twenty one. enjoying
╔══════════════╗
╚══════════════╝
Os cabelos castanhos se encontravam em uma bagunça desconexa espalhados pelo travesseiro branco e pela pele clara, os lábios rosados se abriam suavemente e as sobrancelhas franzidas ofereciam uma aparência angelical para aquela versão adormecida de Demetria.
Rhysand não conseguia afastar o olhar daquelas feições tão suaves que com certeza não combinariam com as orbes verde-prata, com a escuridão disfarçada que existem neles. Não sabia exatamente o tempo que estava ali, apenas admirando e admirando.
Ele suspirou, sentando-se na cama com cuidado para não acordar a Dama dos Pesadelos e passando as mãos pelo rosto em uma tentativa de afastar todo resquício de sono, pressionando seus lábios um contra outro e novamente, os olhos indo até a figura feminina ao seu lado.
─ O que está fazendo.─ Perguntou uma voz sonolenta, levemente rouca. Na verdade, aquilo mais soou como uma ordem do que pergunta.
─ Admirando um belo rosto, irá arrancar meus olhos por isso?─ Rhysand piscou, arqueando as sobrancelhas para a mulher que ainda mantinha seus olhos fechados.
─ Você é patético.─ Os lábios rosados se ergueram, seus olhos abrindo-se lentamente revelando as orbes verde-prata. Demetria soprou uma risada rouca que viajou por todo corpo do Grão-senhor esquentando-o e arrepiando todos seus pelos.
─ Patético por admirar algo bonito?─ Questionou risonho, passando as mãos pelos fios azul-escuro.─ Que demônio mais cruel.
A Dama dos Pesadelos franziu o cenho, antes de afastar os lençóis de si utilizando as mãos e as pernas, dando leves chutes nos tecidos macios até que não estivessem cobrindo totalmente seu pequeno corpo.
─ Que horas são?─ Resmungou ela, piscando os olhos com o cenho franzido, sentando-se na cama, abraçando suas pernas e descansando seu queixo nos joelhos cobertos por um tecido fino.
─ Bom, não estou ouvindo música e nem gritos de alegria então, o Solstício ainda não começou.─ Disse Rhys, sem fazer menção de sair da cama, de se afastar dela, sua parceira. Demetria apenas o olhou por alguns meros segundos, parecendo ter alguma dificuldade de entender as palavras ditas pelo macho.
Claramente ela só funciona após um bom banho, notou o Grão-Senhor soltando uma risada quando viu ela fechando os olhos, uma tentativa de se afogar no mundo dos sonhos novamente.
─ Temos um longo dia.─ Gesticulou em direção da janela, para o céu azul sem nuvens que se podia ver através do vidro. Demetria apenas murmurou algo incompreensível, talvez tivesse dito algo sobre deixá-la sozinha.─
Você tem que acordar, querida.
A Dama dos Pesadelos rosnou, abrindo um de seus olhos e o fitando com clara irritação.
─ Cale a boca.─ Novamente, fechou os olhos.─ Chame Nuala e Cerridwen, quero me ajudem no banho.
Rhysand abriu um sorriso malicioso.
─ Não é necessário pedir ajuda quando estou aqui e sou tão bom com as mãos.─ Ronronou ele, se aproximando da fêmea que não pensou duas vezes em segurar o rosto do macho com certa força, fincando as unhas na pele bronzeada, arrancando um gemido de dor do Grão-senhor, continuando a manter seus olhos fechados.
─ Cuidado com suas palavras, Grão-senhor.─ Rosnou, afastando sua mão do rosto masculino com um estalar de língua. Rhysand não se importou com o tom ameaçador e apenas abriu um sorriso gatuno.
─ Fico feliz em saber que tem garras e que sabe usá-las muito bem, querida.─ Foi o que falou, saltando para fora da cama, lançando um rápido olhar para Demetria que abria seus olhos, revelando suas orbes esverdeadas.
─ Nuala e Cerridwen estarão aqui antes que possa me ameaçar novamente.─ Com isso, atravessou deixando a Dama dos Pesadelos sozinha em seu estado meio sonolento.
