22
Louis estava indignado, olhando todos os outros, estáticos, que não entraram em defesa deles. Ele viu Zayn conseguir convencer Rose e Elis a ir para o quarto e Jeane se levantou para fazer o mesmo com as outras crianças que estavam assustadas, mas o restante dos adultos não fizeram nada.
- Que porra de família vocês são? - Ralhou, sem respostas - Vão deixar ele colocar o Harry pra fora? - Continuam quietos, sem reação. Louis olhou para Franklin e fez careta com nojo - Como pôde? Você acabou de mandar embora a pessoa que mais cuidou de você a vida toda!
Franklin aparentava cansaço demais e mesmo às mazelas, tinha forças para criticar e se transtornar. Louis nunca foi um homem violento, mas neste momento, na flor da pele, precisou se segurar para não partir para cima do idoso doente.
- Que você é um depravado, eu já sabia, só não pude proibir sua visita em respeito aos desejos de sua avó, agora ele... não temos nenhum vínculo de sangue e nem sobrenome, Harry não é um Tomlinson, não tenho que sustentar viado.
- Você é um ingrato.
- Ingrato foi ele me causando tanto desgosto. Harry não é meu neto e não vai mais pisar na terra da minha família.
De punhos cerrados, antes de fazer uma besteira, Louis virou as costas e saiu às pressas, tentando alcançá-lo.
Ele corre tanto que quase tropeça no caminho, mas não muito distante, no meio da estrada, encontra Harry caminhando sem olhar para trás.
Está tudo escuro aquela hora da madrugada, a iluminação daquela via era falha, mas ainda assim, conseguia ver perfeitamente os olhos verdes opacos e secos, embora magoados.
- Eu sinto muito - o segurou pelos ombros, parando para abraçá-lo, mas não sendo retribuído - eu sinto muito, meu amor, isso não é justo, não vou deixar ele te colocar para fora assim.
Harry se afastou um pouco.
- Ele já colocou.
- Não escute ele, essa fazenda também é nossa, Franklin não tem esse direito - ele continua caminhando com raiva e Louis o segura - Harry, para, me escute!
- Ele tem sim esse direito porque é o patriarca e eu não vou voltar porque também tenho orgulho próprio.
- E para onde está indo?
- O hotel fazenda.
- Dos Ritz? - procurou seus olhos - Você vai ficar no hotel da família do Xander Ritz?
- Louis, agora não, por favor - Harry bufou, esfregando as têmporas - Eu tô cansado e preciso resolver o que fazer quando amanhecer, mas por enquanto esse é o único lugar que tenho para ir.
- Está muito tarde.
- Pois é, e tenho muito o que caminhar até lá ainda, me deixe ir.
- Eu tenho carro, vou te levar.
- Não precisa.
- É claro que precisa - Louis segurou o rosto dele entre as mãos para que olhasse em seus olhos - não vou te deixar sozinho.
- Estou cansado.
- Vem comigo, só até a porteira - Falou mais manso, tentando conter seu jeito arisco - eu pego o carro e uma muda de roupas pra você, depois te levo no hotel - Louis encostou a testa na dele, sentindo Harry tenso e estressado diante de si - Por favor.
Realmente, seria uma caminhada longa e Harry está muito cansado. Além disso, ele sente uma vontade de explodir e ficar sozinho, mas ao mesmo tempo necessita de amparo. Harry estava magoado, mas não é de chorar, mesmo assim ele precisa do conforto da pessoa que mais ama no mundo.
- Ok - suspirou rendido.
- Mesmo?
- Mesmo - aceitou seu abraço, finalmente relaxando - estou com raiva deles, me desculpa.
- Eu também tô, mas vamos resolver tudo juntos, certo?
Harry não respondeu, mas aceitou o beijo.
Quando voltaram, Louis encontrou apenas Dayse na varanda, fumando e se debulhando em lágrimas. Quando lhe viu, correu para abraçá-lo. Louis tentou acalmar a prima, avisando que estava tudo bem com Harry.
