estava mesmo feia por ali, como Louis havia lhe dito por telefone, provavelmente havia tido cortes de gastos.

Em bons tempos, eles tinham cerca de cento e quarenta funcionários só na mão de obra, em campo, transporte, logística, fora outros dez no escritório, mas não parecia ter sequer um terço desse pessoal circulando por ali agora.

Viajar de avião vindo da costa leste, depois dirigir duas horas em um carro de aluguel até a vila, não foi tão exaustivo quanto ter chorado o caminho todo e a noite toda com Louis. Não era cansaço físico, Harry estava mentalmente esgotado, mas no momento ele precisava se manter útil.

Começou enviando uma mensagem para avisar Louis que acordou e o veria mais tarde. O almoço estava pronto, era só esquentar, provavelmente foi Louis que fez à noite porque estava com o cheiro do tempero que ele gostava. Harry sabe que as crianças estão na escola, que Louis estava ocupado demais no escritório, então ele almoça sozinho e depois de vestir uma roupa mais adequada, vai em busca de alguma tarefa.

Ele conhece esse lugar melhor do que ninguém, então foi fácil encontrar o que fazer. Várias coisas a se fazer, na verdade. Foi visitar sua horta e descobriu que ela estava péssima. As verduras e legumes que havia plantado antes haviam morrido, com certeza por falta de cuidado desde que ele embora. Pegou o material, pá e enxada, para consertar aquela bagunça. Compraria mais sementes quando fosse na cidade devolver o carro que alugou, para isso precisaria da carona de algum dos funcionários, já que Gertrudes não estava mais lá.

Para evitar esse pensamento triste, Harry termina e vai lavar as mãos, trocar de camisa e ver como estão os animais da fazenda.

Viu que Heaven, o cordeiro de Rose, agora na verdade era uma grande e saudável ovelha e que estava muito bem cuidado. Ele fica feliz em saber que Enola e René ainda cuidam dos bichinhos e os dois também ficam felizes em vê-lo de volta. Comentam sobre Harry parecer diferente, mais saudável, mais "bonitão" como Enola comentou e ele dá os créditos a si mesmo por ter aprendido a se cuidar mais, mas sabe que parte disso são os efeitos de se estar genuinamente feliz com sua nova família e se sentindo amado, completamente apaixonado.

Mais tarde, ele decide ir ver Louis no escritório. Ele anda tranquilo e por onde passa os funcionários que cruzam seu caminho ficam surpresos em vê-lo. Alguns cumprimentam mais calorosos que outros, mas sempre foi assim entre eles.

Ele sobe o mezanino para o escritório e bate na porta antes de entrar. Louis estava olhando para a tela do notebook, de óculos para leitura e uma camisa de botões que pertencia a Harry. Parecia concentrado, até vê-lo chegar, depois, ele tirou os óculos, sorriu aliviado e se levantou para abraçá-lo.

- Que bom te ver aqui, eu estava morrendo de saudade - disse antes de um selinho demorado - se sente melhor?

- Vou superar, mas estou melhor sim - Harry soltou Louis para ele voltar ao trabalho e sentou na cadeira paralela à dele - muito trabalho a fazer?

- Não me leve a mal, amor, mas eu tô aliviado que você tenha voltado - Louis disse fazendo careta de cansaço e Harry riu - Preciso tanto da sua ajuda e qualquer mão é bem vinda.

- Tudo bem, vamos dar um jeito. Quantos foram embora?

- Noventa e dois. Como soube?

- É visível. Em bons tempos eram mais de cento e quarenta e em tempos medianos, cento e vinte. Não vi nem a metade disso lá fora o dia todo.

- Tio Adam nem sabia o que estava fazendo, só mandou Emma demitir um monte de gente, sem consulta, sem análises, sem usar a porra da cabeça.

- Que merda - Harry tira o chapéu e passa a mão na cabeça - estamos tão ruins assim?

- Até que nem tanto, mas uma recuperação vai demorar. Tô tentando pensar em alternativas seguras, mas ainda preciso pegar o jeito das coisas por aqui.

- Danielle está aqui ainda? Ela era da logística, mas também auxiliava o RH e entendia bem de administração. Às vezes me ajudava com o que eu mesmo tinha dificuldade.

