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27

Durante quase o mês inteiro de novembro, Louis trabalhou duro na empresa em Nova Orleans, para ter uma semana de folga adequada no final do mês em Nova Iorque com suas filhas.

E valeu a pena cada minuto extra naquele escritório por cada minuto ali, agora. Os adultos cozinharam, e fizeram muita comida: assados, cozidos e sobremesas, para Anne visitar dois de seus colegas de trabalho da gravadora depois do almoço com a família e levar um tanto também.

O almoço foi ótimo com um clima agradável. Elisabeth estava elétrica e falante, ganhando a atenção dos outros quatro quase o tempo todo. Rose estava mais calada, mesmo assim, parecia bem e aproveitando o momento com os outros. Anne saiu à tarde para a casa dos colegas de trabalho levando duas caçarolas de comida e um pouco depois, Elisabeth tirou um cochilo no quarto de hóspedes.

Harry, Louis e Rose ficaram na sala assistindo filmes debaixo das cobertas. Os três deitaram no tapete felpudo cercado de almofadas macias. 

Provavelmente, Louis estava cansado demais dos preparativos da viagem, também de ter guiado as filhas até Nova Iorque com responsabilidade, por isso, dormiu facilmente nos braços do noivo por volta do minuto vinte de A Última Canção.

Rose se aconchegou do outro lado do braço do antes tio/primo e agora padrasto, ganhando um abraço de lado para deixá-la ainda mais confortável como o seu pai.

– Lou me disse mais cedo que vocês vão passar a semana aqui pra visitar as universidades – Harry cochichou na parte que o filme lhe parecia mais entediante – Já sabe quais serão?

– Ainda não faço ideia, só sei que quero estudar para ser médica veterinária.

– Será uma excelente doutora, tenho certeza disso.

– Como pode ter tanta certeza? – ela não estava querendo ser grossa, parecia apenas insegura – Eu não acho que faça sentido.

– O quê não faz sentido?

– Meu pai foi um administrador, eu não deveria ser como ele?

– De onde essa ideia surgiu?

– Minha avó disse que veterinária não daria dinheiro, mas administração sim.

– A Johanna – Harry fechou os olhos e comprimiu os lábios para não xingar.

– Eu fiquei chateada, mas na hora fingi não dar ouvidos, disse a ela que eu faria o que quisesse fazer, mesmo assim… 

– Johanna pesou a sua consciência, conseguiu te abalar de alguma forma.

– Ela é minha avó, entende?

– Perfeitamente. Por isso, você acaba levando em consideração o que ela diz, mesmo que de forma involuntária. 

– Infelizmente eu a amo, mesmo Johanna sendo uma pessoa horrível.

– Mas ama porque tem que amar ou porque ama de verdade?

– Como assim?

– Por quase toda a minha vida me disseram quem eu deveria amar ou não. Eu tinha que amar a família e respeitar porque era minha família, mas até que ponto? Ninguém deve amar por obrigação de laços, isso é tóxico. Você ama a família quando a família te ama com o mesmo valor, respeito e principalmente apoio. Se ela não te apoia, nem dá valor ou respeito aos seus desejos, então… – Harry estava orgulhoso de si mesmo por hoje entender isso, mas tinha que ir com calma porque nem tudo o que aconteceu com ele poderia ser da mesma forma para outra pessoa – Não quero persuadir seus sentimentos, só quero que reflita mais tarde.

– Eu não me senti persuadida, eu já ouvi minha mãe dizer isso para o meu pai uma vez.

– Bem, mas o caso é que você se sentiu afetada pelo o que a Johanna disse.

– Eu estou sendo tão boba.

– Não está, querida – Harry pausou o filme, pensando no que dizer – Sua mãe foi uma terapeuta, não foi?

– Sim, psicóloga.

– Quando você era criança e ficava comigo três meses por ano, falava de Laura como se fosse uma super heroína, falava sobre como ela ajudava as pessoas e o quanto era linda, feliz e inteligente. Você ama a sua mãe e tem orgulho dela e da profissão dela, certo?

– Com certeza sim.

– E por acaso isso tinha algo a ver com dinheiro?

– De jeito nenhum.

– Você não tem que escolher uma coisa só pra não decepcionar seus pais ou sua avó, porque quem te ama não vai se preocupar com o dinheiro que você está ganhando fazendo o que faz feliz. Johanna é muito ambiciosa, mas a ambição é problema dela, não seu. Falo por experiência própria e por ter me arrependido de quase tudo nas minhas escolhas: você não tem que fazer o que sua avó quer só porque ama ela ou porque as palavras dela pesam por ser sua família. 