- Me perdoa, nós não, eu... - ela soluçava, limpando o rosto - eu entrei em pânico, travei, não soube como reagir, não soube como te defender, agora Phoebe está discutindo com o pai dela na cozinha - Louis se moveu pronto para intervir, mas Dayse o segurou: - Não, não precisa, você vai acabar piorando as coisas.
- Mas é culpa nossa, ela está brigando com o pai dela na véspera do casamento!
- A mãe dela e o noivo estão cuidando de tudo, eles vão ficar bem. Onde está Harry?
- Na porteira me esperando. Vou levar ele para o hotel. Só não posso ficar hospedado junto porque... minhas filhas - Louis esfregou o rosto - elas ouviram tudo, devem estar assustadas, e o Zayn já faz muito por nós, mas agora eu tenho que ir e acalmar elas também.
- Que transtorno, meu Deus, eu sinto muito.
- Você pode fazer companhia para o Harry até eu voltar?
- Claro, deixa comigo.
Primeiro, Louis pegou os pertences mais essenciais de Harry no quarto dele, como o carregador de celular, escovas de dente sobre a penteadeira e um maço de tabaco lacrado. Dois dos primos deles estavam lá deitados, fingindo não estarem acordados enquanto Louis pegava as peças que encontrou mais fácil no guarda roupa. Era melhor assim, evitar contato por enquanto, porque ele já cansou de lidar com essas pessoas.
Depois, ele foi ao quarto que estava hospedado. Zayn estava deitado com Elis em seu peito e Rose na janela espiando a porteira. Quando Louis fez barulho ao entrar, ela correu e o abraçou apertado.
- Meu Deus - fechou os olhos e suspirou, aliviado, com uma parte do peso em suas costas se dissipando - eu achei que estivesse brava comigo.
- Eu estou um pouco chateada porque mentiu pra mim mesmo quando te dei abertura para me dizer - o timbre da voz dela denunciava também ter chorado - você sabe, nós tínhamos um acordo, mas eu também não queria que Franklin brigasse com você.
Louis apertou ela no abraço, ainda mais. É como abraçar Laura, o conforto parece dobrado, o faz se sentir seguro. Ele vai ficar bem se Rose o apoiar.
- Me desculpa, prometo que vamos conversar assim que eu voltar e te conto tudo o que quiser saber - ele trás ela junto nos braços enquanto caminha para a cama, na direção de Elis - ajude a tomar conta da sua irmã por enquanto, por favor.
- Onde você vai? - perguntou Zayn, preocupado - Cadê o Harry?
- Vou levar ele para passar a noite no hotel fazenda, mas volto já.
- Leve o tempo que precisar, não se preocupe.
- Nós estamos bem com o tio Zayn aqui, pai, e o Harry precisa de você.
- Obrigado, meu amor - Louis beijou a testa de Rose - Desculpa te incomodar, irmão.
- Não é incômodo nenhum fazer companhia para essas princesinhas.
- Te amo.
- Também amo você, agora vai logo porque Harry tá te esperando.
- O papai já vai voltar aqui, niña - Louis explicou para Elis que estava sonolenta - eu te amo muito, muito, vocês são tudo para mim.
- Também amo o papai.
Ele saiu do casarão o mais depressa possível para evitar o encontro com qualquer outra pessoa. Estava tão irritado com a covardia dos adultos desta família que sabia que no momento seria capaz de fazer mais escândalo se esbarrar com qualquer um deles, possuído pela raiva, por isso preferiu não ver ninguém ainda.
Dayse estava dividindo um palheiro com Harry, os dois escorados na porteira, quando Louis surgiu dirigindo, como combinado. Ela se despediu pedindo desculpas outra vez e Harry entrou no carro tão depressa como quando Louis saiu de casa, pelo mesmo motivo.
O caminho foi feito rápido, mas silencioso. Louis fez questão de estar presente quando Harry fez o check-in, mas os dois continuam estressados e distantes um do outro.
- Eu sei que tem as crianças te esperando. Elas estão bem?
- Zayn está com elas, Rose parece bem e Elis já vai dormir.
- Não quero que Rose me odeie.