- Ela pediu as contas quando você saiu. Zayn está tentando negociar a volta de alguns dos demitidos por Adam, mas a maioria se ofendeu e está sendo complicado selecionar entre os que são indispensáveis para imediato e os que vamos trazer de volta só quando pudermos pagar.

- Posso ver a lista? Eu conheço ou pelo menos me lembro do serviço prestado por cada um deles.

- Vem cá - Louis se levantou e ofereceu sua cadeira para Harry sentar e olhar o notebook. Ele aproveita para beijá-lo rápido antes de se afastar - Você pode olhar com calma, eu volto mais tarde pra te ajudar. Preciso ir comer e depois buscar as meninas na escola, mas quando eu voltar conversamos a respeito. Tudo bem?

- Ok.

Louis cruzou com Emma na porta, ela entrou e o cumprimentou antes que ele saísse. Quando a assistente viu Harry na mesa principal, deu um grito de felicidade e correu para abraçá-lo.

Harry gosta do serviço dela, por isso, ficou feliz em saber que ela estava ali para ajudar também. Cumprimentou animado de volta e respondeu as perguntas dela sobre seu paradeiro, contando sobre como Nova Iorque era o oposto da vida ali na fazenda.

Os dois voltaram ao assunto sobre os funcionários. Emma pediu desculpas por ter seguido as ordens de Adam e explicou seu critério de demissão, que deixou Harry contrariado. Ele explica para ela os erros daquilo e de repente, enquanto fala, Emma o interrompeu com elogios:

- Ainda bem que voltou, senti sua falta como patrão - Harry agradeceu, pronto para voltar ao ponto que explicava sobre a burocracia, mas ela interrompeu de novo: - espero que o senhor tenha realmente me perdoado, porque quando foi embora eu percebi que apesar de já saber sentir algo, era muito grande, me fez sofrer demais a sua falta.

- O quê? - Harry deu um sorriso esquisito e assustado. Ele sabia que Emma tinha uma paixão platônica por ele havia pelo menos uns cinco anos (desde que ela foi contratada, para ser mais preciso), mas não a esse ponto de ela alimentar esperanças até mesmo depois de toda a sua polêmica gay que obviamente todos do interior de Louisiana já haviam fofocado.

- As pessoas disseram coisas tão feias e absurdas ao seu respeito, imagina, só porque você decidiu ir embora.

- Eu não decidi ir embora, quer dizer, sim eu decidi, mas o Franklin me expulsou - ele estava começando a se irritar e ia dizer que não era da conta dela, na verdade, mas antes de se defender, Emma se jogou em seus braços, praticamente sentando no colo de Harry num consolo exagerado que ele não quis receber.

Tentou afastar ela sem ser muito bruto, mas o movimento fez a poltrona giratória uma cúmplice da funcionária, que esbarrou as pernas nas de Harry e sentou de vez. Ele dizia, "Ei, com licença!" e ela dizendo sentir muito pela expulsão, e então a porta se abre.

Louis estava sorrindo enquanto anunciava:

- Esqueci a chave do carro aqui - e o sorriso de desfez - Que porra é essa?

Emma continuava lá e Harry teve que tirá-la, furioso, envergonhado e apavorado.

- Lou, não é nada disso que você está pensando.

- Eu não tô pensando, estou vendo.

Louis continua parado, estático em seu lugar. Emma ajeita a saia e olha de um para o outro.

- Amor, eu não... - Harry ia se justificar, até levantou da cadeira, mas Louis ergueu a mão pedindo que ele parasse e se virou praticamente cuspindo fogo na direção de Emma.

- Saia daqui.

- Não pode me demitir.

- Não estou demitindo ainda, estou mandando você sair.

- Harry é o meu chefe, não você.

- Eu sei, e ele também é meu marido, o que me torna seu chefe de qualquer forma.

- Isso é uma piada ou um distúrbio? - ela disse histérica e rindo - Eu sou mulher e você um homem, acha que vai durar quanto tempo?

- Saia daqui. Agora! - Louis gritou apontando para a porta.

- Harry, vai mesmo deixar?

- Você ouviu o meu marido, vá embora.

Emma riu incrédula, pegou a bolsa dela e estava pálida quando saiu pisando raivosa. Louis bate à porta com força, um estrondo alto que não expressa metade do seu ódio, mas tenta respirar fundo porque precisava pegar as porcarias das chaves do carro e dirigir com calma para buscar suas filhas.

- Não foi o que parecia ser.

- Eu tô puto, não fala comigo ainda, deixa eu me acalmar.

- Não quero que se engane, eu juro.

- Eu sei, eu te conheço, mas me deixe sentir raiva - Louis pegou a chave do carro e disse antes de sair: - vamos conversar mais tarde.

🌾🚜

A noite estava caindo, o céu tinha aquele tom lilás, quase escuro e o frio que não fez durante o dia, agora fazia o dobro em compensação. Depois de preparar o jantar e falar ao telefone com Claire e Anne, Harry estava sozinho, sentado na varanda. Vestido com um casaco velho e o seu chapéu novo, Harry raspava uma bota na outra por distração, apenas apreciando a vista e descansando. Ele escutou a voz de Franklin e do enfermeiro vindo da cozinha mais cedo, mas nem se deu o trabalho de dar as caras, já teve confusão o suficiente naquele dia.

Louis estacionou o carro popular na frente do casarão, aquele que ele já tinha desde que morava em Nova Orleans. A lataria e os pneus estavam sujos de barro seco e os vidros de poeira. Se fosse uma caminhonete (se fosse Gertrudes) com certeza não estaria tão ruim assim. Harry está pensando sobre a necessidade de um carro melhor para a família e que quando as coisas melhorassem deveria ser a primeira coisa a adquirir.

Outra coisa da qual ele não conseguia parar de pensar, era em sua sobrinha, Claire.

Louis estava carregando no ombro a mochila escolar de Elis, que corre na frente com Rose para abraçar o padrasto. É a primeira vez que se viram desde que ele voltou, então tem um pouco de emoção, sorrisos e abraços apertados.

- Meninas, vão para o banho, o Harry vai conversar com vocês pra matar a saudade quando nos reunirmos para jantar - Louis entregou a mochila para Elis e elas fizeram o que ele pediu, deixando ele para trás - Você está bem?

- Eu é que te pergunto, você saiu nervoso. Não deveria nem ter deixado você dirigir.

- Desculpe, não foi com você.

- Não mesmo? - Harry perguntou um pouco apreensivo e Louis parou encostado de costas no parapeito com os braços cruzados e o rosto sério - Não queria você chateado daquele jeito, não foi legal o que aconteceu, eu sinto muito.

- Antes de nós dois voltarmos a ficar juntos eu lembro do quanto ela tentava investir em você, ela nem sabia que você é gay, mas você sabia e não fazia muito pra cortar essa atitude invasiva da sua funcionária - Louis estava mantendo o tom da conversa normal, apenas para ficar entre os dois e Harry ouvia com atenção porque deve, porque é assim que eles combinaram de resolver suas questões de casal - Semana passada ela tentou a mesma coisa comigo - revelou, fazendo Harry se mover desconfortável, tirando de seu rosto uma expressão nada boa, ciúmes e raiva - É uma atitude desesperada e constrangedora, mas eu dei um basta de uma única vez, deixei bem claro quem eu era e o que queria, pra não se repetir.

- Você quer que eu demita ela?

- Não, não temos condições de demitir ninguém nesse momento. Infelizmente nós precisamos do serviço básico da Emma. Eu quero que você mude sua atitude diante dela, ou qualquer outra pessoa que fizer algo parecido. Quero que se posicione como patrão e um homem casado. Nós estamos vivendo juntos, você não assinou os papéis ainda, mas já deveria agir como meu marido.

- Tem razão, me desculpe.

Louis se aproximou parando em pé entre as pernas de Harry. Tirou o chapéu dele que estava em seu caminho e deixou um beijo carinhoso em sua testa, segurando as laterais do rosto dele para também olhar em seus olhos.

- Eu sei que você é o homem mais honesto e leal que eu já conheci na minha vida, sempre dando todo o seu coração pra ser justo, pra ser bom, então eu não pensei em nenhum momento que estava me traindo e não porque conhecia as atitudes de Emma, mas porque conheço as suas, e confio em você - Louis diz falando baixinho, enquanto Harry tem a cabeça inclinada para olhar em seus olhos e segura a sua cintura com as duas mãos - além disso, você é muito gay, muito gay mesmo.

Eles riram e deram um selinho.

- Chato, o que mais? - Harry perguntou, porque também o conhecia e sabia que tinha.

- Não sei se foi só isso o que me deixou chateado, deveria ser, mas se eu for sincero não foi exatamente o motivo principal.

- E o que foi?

Louis escorregou até sentar em seu colo e abraçar Harry.

- Aquilo que ela disse.

- Eu nem me lembro, fiquei tão nervoso na hora, também senti raiva.

- Ela não estava levando nossa relação a sério. Não respeitando quem somos, falando como se fosse um caso à parte. Eu me senti mal e não foi só por mim, ou por nós, fiquei me sentindo mal por você, tomando suas dores.

- Por que?

- Porque eu te amo.

- Não, eu sei disso - Harry riu e relaxou para deixar Louis mais a vontade em seu colo, recebendo carinho em seu braço esquerdo - quero saber quais dores minhas estava tomando.

- Você enfrentou o Franklin, a família toda, as suas inseguranças, até estar aqui assim, confortável para viver sua vida como merece, pra ser você, mas parece que vamos ter que continuar enfrentando todas essas pessoas desse lugar com gente sem respeito.

- Não se preocupe com isso.

- Eu me preocupo com o que você sente.

- Sinto indiferença. Nunca me importei com a opinião dos outros, só me importava a opinião de quem eu amava e tinha relevância na minha vida. Infelizmente, por muito tempo Franklin fazia parte desse círculo de pessoas, mas já superei e não importa mais a dele também. Quem for trabalhar na minha fazenda vai ter que ter respeito. Quem for pisar os pés nas nossas terras terá que ter respeito por mim, e pela minha família. É assim que vai ser.

Louis está sorrindo daquele jeito que Harry sabe o que significa. Bobo.

- Você fica muito gostoso falando como um patrão.

- É porque eu sou.

- Você é - Louis o beija calmo, tranquilo, mas um rangido no assoalho da varanda e uma leve batida na parede os interrompe.

Franklin estava na cadeira de rodas, guiado por Pedro, num desses passeios que ele precisa ter diariamente para não mofar no quarto.

Os olhos do avô deles não desviou, Franklin nem tentou disfarçar o nojo e a descrença.

- Se vão fazer essa sem vergonhice não deveria ser pra todo mundo ver, que falta de...

Harry ficou tenso debaixo de Louis, que respondeu instintivamente:

- Não enche, supera, ou eu te mando pra um asilo agora mesmo, daí você não vai mais precisar ver nada que não queira.

Franklin fica quieto, mas carrancudo e não desvia o olhar. Pedro está meio sem jeito, sem saber o que fazer ainda e Harry estava se sentindo tão esquisito que acabou rindo sem querer.

- Pedro, desculpe o humor do caralho, leve o vovô pra dormir, por favor - Louis pediu em espanhol, só para irritar o velho mais ainda - e depois, se quiser, junte-se a nós para jantar.

- Sim, senhor.

- Buenas noches, Franklin!

- Deus tenha piedade - o velho resmungou para si mesmo, enquanto Pedro manobrava a cadeira que travou brevemente na madeira do piso, e finalmente voltou de onde veio.

Harry continua rindo.

- Temos que conversar sobre outra coisa antes de entrar, é sério.

Louis se levantou para sentar todo desleixado na rede ao lado

- O quê? - Harry perguntou.

- Claire.

- Ela também te ligou?

- Sim, hoje a tarde. Qual foi a última vez que você falou com ela?

- Agora a pouco.

- Então...

Os dois entram no assunto, sobre o que souberam através da sobrinha.

Claire estava no oitavo mês de gestação. Ligou para os tios porque não sabia mais a quem recorrer. Segundo o que ela os contou, Phill não aceitou nada bem a situação. Se chateou a ponto de impor que Claire se casasse com o sujeito com quem ela se relacionou. O problema era que Claire tinha tido apenas uma noite com o garoto, um rapaz da cidade que conheceu na internet. Ela o procurou, ele não quis assumir a paternidade e desapareceu. De qualquer forma, ela também não queria um bebê ainda. Errou, se corrói de culpa e pelas consequências de sua imaturidade, mas ela não conseguia ir adiante. Claire tentou o aborto legal, mas era tarde demais. Ela tentou o perdão e apoio de Phil, mas ele estava irredutível. A mãe de Claire já havia falecido há muito tempo, então ela só tinha os Tomlinson para contar. Estava desorientada e emocionalmente instável. Quando ligou para Harry foi porque via nele o responsável que cuidava dela três meses ao ano, seu tutor e uma figura paterna. Louis, porque sentia confiança nele, era o seu tio preferido. Claire lembrou que ele guardou seu segredo e que cuidava de Roselin da maneira que ela queria ter sido cuidada.

Ela pediu ajuda, um conselho, um amparo, qualquer coisa. Queria ter ouvido as instruções na educação sexual da escola, mas nem tinha tido o suficiente disso, muito menos em casa. E sendo honesta, ela não era totalmente ignorante, sabia que deveria ter tido cuidado.

Estava arrependida, mas era tarde demais.

Também estava sozinha, confusa, apavorada, desorientada e quase sem esperanças. Não tinha para onde ir e nem como cuidar da própria vida, quem dirá de uma criança.

Ela queria voltar no tempo, mas não podia. Queria terminar os estudos, ter mais tempo para ser jovem e errar com coisas bobas do tipo ter direito a se atrasar e dormir até mais tarde, erros inofensivos que não envolvam outra criança além dela mesma. Se sentia egoísta em pensar dessa forma, mas era a verdade. Tinha que ser realista.

Se lembrar dela dizendo isso aos prantos no telefone fez Louis chorar agora. Ele chora porque também tem uma filha quase da mesma idade e uma outra ainda muito nova, mas que ele vai fazer de tudo para que tenham todo o cuidado quando se trata desse tipo de coisa. Ele não quer que suas filhas passem pelo desespero que Claire estava passando nesse momento. Harry parece entender, porque dá espaço e um momento para Louis chorar baixinho e sentir aquela agonia, enquanto ele mesmo reflete sobre a situação, sobre a raiva que sente a respeito, sobre o pesar e também sobre seu desejo de fazer algo para ajudar a sobrinha dele.

- Sei que também quer ajudar.

- Obviamente - respondeu Louis, secando o rosto e deitando o corpo todo na rede para encarar o teto enquanto Harry continua no canto, sentado, beliscando os lábios.

- Pensei em algumas coisas a se fazer, mas queria saber se você está de acordo antes de propor para Claire.

- Você e o seu coração gigante, sempre querendo dar tudo de si para ajudar a família. Se isso for te machucar mais tarde, eu não aceito.

- Ok, me escute primeiro e depois você pode me dizer se estou sendo radical. Talvez eu esteja mesmo entregando meu coração inteiro para essa situação e seu papel será me frear, tudo bem? - Harry arruma a postura, mas Louis continua deitado, escutando o que ele tinha a dizer: - Trazemos Claire para cá e ajudamos ela com o fim da gestação e as primeiras semanas após o nascimento. Aqui cuidaremos dela e do bebê, daremos tempo e estabilidade para ela decidir o que quer de vez da vida. Se a escolha dela for assumir a criança, a gente ajuda, deixa os dois aqui, temos nove quartos nessa casa que ela também tem direito de estar. Mas se ela não quiser ficar com a criança, eu peço para a minha mãe deixar Claire ficar com o meu quarto no apartamento dela em Nova Iorque, para terminar os estudos por lá, talvez fazer uma faculdade, sei lá, seguir a vida dela como quiser. Tenho certeza que Anne adoraria ajudar de alguma forma porque esse instinto de proteção eu sei muito bem de onde herdei.

- E se for essa segunda escolha, como fica o bebê?

- Aqui?

- Harry.

Louis ergueu a cabeça primeiro e depois se sentou.

- Espaço é o que não falta.

- É coisa séria, não estamos falando sobre ficar com um cordeiro como o de Rose ou com a porcaria do Franklin, estamos falando de um bebê!

- Um bebê Tomlinson - Harry pontuou rapidamente, fazendo Louis se calar e o encarar pensativo, de lábios entreabertos enquanto respira pela boca - Claire é muito jovem, mas até uma mãe jovem pode ter aquele instinto materno que nasce junto com a criança. Se isso não acontecer, se ela não quiser de forma alguma, nós não vamos forçar a barra só porque demos abrigo para ela porque já tem gente demais julgando. Vai ter gente o suficiente para criticar. O que a nossa sobrinha precisa agora, Louis, é de dois adultos para orientar e tentar fazer algo melhor como responsáveis já que o idiota do pai dela não se preocupou o suficiente em fazer desde esse drama acontecer. Então podemos dar o benefício da dúvida, podemos dar também o benefício de que ela volte atrás de sua escolha no futuro quando for adulta e seguir seu próprio caminho. Porque essa criança vai estar aqui sendo criada por nós dois, se assim ela quiser. Se você também quiser. Nós podemos dar o sobrenome de Tomlinson, podemos alimentar, dar educação e a garantia de uma vida digna que não temos certeza se no sistema de adoção ele teria a mesma sorte. E caramba, ele não precisa ir para a porra de um abrigo se podemos fazer isso, se ele já tem uma família bem aqui, é apenas... - Harry percebe que está falando demais e que a voz está começando a embargar, agora ele tem isso de poder chorar facilmente. Ele respira fundo porque apesar de não se repreender mais pela vontade de chorar, não se sente completamente confortável em se derramar a todo instante, principalmente quando precisa manter a postura para resolver uma coisa bem séria: - é apenas uma criança e dois adultos que podem fazer o que tem que ser feito.

Louis permanece em silêncio, ele apoia o cotovelo nos joelhos e fica cutucando o canto das unhas enquanto pensa a respeito. Demora um pouco. Harry está com vontade de fumar, de novo, mas ele se controla porque o objetivo é se livrar de vez desse vício.

- Ok - Louis disse.

- O quê?

- Você está certo. Podemos fazer isso.

- Jura?

- Você tem dúvidas? - Harry negou, balançando a cabeça - Que bom, porque eu também não tenho mais, você me convenceu com esse discurso todo.

- Não acha que eu estou me doando demais? Igual fiz com Franklin.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

- Certo. Só tenho medo da gente se apegar demais ao bebê e ela voltar depois de já ter vivido a juventude dele e pegar a criança da gente, mas é um pensamento sobre uma possibilidade futura, sobre uma coisa que a gente nem tem como saber se vai funcionar ainda e de qualquer forma, podemos começar a trabalhar na ideia mais mente aberta, como dar amor de pais e tratar ele como filho, mas sempre lembrar que ele tem uma mãe.

- Querido, desacelera - Louis finalmente riu, encantado pela animação de Harry. Ele balança a rede um pouco para frente para alcançar sua mão. Pega ela, brinca com o anel de noivado do outro e fala com carinho: - Um passo de cada vez para fazer isso funcionar. Tudo isso não depende só de nós dois, eu queria que fosse, mas não vai ser fácil. Pelo menos vamos tentar, ok?

- Tá.

- Temos que lidar com Phill também, não sabemos como ele vai reagir. Eu já estava planejando ligar para a família amanhã com a sua ajuda, conversar com todos os Tomlinson, um por um, pra gente explicar a situação da herança de Olívia, sobre como pretendemos recuperar o funcionamento da fazenda...

- Podemos aproveitar e convidar para o casamento.

- Sim, isso também. E se a Claire concordar nós vamos avisar que ela vem morar conosco por enquanto. Sem mais explicações porque não é da conta de ninguém. Se não ajudaram a menina até agora, ninguém tem que dar palpite, nem mesmo o Phill. Ele escolheu emancipar Claire, então ela mesma vai tomar essa decisão.

- Certo.

Louis se estica e dá um selinho em Harry antes de se levantar para entrar no casarão.

- Agora, respire fundo e se acalme, por favor. Vou entrar e ajudar Elisabeth com o dever de casa.

- Posso fazer isso?

- Se quiser, tudo bem, ela está louca para te mostrar o que já sabe escrever. Eu coloco o jantar com a ajuda de Rose enquanto isso.

Harry observa com carinho Louis se afastando, mas antes dele entrar, se lembra da pergunta que estava para fazer desde Nova Iorque. Ele o chama:

- Ei, chato.

- Diga, bebê - Louis parou, colocando uma mão no batente da porta (a mão que tem uma aliança no dedo) retribuindo o olhar amoroso.

- O que você quer ganhar de presente de casamento?

Louis sorriu mostrando as rugas no canto dos olhos e os dentes pequenos. Ele está com a barba crescendo de novo, fica muito charmoso e combina com os fios brancos nas laterais do cabelo castanho. Maduro, bem crescido, mas tão lindo quanto aquele jovem por quem Harry havia se apaixonado no verão de Louisiana.

Harry está apaixonado, de novo, e de novo.

- Escreva uma música sobre nós dois e cante ela na colina.

🌾🚜

a próxima att será a última

volto em breve!

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