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Estou tão feliz por Cotton Candy,
e feliz por ter vocês como leitores.


O grande momento chegou!

Me dêem de presente de
aniversário vários comentários :)

🌾🚜

Era o dia dois de janeiro, com aquele ar de novos tempos.

Mesmo nessa época do ano, o interior de Louisiana não costuma ser tão frio quanto o restante do país. Durante o dia tinha aquele Sol capaz de livrar os humanos de casacos, um Sol que, parados ao ar livre e exposto nele, a gente sente a pele arder, mas na sombra nos arrepiamos e à noite o vento era gelado.

Louis viajou durante a noite com frio, dirigiu por seis horas, mas chegou de manhã e se sentiu quente. Parecia vestido para uma festa, foi o que Elis disse saindo de Nova Orleans, mas ela também estava muito linda, assim como Rose. Suas filhas vestem botas e um vestido lindo, com um suéter de botões leve e meias-calças de linho fino. Louis vestia alfaiataria e óculos escuros.

Se perguntassem para qual evento eles estavam indo, Louis diria: a virada dos ventos em suas vidas.

A virada de vento, que contribui muito nos fatores da colheita. Para onde o vento sopra o clima, para onde leva as sementes, para onde joga a direção dos galhos. Como o vento saudável e limpo ajuda na fertilidade da terra.

A virada dos ventos em sua vida.

Louis desceu do carro, pisando naquela terra com o pé direito. Não é um homem muito supersticioso, nem místico, apesar de ter fé em algo bom no universo sem saber o quê exatamente.

Ajeitou as dobras das mangas da camisa ¾ em seu antebraço e os óculos escuros enquanto olhava para o casarão com uma sensação ardendo no peito que não tinha nada a ver com o Sol de inverno, era uma sensação de... ah, a virada dos ventos em sua vida!

- Pai, eu sei que acabamos de chegar, mas já posso ir ver o René? - Louis não tirava o sorriso vencedor do rosto enquanto encarava a varanda do casarão à sua frente. Rose se aproximou e pegou na mão dele para ter atenção, mas Louis já a ouvia: - Levo a Elis comigo, sei que o senhor vai precisar de um momento a sós para conversar.

- Quando você se tornou tão madura?

Olhou orgulhoso e complacente para a filha, beijou a mão dela que estava na sua e em seguida ela saiu levando consigo a animada Elis, como havia dito.

Então, lá foi ele, caminhando de cabeça erguida e carregando uma pasta cheia e uma entre as várias malas com suas coisas que vieram para ficar.

Chegou como se a casa fosse sua, porque de fato era. Foi direto para a cozinha e apesar de já ter parado para comer na estrada com as meninas, ele faz questão de provar o bolo de laranja protegido pelo mosqueteiro na bancada. Sentou e se serviu de café, aparentando calma e sem pressa, mas fazendo barulho proposital para chamar atenção do único morador e provavelmente dos dois funcionários caseiros que sabia que estavam ali.

Minutos depois, um enfermeiro com características latinas surge empurrando a cadeira de rodas de Franklin. Mark já tinha avisado que os filhos se uniram para contratar um enfermeiro para o velho, além do casal de caseiros, já que Harry tinha ido embora.

- Você está horrível - Louis brincou quando o viu.

- O que está fazendo aqui?

- Ei, se acalma aí, fiquei sabendo que o seu coração tá nas últimas.

- Saia da minha frente, saia dessa casa agora! - Franklin se virou com dificuldade na cadeira para ordenar ao enfermeiro: - Tire esse sujeito da minha casa!

- Desculpe senhor, eu não sei quem é, mas o Senhor Franklin não o quer aqui e não pode passar por estresse.

- Eu é que peço desculpas pela minha indelicadeza. Sou Louis Tomlinson, seu patrão - esticou a mão para o enfermeiro que apertou de volta, meio confuso - E você quem é?

- Pedro Ruiz, o enfermeiro - se apresentou - sou Argentino.

Como o mundo dá voltas. Louis olha imediatamente para Franklin com um sorriso irônico e o velho sabe o que sua expressão significa, a satisfação de ver o homem estar sendo cuidado por um latino, quando foi xenófobo a vida toda, principalmente com Laura diversas vezes ao telefone e na única vez que se viram.

- Interessante, então também fala espanhol?

- Com certeza.

Louis usa o espanhol que estudou por dez anos com a ajuda da falecida esposa. A intenção era Franklin não entender mesmo. Ele explica ao enfermeiro:

- Ruiz, infelizmente eu sou neto de Franklin, mas felizmente sou o verdadeiro dono dessa fazenda ao lado do meu futuro esposo, Harry. A partir de hoje vamos morar aqui e tomar conta das coisas - se esforçou para ser compreendido, apesar do enrosco na língua e o sotaque forte - Foi meu pai Mark que te contratou, certo? - O enfermeiro também respondeu em espanhol que sim - Peço licença para você porque preciso ter uma conversa a sós com o velho - Franklin estava olhando confuso e surpreso pelo idioma que Louis usava - Você pode ficar perto, mas use seu tempo livre para ligar para Mark e confirmar o que eu te disse. Volte mais tarde para cuidar do doente, por favor.

Pedro travou a cadeira de rodas por segurança, sentindo firmeza e verdade nas palavras do patrão. Ele avisa em inglês antes de se retirar:

- Estarei almoçando na varanda e aproveito para fazer a ligação. Se o senhor precisar de mim é só chamar que eu venho.

- Ei, volte aqui seu incompetente! - Franklin gritou - Eu disse para não contratarem um esfomeado preguiçoso, ainda faltam vinte minutos para o almoço dele e ele já vai sair.

- Você vai ter que lidar com esse seu ódio e aprender a tratar o seu enfermeiro com respeito a partir de agora.

- Não me diga o que fazer.

Louis ignorou e abriu a pasta, tirando o convite bonito em papel cartão. Foi feito com a ajuda de Rose e Elis em versões impressas e digitais. Tinha desenhos de botões de algodões dourados como a letra corrida contendo os nomes dele e de Harry além da data e o local da festa. Ele passou para o avô ler com a mão em que seu anel de noivado estava, de forma proposital e demorando, só para se exibir.

Franklin puxou o papel, vestiu seus óculos de leitura e mesmo assim, parecia com dificuldade de ler ou talvez só de aceitar o que estava escrito.

- Harry não queria te convidar a princípio, mas eu faço questão que assista nós dois subindo a colina, afinal de contas, é tradição da família. Então ele concordou comigo. Agradeça a ele depois, você vai adorar o buffet e a música.

- Você está tentando me matar.

- Não, eu te odeio e adoraria me livrar da sua presença, mas não sou um assassino.

- Isso não vai acontecer aqui.

- Vai sim - Louis sorriu, cínico e provocando - escolha seu terno!

- Essa fazenda carrega o nome da sua avó e você vai desonrar ela, vai desonrar as tradições de família com o seu pecado, não tem vergonha?

- Muito pelo contrário, eu estou sendo mais honesto com Olivia do que o senhor veio sendo. Disse que só me aceitava aqui porque a vovó me amava e você respeitava as escolhas dela, mas na verdade só aceitou minha presença por medo que eu me rebelasse e corresse atrás de saber dos meus direitos. Se tivesse tido respeito e honrado a minha avó, teria sido honesto a respeito dos desejos dela.

- Isso é ridículo, você querer dizer que se importa com sua avó enquanto sobe a colina com outro homem. Tudo isso é ridículo!

- Não, - Louis balançou a cabeça, perdendo o grau de sarcasmo, porque começou a se sentir irritado - não venha me dizer que o meu amor é ridículo, mas principalmente, não me diga que eu não me importo com Olivia porque você não tem moral nenhuma.

- Moral? Você nem é homem pra vir falar de moral comigo, seu moleque, não sabe nem ser homem de verdade, você...

- Chega, eu não tenho que ficar aqui te ouvindo porque não me interessa sua opinião de merda! - Louis jogou os papéis sobre a mesa de centro ao lado da cadeira de rodas e cruzou os braços - Já que o senhor diz tanto sobre o que é ser ou não um homem de verdade, seja homem pra admitir olhando na minha cara agora, que essa fazenda nem é sua.

- Do que você está falando? - o pânico parecia tomar a face do velho lentamente, enquanto ele se dava conta de estar encurralado.

Por um momento, Louis até cogitou a possibilidade de Franklin, na sua velha ignorância e atraso em interesses legais, nem saber que Olivia tinha registrado esse testamento com os advogados dela e de Robert presentes em cartório. Talvez ela tivesse mantido aquilo só entre ela e o filho mais velho e Franklin se guiou pelo instinto patriarcal quando ela se foi, só continuando a cuidar de tudo como se fosse dele, mesmo que sempre tenha sido dela. A fazenda carrega o nome dela, Franklin mesmo disse, desde que os avós de Olívia trocaram a produção de laranja por algodão no século passado e batizaram em homenagem à neta que já estava prometida a cuidar de tudo aquilo quando fosse sua vez. Isso nunca foi de Franklin e mesmo ela amando o marido, se Olivia achou melhor que seus netos e filhos herdem e sigam cuidando dessas terras por ela, então é isso o que Louis e Harry farão.

- Fiz questão de convidar a minha advogada e o advogado da Anne, para tratarmos disso ainda hoje, logo eles chegam para almoçarmos juntos e conversar de forma civilizada. E Harry acionou o advogado do senhor para ser de uma forma justa porque, veja bem, eu não tenho o coração tão bom como o dele.

- Não me venha com essa - Franklin resmungou, mas Louis não deixou ser interrompido:

- Se dependesse de mim eu te colocava na rua assim como você fez com aquele que deveria tratar como seu neto, mas em respeito ao que o meu noivo deseja e a memória da minha avó, eu deixo você morar no casarão com a gente.

- Essa casa é minha.

- Você sabe que não é e estamos te dando a chance de pelo menos ficar, sem precisarmos apelar para a justiça. Já pensou, que cansativo seria passar o resto da sua vida medíocre tendo que se defender de processos por tomar posse do que nem é seu?

- Vocês são ingratos.

- Ingratos pelo o quê, se você tirou nossos direitos, me humilhou durante a infância e depois fez pior com Harry que cuidou de você a vida toda? Ingrato é você! Agora, aceite logo a nossa oferta, estamos te dando um lar e tratamento médico.

Os dois se encaram afinco. Esses olhos azuis, o formato do rosto, o nariz apontando para cima... Louis sabe que herdou todos esses traços. Diferente da sua determinação, força, honestidade, teimosia e senso de justiça que ele sabe que tem tudo de sua avó. Isso o conforta, Louis se sente mais como Olivia do que com o velho Tomlinson.

- Eu não quero.

- Bom, quem disse que eu me importo? Se quiser ir embora vá logo que é um favor que me faz, mas se eu estivesse no seu lugar aceitaria morar conosco, porque nenhum dos seus filhos e netos vão querer receber sua amargura em casa. Aqui, pelo menos, terá Harry que mesmo com tudo o que você fez para ele ainda se preocupa de verdade. Eu já nem tanto, mas já que ele faz tanta questão...

- Eu trabalhei a minha vida toda aqui.

- Finalmente vai descansar, não estamos te contratando, só oferecemos abrigo.

Louis guardou os papéis, batendo eles agrupados sobre o balcão para ajeitar, enquanto Franklin o encara cuspindo fogo pelas ventas.

- Você se diz melhor do que eu, mas não tem nada no coração, nem um pingo de piedade.

Louis se virou, olhando em seus olhos com ódio, mas mantendo o sorriso confiante antes de dizer:

- Gente igual o senhor não precisa de piedade, precisa de um choque de realidade e a realidade é essa, Franklin: você colhe o que planta.

🌾🚜

A primeira semana foi muito difícil.

Na primeira noite na fazenda, Louis se sentiu emocionalmente sobrecarregado. Ligou para Harry assim que conseguiu ficar sozinho e chorou no telefone, contando sobre o dia pesado para o noivo e recebendo todo o apoio e carinho que precisava para seguir em frente no dia seguinte. Ter se feito de forte na frente do avô, não significava que por dentro Louis não estivesse passando por um momento difícil.

Mas então, no segundo dia ele acordou quase com o Sol nascendo e foi ao trabalho.

Seguiu as instruções de Harry: abriu o escritório, liberou os funcionários noturnos, tirou leite (com muita dificuldade) das vacas que criavam para o uso no casarão e deu aos funcionários (era uma cortesia diária da fazenda) e por volta das oito da manhã, procurou Emma, a assistente administrativa, e Danielle, a mulher que chefiava a logística da fazenda.

Procurou também por Liam, mas dos três Liam só encontrou a assistente.

- Bom dia, senhor Louis? - ela cumprimentou surpresa quando entrou no escritório e o viu sentado de frente para uma pilha de papéis atrasados. Também carregava o notebook dela e uma bolsa na mão, pronta para sentar no lugar dela na outra mesa.

- Bom dia, Emma. Sabe se Danielle e Liam já chegaram? - Ela deu uma risada curta, como se achasse graça à pergunta óbvia - O que foi?

- Eles não trabalham mais aqui.

- O quê? Como assim não... eu falei com Liam em novembro e ele estava aqui.

- Mas saiu em dezembro. Corte de 70% do pessoal antes do natal.

- Que porra é essa?

- Harry foi embora, o Sr. Franklin estava doente e deixou que os funcionários tomassem conta das atividades, mas acho que não funcionou porque estava tudo uma bagunça. O outro Sr. Tomlinson veio e demitiu 70% para não ter falência.

- Qual outro Tomlinson?

- Adam Tomlinson, o seu tio. O senhor Franklin disse que para decisões extremas deveríamos procurá-lo e se o seu avô estivesse num dia ruim por causa dos remédios, eu deveria ligar para Adam. Em dezembro não tínhamos recursos e nem lucros mesmo depois da época de colheita no outono, então eu liguei e ele me disse para demitir 70% e trabalhar com aqueles que sobrasse.

- Impossível - indignado, Louis abriu o notebook que trouxe com os dados da fazenda que organizou durante os meses em que esteve fora resolvendo a papelada da posse. Ele passou um tempo analisando o quadro de funcionários de julho a novembro e Emma se aproximou para ajudar, ficando ao seu lado e olhando os gráficos. Ele apontou para ela na tela: - 70% dos funcionários equivalem a noventa e duas pessoas. Você demitiu pessoas com família e uma vida aqui, e de onde tirou indenização para tudo isso de gente?

- Não indenizamos - ela fez careta, como se percebesse só agora pelo tom de voz dele que havia feito besteira - Desculpa senhor, eu não entendo de gestão pessoal e as duas pessoas do RH que trabalhavam quando o Harry estava aqui, pediram as contas em solidariedade à expulsão dele. Tudo ficou em minhas mãos, mas eu não sei fazer essas coisas, só estava seguindo as ordens do senhor Franklin e do seu tio Adam.

- Você não tem ideia do que fez mesmo. Essas noventa e duas pessoas podem recorrer à justiça e nos processar. Isso seria um rombo tão grande que provavelmente não sobraria um pedaço de terra pra contar história.

- Meu Deus - ela colocou a mão sobre a boca.

- Pois é, meu Deus!

Apesar do acesso de raiva, Louis respirou fundo porque a culpa não era toda dela.

Apoiou o rosto sobre as palmas das mãos, tomando um tempo para pensar por onde começar a arrumar aquela bagunça, quando sentiu as mãos fazendo massagem levemente em seu ombro e ao mesmo tempo de forma um pouco endurecida, quase espinhosa.

Ele se afasta instintivamente e assustado, de imediato, olhando para trás com os olhos esbugalhados.

- O que está fazendo?

- O senhor está muito estressado, mas não se preocupe, é um ótimo administrador e agora que é dono da fazenda, vai recuperar tudo - ela disse amaciando a voz e se aproximou dele tocando o quadril na mesa, tentando fazer um charme exagerado que só causou enjoo em Louis - estou aqui para te ajudar.

Ele chegou no dia anterior, discutiu com Franklin, recebeu os advogados num almoço, discutiu mais um pouco com Franklin até o velho dar o braço a torcer e ir para o quarto com Pedro. Depois Louis procurou suas filhas, descansou com elas, ligou para Harry e dormiu. Mas tinha certeza absoluta que menos de um dia seria o suficiente para toda a região saber por fofocas que o neto voltou com dois advogados tomando posse da fazenda. Provavelmente por motivos deduzidos e distorcidos nas fofocas, mas que ele agora era o dono, isso todos com certeza já comentaram.

Essa atitude desesperada de Emma não o chocava, no entanto. Liam o avisou por mais de uma vez que o sonho da funcionária era se casar com algum Tomlinson para se tornar patroa também.

