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Harry tinha nove anos quando sua mãe se casou com Robert Tomlinson.

Foi assustador deixar a vida na cidade para se mudar para o campo, onde o padrasto trabalhava e vivia com sua grande família da qual a partir daquele momento, Harry faria parte.

Ele confessa ter sido mesquinho no início. Bateu o pé, fez birra e dificultou as coisas o máximo que pôde para não ter que viver aquela vida rural longe da cidade em que havia nascido. Ele era uma criança e já achava que sabia o que queria.

Mas aí veio o primeiro verão em Olivia' s Farm.

E nele vieram os onze primos de diferentes cidades para passar as férias na fazenda. O vovô e a vovó se enchiam de alegria. A casa ficava uma bagunça barulhenta e cheia de energia. Mesmo que Harry tenha tentado dificultar esse momento também, foi inevitável ser contagiado pelo clima amistoso e acolhedor dos Tomlinson.

Na metade daquele verão Harry já se sentia primo dos primos e parte da família.

Louis era o mais legal de todos, na sua opinião. O primo mais velho fazia do tipo que todos os outros queriam seguir e deixar liderar a tropa de bagunceiros. Às vezes Louis tinha que competir a liderança nas brincadeiras com as meninas que eram osso duro de roer, mas era divertido vê-los brigar pelo resultado de um jogo para no final da tarde estarem todos unidos em volta da mesa num café com bolo de milho, suco de laranja e boas risadas.

Em setembro de cada ano, os jovens voltavam para as suas cidades, deixando Harry em Olivia' s Farm ansioso para o reencontro no natal ou no próximo verão.

E ninguém nunca questionou Harry ser tratado como parente legítimo ou o fato do vovô Tomlinson ter passado a administração e a posse da fazenda para as mãos dele quando adoeceu e cansou de cuidar de tudo sozinho mesmo com sete filhos, onze netos e quatorze bisnetos de sangue que poderiam fazer o trabalho em seu lugar.

Todos sabiam que Harry era destinado a cuidar de tudo e que um dia ele tomaria conta de Olivia' s Farm no lugar do vovô.

Todos, exceto Louis.

Havia um pouco de ciúme em como o avô protegia e amava Harry mais do que os outros. Isso podia acontecer por Harry passar o ano inteiro convivendo com ele, ao invés de somente nos verões como o restante. Mas não era só ciúmes. O que Louis se indignava era terem jogado tanta responsabilidade sobre Harry sem questionar se era o que ele realmente queria, quando naquela época havia tantas outras possibilidades para um jovem de apenas dezenove anos com dons artísticos e sonhos que iam além da porteira.

Eles discutiram essa questão no aniversário de dezoito anos de Harry, depois no último verão deles juntos e aos dezenove. Discutiram tanto que o assunto ganhou ramificações sobre ciúme, inveja, egoísmo, mágoas, inseguranças, medos e abandonos até que a bagunça que criaram os afastou em silêncio porque já estavam cansados de falar um com o outro.

Se Louis ficar sozinho num dia de chuva calma e fechar os olhos, ele pode se lembrar exatamente como foi quando Harry o deixou na estação de trem com a velha caminhonete pela última vez.

Ele se lembra de Harry estacionar fora da cobertura mesmo chovendo muito. Louis tinha só uma mochila no colo e esperava imóvel em seu lugar. Harry escondia o rosto com a cabeça inclinada no volante que segurava firme nas duas mãos. E havia também aquele silêncio pesado e assustador porque nenhum dos dois queriam dizer tchau, mas sabiam que deveriam se preparar para o adeus definitivo.

Naquela última tarde juntos na caminhonete, Louis queria tocar em Harry, mas evitou. Não conseguiu fazer porque sabia que iria doer apenas tocá-lo sem seguir em frente pelo menos com um beijo de despedida.

Ele havia prendido o choro na garganta, mas não a única frase que conseguiu dizer no último segundo de coragem, antes de abrir a porta do carro e ir embora de vez:

– Um dia eu te encontro na colina, amor.

Nos primeiros dias, Louis pensou que Harry não havia entendido a indireta porque não foi atrás dele. Depois disso, ele só começou a aceitar que da mesma forma que escolheu ir embora, Harry optou por não ir atrás de Louis.

Os dois sempre foram briguentos, orgulhosos e cabeça dura, era óbvio que nenhum cederia tão cedo.

Mas o tão cedo se transformou em tarde demais, aí veio a segunda das três faculdades que Louis cursou, depois o vovô cansando cada vez mais e passando de vez as tarefas mais sérias e pesadas para Harry resolver até que nenhum deles tivesse tempo para conversar pelo menos ao telefone.