– Eu sinto muito pelo o que Franklin fez. Eu acho que, mesmo que não parecesse nem mesmo para ele enquanto fazia, o biso te manipulou emocionalmente pra ficar na fazenda porque ele não daria conta de cuidar de tudo sozinho, sem a vovó. Eu ouvi que você deixou tudo pra seguir ele.

– É verdade, você vê semelhança? – Rose anuiu, pensativa – Eu amo a fazenda e hoje em dia prefiro viver lá, mas quando era mais jovem não acho que fui feliz, porque estava mais preocupado em fazer as vontades de vida de outra pessoa frustrada ao invés das minhas próprias vontades. Quando fazemos algo que nos faz infeliz, não fazemos de forma excelente. Esse é outro ponto, eu cuidei da fazenda por vinte anos e gostava de colocar a mão na massa, mas a parte administrativa eu era horrível. Seu pai é testemunha disso, porque ele e seu tio Zayn me ajudaram muito esse ano. Confesso que apesar de tentar, no fundo eu não estava dando o meu melhor.

– Porque você gostava do trabalho na roça, mas não da administração que o vovô queria que você fizesse.

– Exato. Então, o dinheiro é importante? Sim, porque no mundo em que vivemos nós precisamos dele para sobreviver e ter o que almejamos, mas acredito que um trabalho só será bem feito se feito com gosto e não por pura obrigação. Se o trabalho é mal feito, que dinheiro virá disso? Querendo ou não, é um ciclo que envolve os dois interesses.

– Entendi, faz sentido.

– Fará mais sentido ainda quando você estiver sendo uma veterinária com gosto e vivendo muito bem, não por causa do dinheiro, mas por prazer.

Rose sorriu agradecida e apertou o play no filme. Com cuidado, Harry se moveu para ajeitar a cabeça de Louis nas almofadas para conseguir se virar e abraçar Roselin melhor.

Eles assistiram o restante do filme abraçados. Quando acabou, colocaram outro, mas dessa vez, Rose foi se deitar no sofá e Harry cochilou no tapete ao lado de Louis antes dos primeiros dez minutos.

Harry acordou uma hora depois, sendo beijado no pescoço e arrepiado pela barba de Louis.

Ele demorou para abrir os olhos, mas quando fez, percebeu que o noivo estava tentando propositadamente acordá-lo, puxando seu braço e chamando seu nome.

Rose estava dormindo muito confortável no sofá e pela meia luz, Harry pôde julgar, sonolento, ainda ser fim de tarde, quase noite.

– Meu Deus, como você é chato – Harry brincou, sorrindo e ganhando uma risada entre os selinhos de Louis – O que foi?

– Tô tentando te levar pra dormir na cama que é mais confortável, mas preciso que você acorde pra andar até lá – "hum?" resmungou preguiçoso de olhos fechados – eu até te levaria no colo pra não te acordar, mas… você sabe.

– Fale.

– Não vou falar, pare de ser idiota, levanta.

– Só se você falar – continuou exigindo com um sorriso sagaz e olhos fechados de sono.

– Vá a merda – Louis respondeu rindo e fazendo Harry rir também – Shiu, vai acordar a Rose – eles se olham com ternura e um pouco de provocação da parte do outro também – ok, eu não vou confessar que não te levaria no colo porque você é maior do que eu.

– Você meio que confessou agora – Louis revirou os olhos enquanto Harry abafava a risada em seu peito.

– Não ria da minha estatura, você gosta do meu tamanho – Harry riu ainda mais por duplo sentido – tchau, vou deitar na sua cama quentinha e te deixar no chão frio da sala da tia Anne.

Louis levantou e Harry foi atrás praticamente se arrastando enrolado na manta. Ele se joga na cama e puxa Louis para os seus braços. Perderam o sono para a saudade, então, passaram os minutos seguintes se beijando, silenciosos e sem pressa.

– Não sou tão menor que você – Louis defendeu no intervalo entre um beijo e outro – Você que é grande.

– Sim – Harry sorriu e continuou beijando.

– Isso não faz de mim menos forte.

– Eu sei que não, você tem bastante força – Harry afastou a cabeça para olhar em seus olhos e dizer com malícia – eu sinto na pele às vezes, o que é bem gostoso.