Antes que o sol atingisse seu pico, Lionel já observava Demetria ser vestida por duas fêmeas idênticas. As duas primeiras mechas de seu cabelos foram trancadas e entrelaçadas enquanto o resto dos fios se mantinham soltos roçando em seus ombros. Um blusa de tecido azul-celeste meio transparente que mal cobria seu torso completamente e uma calça branca compunham o foi escolhido pelo Grão-senhor da Corte Noturna e levado até Demetria pelas gêmeas mestiças.
─ Você não parece se incomodar.─ Lionel franziu o cenho para a taça entre seus dedos por um momento.─ Com as roupas e tudo mais.
A Dama dos Pesadelos o olhou, confusa. Nuala e Cerridwen haviam acabado de colocar as típicas argolas ao longo de suas orelhas arqueadas e já haviam desaparecido nas sombras com um manear de cabeça.
─ Não nego presentes.─ Respondeu simples, calçando sapatilhas brancas.─ E você está com olheiras horrorosas, teve algum pesadelo?
Lionel tombou a cabeça para trás, soltando um suspiro com os olhos castanhos presos no teto do quarto.
─ Digamos que o passado voltou a me assombrar.─ Demetria franziu o cenho, piscando os olhos.
─ Quando diz passado se refere a?─ Questionou, se aproximando do companheiro que apenas lhe mirou suas orbes castanhas nela.
─ Fiz muitas coisas ruins ao longo dos anos. Me arrependo de muitas delas e outras simplesmente prefiro esquecer, fingir que nunca aconteceu.─ Explicou, puxando Demetria para sentar em seu colo e pressionando os lábios na bochecha levemente rosada pelo rouge com carinho.─ E para minha grande sorte, a parte do meu passado que prefiro esquecer surgiu. Mas, não precisa franzir essas lindas sobrancelhas com tanta preocupação, já arrumei um jeito para resolver tudo.
A Dama dos Pesadelos deixou com que suas orbes verde-prata vagassem pelo rosto do ex-espião por um breve momento, antes de pressionar os lábios em uma linha.
─ Imagino que não vá revelar seus planos.─ Disse ela.
─ Sim.─ Lionel depositou outro beijo nas bochechas da amiga.─ E como eu disse, não precisa ficar preocupada. Afinal, se fosse algo realmente sério, eu lhe diria e até pederia ajuda, sabe disso, não sabe?
─ Sim, eu sei.─ No entanto, aquele brilho preocupado não desapareceu de seus olhos.─ Mas, também sei que fosse algo sério e perigoso, você não me contaria.
O ex-espião riu, abraçando a cintura de Demetria e a trazendo mais para perto, dando outro beijo no braço coberto por tecido macio branco.
─ Você me conhece tão bem, bebê pesadelo.─ Ronronou ele. A Dama dos Pesadelos lentamente abriu um sorriso e abraçou o pescoço do macho, afundando sua cabeça nele.
─ Espero que realmente não seja nada demais.─ Murmurou ela contra o pescoço dele que apenas deixou suas mãos acariciassem as costas da mulher. Lionel piscou os olhos, afastando as lágrimas e aconchegando-se mais naquele abraço.
Pela Mãe, ele seria capaz de matar milhares de pessoas inocentes, se isso significasse que poderia passar a eternidade com ela. Aquela que era mais do que uma simples amiga. Demetria, a única que o acolheu. Que o aceitou completamente com cada cicatriz e cada segredo obscuro que despejava ainda mais escuridão em sua alma quebrada. E mesmo não sendo parceiros, Demetria e Lionel eram almas gêmeas. Duas partes de um único ser. Eles não seriam separados nem pela morte, e foi com esse pensamento que o ex-espião tomou decisões que manteriam Demetria segura, longe da maldade de Amarantha.
─ Você é minha irmã.─ Falou com a voz cheia de emoções. Com tanto carinho que fez Demetria erguer a cabeça, mirando seus olhos nos dele. Castanho e verde se encontrando.