Logo em seguida, Louis conheceu Laura e os problemas dela com a imigração, assim aconteceu o casamento para evitar a deportação e a cumplicidade de dois amigos de faculdade que se tornaram marido e esposa. Veio o nascimento de Roselin, a mudança para Nova Orleans, Elizabeth e recentemente a infeliz e dolorosa perda de Laura.

Foi como se o tempo de Louis e Harry tivessem corrido muito rápido para lados opostos.

É por isso que mesmo que os móveis e o piso da casa em Olivia' s Farm sejam iguais, ainda que a fazenda esteja fértil como há anos e a água do lago esteja tão limpa como sempre foi, Louis sabe que na verdade tudo mudou.

Porque os Tomlinson continuam sentados em volta dessa mesa para trinta pessoas, todos conversando alto, rindo, se atravessando um na frente do outro para contar boas histórias e pedir para alcançar a limonada que está na outra extremidade, mas Harry está na ponta da mesa no lugar do vovô e Louis ainda não pode olhar em seus olhos.

E há dois grandes motivos de estar toda a família reunida ali, agora. Por um motivo feliz e outro que ninguém tem coragem de dizer em voz alta.

O motivo feliz é que Phoebe irá se casar e escolheu a fazenda para ser o local do evento. Como de costume eles farão dias de festas com os noivos. São eventos como almoços no rancho, bailes no celeiro, pescaria dos homens para a festa de despedida de solteiro e a tarde na cachoeira para as mulheres. Depois, o casamento vai acontecer na colina debaixo do pé de laranja, assim como aconteceu ou vai acontecer com todos os membros da família Tomlinson algum dia.

Louis acredita que essa cerimônia toda deva durar um mês, pelo menos ele espera que seja, já que o tempo de férias que conseguiu obter para estar presente foi de trinta dias.

E o motivo ruim pelo qual todos estão evitando pensar ou falar a respeito, é o infeliz estado do vovô.

Franklin está num momento crítico da velhice com todos os conjuntos de problemas na saúde e é tão grave que os médicos já pediram para Harry ficar atento porque o patriarca poderia partir muito em breve e a qualquer momento.

Todo mundo ali estava tentando manter o bom astral na casa, mas no fundo estavam preocupados. Louis já tentou ver o avô algumas vezes desde que chegou, mas o velho está sempre dormindo em seu quarto.

Durante o jantar no primeiro dia, Roselin comeu rápido e pediu para falar a sós com Harry. Louis ficou curioso e tentado a ir atrás deles para ouvir escondido e saber sobre quais assuntos sua filha tanto conversava com Harry. Mas achou melhor se distrair em dar banho em Elis porque o dia havia sido longo e ele ainda queria descansar. Além disso, ele precisava parar com esse comportamento imaturo que estava tendo em torno de Harry desde que chegou ali.

Na cozinha, enquanto Harry lavava a louça e Rose secava, ela pedia cochichando:

– Você pode não falar mais sobre o René perto do meu pai, por favor?

– Eu tô certo, vocês estão juntos.

– Não é bem assim ainda, mas eu realmente ficaria grata em descobrir o que sinto antes do meu pai.

– Desculpa, eu não sabia, era pra ser só uma piada.

– Tudo bem, tio Harry.

– Eu não sou seu tio, sou seu primo.

– Há muitas ramificações nessa família. Nossa geração decidiu separar por idade. Abaixo dos 30 são primos e acima disso são tios.

– Que ridículo, essa besteira não faz sentido.

– Fica mais fácil.

– E fica injusto porque faz eu me sentir um velho.

– Mas o senhor é – ela brinca e Harry responde espirrando sabão em seu rosto. Os dois gargalham juntos e continuam jogando espirros de água ou sabão um no outro, até ela trazer o assunto que realmente queria: – É bem estranho pensar nisso e é mais esquisito ainda dizer em voz alta, mas sabe, acho que eu tô… – ela faz uma careta engraçado e Harry riu de novo – apaixonada?

– É uma pergunta?

– Talvez.

– Eu não posso te responder, só você pode fazer isso.

– Você não fica zangado comigo?

– Por que eu ficaria?

– Você é meu tutor por 3 meses todo ano, me viu crescer e fez parte da minha educação. Eu achei que ficaria bravo de saber que estou quase namorando.

– O seu pai age assim?

– Também não, ele fala que tem ciúme, mas nunca me impede ou proíbe de fazer algo. Ele não é esse tipo de pessoa.

– Eu sei, Louis é ótimo.

– Sim, mas o pai do René é um chato.