- Ela não vai - Louis se aproximou, mas não o tocou - me deixe ficar essa noite, eu quero cuidar de você e quero que... - ele suspira, Harry fecha os olhos por dor de cabeça - Nós precisamos nos apoiar agora.
- Temos que descansar, amanhã é o casamento.
- Você acha que Phoebe vai querer uma cerimônia depois disso?
- Deveria, não podemos ter estragado o dia dos sonhos da vida dela - Harry falou irritado, e com a ideia de ter estragado tudo, Louis chora - Ei, fica calmo, amor, não chora - Harry o puxou para o canto do corredor e o abraçou apertado - Não chora, eu não gosto de te ver assim.
- Posso ficar?
Harry respirou fundo, não soltando o abraço, ele caminha desse jeito estranho com Louis grudado nele até o elevador. Digita o segundo andar dos únicos quatro do hotel fazenda. As portas se fecham e ele acaricia seu rosto com carinho, secando as lágrimas e acalentando o outro em seus braços.
No quarto, eles tomam o remédio para dor de cabeça que a recepcionista lhes deu. Depois do banho, Louis envia uma mensagem para Zayn perguntando das meninas e Rose responde em áudio que o padrinho e Elis dormiram, e que ela estava bem, com Claire lhe fazendo companhia, indo dormir.
Harry também foi tomar banho depois de Louis, mas demorou muito mais no banheiro, usando o tempo para absorver tudo o que havia acontecido. Sobre ter sido expulso sem Franklin pensar duas vezes. Por ter assumido sua paixão à força, ao invés do preparo que planejava para evitar tanto caos.
A água quente não relaxou seu corpo totalmente, mas o ajudou bastante. Quando saiu, Louis já estava deitado na cama vendo Harry secar o cabelo com a toalha.
- Não vista a roupa - pediu, falando baixinho - deite assim comigo.
Pela primeira vez desde a confusão, Harry sorriu em resposta. Ele se sentia ao menos um terço melhor agora que estavam ali juntos. Lado a lado, nos edredons, ele se encolheu abraçado pelo corpo nu de Louis e recebeu afago nos fios de cabelo úmido, retribuindo o mesmo carinho com as pontas do dedo passeando suavemente pelas costas do outro.
- Você disse que me ama pra nossa tia.
- Temos muito o que conversar, Harry.
- Foi um dia tão longo, nem parece que mais cedo tivemos uma crise achando que Rose estava grávida, depois teve toda essa confusão, tudo num dia só.
- Desculpa, sei que tá cansado, mas tô tão ansioso, cabeça cheia, preciso falar sobre nossos problemas porque se não eu não vou conseguir dormir.
- Eu sei - ele deu um selinho- tudo bem.
- Está tudo aqui, eu não consigo me acalmar ainda com tanto a dizer. Dos problemas mais fúteis aos mais complexos.
- Estou te ouvindo.
- Você disse primeiro, mais cedo, que uma hora ou outra todos saberiam, que não dava para nos esconder pra sempre, mas quando a tia Jeane nos questionou, você recuou e isso me deixou com tantas dúvidas.
- Desculpa, eu só tinha me assustado - aquele sotaque sussurrado amolece o coração dele - Eu não menti naquilo que disse, mas também não era assim que eu queria que tivéssemos aberto os nossos sentimentos.
- Mas aconteceu, e agora?
- Eu não sei - ele ergueu o rosto para olhar em seus olhos - Você ficou chateado?
- Naquela hora sim, agora não estou mais.
- Tá tudo uma bagunça, né?
- Sim, mas... mesmo estando numa bagunça, eu não quero parar - respondeu sério, afastando o cabelo de Harry do rosto para beijá-lo, terno, tentando se acalmar e passar mais calma ainda para o outro também - Você tá com raiva, eu consigo sentir.
- Você também está.
- Estou, eu quero agir pela justiça o mais rápido possível - Louis afirmou e Harry parecia arisco com o assunto de insistir para contrariar sua expulsão - Ei, você pode ficar com raiva, agir no ataque e na defensiva, mas aqui quando somos só nós dois, amor, podemos baixar a guarda.
- Desculpa, você tem razão.