─ E você é o meu irmão.─ Replicou, sua voz não passando de um mero sussurro. Os dedos acariciando o rosto do macho que apenas segurou uma de suas mãos e depositou um beijo nelas.
─ Feliz aniversário, bebê pesadelo.─ Demetria riu e o abraçou novamente.
Uma explosão de cores. O sol despejava completamente toda sua luz e calor no céu azul que não possuía nenhuma nuvem a vista, o grande pátio do palácio estava coberto por fitas com cores das jóias mais brilhantes e pétalas de flores ao lado de folhas cobriam o chão como um tapete feito cuidadosamente pela natureza em nome daquela comemoração. Feéricos já circulavam por ali, suas vestes coloridas esvoaçantes se movimentavam a cada passo que davam, espalhando cores por todo o lugar. Os portões abertos revelavam a ponte feita cristal, e todos os seres que transitavam por ali com sorrisos em seus lábios deixando claro o quão felizes se encontravam. Música poderia ser ouvida ao longe, uma mistura melódica entre tambores e violinos.
Mor soltou uma risada dominada por toda aquela energia tão pura, entrelaçando um de seus braços com a mulher de cabelos brancos ao lado e lançando um olhar para seu primo que mantinha os olhos estrelares na entrada do palácio, com certeza na espera de uma fêmea encantadora.
─ Hoje, vou dançar até meus pés caírem.─ Disse para a amiga da Invernal que riu.
─ E eu vou fazer o mesmo.─ Falou Viviane, enrolando uma mecha de seu cabelo em torno de um dedo.─ Amo minha corte com todo meu coração, mas às vezes, sinto falta de um bom sol e de uma paisagem que não seja completamente branca.
Morrigan apenas sorriu, descansando sua cabeça loira no ombro da amiga.
─ Fala isso mas continua se vestindo como se estivesse no inverno, mesmo no verão.
Viviane riu.
─ Você não abandona o vermelho e nunca reclamei disso!─ Retrucou.
─ Pela Mãe, preciso urgentemente de uma bebida.─ Resmungou Cassian para ninguém em específico, os olhos avelãs presos nas mulheres que falavam alegremente inúmeros assuntos que o general não dava a mínima.
─ Não tente causar muitos problemas.─ Rhysand falou, atraindo a atenção do general.
─ E desde quando eu causo problemas?─ Perguntou, afastando seus fios castanhos do rosto. Azriel soltou uma risada, e o irmão lhe mirou um olhar assassino.─ Eu não vejo você dando ordens estúpidas para Azriel, irmão.
─ Ao contrário de você, o garoto não se mete em problemas com a mesma frequência que respira.─ Amren se pronunciou, analisando as unhas pintadas com um vermelho-sangue.
─ Caso, ainda não tenha percebido, essa conversa ainda não atingiu a ala infantil.─ O monstro enjaulado rosnou e o general riu.
─ Apenas não faça nada que resulte em um banimento permanente.─ O Grão-senhor da Corte Noturna sorriu divertido com o revirar de olhos de Cassian e seu bufo irritadiço. Rhysand sentiu aquele puxão tão leve e quase imperceptível de sentir, seus olhos estrelares foram até a entrada do Palácio e lá no alto das escadas, estava ela.
Demetria franziu o cenho por um momento, os olhos verde-prata cintilantes fixos em sua barriga antes de erguer suas orbes na direção do meio-illyriano. Um sorriso surgiu nos lábios do macho que esticou uma mão na direção da Dama dos Pesadelos.
Uma carícia foi sentida em suas barreiras mentais, uma ordem para que abrisse sua mente. Rhys abriu ainda mais seu sorriso, antes de puxar Demetria para dentro de sua mente, prendendo ela em suas garras ébano com cuidado.
"Você é patético" Resmungou mentalmente, afastando-se das garras e começando a descer os degraus, a calça branca ondulando em torno de suas pernas com o movimento.
"Adentrou em minha mente, apenas para me xingar?" Uma risada soou. "Que demônio mais belo e cruel"
Ele observou em como a Dama cessou os passos em determinado ponto da escadaria, fitando ele com uma ameaça clara ondulando ao seu redor por um momento, antes de continuar seu caminho.