– Ele é meu funcionário.

– Você pode punir ele por ser um chato?

– Não, Rose, isso não é nada legal.

– Que pena – Harry riu, terminou a louça e procurou outro pano seco para ajudar Rose a secar os copos – o pai dele controla muito seus horários e o trata como se fosse uma criança. René queria poder me levar para sair, mas o pai não deixa, acredita? O verão acabou de começar, mas só temos três meses por ano para aproveitar juntos e não vamos conseguir se René estiver preso o tempo todo.

– Uau, vocês juntos parecem mais sério do que eu imaginava.

– Não estamos namorando ainda, mas poderíamos. Eu gostaria de contar para ele que estou apaixonada, mas toda vez que tento dizer parece que vou desmaiar de nervoso. Ele é muito bonito e eu me desconcentro, não está sendo fácil.

Harry não consegue mais segurar a risada alta porque Rose é fofa demais até tentando soar bruta e inteligente.

– Eu te entendo, querida, sei bem como é a sensação do primeiro amor.

– Sabe?

– Claro que sei, a maioria de nós terá a sorte de passar pela experiência de ter esse sentimento algum dia.

– E como foi? - Rose parecia nervosa, buscando algum conforto na resposta, talvez uma semelhança pra desabafar.

– Foi tudo absolutamente intenso e incrível, quase indescritível. Eu tinha arrepios, um frio na barriga, uma conexão inexplicável e a vontade de estar junto o tempo todo. Quando era necessário se afastar por conta da rotina eu sentia muita falta a nível de abstinência e quando estávamos perto um do outro, queríamos colidir em beijos e carinhos até ser um só. Eu pensei que nunca mais fosse amar alguém como o amei.

– E você amou?

– Eu amei, mas não acho que possa ser da mesma maneira, nunca ninguém será como ele foi para mim. Descobri que dá pra amar outras pessoas, mas cada uma delas vai nos trazer um sentimento e um aprendizado diferente. Pode até ser ótimo, mas nunca será igual ao primeiro amor.

– Ele.

– Ham?

– Você disse "ele".

– Ele o quê? – Harry começou a sentir seu rosto perdendo a cor e os lábios adormecendo de nervoso.

– Ele, o homem por quem você se apaixonou.

Harry parou por um momento tentando pensar em algo a dizer para disfarçar, mas pelo pânico e se fazer de sonso, ficou ainda mais óbvio.

Roselin riu como se não fosse nada demais.

– Eu não sou mais criança e também a minha mãe me ensinou que o amor é livre. Você é primo do papai e amigos de infância, sabia que ele também já teve um relacionamento com homem? Nós não sabemos quem foi e ele não gosta de tocar no assunto, mas admite porque é normal, absolutamente comum as pessoas se amarem, independente de quem seja.

– Você é muito inteligente e madura, Rose. Mas eu gostaria que não repetisse a insinuação perto da nossa família, combinado? – ela ainda não concordou, ao invés disso arqueou uma sobrancelha se sentindo contra o acordo – É complicado, aqui na fazenda não se tem respeito por esses assuntos.

– É um absurdo guardar segredo de algo que deveria ser normal.

– Eu sei, querida, mas está tudo bem. Eu ainda sou quem sou e não é como se estivesse procurando por alguém.

– Porque você sente falta do seu primeiro amor, certo?

Harry ponderou uma resposta adequada que não desse margem para a espertinha tirar conclusões porque Rose é muito boa em reparar nos pequenos detalhes, chega a ser assustador.

Se Elizabeth se parece com Laura, é indiscutível que Roselin seja uma cópia de Louis. Ela tem esse mesmo nariz de botão empinado e a entonação afiada, mas ao mesmo tempo os olhos azuis dóceis e acolhedores.

Harry sorriu e desviou os olhos dela, mas o movimento o faz encontrar Louis saindo da casa pra varanda, enviando essa carga de adrenalina pro seu coração, coisa que acontece toda vez que o encontra mesmo sem querer.

Se ele sente falta do seu primeiro amor? Harry sente desde que Louis desceu da caminhonete naquele infeliz e inesquecível dia de chuva em setembro de dois mil e cinco. Mas nem tudo é sobre o amor e nem sempre podemos ter o que queremos.

– Você não está procurando por mais ninguém porque sente falta do seu primeiro amor – ela percebeu tristemente, quando não obteve resposta.

– Não apenas por isso.

– Então qual o problema?

– É complicado.

Eles terminam a louça em silêncio, depois Rose sobe correndo para o quarto da prima dela e Harry precisa fumar um pacote inteiro de tabaco para aliviar essa dor de cabeça.

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