- Me deixe lutar - outro beijo, seguido de selinhos e um suspirar profundo - me deixe lutar para nos proteger e prometa não me afastar de novo.
O quarto escuro era iluminado pela lua e o som da fazenda que cerca o hotel não parecia muito diferente de como era em Olivia 's Farm. O clima estava tão gostoso, a concentração um no outro, como casal, dava a Harry um outro parâmetro das coisas: de certa forma, é aliviante que eles tenham sido expostos. Não foi de todo uma tragédia porque ele tem força o suficiente para se reerguer em qualquer lugar do mundo, melhor ainda se for ao lado do homem que sempre amou. A mágoa do avô estava em seu coração, isso era um fato e dificilmente poderia passar. Mas a vontade extrema de bater de frente, com o peito aberto, de arregaçar as mangas para proteger esse sentimento precioso que foi reconstruído dentro deles, deixava Louis ainda mais bonito, mais apaixonante. Era bom demais entrar nessa briga por ele e com ele, mas melhor ainda era baixar a guarda quando estavam apenas os dois juntos nos braços um do outro.
- Eu prometo - sussurrou em seus lábios.
Eles se beijam até ficar calor demais debaixo das cobertas, sentindo a intimidade do momento, com os dois nus, sensíveis, se somando à paixão como combustível até que estivessem queimando. Louis ergueu uma das coxas de Harry para envolver na sua cintura e apertou a carne farta em sua bunda. Ele se move para levar os lábios à pele de seu pescoço e distribuir beijos e mordidas suaves. Harry ofegou e apertou o bíceps do outro em resposta ao desejo crescente.
- Foi tão bom te ouvir que me ama - Louis sussurrou contra a pele arrepiada dele - Você foi tão corajoso hoje - empurrou firme o quadril, fazendo ele abrir os lábios e os olhos verdes brilhantes - lindo, eu também te amo.
Harry gemeu e rebolou no dedo de Louis, pressionando os quadris com sua coxa ainda envolvida nele. Virou o pescoço e deixou o beijo molhado percorrer acima, com Louis aproveitando a aspereza de sua barba raspando na pele. O edredom foi abandonado, já estava calor demais com o corpo um do outro assim, colados.
Com facilidade, Harry é penetrado de lado. Ele se sente cuidado nos braços de Louis de uma maneira que ninguém mais poderia fazer. Sempre foi assim, Louis era o único que sabia segurar Harry e dar o melhor que ele merecia, empurrando fundo, forte, sem deixar de ganhar atenção no resto do corpo.
Mas dessa vez tinha algo a mais, algo diferente no sexo, algo inexplicável, mas que tinha certeza ser compartilhado como se a sensação fosse outro segredo só deles, como tanto dos quais guardaram juntos a vida toda. Tão profundo e gostoso como a paixão que sentiam. Harry apertava tanto os dedos na pele de Louis que deixará marcas. Ele também continua sendo barulhento, gemendo alto e lamuriando em prazer, do jeito que Louis gosta de ouvi-lo fazer sempre a cada tapa cheio na bunda, a cada vez que seu pau toca fundo, certeiro. Até Harry se desmanchar em espasmos e declarações de amor.
Ele o acompanha em outro banho quente, em seguida, agora para se limparem e para relaxar de verdade. Era diferente estar assim, depois de todo o malabarismo que já fizeram para estar juntos intimamente na fazenda. A última vez que tomaram banho juntos foi em Nova Iorque, há vinte anos, quando viajaram juntos para visitar as opções de universidades.
- Minha mãe vai chegar na estação de manhã e eu prometi buscar ela - Harry contou quando voltaram para a cama.
- Quer que eu vá com você?
- Não precisa, pode descansar - Harry o beijou, sonolento - Você precisa ajudar as meninas a se vestir para o casamento, aliás.
- Sim, é mesmo. Mas você pode usar meu carro para ir buscar sua mãe.
- Obrigado. Vou trazer ela para o hotel e depois te devolvo o carro para você voltar para a fazenda.
- Por que ela vai ficar aqui?
- Fui expulso de lá, imagino que Anne não seja bem vinda também.
- Isso não é justo - Louis se agitou, mas Harry o apertou no abraço - não podemos aceitar isso.
- Franklin é o dono daquele lugar antes de mim, ele pode me colocar para fora sim, se foi o que decidiu.
- A fazenda era da nossa avó Olívia, se ela estivesse aqui conosco, ele nunca teria feito o que nos fez.
- Eu sei.
- A vontade que tenho é de nunca mais colocar os pés naquele lugar.
- Você já ficou dezessete anos sem pisar - respondeu sonolento - se quer tocar na ferida dele, isso é em vão, provavelmente ele não vai querer sua companhia homossexual por lá mesmo.
- Harry - Louis repreendeu, mas rindo do jeito que ele falou - você prometeu.
- Prometi... hum, o quê?
- Que deixaria eu lutar.
- E o quê você quer, amor?
- Vingança.
Harry ergueu a cabeça e abriu um olho, o encarando, achando engraçado até perceber ser sério pela intensidade do olhar de Louis e a graça que parece ter morrido ali. Ele engole seco e percorre os olhos em seu rosto até passar tempo demais analisando a intenção implícita na palavra vingança.
- Meu Deus, Louis, estamos nervosos, vamos pensar no que fazer quando o Sol nascer, tudo bem? - Harry disse rindo, tentando quebrar o gelo, mas Louis resmungou - Agora, descansa porque hoje você teve um dia horrível e amanhã também será difícil - pelo menos ganhou um selinho - boa noite, amor.
Louis ficou quieto, aceitando o conselho de descanso, mas indignado. Estava tão cansado que dormiu quase que imediatamente enquanto Harry fazia carinho em seu cabelo.
Acordou às duas da tarde, viu no relógio de mesa ao lado, porque o seu celular ficou sem bateria.
Sentou subitamente, assustado com o seu atraso. O casamento seria no pôr do Sol e ele não sabe quais são os planos de Phoebe depois do desastre familiar que sofreram ontem, mas precisava correr porque era o padrinho e por causa de suas filhas também.
Provavelmente o sono pesado foi causado pelo remédio porque Louis era fraco demais para medicamentos. Ou foi a mente cansada de tudo o que viveu na noite anterior. Ou o sexo gostoso que lhe custou bastante energia. Ele olhou rapidamente para o lado, se dando conta de que Harry não estava lá. O seu lado da cama estava vazio e gelado. Louis lembrou dele dizendo que iria cedo buscar Anne na estação, mas já era tarde.
Se apressou em vestir as roupas e fazer a higiene matinal. Desceu correndo pelas escadas e na recepção teve a má surpresa de esbarrar em Xander Ritz, vestido em terno, gravata e seu chapéu de cowboy.
- Louis Tomlinson!
- Oi, bom dia.
- Boa tarde, na verdade. Não sabia que estava se hospedando aqui.
- Não estou - ele olhou à sua volta, ignorando Xander, apenas preocupado em procurar algum sinal de Harry, mas nada.
- Camila e eu somos convidados para o casamento da sua prima - ele aponta para a recepcionista bonita em trajes de festa - não está atrasado?
- Você viu Harry?
- Almoçou com a mãe dele mais cedo aqui no restaurante do hotel, depois não vi mais. Mas ela saiu vestida para ir a cerimônia, talvez tenha ido na frente.
- Certo - Louis franziu o cenho, estranhando - eu vou também, com licença.
- Nos vemos mais tarde!
Falso. Louis espera que não, ele pensa enquanto vai para a garagem. Dirigiu apressado e quando entrou pela porteira, os sentimentos eram mistos.
Um pouco de ansiedade e angústia, mas também a decepção de tudo parecer seguir em frente, funcionários trabalhando, família agitada, como se uma injustiça não tivesse sido cometida.
Ao mesmo tempo, sentia alívio, por Phoebe ter seguido com seu dia dos sonhos porque ele iria se odiar caso tivesse estragado tudo. São sentimentos conflitantes, mas era impossível não estar atribulado depois de tudo o que aconteceu naquela noite.
Ele corre para dentro de casa e encontra Rose maquiada, penteada e vestida para a festa, enquanto toma água e assiste pacientemente Dayse arrumar o cabelo de Elis com os produtos que ela mesmo fabrica na empresa de cosméticos dela. Louis suspirou aliviado.
- Está linda, filha - passou a mão no cabelo dela, Rose não sorriu de volta - Está bem?
- Na medida do possível - respondeu séria demais para uma menina de dezesseis anos - vovô Mark quer falar com o senhor, pediu para eu te avisar assim que chegasse.
- E onde ele está?
- No nosso quarto se arrumando para o casamento.
Louis estranhou isso também, do seu pai se trocar no quarto deles ao invés do próprio, mas foi a sua busca.
- Não é sempre a Johanna que faz os nós das suas gravatas? - perguntou quando abriu a porta e o viu lutando com o pedaço de pano importado em frente ao espelho.
- Eu não quis pedir a ela dessa vez.
- Por que? - Louis puxou o laço da gravata para ajudar, franzindo o cenho
- Ela poderia me enforcar - ele falou sério, mas Louis riu do exagero.
- Vocês brigaram? - Mark apenas comprimiu os lábios, entregando a resposta no silêncio - Vocês brigaram por causa da confusão de ontem.
- Sua mãe me cansou.
- Depois de quarenta anos de casados ela te cansou só agora?
- Pois é, uma hora não dá mais para suportar - Mark se afastou quando Louis terminou o favor - e não foi só porque eu entrei na sua defesa, mas porque me incomoda cada vez mais esse interesse crescente dela de tirar Harry do caminho para Adam e eu assumirmos a fazenda de seu avô. Ela está começando a agir mau caráter por ganância, então, a confrontei.
- O senhor?
Louis ficou surpreso. Chegou a deixar o queixo cair, mas quando viu a leve mágoa passar quase imperceptível no olhar do pai, pela insinuação de sua passividade, Louis se virou e buscou o próprio terno. Ele nem sabe ainda se vai fazer parte da cerimônia, precisa conversar com Phoebe primeiro, mas por via das dúvidas, resolveu se arrumar.
- Desculpa, mas o senhor sempre fez tudo o que ela queria e nunca se defendeu ou me defendeu. Só fiquei surpreso que tenha tomado uma posição logo agora, no olho do furacão.
- Eu sei - Mark cruzou os braços e ficou parado olhando pela janela - cada relacionamento tem sua particularidade e seus problemas, você já foi um homem casado, aposto que teve questões com Laura que só os dois puderam entender.
- É claro que tivemos.
- Sua mãe e eu temos nossos problemas também, sempre tivemos. Eu a amei e ela amava o que eu podia dar para ela, então me conformei que para ter a mulher que amava bastava dar o poder que ela sonhava em ter.
- Eu não gosto disso.
- Eu sei que não, filho, e ouvir tudo aquilo que ela fez ontem pra te atacar foi um basta para mim. A partir disso não consigo mais ver a mulher que esteve ao meu lado por quarenta anos com os mesmos olhos, porque ela pode ter sido minha esposa, mas você é meu filho e é mais importante do que qualquer coisa para mim nessa vida.
- Você só foi reconhecer agora? - Louis riu sarcástico e começou a trocar de roupa mesmo durante um assunto sério - Que ela te fez de gato e sapato, que era interesseira, e que enquanto ela me desprezava você não moveu um dedo para me defender como pai?
- Não pode ser tarde demais para eu ter me arrependido.
- Talvez seja, Mark - disse, abotoando a camisa - Você fez de tudo para não perder a mulher que amava, mas acabou perdendo seu filho no caminho.
- Eu vou consertar as coisas.
- Torço para que sim, mas até eu sentir que posso ter seu apoio de verdade, tenho uma tonelada de problemas para resolver com Harry e minha cabeça está cheia o suficiente.
- Tem algo que eu possa fazer para ajudá-los?
Louis se surpreendeu, novamente.
- Deixe seu irmão Adam fora do nosso caminho e nos apoie. Não vou permitir que Franklin cometa uma injustiça com Harry. Para começar, isso seria prova o suficiente de que o senhor realmente se arrependeu e quer consertar as coisas.