─ Querida.─ Ronronou, ao ela parar em sua frente, encarando a mão estendida.
─ Grão-senhor.─ Um sorriso surgiu nos lábios rosados e ele não possuía nenhuma boa intenção, saber disso fez com que Rhys sorrisse ainda mais. Os olhos de Demetria cintilaram quando uma de suas mãos deslizaram na mão do macho que a puxou para perto.
─ Imagino que já tenha ideia do quão encantadora está.
─ Devo dizer que pela primeira vez desde que tive o desprazer de conhecê-lo, você está certo.─ Ambos se encararam por um bom tempo até que Rhys soltasse uma risada, inclinando a cabeça para o lado, mirando os olhos estrelares na face da Dama.
─ Ei, você dois, vamos logo. Alguns de nós quer encher a cara o quanto antes!─ Gritou Cassian atraindo atenção dos dois até ele. Demetria soprou sua risada de sinos.
─ Você é um porco, general.
─ E você é um demônio, então estamos quites, agora vamos!─ Não demorou muito para que Mor acertasse um tapa na nuca do illyriano, repreendendo ele pelo comportamento beirando o infantil.
Ainda rindo, a dama deixou com que Rhysand lhe guiasse até o Círculo Íntimo para que fossem todos juntos ao centro da festividade, uma das pequenas ilhas em torno do palácio.
─ Tem certeza que isso é uma boa ideia?─ Gym questionou, os cabelos trançados espalhados pelo chão. As pernas cruzadas, joelhos com joelhos. Ela tinha os olhos no ex-espião que se movimentava pelo quarto.─ Lio, faz mais de uma década desde a última vez que se envolveu em uma batalha direta.─ Ela gesticulou, virando-se no chão deixando sua barriga colada no piso frio.─ Vai ser massacrado antes de falar "a".
─ Agradeço os comentários, Gym.─ Ergueu um punho com um sorriso claramente falso.─ Eles são incrivelmente encorajadores.
A mestre-espiã sorriu como se as palavras de Lionel não estivessem banhadas no sarcasmo, balançando os ombros.
─ Eu estou falando sério, Lio. É melhor desistir disso logo.─ Falou ela, se levantando lentamente do chão, apenas para tocar em um dos ombros do ex-espião que se desvencilhou do toque da fêmea.
─ Amarantha não vale isso, está me ouvindo?─ Gym segurou o rosto masculino com as duas mãos, fitando os olhos dele.─ Amarantha não vale sua morte, mesmo que ela mereça pagar pelo que fez com Jynha.
Lionel tocou uma das mãos com cicatrizes finas e cheia de calos, afastando ela de si.
─ Não estou fazendo isso por vingança pelo que foi feito a Jynha.─ Rosnou ele.─ Estou fazendo isso para que Demetria tenha uma chance.
Gym franziu o cenho, mordendo os lábios, parecendo afetada com as palavras ditas por Lionel. Não era mistério que antes do ex-espião se tornar quem é hoje, Gym e Lionel tinham uma relação de irmãos. Sempre protegendo um ao outro com tudo de si, mas então aconteceu a guerra e depois dela, a feérica escolheu seu Grão-senhor ao vez daquele que considerava irmão. Claro que ela sentia culpa daquela situação entre eles, mas não era algo que poderia ser concertado. Não quando Lionel estava tão preso na ideia de sacrificar sua vida para garantir a sobrevivência daquela que o acolheu e o amou quando ninguém mais ousou fazer.
─ Uma chance? Para que?
─ Matá-la.─ Ele piscou os olhos, passando as mãos pelos fios escuros.─ Tudo isso é para que ela tenha um chance, não me importo de morrer sem vingar Phelan ou Hazel, não quando Demetria terá a oportunidade de fazê-lo por mim.
─ Está disposto a morrer, mesmo sabendo que tem como sua querida dama não conseguir.─ E não era uma pergunta. Era a verdade ali, exposta.