– Uff, tô com tanta vontade de você.

– Vontade é uma coisa que dá e passa – provocou mantendo o mesmo sorriso – Não vou fazer nada com você enquanto nossas crianças estão aqui nesse apartamento com paredes de papel.

– Cruel.

– Temos uma semana inteira pela frente. Me leve para um encontro e eu mato essa vontade em um lugar mais adequado.

Louis anuiu, mas os olhos ainda estavam escurecidos de desejo. Harry não estava diferente, era impossível fingir o contrário, quando a coxa estava atada ao outro.

– Vou fazer isso – Louis sussurrou como se fosse um segredo – vou te levar para um encontro, vou aproveitar para te namorar a sós, depois vou te levar pra um lugar decente que não seja a pobre coitada da Gertrudes – Harry deu uma risadinha, mas se calou imediatamente quando sentiu a mão gelada de Louis puxando levemente o cós de sua calça de moletom – e então eu vou… 

Louis se interrompeu, olhou de cima para baixo bem sério para Harry, de forma que o seu corpo esquentou instantaneamente.

– Você vai? – Harry queria que ele terminasse o que estava dizendo, a excitação já estava o deixando dolorido – E se a gente fizer uma coisa… bem quietos?

– Não.

– Eu prometo não fazer barulho, vai ser rapidinho.

– Não – Louis deu um selinho, segurando seu rosto, Harry se afastou, indignado.

– Você me deixou com vontade de te tocar e agora vai dizer não?

– Vontade é uma coisa que dá e passa.

– Ridículo – Harry o empurrou fingindo estar bravo pela réplica, ou talvez realmente estivesse um pouco irritado e com tesão, enquanto Louis gargalhava pelo troco que deu – Você vai dar um jeito no que fez.

– Eu vou dar um jeito sim, e de um jeito que você merece, prometo, mas não agora.

– Chato.

– Vamos nos comportar.

– Chato, chato.

O beijo que Louis lhe deu a seguir, entre risos, fez a mente de Harry girar, rodando no mundinho deles em uma rotação acelerada. Como se ele estivesse orbitando em volta do seu amor e ao mesmo tempo como se estivesse no centro de algo que o cercava constantemente.

O toque carinhoso de Louis é extremamente bom, caloroso, sensível e emocionante de uma maneira que ele só havia sentido quando jovem. Essa sensação de se divertir enquanto se ama, de dar risadas sinceras por brincadeiras bobas enquanto dá e recebe carinho, só Louis era capaz de proporcionar com tanta intensidade.

– Sabe que eu te chamo de chato desde criança só pra implicar, mas você é a pessoa mais legal desse mundo, não sabe?

– Talvez eu seja a pessoa mais legal desse mundo só para a pessoa que é a mais legal comigo nesse mundo – respondeu, deixando Harry tímido – Esse seu jeitinho sempre me deixou fascinado.

Os dois se mantêm aconchegados debaixo das cobertas, abraçados, cochichando todo tipo de assunto sem perceber a hora passar e trocando beijos vez ou outra.

Harry contou que Claire o procurou porque Phill, o pai dela, não aceitou bem a gravidez e fez ela se mudar para a casa do namorado, mas o relacionamento jovem não estava dando certo, ela queria ir embora, mas estava grávida, menor de idade, e perdida sem saber o que fazer. Harry era o tutor de todas essas crianças da família quando elas iam para a fazenda no verão, mas agora, ele não vivia mais lá e mesmo sendo natural que Claire tenha nele uma figura de segurança, dessa vez Harry não podia acolher ela na fazenda como a garota pediu, porque ele não era mais o chefe, Franklin voltou a ser. Louis confortou Harry dizendo que isso mudaria, que eles iam ajudar ela, o que naquele momento Harry não havia entendido ou levado ao pé da letra, principalmente porque voltou a ser beijado.

– Por que Zayn não quis vir para o feriado? – Harry resmungou um tempo depois, de olhos fechados, se deleitando com o afago do noivo em seus cachos – Ele é bem vindo, faz parte da família.

– Não se preocupe, amor, ele sabe. Zayn está namorando uma garota que conheceu há pouco tempo, mas ela o convidou para o dia de ações de graças com a família dela.

– Parece bom, tomara que esteja feliz.