Mark apenas anuiu, em concordância, e saiu do quarto sabendo que não tinham mais nada a dizer um ao outro por enquanto. Louis se trocou rapidamente e torceu para o penteado simples ser o suficiente. Zayn apareceu no quarto vestido lindamente e o abraçou por um tempo a mais.
- Se sente melhor?
- Não tenho certeza, mas obrigado irmão, obrigado por tudo.
- Juntos, sempre. Phoebe está maluca de preocupação, você tem que falar com ela antes da cerimônia.
- Todos querem falar comigo, aparentemente. Onde ela está?
- Transformaram o escritório no celeiro em um salão de beleza.
- Eu vou até ela.
Louis atravessou o quintal do casarão em direção ao celeiro. No caminho, não conseguiu admirar a decoração branca de casamento que ligava a casa até a colina. Subiu o mezanino com pressa e bateu na madeira da porta, esperando ser recebido. A funcionária de Harry estava lá, ajudando uma hair stylist a guardar o material depois de terminar o cabelo da noiva que estava acompanhada de Grace, Jeane e a mãe dela, Marie.
A esposa de Adam, Marie, finge que Louis não entrou no recinto, mas Jeane e Grace lhe abraçaram imediatamente, seguida de Phoebe, que tinha lágrimas nos olhos.
- Você está linda.
- Obrigado, Lou.
- Zayn disse que você queria conversar comigo.
- Podem nos deixar a sós? - a noiva pediu para as outras mulheres que saíram do escritório respeitando o desejo da noiva.
Louis pegou o par de brincos dela sobre a mesa e se aproximou para ajudar a colocar na prima enquanto conversavam:
- Sinto muito por não ter conseguido ajudar ontem e por prosseguir com a cerimônia hoje. Tom e eu cogitamos desistir, mas os amigos dele vieram da cidade e esperavam hospedados no hotel, nós não queríamos ter que... fazer essa festa, porque ficamos tristes por vocês dois.
- Ei, não, não - Louis abraçou ela com carinho - nós é que pedimos desculpas por quase estragar tudo. Você não poderia acabar com o seu sonho por causa do pesadelo que vivemos ontem, não seria justo.
- Meu pai Adam não vai subir comigo na colina - ela contou triste - ele se recusa, mas não me importo, porque eu deveria ser mais importante na vida dele do que o orgulho.
- É claro que se importa, você está triste - Louis engoliu o nó na garganta - era para ser um dia perfeito, estou me sentindo péssimo, me perdoa.
- Não é sua culpa, a culpa é deles.
- Quem vai subir com você agora?
- Eu pensei - ela ficou tímida, coisa que não era seu feitio, logo Phoebe que é sempre tão espirituosa: - pensei em pedir para Harry me levar porque é óbvio, ele é o chefe dessa fazenda, independente do que Franklin tenha dito, e porque ele cuida de todos nós, mas Harry não veio, então preciso que seja você como meu primo mais velho, padrinho, praticamente um irmão de coração, meu melhor amigo. Preciso que me leve ao altar.
- Phoebe - Louis sorriu, um sorriso quase triste, mas ainda com doçura - é claro que sim, seria um prazer e uma honra. Além disso, esse é o mínimo que posso fazer por você depois de quase estragar tudo.
- Obrigada, muito obrigada - ela abraçou Louis de novo - Achei que Harry viria, não consigo pensar nessa fazenda sem ele. Mas fico feliz que pelo menos você esteja aqui.
- Eu também.
Para as duas coisas, Louis pensou: Ele também achou que Harry estaria ali para o casamento e não conseguia imaginar aquela fazenda sem ele.
Ele não deixaria estar, no entanto.
Agora vai consertar o dia importante de Phoebe e levá-la ao altar na colina para o seu noivo, quer queiram Franklin e Adam ou não.
Depois, vai buscar Harry e trazê-lo de volta para casa, porque se Olivia' s Farm pertencia a todos com sobrenome Tomlinson, então Harry seria um.
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