─ Ela conseguir.─ Disse Lionel.─ Por demorar, um ou oitenta anos mas Demetria irá matar Amarantha, mesmo que passe pelo inferno antes de fazê-lo.
A tarde chegou, o azul sumiu dos céus e o amarelo acompanhado do laranja colorindo o céu acima deles, uma fogueira se acendeu de forma mágica no centro do pequeno vilarejo que estavam, feéricos de todas as espécies dançavam em torno das labaredas no ritmo dos tambores. No meio dos seres feéricos utilizavam tecidos coloridos, estava Demetria. Os cabelos curtos estavam bagunçados lhe oferecendo um ar selvagem enquanto girava, balançando os quadris com uma taça de vinho em mãos. E Rhysand simplesmente não conseguia tirar os olhos dela.
─ Coitada, Demetria vai acabar desidratada.─ Disse Cassian para Azriel que o olhou com cenho franzido, uma pergunta clara em seus olhos.─ Do jeito que o nosso Rhysinho está secando ela, a Corte dos Pesadelos vai precisar de uma nova governante.
O Grão-senhor não pensou duas vezes em rosnar algo para o general que apenas soltou uma risada, levantando as mãos. Azriel também riu, erguendo sua taça de vinho e a colocando entre seus lábios, bebendo o líquido bordô. Respirando fundo, Rhys deixou-se cair ao lado dos irmãos no sofá acolchoado posto na frente de uma loja.
─ Tudo bem, eu admito.─ Sua mão bronzeada agarrou a garrafa de vinhos aos pés de Cassian e a levou até seus lábios, engolindo boa parte do líquido bordô.─ Não tenho a mínima ideia de como lidar com ela.
─ Isso quer dizer que você perdeu o seu charme?─ Perguntou Azriel com um sorriso torto que fez o Grão-senhor lhe lançar um olhar mal-humorado.
─ Acho que isso quer dizer que nosso querido irmão não sabe mais conquistar uma dama.─ Cassian falou em um falso tom pensativo.
─ Me lembrem de jogá-los na sarjeta quando voltarmos para casa.─ Rosnou ele pros dois que apenas se entreolharam antes de soltar risadas.
─ Desculpa, desculpa.─ Pediu Cassian, ainda dando risadas.─ É difícil levar tudo isso a sério. Me lembro claramente de você falando sobre o quão belo é e que não existe ninguém capaz de resistir ao seu grandioso charme. E, agora, está aí. Sem saber o que fazer com uma fêmea que parece ser a irmã gêmea ainda mais diabólica da Amren.
Rhysand espreitou os olhos na direção de Cassian, estalando a língua e então, disse:
─ Cassian, eu espero muito, muito que a Mãe castigue você com uma parceira insuportável.
─ Contanto que ela me ame, não me importo com uma parceira insuportável.─ Retrucou o illyriano, tomando mais um gole do vinho em sua taça. Azriel apenas riu novamente, os olhos avelãs indo até os feéricos que dançavam alegremente e franziu o cenho ao notar que a grã-feérica de cabelos curtos e olhos verde-prata estava andando na direção deles.
─ O que estão fazendo?─ Questionou ela e os três machos a olharam, confusos.
─ Bebendo?─ O general ergueu sua taça de vinho para dar ênfase, Demetria franziu o cenho, parecendo irritada.
─ Posso estar bêbada, mas ainda não perdi a visão, bastardo.─ Ela depositou sua taça no chão nos pés do Mestre-espião e colocou suas mãos em sua cintura.─ Como diabos podem estar apenas bebendo em uma festividade dessas?
Rhysand franziu o cenho, encostando-se completamente no sofá, analisando a fêmea e soltando uma risada ao determinar que Demetria era a bêbada mais consciente que já vira em toda sua vida. Apenas o tom ainda mais rosado que tingia suas bochechas poderia denunciar o nível de embriaguez que ela estava, pois a Dama dos Pesadelos continuava com sua língua extremamente afiada e postura inabalável.