– Hum, eu estava crente que Zayn e Liam fossem ficar juntos depois daquele clima no verão, mas pelo jeito eu estava enganado. Seria legal, eles pareciam combinar.

– Não sei, um romance tão repentino assim seria improvável.

– Por que acha?

– Os dois se aproximaram por apenas duas semanas, talvez nem tenham ficado de fato – esse sotaque de Harry deixava Louis derretido e fixado, às vezes ele tinha que se lembrar de focar na conversa e não no som da voz dele – Pouco tempo pra se construir algo, não acha?

– Nós dois também ficamos por duas semanas lá.

– Três, na verdade – Harry corrigiu – mas é diferente pra nós dois.

– O que é diferente?

– Temos um histórico, sempre nos atraímos e combinamos.

– Bem, pensando por esse lado… 

– E também porque você é o amor da minha vida, eu não ia te deixar escapar outra vez.

– Hum – Louis resmungou sorrindo tímido – você é o meu também.

Harry se debruçou sobre Louis para beijá-lo mais um pouco, sustentando o sorriso e fazendo Louis gargalhar por alguns outros comentários bobos.

Ele só interrompeu o beijo e saiu de cima de Louis quando o cobertor escorregou e caiu no chão, então precisou se mover e ajustar de forma confortável novamente. 

Louis sentou e pegou o controle da televisão do quarto, passando pela lista de séries no aplicativo enquanto Harry voltava a se aconchegar ao seu lado.

– Liguei para Liam esses dias atrás para saber como estavam as coisas na fazenda, se estava tudo bem. Ficamos por mais de uma hora em chamada, ele me mostrou sua égua, aquela que estava prenha. O potrinho que nasceu dela está saudável.

– Você ligou para o Liam para  perguntar da fazenda?

– Sim, pra saber se tudo estava bem.

– E ficaram mais de uma hora falando sobre a fazenda?

– Foi o que eu disse, amor, algum problema?

Harry fez uma cara que Louis não gostou. Como se tivesse sido gravemente contrariado. 

– Deixa pra lá.

– Não, não deixo pra lá se te chateia – parou de mexer no controle da televisão.

– São pensamentos injustos. Tem mais a ver comigo do que com você, então deixa pra lá.

– Me diga o que pensa, você está com ciúme do Liam?

– Não, claro que não, isso não é um problema.

– O que foi, então?

– Ai, Louis, agora você tá sendo chato de verdade – Harry resmungou e Louis riu, mas sem deixar de levar o incômodo do outro a sério – Eu estou tentando não pensar na fazenda e apenas seguir em frente, mas se a gente ficar se preocupando com os problemas deles eu não vou conseguir superar.

– Isso… porque eu liguei pra saber como a fazenda estava.

– Me desculpa, eu sei que você ainda é da família apesar de eu ter sido deserdado, mas também somos um casal e vamos compartilhar uma vida juntos. Se você tomar os problemas do Franklin para nós, se ficar ligando para o Liam para saber se eles não estão desabando sem eu para tomar conta de tudo, me faz pensar... coisas que eu não preciso. Vai me deixar a par de algo que não quero e não posso saber no momento.

– Você está certo, me desculpa. Somos um casal, estaremos juntos como parceiros de vida e algumas das decisões que tomarmos daqui para frente irão afetar o outro. Eu deveria ter te consultado primeiro para saber sua opinião sobre cuidar de forma remota das coisas por lá.

– E se você tomasse decisões opostas às minhas eu não iria ficar bravo ou te impedir, não seria justo, eu só pediria para fazer o que achasse certo sem me envolver e sem me dizer, porque tô evitando ficar ansioso com qualquer coisa que se refere ao Franklin. Me entende, amor?

– Com certeza, sim, ainda mais depois de eu mesmo ter julgado tanto ser injusto nos preocupar com Franklin.

– Pois é.

– Mas eu não tô preocupado com o velho – Louis se corrigiu rapidamente – tô preocupado com a fazenda.

– Por que? Não é mais problema nosso.

– Ainda não é, mas será nosso.

Harry franziu o cenho e olhou para Louis, sem entender o que ele quis dizer.

– Não entendi.

– Eu sei, desculpe, estávamos falando sobre decisões a se tomar juntos porque agora seremos um só, então é o momento certo para conversar sobre uma coisa bem séria com você.

Harry sentou mais afastado para encarar Louis sério, tão sério quanto a conversa parecia ser. 

– É sobre a data do nosso casamento?

– Não ainda, disso também precisamos tratar o quanto antes, principalmente depois do que eu vou te contar.

– O jeito que você tá falando tá me deixando nervoso.

– Desculpa, é que… – empurrou o cabelo para trás e respirou fundo – não sei por onde começar sem que você fique pelo menos um pouco chateado comigo.

– Seja o que for, não pode ser tão grave a ponto de não te perdoar e seguirmos em frente.

– Tem razão.

– Então?

– A fazenda se chama Olivia' s Farm por um motivo óbvio, porque a fazenda pertencia à nossa avó e não ao Franklin, porque ela herdou dos pais dela, você sabe disso – "sim" respondeu – e você acha mesmo que quando Olivia partisse deixaria tudo, absolutamente tudo, só para o velho? Não acha que ela nos amava e nos conhecia muito bem para saber que não seria justo dar poder ao marido arcaico e possessivo.

– A vovó amava Franklin, apesar dos defeitos.

– Eu sei, querido, assim como você me ama apesar dos meus defeitos e eu te amo do mesmo jeito. E a gente se conhece, e espera o que é melhor um para o outro, mas ainda teremos muito tempo juntos para nos conhecer como eles se conheciam, tanto que Olívia jamais deixaria tudo nas mãos dele, seria cruel demais com a família toda dar poder a quem tem tanta arrogância.

– Mesmo assim, foi o que ela fez.

– Não, não foi.

Harry inclinou a cabeça e franziu o cenho, tentando entender o que aquilo significava.

– Seja direto, fala de uma vez.

– A posse da fazenda foi herdada completamente, cada hectare dela, por Robert, seu padrasto – Louis tentou explicar o mais claro possível e nesse ponto, Harry já estava de queixo caído – Depois que ele morreu foi para Anne que não quer e agora a fazenda é sua. Porém, foi exigido por Olívia que o lucro gerado pelo trabalho na fazenda fosse dividido percentualmente até a terceira geração. Você tem 51% dos lucros e eu tenho 20% dele.

Harry ficou em silêncio por um tempo, de olhos arregalados, encarando o vazio.

Louis teve que reforçar para ter certeza que ele entendeu:

– Franklin tem 6% do lucro, mas nada de terra. Eu soube disso quando estava indo embora para Nova Orleans através de sua mãe e do meu pai: a fazenda é sua, você é o dono, não só o chefe.

Harry estava tentando associar o que lhe foi dito, tentando entender aquilo tudo e quando alguns pontos da história fizeram sentido, xingou alto e soltou a mão de Louis.

– Velho filho da puta! – socou o colchão e jogou o corpo para trás, xingando mais um pouco – Porra.

– Eu sei, eu também tive uma reação parecida.

– Você poderia estar vivendo melhor, ele te negou dezessete anos de pensão enquanto bancava a família inteira, mas não era por benevolência, era porque estava extorquindo todo mundo e esse era o mínimo a se fazer. E eu praticamente ajudei ele?

– Não, não, não vai por esse caminho. Não é isso o que importa agora.

– Então o que importa? – Harry sentou rapidamente de novo, um pouco brusco porque estava irritado, mas não com Louis. Não ainda.

– Ele tem que pagar pelo o que fez.

– Do que você está falando?

– Eu pensei que pudéssemos apenas processar Franklin, mas depois, pensei em ser justo e fazer com que ele saia de lá com uma mão na frente e outra atrás, exatamente como ele te fez, exatamente como ele nos humilhou. Quero que ele tenha vergonha de andar pelo vilarejo daquele interior, igual ele fez você se sentir quando te expulsou. 

– Não – Harry balançou a cabeça, mas Louis continuou dizendo:

– Ele falou tanto sobre caráter, sobre o que era ser homem de verdade, mas foi o mais covarde de todos. Nós vamos pegar o que é nosso e honrar o nome da nossa avó naquela placa, fazer o que ela nos deu valer a pena. Fazer aquela terra prosperar e ajudar o restante de nossa família, ajudar Claire, as crianças… 

– Pare, chega com isso!

– É o que deveríamos fazer, é justo.

– Justiça é uma coisa, vingança é outra. 

– Mas se você for diante de um juiz e contar toda a verdade, é exatamente o que ele vai fazer com o seu avô: fazer ele devolver o que é nosso e se não prendê-lo, vai no mínimo fazer com que pague uma indenização que custará até as calças de Franklin.

– Seu avô! – Harry levantou da cama e caminhou em volta, apontando o dedo para Louis – Ele deixou bem claro que não sou mais neto dele, mas você ainda é o sangue do sangue dele. Já pensou que Franklin está doente, morrendo, e isso o que você está planejando é cruel demais até para alguém que foi magoado?

– Se eu pensei nele? – elevou a voz – Tem razão, sou neto dele, mas quando foi que o meu avô pensou em mim? Quando foi que ele pensou em você?

– Você está querendo acabar com a vida dele – riu sarcástico e estressado, esfregando o rosto, tão irritado que não controlou a voz se elevando mais que  do outro – Isso é demais, não me use como álibi para suas ações!

Harry estava sem fumar havia três meses, mas nesse momento, sentia muita vontade de acender uns dez palheiros seguidos.

Louis ficou quieto, mordendo o interior da boca, observando seu noivo irritado e também se sentindo chateado com ele. Harry respirou fundo, e disse;

– Eu não quero que acabe com o resto de respeito que ele tem por você.

– Não existe mais respeito nenhum, o pouco que tinha antes, acabou quando ele te expulsou daquela forma.

– Não quero que chegue a esse extremo por mim, não precisamos-

– Não tô fazendo só por você, tô fazendo pelas minhas filhas também – Louis cortou com firmeza e Harry se calou – Foi a primeira vez de Elis na fazenda, mas ela não para de falar daquele lugar desde que fomos embora porque sente saudades. Roselin também sente, mas pra ela é ainda mais importante estar lá porque ela tem um namorado legal e eu não quero deixar Rose infeliz por causa da existência dominante e doentia de Franklin, já vivemos isso e não desejo o mesmo para minha filha – Harry ouviu, pensando melhor pela primeira vez, mordendo os lábios – Além disso, ela quer estudar veterinária porque amou o que aprendeu com você.

– Entendi, mas a gente pode só exigir viver lá sem recorrer à justiça, não podemos? – "Harry, por favor" Louis tentou insistir – Eu é que tô te pedindo, por favor. Não vamos prender ele, nem deixar Franklin na sarjeta, ele está velho e doente!

Louis deu um tempo, mas continuava sério e tão irritado quanto. Os dois se encaram como se a culpa fosse deles, mas Harry sabia que não era. Os dois foram magoados por Franklin, a culpa é do velho se existe pessoas que não lhe desejam bem, mas ele não podia jogar quase trinta anos de vida ao lado de Franklin para o ralo só depois de quatro meses afastados por uma briga. Uma briga por um motivo que não era banal, mas ainda assim, era difícil Harry não entrar em sua defesa, mesmo não sendo mais seu neto, mesmo sentindo raiva e rancor dele.

– Você é mais dono daquilo do que eu sou, Harry, então faça o que quiser. Se da sua parte você não quiser recorrer, tudo bem, mas a minha ele vai ter que responder para os meus advogados.

– Acabamos de falar sobre agir como um casal que compartilha a vida juntos, mas é assim que você vai tomar as decisões mais importantes que envolvem nós dois? – Louis não respondeu – Vai ser assim?

Harry sustentou seu olhar duro e sério por tempo o suficiente para saber que não haveria uma resposta agora, com os dois prestes a tornar essa discussão feia demais para ser consertada, era melhor parar por ali.

Ao invés de continuar discutindo de cabeça quente sendo cabeça dura com outro cabeça dura, vestiu um casaco, um jeans e uma bota. Louis o observou irritado e em silêncio, até não aguentar e perguntar:

– Aonde você vai?

– Sair, antes que Franklin seja de novo um motivo para acabar com o nosso relacionamento.

– Amor, não é pra tanto.

Harry apertou a fivela do cinto, respondendo: – É sim.

Ele bateu a porta do quarto quando saiu e deu de cara com Rose acordada, sentada no sofá da sala, encarando assustada e sem disfarçar que ouviu toda a discussão.

Harry respirou fundo e se aproximou dela com mais calma, tentando não ser mau humorado, porque não era justo que Rose ouvisse essas coisas e nem que ele descontasse nela.

– Me desculpe, querida.

– Ok – ela respondeu, de braços cruzados, falando baixinho: – posso ir com você?

– Está frio lá fora.

– Só espere eu vestir um casaco.

Ele esperou a enteada porque, não tão estranhamente, queria o conforto e companhia dela.

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