- O que a senhorita está fazendo é uma falta de respeito sem tamanho. Está vendo isso aqui? - ele ergueu a mão com a aliança - Sou um homem comprometido e pai de família. Se você não me respeitar, eu serei obrigado a fazê-la a ex funcionária de número noventa e três e eu não quero ter que tomar essa infeliz decisão, Emma, porque aposto que você precisa do emprego e a única ajuda que preciso vindo de você no momento são os seus serviços administrativos pelos quais eu pago, entendeu? - Ela se afastou lentamente, anuiu e voltou para a mesa dela - Ótimo, a partir de hoje usaremos o computador no lugar desse método arcaico de Franklin. Me passe seu e-mail que eu vou te enviar uma lista de tarefas. Temos muito trabalho a fazer.

🌾🚜

Então, esse era o sétimo dia de uma semana cheia de trabalhos em Olivia' s Farm.

Até mesmo Roselin se ofereceu para ajudar no escritório como podia. Às vezes, Louis deixava ela tomando conta de coisas mais simples para auxiliar Emma nas tarefas e se revezava com a filha para tomar conta de Elisabeth, porque na maior parte do tempo ele tinha que estar em campo ou na garagem, fazendo o serviço braçal e tentando fazer tudo voltar a funcionar com a pouca mão de obra e recursos que tinham.

Louis pediu a ajuda de Zayn que ajudava de forma remota a conseguir negociar empréstimos com bancos para acelerar a recuperação de produção e na recontratação de funcionários. Eles não eram especialistas nisso, mas sabiam o suficiente para negociar e trazer aos poucos o que dava e que cabia no baixo orçamento do semestre nas contas da fazenda. Tinham esperanças de ter todos de volta em até um ano. Liam foi o primeiro a voltar num acordo que ele mesmo propôs. Quando soube da volta de Louis e a história do amigo, se ofereceu para ajudar sem receber pelos primeiros meses e depois ter um salário mais alto do que recebia antes. Era um bom negócio e fazia sentido para as previsões de recuperação do capital.

Franklin saía do quarto poucas vezes ao dia e todas elas quando Louis estava fora. As únicas cinco vezes que se cruzaram, foram próximas ao horário de refeição quando Pedro tirava um intervalo e se juntava à mesa com a família por convite de Louis, e Franklin vinha até ele pedir alguma ajuda ou reclamar por remédios.

Pedro é um ótimo profissional, muito sério e concentrado, mas Louis não gosta da maneira racista e xenófoba como Franklin fala com o enfermeiro. Ele vem tentando corrigir essa situação, pegando no pé do avô que finge que Louis não existe e que não estava morando naquela casa, toda vez que ele ordena que Franklin tenha respeito por Pedro. Na noite anterior, ele perdeu a paciência com Franklin, xingando o velho de maluco por fingir que Louis não estava ali, mas teve que se recompor antes de desistir e colocar ele de vez num asilo.

Não era pouco caso. Louis não quer se desculpar para Pedro pelos erros do avô, mas sente vergonha toda vez que escuta uma merda saindo da boca dele.

Era um assunto que ele queria ter com Harry, para desabafar, para ter algum conselho do noivo ou pensar no que poderiam fazer para ficar menos insuportável para o enfermeiro, então Louis passou o dia tentando ligar para Harry, mas ele não atendia.

Passou o dia com Liam no campo, depois os dois saíram para o Celeiro Ritz tomar um chopp após o turno deles, antes de voltarem para suas casas. Louis dirigiu primeiro até o curral onde Rose estava com Elis e René, anunciando já ser hora das filhas irem para casa tomar banho e jantar. Ele voltou para o casarão, tomou banho primeiro e foi fazer o jantar enquanto as meninas se ajeitavam. Pedro jantou com eles antes de ir descansar avisando que Franklin estava sob efeito dos remédios e acordaria apenas doze horas depois. Louis ficou na sala com as crianças, enquanto elas assistiam um seriado juvenil, ele verificava algumas pendências da fazenda na caixa de e-mail. Lá também tinha uma mensagem de três dias atrás, de uma empresa da capital de Louisiana sobre buffet de festas, com quatro pdf de cardápios oferecidos e uma propaganda quase convincente encaminhada pelo e-mail de Harry.

Louis sorriu bobo, pensando no empenho de Harry para os preparativos da festa que ainda seria dali há quase cinco meses.

Estava tão cansado que foi se deitar antes das filhas, dando os avisos de que as duas deveriam ir dormir cedo porque no dia seguinte iriam começar a estudar na escola rural. Foi se deitar e apagou rapidamente, pensando em Harry, com dor no coração de tantas saudades dele.

Acordou de madrugada, provavelmente muito depois da meia noite pelo silêncio e o escuro total, com batidas insistentes na porta principal do casarão. Ele vestiu uma camisa, se sentindo meio grogue de sono e cansaço. Tentou ver quem era pela janela, mas do ângulo de onde ficava seu quarto para a varanda era impossível e também não havia carro estacionado na estrada de terra.

Louis soube por Emma que Adam aparecia de vez em quando. Deduziu que seu tio estava puxando o saco de Franklin todo aquele tempo ou cercando feito mosca varejeira, um urubu em cima da carniça do velho, só esperando para ter o que queria quando o antes suposto dono partisse.

Seu tio deve ter ouvido por aí quem chegou na semana passada e veio atrás de satisfação. Louis já estava esperando que Adam viesse, na verdade, estava ansioso para falar umas verdades olhando em sua cara.

Desceu as escadas sem pressa alguma e abriu a porta.

Era Harry.

Ele estava chorando.

Louis estava muito surpreso por vê-lo sem aviso prévio, mas principalmente porque nem se lembrava qual foi a última vez que o viu chorar. Nem mesmo quando se separaram da primeira vez ou quando Franklin o expulsou dali.

- Amor, o quê... - Louis ia questionar, mas o outro soluçou tão alto seguido de mais choro e lágrimas, que teve que se interromper e apenas abraçá-lo, até que estivesse pronto para falar o que estava acontecendo. Demorou para isso acontecer e o abraço era apertado: - Querido, eu tô feliz em te ver, mas estou preocupado - Se afastou para secar o rosto dele e tentar olhar em seus olhos - por favor fala comigo.

- Ela se foi.

Imediatamente, Louis enrijeceu.

Sentiu o corpo todo doer de medo do que aquilo poderia significar.

É uma frase bem pesada a se dizer chorando daquele jeito.

- Harry, quem se foi?

- Gertrudes - mais choro alto - morreu.

Não que não seja péssimo e triste, até demorou alguns segundos para Louis associar o que aquilo significava antes de voltar a respirar e até rir de alívio.

Graças a Deus, Harry não estava falando de sua tia Anne, ou alguma das primas deles, se não ele não saberia lidar também.

- Meu Deus, que susto.

- Você tá rindo! - Harry fez careta e se afastou verdadeiramente chateado, mas Louis não conseguia parar de rir porque havia sido uma abordagem assustadora e ele estava aliviado.

- Desculpa, amor, eu sinto muito.

- Não sente não - ele tinha um bico chateado e ainda estava chorando.

- Claro que sinto - Louis parou de rir e se aproximou até que Harry estivesse apoiado com os quadris no parapeito da varando e ele entre suas pernas para abraçá-lo - Gertrudes fez parte das nossas vidas. Te dei nosso primeiro beijo dentro dela, perdemos nossa virgindade juntos dentro dela, começamos a namorar nela.

- Voltamos um para o outro com ela - Harry completou se debulhando em lágrimas, deitando a cabeça no ombro de Louis que tentava segurar o riso de alívio - ela tava tão velhinha.

- Como aconteceu?

- Eu matei ela.

- Não, não matou, você acabou de me dizer que ela estava velhinha.

- Depois de tantos reparos, nada mais estava funcionando, mas eu insistia em levar ela pra rua. O freio não funcionou e ela deu de frente para um poste.

- O quê? - Louis se afastou e segurou Harry pelos braços - Você não se machucou?

- Eu não. Tinha saído, deixei ela estacionada numa rua íngreme enquanto ia experimentar sapatos para o casamento, mas daí - ele fez um movimento com a mão para simular queda e explosão - tinha combustível dentro de um galão na caçamba porque ela estava alcoólica - Harry chorou mais - e faísca do poste, daí bum! - mais choro.

Oh, pobre Gertrudes.

Louis não ia comentar o fato de que Harry finalmente se permitiu sentir tristeza e colocou para fora de forma tão intensa, sem medir o que era atitude de homem ou não, mas comentou o fato de estar feliz do noivo ter corrido dar a notícia pessoalmente e voltar para casa porque se sentia triste e queria o amparo do seu amor.

Eles foram dormir juntos com Harry chorando e finalmente, Louis chorou pela perda da velha companheira deles também.

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