─ Venha.─ Ela esticou sua mão na direção do Grão-senhor que franziu o cenho, antes de colar sua palma na dela.─ Vamos dançar.─ Puxou-o com força o suficiente para fazê-lo levantar e se aproximar dela, os olhos estrelares vagando pelo belo rosto com um pequeno sorriso surgindo nos lábios.
─ Já que você insiste tanto, vamos dançar.─ Rhysand entrelaçou seus dedos com os dela, lançando um olhar para seus irmãos que apenas reviraram os olhos, Cassian colocando a língua para fora em um claro ato infantil de implicância. Demetria soltou uma risada de sinos tilintando, deixando que o macho puxasse ela para a fogueira, em busca de atender seu pedido de dançarem ao lado de outros feéricos.
Com um movimento fluido, girou a mulher utilizando uma de suas mãos e colocando as mãos na cintura da mesma para evitar que ela se chocasse contra seu peitoral. Demetria piscou seus olhos, e novamente, lá estavam eles se afogando nas orbes um do outro, movimentando-se lentamente em meio à música agitada e corpos suados cheios de energia. A Dama dos Pesadelos piscou os olhos, retirando-se de dentro daquelas águas estrelares que haviam nas orbes do Grão-senhor e começando a analisar o rosto dele. Desde os fios azul-preto como as penas de um corvo espalhados de maneira confusa por sua cabeça até o maxilar marcado, até os lábios repuxados em um sorriso.
─ Me diga.─ Demetria sussurrou baixo de uma forma que somente ele pudesse ouvir, inclinando a cabeça para frente até que sua testa encostasse no tecido escuro do casaco que Rhys vestia.
─ Dizer o quê, querida?─ Ele a trouxe mais para perto. A voz suave como a de um amante.
─ O que o faz olhar assim para mim.─ Respondeu ela.─ O que há por trás de cada sorriso, o que esconde de mim?─ Ergueu sua cabeça, as sobrancelhas franzidas e olhos verde-prata fitando os olhos roxos, buscando respostas. Rhysand pensou seriamente em revelar aquele laço que existe entre eles, aquilo que os ligava tão profundamente e eternamente. Ele quis falar tudo, mesmo sabendo que Demetria o negaria e talvez o chamasse de louco. Mas, não poderia revelar o laço de parceira entre eles. Não quando ela o desprezava profundamente. Não quando... Não, todos aqueles pensamentos não importavam. Demetria deveria saber, é um direito dela. Ela precisava saber do lado, mesmo que fosse despejar palavras terríveis sob ele e negasse o laço.
Respirando fundo, Rhys piscou os olhos e segurou Demetria mais firme, abrindo sua boca, prestes a revelar tudo para ela quando uma explosão soou atrás deles. Rapidamente, o Grão-senhor apertou a Dama dos Pesadelos contra si, abaixando-se levemente enquanto a multidão gritava ao redor, assustada.
─ Você está bem?─ Ele perguntou para Demetria quando ela se afastou dele, os olhos verde-prata encarando um ponto atrás dele, parecendo ainda meio atordoada.─ Demetria, você está bem?─ Perguntou novamente, segurando os ombros dela. A Dama encarou o Senhor da Noite por alguns momentos, antes de balançar a cabeça.
─ Sim, eu estou. Mas acredito que Cassian não.─ Rhysand franziu o cenho com as palavras, virando-se para ver o irmão, ele falou:
─ Como assim o Cassian ele ─ O Grão-senhor da Corte Noturna piscou os olhos, chocado com o que estava vendo. No lugar em que Azriel e Cassian estavam sentados no pequeno sofá, havia somente escombros, a loja estava completamente destruída. Ele reconheceu os irmãos de costas para eles, as asas membranosas de ambos se movimentando levemente e Azriel lançando um olhar repreendor para o general ao seu lado.
Rhysand soltou um suspiro audível, suas mãos indo até seu rosto e esfregando ele com força ao se dar conta do que havia acabado de acontecer.
Cassian havia destruído uma loja, um prédio, em meio ao Solstício de Verão e pela forma que Nostrus marchava na direção dele, o general teria sorte se ganhasse um rubi de sangue.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro